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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU CAMPINA GRANDE ENGENHARIA CIVIL THALES DE QUEIROZ CALUÊTE ARTHUR OLIVEIRA SÁ JÔNATAS SILAS MORAIS LIMA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO CERÂMICO EM UM EDIFÍCIO DE CAMPINA GRANDE - PB Campina Grande 2018 THALES DE QUEIROZ CALUÊTE ARTHUR OLIVEIRA SÁ JÔNATAS SILAS MORAIS LIMA MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO CERÂMICO EM UM EDIFÍCIO DE CAMPINA GRANDE - PB Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de ENGENHARIA CIVIL da CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU CAMPINA GRANDE Campina Grande 2018 Ficha catalográfica gerada pelo Sistema de Bibliotecas do REPOSITORIVM do Grupo SER EDUCACIONAL L732 Lima, Jônatas Silas Morais. Manifestações Patológicas em Revestimento Cerâmico em um Edifício de Campina Grande - Pb / Jônatas Silas Morais Lima, Arthur Oliveira Sá, Thales de Queiroz Caluête. - Uninassau: Campina Grande - 2018 72 f. : il Monografia (Curso de Engenharia Civil) - Centro Universitário Maurício de Nassau - Uninassau Campina Grande - Orientador(es): M.sc. Macel Wallace Queiroz Fernandes 1. Eflorescência. 2. Fachada. 3. Patologia. 4. Revestimento Cerâmico. 5. Trincas e Fissuras Descolamento. 6. Ceramic Coating. 7. Cracks And Fissures Detachment. 8. Efflorescence. 9. Facade. 10. Pathology. I.Título II.M.sc. Macel Wallace Queiroz Fernandes Uninassau - CAM CDU - 624 Dedicatória Dedico este trabalho a Deus, por ser o autor da minha vida, ao meu pai Marcial Duarte de Sá “in memoriam”, minha mãe Maria Dalva de Oliveira Sá, por me ensinarem os verdadeiros princípios da vida, minha irmã Fernanda Oliveira Sá, a minha esposa Morganna Brito Oliveira Sá que sempre esteve ao meu lado dando forca para conclusão deste curso e aos meus dois filhos Isaac Brito Sá e Joaquim Brito Sá, peças essenciais para minha existência. Arthur Oliveira Sá. Dedicatória Dedico este trabalho primeiramente a Deus que me fortaleceu em todos os momentos quando pensei em desistir. Dedico também aos meus pais José Lucas Lima Tutu e Celma Maria Dias de Morais, que sempre me apoiaram em minhas decisões e sempre acreditaram no meu sucesso. Aos esforços que fizeram para que eu conseguisse concluir meu curso. Ao meu irmão que está lá de cima sempre olhando por mim e me guardando. A todos meus familiares e amigos de faculdade que me ajudaram bastante. A minha namorada que sempre me ajudou muito ao longo desses 5 anos de curso me dando forças e me apoiando. Jonatas Silas Morais Lima. Dedicatória Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida, autor de meu destino e meu guia. Aos meus Pais, Tadeu Caluête e Bernadete Queiroz, meus irmãos e a todos da minha família, que sempre me apoiaram e acreditaram no meu sucesso, em especial pelo esforço que fizeram para que eu conseguisse concluir minha graduação. Thales de Queiroz Caluête. Agradecimentos Agradeço ao meu orientador Macel Wallace Queiroz Fernandes, ao curso de Engenharia Civil da Uninassau e todo corpo docente na pessoa do coordenador do curso, Paulo Aliberto Pucu, aos meus colegas de curso e de TCC, os quais contribuíram para minha formação acadêmica e profissional. Arthur Oliveira Sá. Agradecimentos Á Universidade Mauricio de Nassau. Ao Professor Msc. Macel Wallace Queiroz Fernandes, pela sua orientação, que tornou possível este trabalho. Á coordenação do curso de engenharia civil da uninassau campina grande. A todos os Professores de Engenharia da uninassau, com os quais tive o privilégio de conviver durante o Curso. Aos meus colegas de TCC pela ampla ajuda e motivação dada durante todo o curso. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. Jonatas Silas Morais Lima. Agradecimento Agradeço a Faculdade Mauricio de Nassau e a todos que compõe o corpo docente do curso de Engenharia civil, especialmente a coordenação do curso , ao meu orientador Macel Wallace Queiroz Fernandes, aos meus colegas de curso e de TCC, os quais contribuíram direta ou indiretamente para minha formação acadêmica e profissional. Thales de Queiroz Caluête A competitividade de um país não começa nas indústrias ou nos laboratórios de engenharia. ela começa na sala de aula . Lee lacocca Resumo Este trabalho tem por finalidade analisar as diferentes camadas que compõem o reves- timento cerâmico de fachada, assim como os principais fenômenos patológicos que ocorrem neste tipo de revestimento das edificações, abordando os principais problemas encontrados em diversas edificações, que impossibilitam o revestimento cerâmico da fachada cumprir as funções para o qual foi concebido. Estas funções são: proteger contra infiltrações externas, adequar maior conforto térmico no interior, apresentar boa resistência a forças da natureza e maresia, oferecer extensa vida útil a edificação, facilitar a limpeza e manutenção, proporcionar diferencial estético e mercadológico ao empreendimento. As patologias abordadas neste trabalho são: as eflorescências, as trincas e fissuras e os descolamentos, este ultimo será evidenciado no estudo de caso de um edifício localizado em Campina Grande no estado da Paraíba. Para tanto, nossa metodologia se fundamenta basicamente em análise de documentação; inspeção visual; coleta de dados; identificação das manifestações patológicas. Com isso objetivamos disseminar o conhecimento disponível sobre o procedimento correto e as fundamentais patologias em revestimentos cerâmicos de fachada, no intuito de, cada vez mais, diminuir a ocorrência destes problemas que são onerosos, tanto para os usuários quanto para as construtoras que muitas vezes são responsabilizadas pelo problema. Finalmente, tem como conclusão que os fenômenos patológicos poderiam ser evitados se todas as fases do processo de projeto, especificação, procedimentos de aplicação e manutenção tivessem sido corretamente observadas e aplicadas. Pavras-chave: revestimento cerâmico, patologia, fachada, trincas e fissuras descola- mento, eflorescência. Abstract The purpose of this work is to analyze the different layers that make up the ceramic facade cladding, as well as the main pathological phenomena that occur in this type of building cover. Addressing the main problems encountered in several buildings, which makes it impossible for the ceramic facade to fulfill the functions for which it was de- signed. These functions are: to protect against external infiltration, to adapt greater thermal comfort in the interior, to present good resistance to the forces of nature and sea air, to offer an extended useful life to the building, to facilitate the cleaning and maintenance, to provide aesthetic and market differential to the enterprise. The patholo- gies addressed in this work are: efflorescences, cracks and cracks and detachments, the latter will be evidenced in the case study of a building located in large prairie in the state of Paraíba. This methodology is basically based on documentation analysis; visual inspection; data collect; identification of pathological manifestations. With this, to disseminate the available knowledge about the correct procedure and the fundamental pathologies in facade ceramic coatings, in order to, increasingly, reduce the occurrence of these problems that are costly, both for the users and for the constructors that are often responsible for the problem. Finally, it is concluded that pathological phenomena could be avoided if all phases of the design process, specification, application and maintenance procedures were correctly observed and applied. Pavras-chave: ceramic coating, pathology, facade, cracks and fissures detachment, efflorescence. Lista de ilustrações Figura 1 – Camadas básicas do revestimento externo . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 2 – As juntas do sistema de revestimento cerâmico . . . . . . . . . . . . 27 Figura 3 – Junta estrutural ou de separação . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . 29 Figura 4 – Junta de movimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 5 – Junta de dessolidarização ou de união . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 6 – Visão da fachada frontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 7 – Visão da fachada lateral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 8 – Desplacamento em revestimento externo . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 9 – Eflorescência de revestimento externo . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 10 – Detalhe da trinca na fachada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 11 – Destacamento por retração hidráulica no emboço . . . . . . . . . . 56 Figura 12 – Destacamento por expansão de ferragem exposta . . . . . . . . . . 57 Figura 13 – Emboço solto junto a placa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 14 – Emboço pulverulento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 15 – Desprendimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 16 – Rejunte industrializado flexível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 17 – Emboço com bolor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 18 – Detalhe com manchamento e gretamento . . . . . . . . . . . . . . . 61 Figura 19 – Detalhe com desplacamento e manchamento . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 20 – Detalhe com desplacamento total e com fertilização eólica . . . . . 63 Lista de tabelas Tabela 1 – Materiais constituintes das camadas do revestimento cerâmico . . . 22 Tabela 2 – Grupos de absorção de água das placas cerâmicas segundo a NBR 13.817 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Tabela 3 – As classes de resistência a manchas segundo a NBR 13.818 . . . . 26 Tabela 4 – Origens de problemas patológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Tabela 5 – Tipos de eflorescências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.1 PANORAMA DA INDÚSTRIA DE CERÂMICA NO BRASIL . . . . . 17 1.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.3.1 Objetivos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.3.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.1 INTRODUÇÃO AO REVESTIMENTO CERÂMICO . . . . . . . . . . 21 2.2 BASE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.3 CHAPISCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.4 EMBOÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.5 ASSENTAMENTO OU CAMADA DE FIXAÇÃO . . . . . . . . . . . . 24 2.6 PLACA CERÂMICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.7 JUNTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.7.1 Junta de assentamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.7.2 Junta estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.7.3 Juntas de movimentação ou de dilatação . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.7.4 Juntas de dessolidarização ou de união . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.8 ETAPAS DO PROCESSO DE REVESTIMENTO CERÂMICO . . . . 31 2.8.1 Projeto e especificações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.8.2 Fase de execução, mão de obra e ferramentas . . . . . . . . . . . . . 32 2.8.3 Manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.9 ORIGEM DAS PATOLOGIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.9.1 Congênitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.9.2 Construtivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.9.3 Adquiridas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.9.4 Acidentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.10 TIPOS DE PATOLOGIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.10.1 Destacamentos ou descolamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.10.2 Eflorescências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.10.3 Manchas e bolor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.10.4 Trincas e fissuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.10.5 Gretamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.10.6 Deterioração das juntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3 METODOLOGIA DE PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.1 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.3 VISTORIA NO LOCAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.4 ANAMNESE DO CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.5 PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 4 ESTUDO DE CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.1 CARACTERIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.2 VISTORIA NO LOCAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.3 ANAMNESE DO CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 4.4 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS NO IMÓVEL . . . . 50 5 DIAGNÓSTICOS DO CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 5.1 DIAGNÓSTICO E PROVIDÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 7 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 17 1 INTRODUÇÃO 1.1 PANORAMA DA INDÚSTRIA DE CERÂMICA NO BRASIL O uso das placas cerâmicas em edifícios comerciais, residenciais e industriais já se tornou uma realidade entre as construtoras brasileiras. A justificativa para isso é que esses materiais mantêm o status de bonito, bom e relativamente barato. Isso explica o aumento na utilização das placas cerâmicas, empregando em boa parte dos ambientes, sejam eles comerciais e/ou residenciais nas construções dos dias atuais e fachadas de edifícios, também podem ser encontrados em alguns ambientes industriais. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmicas para Revestimento, Louças Sanitárias e Congêneres (ANFACER), a fabricação Brasileira de placas cerâmicas foi de 792 milhões m² no ano de 2016, tendo uma queda de 11,9% em comparação a 2015. Segundo dados da ANFACER de 2016, os cinco maiores produtores mundiais de revestimento cerâmico foram a China, com 6.495 milhões de m², a Índia vem em segundo, com uma produção de 955 milhões de m², seguido pelo Brasil, com 792 milhões de m², a Espanha, com 492 milhões de m² e o Vietnã, com uma produção de 440 milhões de m².“ Os gráficos 1 e 2 demonstram o desenvolvimento da fabricação brasileira e comercializações no comércio interno. Gráfico 1 – Produção brasileira de revestimentos cerâmicos Adaptado de http://www.anfacer.org.br Capítulo 1. INTRODUÇÃO 18 Gráfico 2 – Vendas de revestimentos cerâmicos no mercado interno Adaptado de http://www.anfacer.org.br A esfera brasileira de placas cerâmicas é composta por 92 empresas, com maior centralização nas regiões sudeste e sul e em extensão no Nordeste do país. Segmento rentável de capital fundamentalmente nacional, é também um bom gerador de serviços, com cerca de 27 mil postos de trabalho diretos e em torno de 200 mil indiretos ao longo de sua cadeia produtiva. 1.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA Sendo a cerâmica um material de variadas formas e tamanhos, feitos da queima de uma pasta onde o principal material é a argila e essa queima confere ao material resistência e dureza que lhe é necessária. Logo, o tipo de queima e o material cons- tituinte de cada cerâmica definem características que são qualificadas quanto a sua resistênciaà abrasão, composição, processo de fabricação, resistência ao ataque de agentes químicos, característica de superfície, absorção de água dentre outras. O Brasil tem um clima favorável para o uso de revestimentos cerâmicos, princi- palmente em cidades praieiras, onde a maresia é um fator determinante para a escolha desse material. Tornando os edifícios mais valorizados, por conta do desempenho físico e estético que os revestimentos apresentam e a qualidade da construção. Segundo Medeiros e Sabbatini (1999) Os revestimentos cerâmicos possuem inúmeras proficuidades em relação aos demais revestimentos clássicos – incluindo as pinturas, placas pétreas, tijolos aparentes, argamassas decorativas – onde se destacam Capítulo 1. INTRODUÇÃO 19 pela maior durabilidade, valorização estética, facilidade de limpeza, possibilidades de composição harmônica, maior resistência a penetração de água, conforto térmico e acústico da fachada e valorização econômica do empreendimento. Para obterem-se melhores resultados com as placas cerâmicas, o revestimento cerâmico precisa ser ideal para todo ambiente, possuir mão de obra especializada e deve ocorrer uma pesquisa detalhada de como o substrato deve ser executado. A escolha das argamassas precisa ser adequada para cada caso e precisa ocorrer um dimensionamento criterioso das juntas. No Brasil existem normas que estabelecem as mínimas condições de qualidade tanto para utilização, quanto para fabricação dos elementos do sistema de revestimento cerâmico. Na prática, essas normas não são adotadas e varias vezes, são ignoradas pelos profissionais que tem a responsabilidade pela execução dos revestimentos cerâmicos. O efeito é a ampla quantidade de distorções apresentados nas placas cerâmicas. As patologias apresentadas nos revestimentos cerâmicos são complicadas de recuperar e requerem custos altos. Quando as manifestações se tornam aparentes, já há o comprometimento da integridade do revestimento. Os custos para recuperação podem com facilidade exceder os custos da execução original. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivos Gerais Apresentar e analisar algumas definições e conceitos sobre as patológias mais frequentes em revestimentos cerâmicos de fachada, encontrados em um edifício resi- dencial na cidade de campina grande, através de um levantamento de dados feito no local, inspeção visual, entrevista sobre a situação do edifício com moradores e fazendo uma pesquisa bibliográfica as mesmas para ser mostrado um possível diagnóstico. 1.3.2 Objetivos Específicos Com a constante melhora das placas cerâmicas voltadas para edificações e no seu enorme potencial de uso misto, este trabalho irá ter como objetivo de construir e organizar dados sobre o processo de revestimento cerâmico e os principais fenômenos patológicos que os abrange. Este estudo tem como objetivos específico: • Colaborar com Engenheiros, Arquitetos e demais profissionais da área de cons- trução civil, com informações que induzam ao entendimento das patologias e Capítulo 1. INTRODUÇÃO 20 suas manifestações nos revestimentos cerâmicos, de modo para ajudar na sua prevenção; • Pautar as patológias mais frequentemente observadas nos revestimentos cerâmi- cos, e suas principais causas; • Colaborar para extinguir defeitos e falhas construtivas, de forma a certificar a estabilidade e durabilidade do revestimento cerâmico, diminuindo as manutenções futuras; • Fornecer informações para as equipes de mão de obra sobre a forma indicada de efetuar o revestimento cerâmico, visando minimizar defeitos e falhas construtivas e suprimir as perdas; • Cooperar para a redução da geração de resíduos de demolição na construção civil, impedindo a poluição do meio ambiente e as sobrecargas dos depósitos de resíduos e lixo urbanos. 21 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 INTRODUÇÃO AO REVESTIMENTO CERÂMICO Este capitulo tem por finalidade aborda as diferentes camadas dos revestimentos cerâmicos e seus principais materiais como também suas classificações, visando o melhor entendimento do leitor em relação ao assunto. Os revestimentos cerâmicos trabalham aderidos sobre bases e substratos que lhe servem de apoio. Reunindo os dados da NBR 13.816 (ABNT, 1997), da NBR 13.755 (ABNT, 1996), de Barros, Sabbatini e Medeiros (1999), chegou ao conceito para revesti- mento cerâmico aderido: “Revestimento Cerâmico de Fachada de Edifícios é o conjunto monolítico de camadas aderidas à base suportante da fachada do edifício (alvenaria ou estrutura), cuja capa exterior e constituída de placas cerâmicas, assentadas e rejuntadas com argamassa ou material adesivo”. A correlação existente entre os múltiplos elementos do revestimento sugere a precisão de conhecê-los profundamente e particularmente, e entender o comporta- mento conjunto não só do revestimento, mas também dos demais elementos que com ele se relacionam. Essa perspectiva nos leva ao conhecimento de visão holística, ou visão sistêmica, onde é constituído por várias partes funcionais que se inter-relacionam de maneira constante e dinâmica. A NBR 13.816 (ABNT, 1997) conceitua a placa cerâmica de uma maneira que a camada de regularização dele não faz parte. Isso pode ser entendido de duas formas: 1) quando as placas são assentadas inteiramente sobre a base; 2) quando essa camada existe, ela deve ser projetada e efetuada de forma a apresentar atributos que proporcionem condições adequadas para o assentamento das placas, garantindo uma excelente performasse do revestimento. Então, nesse caso, a camada de regularização deve ser parte complementar do conceito de revestimento cerâmico. No trabalho apresentado, os revestimentos cerâmicos de fachadas, assim como os revestimentos internos, são constituídos de quatro camadas, sendo elas: base ou substrato, preparação da base (chapisco), camada de regularização (emboço), camada de fixação e camada de acabamento (placas cerâmicas e juntas). Conforme apresenta a Figura 1. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 22 Figura 1 – Camadas básicas do revestimento externo Disponível em: https://qualificad.com.br Como Cada uma das camadas tem características próprias na Tabela 1 são apre- sentados os principais materiais constituintes dos revestimentos cerâmicos aderidos no Brasil. Tabela 1 – Materiais constituintes das camadas do revestimento cerâmico Materiais constituintes Elementos Concreto armado Alvenaria de tijolos maciços Alvenaria de blocos cerâmicos Alvenaria de blocos de concreto Alvenaria de blocos de concreto celular Alvenaria de blocos sílico-calcários. Base Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23 Materiais constituintes Elementos Argamassa de cimento e areia, podendo ou não conter adesivos. Preparo da base (chapisco) Argamassa de cimento, areia e/ou outro agregado fino, com adição ou não de cal e aditivos finos. Emboço (camada de regularização) Argamassa adesiva ou colante, à base de cimento, areia e/ou outros agregados finos, inertes não reativos, com adição de um ou mais aditivos químicos. ASSENTAMENTO OU FIXAÇÃO Placa cerâmica Argamassa de rejunte à base de cimento, areia e/ou outros agregados finos, inertes não reativos, com adição de um ou mais aditivos químicos. CERÂMICA (camada de acabamento) Adaptada com base em Medeiros e Sabbatini (1999) e NBR 13755. 2.2 BASE A base é constituída de alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto, e pelos elementos da estrutura de concreto (pilares, vigas, etc.). As propriedades que podem trazer influências a performance dos revestimentos de fachada são a rugosidade e a capacidade de absorver de água. É importante conhecer o tipo de base a se utilizar, bem como sua interação com a estrutura no sentido de orientar na escolha do revestimento mais conveniente em cada caso. Conhecendo o coeficiente de dilatação dos materiais é possível determinar as dosagens de argamassas cujo coeficiente seja o mais próximo possível destes materiais evitando tensões exageradas e possíveis falhas. Caso a parede seja composta por outros materiais (concreto e alvenaria) e sub- missa a esforços quegeram deformações diferenciais consideráveis, como: platibanda, balanços e últimos pavimentos, devem ser utilizados na junção destes materiais, tela plástica, metálica ou outro material semelhante. 2.3 CHAPISCO É um procedimento de preparação de base e não se constituí uma camada do revestimento. A espessura média deste tratamento é por volta de 5 mm e depende Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 24 da areia empregada, devendo apresentar características superficiais de plasticidade e absorção de água. (LEAL 2003), O chapisco tem a tendência de diminuir ou igualar a qualidade do substrato para absorver água da camada de regularização, também melhora a aderência da camada de revestimento e assegurar maior aderência do emboco a base. É considerado uma preparação da base. De acordo com a NBR 13.755 (ABNT, 2017) a dosagem do chapisco deve ter o traço de 1:3 de cimento e areia grossa úmida. 2.4 EMBOÇO O emboço é a camada de regularização aplicada sobre o chapisco, cuja sua principal função é o encobrimento, dando plasticidade e sustentação ao revestimento cerâmico. A NBR 13.755 (ABNT, 2017) instrui que os traços dessa camada deve estar entre 1:0,5:5 e 1:2:8 em volumes de cimento, cal hidratada e areia úmida, respectivamente. Deve exibir textura áspera e espessura máxima de 25 mm. Segundo Maciel et al.(1998) os atributos que a argamassa deve ter na hora da aplicação, são estas: • Massa específica e teor de ar; • Trabalhabilidade; • Retenção de água; • Aderência inicial; • Retração na secagem; Assim como na base, o emboço em seu acabamento final deve se apresentar seco, isento de poeira, graxa, barro, fuligem, óleo, eflorescências ou quaisquer outros materiais que prejudique a aderência da argamassa do colante a ele. 2.5 ASSENTAMENTO OU CAMADA DE FIXAÇÃO Essa camada tem por finalidade proporcionar a aderência entre o material cerâmico e o emboço. Usa-se colas ou argamassas colantes, atualmente essa arga- Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 25 massa é a mais usada. Estes materiais devem assegurar as condições de segurança e durabilidade dos revestimentos cerâmicos estabelecidos no projeto. Segundo Sabbatini (1999) uma das vantagens desta argamassa colante é a aplicação de uma camada fina no assentamento que permite racionalização da execução e redução de custos. O uso correto da argamassa oferece as seguintes vantagens: • O consumo de material é mínimo; • Apresenta maior potencialidade de aderência; • Maior rendimento no assentamento; • Manutenção das características dos materiais; • Facilidade de controle; • Maior uniformização do serviço; • Proporciona melhor resistência de aderência que as argamassas convencionais; 2.6 PLACA CERÂMICA As placas cerâmicas são elementos construtivos cujas duas dimensões (largura e altura) são maiores que a terceira (espessura). São produzidas a partir de argilas ou outras matérias químicas inorgânicas, conformadas através da extrusão ou prensagem e sintetizadas por meio de processo térmico. Após a sua secagem e a sua queima, em temperaturas entre 1000 °C e 1200 °C, o revestimento cerâmico obtém propriedades físicas, mecânicas e químicas. Umas das propriedades principais são: Dureza - Resulta de estruturas vitrificadas, formados durante a queima, com alto grau de compacidade e coesão interna, resultando na forca responsável pela resistência mecânica do material. Rigidez - É a resistência da placa cerâmica a deformação, quando submetida a esforços, pode quebrar sem deformação previa. Fragilidade - É considerada como uma propriedade da placa. Inercia - Refere-se a não reagir quimicamente com outros materiais. Segundo Antunes (2010), os revestimentos cerâmicos podem ser classificados de acordo com suas propriedades, sendo as mais importantes para o uso em fachadas: expansão por umidade, absorção de água, expansão e resistência mecânica da base do revestimento. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 26 Também informa que o conhecimento das características da superfície do reves- timento é importante para a correta especificação de seu uso. São elas: facilidade de limpeza, coeficiente de atrito, dureza, resistência à abrasão e resistência aos ataques químicos. As Tabelas 2 e 3 apresentam algumas classificações das placas cerâmicas. Tabela 2 – Grupos de absorção de água das placas cerâmicas segundo a NBR 13.817 GRUPO: FAIXA DE ABSORÇÃO (%) GRUPO A EXTRUDADO GRUPO B – PRENSADO (EXEMPLO) GRUPO C OUTRO PROCESSO Ia: 0 abs. < 0,5 Ib: 0,5 abs. < 3 AI B Ia (Porcelanato) B Ib (Grés) CI IIa: 3 abs. < 6 A IIa B IIa (Semigrés) C IIa IIb: 6 abs. < 10 A IIb B IIb (Semiporoso) C IIb III: abs. � 10 A III B III (Poroso) C III Adaptada com base na ABNT, 1997. Tabela 3 – As classes de resistência a manchas segundo a NBR 13.818 CLASSES DESCRIÇÃO DA REMOÇÃO DAS MANCHAS Classe 5 Máxima facilidade de remoção de manchas Classe 4 Mancha pode ser removida com produto de limpeza fraco Classe 3 Mancha pode ser removida com produto de limpeza forte Classe 2 Mancha pode ser removida com ácido clorídrico ou acetona Classe 1 Mancha não pode ser removida sem danificar a peça Adaptada com base na ABNT, 1997 Os revestimentos cerâmicos sofrem ao longo do tempo um inchamento irreversí- vel, por conta do contato com a umidade presente no meio ambiente. Esse inchamento é chamado de expansão por umidade (EPU). Uma característica crítica para ambientes de elevada umidade (Banheiros, fachadas, piscina, entre outros). A NBR 13.818 (ABNT, 1997) limita a EPU a um máximo de 0,6 mm/m. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27 A NBR 13.818 (ABNT, 1997) não determina um limite específico para a absorção total das placas cerâmicas destinadas às fachadas. Já a norma britânica BS 5385 (BSI, 1991) determina um limite de 3% para placas extrudadas e prensadas. Alguns especialistas da área estabelecem que a cerâmica para fachadas deva ter absorção de água menor ou igual a 6%, resistência à radiação dos raios ultravioletas. 2.7 JUNTAS Junta é um espaço regular que interrompe a continuidade de peças de matérias idênticos ou diferentes. Ha diversos tipos de juntas, no entanto, as mais usuais são de assentamento, estrutural, de movimentação e de dessolidarização. É importante dar atenção especial às juntas, dimensionando-as de acordo com as normas. Uma das principais funções das juntas é absorver as tensões do sistema, que podem ter origem térmica, variação de umidade, ação de cargas dentre outras, garantindo a sua estabilidade. A Figura 2 ilustra bem os tipos de juntas existentes. Figura 2 – As juntas do sistema de revestimento cerâmico Antunes (2010). 2.7.1 Junta de assentamento Junta de assentamento é o espaço regular entre duas placas cerâmicas, suas funções serão descritas a seguir: • Reduzir as movimentações do substrato e da dilatação, de modo a permitir a absorção das tensões provocadas pela EPU da cerâmica; • Disfarçar a variação de bitola da peça cerâmica, facilitando o alinhamento perfeito que não seria possível com a junta seca; Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 28 • Garantir estanqueidade e a entrada de elementos prejudiciais por trás do revesti- mento; • Facilitar a remoção e troca de peças cerâmicas; • Permitir combinações estéticas; • Facilitar o assentamento das placas e seu ajuste. Os espaçamentos das juntas de assentamento dependem do tipo de cada revestimento cerâmico e local de aplicabilidade interno ou externo. Orientasse deixar as seguintes larguras de juntas de assentamento para pisos e paredes: • Em áreas internas: placas com espessura maior de no máximo 20 cm, devera ser usado juntas de no mínimo 3 mm, aumentando 1 mm no mínimo para cada 10 cm de aumento da placa. • Em áreas externas ou com umidade: placas não teladas de lado maior 10 cm, devera ser usado juntas de no mínimo 5 mm, aumentando 1 mm para cada 10 cm de aumento do lado da placa. • Em grés porcelanato: usar juntas de no 2 mm no mínimo para áreas internas e 5 mm para áreas externas; 2.7.2 Junta estrutural Junta estrutural é aquela que separa a estrutura, sua funçãoé suavizar as tensões causadas pela movimentação da estrutura da obra. Estas precisam ser respei- tadas em posições e largura, para que não existam tensões maiores que a argamassa de assentamento possam aguentar. A Figura 3 esboça uma junta estrutural onde tem revestimentos com placas cerâmicas. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29 Figura 3 – Junta estrutural ou de separação Disponivel em http://www.iau.usp.br 2.7.3 Juntas de movimentação ou de dilatação Junta de movimentação é o espaço regular, cuja o papel é fracionar o revesti- mento, para atenuar as tensões causadas pela movimentação do substrato e do próprio revestimento. A NBR (ABNT, 2017), indica que na sua execução deve ser feito juntas de movimentações na horizontal a cada pé direito ou no máximo 3 metros e na vertical devem ser de no máximo a cada 6 metros. As aberturas das juntas devem ser completadas com selantes a base de materi- ais poliméricos, assentados sobre um material flexível e compreensível, não colante ao selante, para haver uma correta cura do material, como na Figura 4. De acordo com o Haanbook for Ceramic tile Installation (TCA, 2002), a largura dessas aberturas devem ser de: Nos pisos interiores: usar a largura da junta de assentamento, no entanto, nunca inferior a 6,4 mm; Nos pisos exteriores: o mínimo a se utilizar é de 9,6 mm para juntas distanciadas em ate 3,7 m e de 12,8 mm para juntas distanciadas em ate 4,9 m; No piso interior, com uso de pastilhas e revestimentos cerâmicos de parede: usar a mesma largura da junta de assentamento, no entanto, nunca inferior a 3,2 mm, sendo ideal a largura de 6,4 mm. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 30 Essa junta precisa cortar o contra piso ou a camada de regularização, em uma espessura mínima de 25 mm abaixo da face do revestimento cerâmico. Se a camada de regularização for inferior que 25 mm, a profundeza da junta de movimentação deve ser a mesma da camada de regularização. Figura 4 – Junta de movimentação Roscoe (2008) 2.7.4 Juntas de dessolidarização ou de união Junta de dessolidarização é o espaço necessário para separar a área com revestimento de outras áreas (pisos, tetos, pilares e paredes), aliviando as tensões provocadas por estes. Segundo o Handbook for Ceramic Tile Installation (TCA, 2002), as juntas de Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 31 dessolidarização devem ter largura mínima de 6,4 mm para áreas internas. Essas larguras sofrem variações, de acordo com as características dos materiais que serão utilizados. A espessura mínima deve ser de 25 mm ou igual à espessura da camada de regularização; quando a mesma for menor que 25 mm, abaixo do tardoz da cerâmica, cortando a primeira camada de regularização e/ou contra piso. Essas juntas precisam ser preenchidas com selantes a base de materiais poliméricos, assentados sobre um material flexível e compreensível, não aderente ao selante, para haver uma correta cura do material. É necessário sempre limpar as juntas e as bordas das peças cerâmicas nas quais o selante será aderido. A Figura 5 mostra uma junta de dessolidarização. Figura 5 – Junta de dessolidarização ou de união Disponível em http://www.comunidadedaconstrucao.com.br 2.8 ETAPAS DO PROCESSO DE REVESTIMENTO CERÂMICO 2.8.1 Projeto e especificações A criação do projeto é o primeiro passo de uma sequência lógica de qualquer empreendimento. A preparação do projeto é fundamental para obter-se melhores resultados na sua produção e na sua execução. O custo final de uma atividade feita de modo não planejado é superior ao de uma projetada, mesmo inserindo o custo de Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32 preparação do projeto. Temoche Esquivel et al. (2005), o processo de escolha e especificação do revestimento de fachada tem uma importância fundamental na etapa de projeto, já que frente à quantidade de problemas patológicos acontecidos com esses revestimentos há um consenso sobre a origem do problema (falta de projeto específico). O implemento do revestimento cerâmico na obra é constituído por várias ca- madas, onde cada uma dessas camadas possui comportamentos específicos. Esse revestimento cerâmico muito das vezes é compreendido apenas como um material decorativo, sendo apontado e detalhado no projeto arquitetônico de modo escasso. É imprescindível a elaboração de um projeto construtivo, considerando todas as infor- mações e parâmetros necessários para exercer total domínio sobre a execução do sistema de revestimento cerâmico. Nesse projeto devera estar definido: • Os materiais; • As técnicas recomendadas para execução; • Os equipamentos; • Tipo de mão de obra; • O processo de controle de qualidade. Os detalhes de projetos são de extrema importância tanto no ponto de vista de melhor desenvolvimento dos serviços de execução como para o desempenho final do revestimento (Resistência de aderência, mecânica, etc.), pois, com todos os problemas resolvidos, o desperdício de materiais é praticamente inexistente, a produtividade se torna ótima e aumenta-se o nível de qualidade dos serviços executados. O projeto dos revestimentos deve sempre respeitar os demais projetos constru- tivos do edifício, conciliando, em particular, os de alvenaria e de piso. Quando esses projetos não existirem, as informações deverão ser tiradas dos projetos tradicionais (Exemplo: Projeto arquitetônico, estrutural, instalações e impermeabilização). Nas etapas de projeto são determinados, as propriedades, as características a natureza e o desempenho esperado dos materiais, através do reconhecimento das solicitações a que os mesmos estarão submetidos. Devem-se lembrar as obrigações funcionais de permeabilidade a água, estabilidade, estética, durabilidade e manutenção. 2.8.2 Fase de execução, mão de obra e ferramentas Na fase de execução, é importante seguir ao pé da letra o projeto executivo. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 33 A execução de um edifício resulta da relação de todos os materiais e suas técni- cas de aplicação. Sobre a produtividade do sistema de placas cerâmicas, precisamos considerar vários fatores para garantir um bom resultado (LIMA, 1998). Segundo a NBR 13.755 (ABNT, 2017), a execução de revestimentos com peças cerâmicas só pode ser iniciada apos a conclusão dos seguintes serviços: • Revestimentos de tetos; • Fixação de caixilhos; • Execução das impermeabilizações; • Instalação das tubulações e • Ensaios de estanqueidade nas tubulações hidráulicas e sanitárias. Para, paredes externas, pisos e fachadas, é importante executar quando a temperatura ambiente estiver entre 5 °C e 40 °C e as temperaturas dos componentes do sistema de revestimento cerâmico estiverem entre 5 °C e 27 °C. Quando a temperatura da base, por consequência do Sol, estiver acima de 27 °C, aconselha-se molhar levemente, porem sem satura-la. Já nos revestimentos externos aconselha-se ser executados em períodos de estiagem e sem ventos fortes. Sempre evitar a incidência direta do Sol nos horários de maior temperatura diária. E importante que o emboço tenha sido feito sobre alvenaria chapiscada, para melhorar a pega do sistema ao substrato. O tempo adequado para cura do emboço é de 14 dias, mais algumas publicações recomendam 28 dias. É importante que o emboço se apresente sempre seco, isento de poeira, fuligem, barro, substancias gordurosas, graxas, eflorescências e outros elementos estranhos que possam prejudicar a pega da argamassa colante. A argamassa colante sempre deve ser aplicada com desempenadeira metálica dentada, espalhando-a na parede com o lado liso e em seguida frisando-a. Segundo Medeiro e Sabbatini (1999), a ferramenta mais importante para a execução de revestimento cerâmico é a desempenadeira. Sua escolha deve ser feita em função do tipo de peça cerâmica a ser utilizada e do relevo que ela apresenta do tardoz. Deve-se sempre ter um cuidado especial para que o tempo de pega não seja excedido. Para utilização em fachadas é recomendado que o tempo de pega seja de no mínimo 20 min (Argamassas Tipo AC II). Também é importante que, após a sua mistura,as argamassas colante e de rejunte sejam totalmente utilizadas num período inferior há 2:30 horas. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 34 Segundo a NBR 13.755 (ABNT, 2017) é recomendado a execução de juntas horizontais de movimentação espaçadas a cada 3 metros ou a cada pé direito, na região de encunhamento da alvenaria. As juntas verticais, espaçadas a cada 6 metros. As pecas cerâmicas deveram estarem secas para não haver prejuízo da aderência. O rejuntamento das peças só devera ocorrer no mínimo após 3 dias ao as- sentamento. As juntas deveram ser molhadas e estar isentas de sujeiras. Para dar acabamento, as juntas deveram ser frisadas com mangueira ou ferro redondo. Apos 15 minutos, limpar o excesso com esponja ou pano úmido. É de extrema importância o treinamento e qualificação das pessoas e equipes de operários responsáveis pela mão de obra, bem como a formação dos procedimentos de execução e inspeção do sistema de revestimento. 2.8.3 Manutenção A manutenção é a preservação ou recuperação adequada do edifício cons- truído em condições semelhantes à de projeto inicial. Fazem parte da manutenção as inspeções, as ações de prevenção, a conservação e a reabilitação. Os custos para reparação de danos são extremamente maiores de que os custos com medidas preventivas. Por conta disso deve-se apresentar um plano de manutenção duradouro, onde especifique sempre as periodicidades das vistorias e as intervenções preventivas, como limpeza de drenos, revisão do rejuntamento, etc. Também devera sempre estar incluso nesse plano, degradação natural dos materiais, a escala de prioridades, os padrões de manutenção e a disponibilidade financeira. Acoplado com as vistorias instrumentadas pode adicionar as vistorias visuais (aquelas que se realizam ensaios para aferição do estado dos materiais ou da estrutura). A fase de manutenção corresponde com a vida útil do revestimento. Sempre é importante observar o seu desgaste natural, a interferência do desgaste no seu desem- penho e sempre avaliar a periodicidade de intervenções para garantia da manutenção de sua qualidade. 2.9 ORIGEM DAS PATOLOGIAS As manifestações patológicas dos revestimentos cerâmicos de fachadas ofere- cem de diversas formas, a impossibilidade de os revestimentos cumprirem as finalida- des para as quais elas foram concebidas, tais como os aspectos estéticos, de proteção e de isolamento. Causando um efeito instantâneo de desvalorização da edificação. A noção sobre a origem das patologias é um extraordinário instrumento para apontar as causas das falhas nestes tipos de revestimentos. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 35 Sabbatini (1999) aponta dois fatores principais para as manifestações patológi- cas: 1. Falta de projetos que levem em consideração parâmetros de desempenho e que considerem as necessidades das etapas de produção. 2. Falta de domínio da tecnologia de produção dos revestimentos, mesmo aquelas existentes, por parte de toda a cadeia produtiva, começando pelos engenheiros e arquitetos e chegando até os assentadores. Segundo este mesmo autor as patologias, na maioria das vezes, e são resul- tantes de uma combinação de fatores, o que inevitavelmente levará a uma analise profunda quando se busca a recuperação ou mesmo a origem do problema. A Tabela abaixo explica a importância de utilização de projetos para redução de manifestações patológicas, embora ela abrange de forma globalizada todos os campos da execução de uma obra. Tabela 4 – Origens de problemas patológicos ORIGENS DAS PATOLOGIAS ÍNDICE PERCENTUAL Projetos 60% Construção 26,4% Equipamentos 2.1% Outros 11,5% Adaptada com base em Gripp (2008) 2.9.1 Congênitas Aquelas que tem origem na etapa de projeto, pelo motivo de não obedecer às normas técnicas vigentes, ou de imprudência dos profissionais, que derivam em erros no detalhamento e concepção inadequada dos revestimentos. Assim registrando cerca de 40% dos danos nas edificações. Assim que o projetista para de olhar as condições, mas básicas relativas ao andamento e a qualidade completa da obra, interações entre as partes da construção e de construibilidade, é frequente o nascimento das patologias congênitas. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 36 2.9.2 Construtivas Sua origem está diretamente ligada à etapa de execução da obra, resultado da contratação de mão de obra desqualificada, produtos não licenciados e falta de procedimento para assentamento das peças o que, segundo aponta pesquisas, são responsáveis por cerca de 25% das anomalias presentes nas edificações. O aprimoramento da mão de obra, a padronização de procedimentos e a verifi- cação de conformidade podem diminuir as patologias. 2.9.3 Adquiridas Surgem durante a vida útil dos revestimentos, sendo consequência da exposição do meio em que os mesmos se encontram, podendo ser naturais, decorrentes de agressividade do meio, ou provocadas pela ação humana, em função da manutenção inadequada ou ate mesmo da prática de interferência malfeitas nos revestimentos, comprometendo as camadas e desencadeando um processo patológico. Como exemplo, a maresia, em regiões litorâneas e os ataques químicos em regiões com um número alto de industriais. 2.9.4 Acidentais Tem como característica a aparição de alguns fenômenos não previstos em projeto, assim criando um esforço não programado, tais como a ação da chuva com ventos de magnitude anormal, recalques estruturais e incêndios, dentre outros. 2.10 TIPOS DE PATOLOGIAS 2.10.1 Destacamentos ou descolamentos Este tipo de patologia ocorre quando há a falha na junção entre placas cerâmica e argamassa de assentamento ou argamassa de assentamento com o substrato, geralmente gerado por tensões que ultrapassam o limite de resistência desses materiais. Este problema é caracterizado pelo destacamento de porções do revestimento, pontuais ou generalizados. Essa patologia é avaliada como sendo a mais seria, pelo alto risco de acidentes e os altos valores para seu reparo. As circunstâncias mais corriqueiras de descolamento costumam incidir cerca de sessenta meses depois do encerramento da obra. As ocorrências recorrentes das solicitações, adicionadas os danos naturais de colagem dos materiais de fixação, em Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 37 circunstâncias de baixo dimensionamento do sistema, caracterizam as falhas que costumam derivar em problemas de quedas, esclarece Medeiros. O sinal inicial desta patologia, é a ocorrência de um som oco nas placas ce- râmicas quando as mesmas sofrem alguma percussão, ou ainda nas áreas em que se nota o estufamento da camada de acabamento das placas cerâmicas e rejuntes, seguido do descolamento dessas áreas, que pode ser imediato ou não. Segundo Bauer (1997), os descolamentos podem apresentar extensão variável, sendo que a perda de aderência pode ocorrer de diversas maneiras: por empolamento, em placas, ou com pulverulência. Na maioria das vezes estas patologias acontecem nos primeiros e últimos andares dos edifícios, pelo motivo do maior nível de tensões nesses locais. As origens desses problemas são: • Inconstância do suporte, devido o acomodamento do edifício como um todo; • Deformação lenta da estrutura de concreto armado; • Oxidação da armadura de pilares e vigas; • Elevada dilatação higroscópica do revestimento cerâmico; • Variações higrotérmicas e de temperatura; • Propriedade de pouca resiliência dos rejuntes; • Falta de detalhes construtivos como: contravergas, juntas de dessolidarização, movimentação, assentamento e estrutural; • Emprego da argamassa colante com um tempo vencido; ou mau espalhamento da argamassa colante; ou carência de dupla colagem, no caso das peças com superfície acima de 400 cm2; • Assentamento sobre superfície infectada; • Especificação errada do revestimento cerâmico, de maneira especial no que se refere a: configuração do tardoz que pode mostrar superfície lisa, sem reentrâncias ou garras; expansão por umidade superior do que 0,6 mm/m; absorvimento de água maior a 6%; • Negligência da mão-de-obra na execução. Segundo Bauer (1997),o fenômeno da dilatação higroscópica é provocado pela adsorção de água, na forma líquida ou de vapor que, ao contrário da simples absorção Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 38 de água retida apenas nos poros do material, provoca modificações na sua própria estrutura, com aumento de volume. A posição do Comitê de Estudos de EPU do CCB, choques térmicos na fachada têm a mesma ordem de grandeza da EPU teórica e acontecem, ligeiramente dezenas de vezes em apenas trinta dias, colaborando sensivelmente para a fadiga do conjunto. Não ha dados concretos, mas nos derradeiros anos tiveram fortes indícios que apontam que a execução de estruturas mais esbeltas e deformáveis, de modo geral, tem influenciado diretamente no avanço das solicitações impostas aos revestimentos. Esse fenômeno ocorre porque edifícios altos estão mais suscetíveis ao encurta- mento e suportam as maiores deformações pela ação dos fortes ventos. Aliado a esses fatores, o uso de placas maiores também tem exigido técnicas e materiais compatíveis com essa nova realidade de construção, ressalta Sabbatini, em entrevista à Revista Techne (CICHINELLI, 2006). 2.10.2 Eflorescências Esse fenômeno tem como característica a aparição de formações salinas sobre algumas superfícies, podendo ter a forma pulverulenta ou ter a forma de crostas duras que não são dissolvidas na água. Na maior parte dos casos, este fenômeno é visível e de aspecto desagradável, já em outros casos particulares podem advir de dentro dos corpos, imediatamente abaixo da superfície. De acordo com Uemoto (1988) a eflorescência pode ser considerada um dano, seja por modificar visualmente o local onde se deposita ou por poder provocar degradações profundas. O fenômeno é resultante da dissolução de sais que estão presentes na arga- massa, ou ate mesmo nos elementos cerâmicos ou também oriundos de contaminações externas vindo do transporte de água por meio dos poros. Se, durante a condução, a concentração dos sais na solução ampliar seja, por perca de água ou elevação da quantidade de sais, estes sais podem entrar em processo de cristalização e dar origem ao fenômeno. Acontecendo de modo superficial, essa cristalização dá origem à eflorescência mais largamente achada e visível; dar-se de maneira na parte interna do material, dá origem à cripto-eflorescência, muitas vezes de difícil visualização. Lembrando que as placas cerâmicas e a argamassa têm vazios em seu interior, como cavidades, bolhas, poros abertos e fechados e uma grande e complexa rede de micros canais. A água pode passar pelo o interior por força da capilaridade ou ate mesmo por força do gradiente hidráulico. O local onde há o aparecimento, muitas vezes não indica o local de origem, pois os sais podem ser conduzidos pela água de locais distantes do ponto de detecção do Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 39 problema. Com isto é imprescindível entender o comportamento dos sais dissolvidos, sua possível fonte e também a origem da água, ou a simples intervenção localizada pode ser completamente ineficaz e até mesmo maléfica. Para que a eflorescência se manifeste, os seguintes fatores são necessários: – Água: atua como solvente que permite a mistura dos sais que irão da origem ao fenômeno. Ela pode ter origem em múltiplos pontos: – Água de chuva: tem boa chance de entrar através das juntas, sobretudo se elas forem mal executadas; – Água de condensação: derivada das trocas de vapor de água entre o meio interno e o externo através dos poros; – Água proveniente da etapa de construção: a água de amassamento, ou proteções deficientes contra a chuva ou qualquer outro fato que possibilite o acumulo de umidade podem acarretar problemas em obras recém entregues. Paredes saturadas de água podem demorar semanas ou meses para que a secagem ocorra; blocos em contato direto com o solo, além de concentrar umidade, podem ser contaminados por sais ou elementos estranhos; – Sais: se movem diluídos na água, dão origem ao fenômeno; – Gradiente hidráulico: permite a circulação da água e o transporte dos sais do interior para a superfície dos corpos afetados. Segundo Uemoto (1988), existem ainda fatores externos que favorecem o fenô- meno, tais como: • A quantidade de solução que aflora, principalmente para os sais pouco solúveis; quanto maior a quantidade de água, maior é a fração solubilizada; • O aumento do tempo de contato, que favorece a solubilização de maior teor de sais; • A elevação da temperatura, que além de favorecer a solubilização dos sais, aumenta a velocidade de evaporação da umidade absorvida pelo sistema. Os sais podem tanto permanecer nos poros como migrar para sua superfície; • A porosidade dos elementos do sistema, que permite a percolação da solução. Muitas vezes, um elemento próximo, por apresentar maior capilaridade, pode ter os sais depositados sobre ele, mesmo não sendo o elemento que possui maior teor de sais solubilizáveis. As argamassas oferecem amplas chances de reunir sais solúveis em sua com- posição, decorrente dos componentes utilizados em seu processo de produção. Vale Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 40 lembrar, também que o uso de água imprópria pode favorecer o nascimento deste tipo de problemas. Os sais mais comuns encontrados são Na2SO4 e K2SO4, já que são provenien- tes de metais alcalinos que formam compostos bastante solúveis em água. Depois, as formas Na2CO3, NaHCO3, K2CO3 e KHCO3 aparecem com menor frequência. Com- postos do tipo MgCl2, MgSO4, CaCO3, CaSO4 e Fe2(SO4)3 aparecem em terceiro lugar. Uemoto (1988) distingue três tipos de eflorescência, as de Tipo I, II e III. O Tipo I é o mais comum, ele é caracterizado por um depósito de sal branco, pulverulento, muito solúvel em água. Pode ocorrer em superfícies de alvenaria aparente, revestimentos de argamassa, juntas de assentamentos, regiões próximas a esquadria mal vedadas, ladrilhos cerâmicos, juntas de ladrilhos cerâmicos e azulejos. Campante (2001) afirma que as principais causas deste tipo de patologia nos revestimentos cerâ- micos seriam os sais presentes na água de amassamento e agregados, e a poluição atmosférica. Esse tipo de patologia afeta apenas o aspecto estético da estrutura e desaparece com ação das chuvas e ao longo do tempo. A do Tipo II caracteriza-se pela aparição de um depósito de cor branca com aspecto de escorrimento, muito aderente e pouco solúvel em água. Este depósito, quando em contato com o ácido clorídrico, apresenta efervescência. Esses sais têm sua formação em regiões próximas a elementos de concreto ou sobre sua superfície e, às vezes, sobre superfícies de alvenaria. O sal formado por esse tipo de eflorescência é basicamente o carbonato de cálcio, formado com a reação da cal livre, que pode ser liberada na hidratação do cimento, com a água proveniente da chuva ou de infiltração. Esse tipo de eflorescência é difícil de ser reparada. Em casos de depósitos abundantes, resolve-se o problema removendo os sais com escovação mecânica e em então há a lavagem com ácido clorídrico, devendo-se anteriormente saturar a parede para que o ácido não penetre nos poros. O uso contínuo pode prejudicar a estabilidade do sistema. A eflorescência do Tipo III manifesta-se como um depósito de sal branco entre juntas de alvenaria aparente, que se apresentam fissurados devido à expansão decor- rente da hidratação do sulfato de cálcio existente no tijolo ou da reação tijolo- cimento. A Tabela 5 apresenta resumidamente os tipos de eflorescências. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 41 Tabela 5 – Tipos de eflorescências Nº TIPO FORMAÇÃO CAUSAS REPARO I Pó branco pulverulento solúvel em água. Superfícies de concreto aparente; Superfícies de alvenaria revestida; Juntas de pisos cerâmicos ou azulejos; Regiões próximas a caixilhos mal vedados; Superfícies de ladrilhos não esmaltados. Sais solúveis presentes nos materiais: água de amassamento, agregados ou aglomerantes; Sais solúveis presentes nos materiais cerâmicos; Sais solúveis presentes no solo; Reação atmosférica; Reação entre compostos do cimentoe da cerâmica. Eliminação da fonte de umidade; Em superfície externa, aguardas a eliminação dos sais pela ação da chuva; Lavagem com água; Escovamento; Limpeza com ácido clorídrico a 10%. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 42 Nº TIPO FORMAÇÃO CAUSAS REPARO II Depósito branco com aspecto de escorrimento, muito aderente e pouco solúvel em água. Juntas das alvenarias assentadas com argamassa; Superfície de concreto ou revestimento com argamassa; Superfícies de componentes próximos a elementos de alvenaria ou concreto. Carbonatação da cal liberada na hidratação do cimento; Carbonatação da cal constituinte da argamassa. Eliminação da percolação de água; Lavagem com ácido clorídrico a 10%; Escovamento mecânico se necessário. III Depósito branco, solúvel em água, com efeito de expansão. Em fissuras eventualmente presentes nas juntas das alvenarias; Nas juntas de argamassa das alvenarias; Em regiões da alvenaria muito expostas à ação da chuva. Expansão devido à hidratação do sulfato de cálcio existente no tijolo ou reação dos compostos do tijolo e do cimento; Formação do sal expansivo por ação do sulfato do meio. Esperar a estabilização antes de efetuar reparos; Reparar com uso de cimento isento de sulfatos. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 43 Nº TIPO FORMAÇÃO CAUSAS REPARO Adequado de THOMAZ, 1989. Uma vez que há uma grande quantia de sais envolvidos na manifestação da eflorescência, e seu desempenho é influenciado diretamente pela temperatura, con- centração, PH, qualidade da água disponível, presença de outros sais, etc., torna-se quase impossível prever o aparecimento de alguma manifestação. É também inviável a apresentação uma maneira geral para a solução dos problemas acarretados. Algumas orientações a ser tomadas para tais problemas: • As manchas de aparência escorrida e de cor esbranquiçada derivada do carbo- nato de cálcio podem ser retiradas, mas será um procedimento cansativo e de resultado não garantido. Como os sais não são solúveis em água, será necessário o uso de escovas, ácido muriático ou acético. Este método, mesmo que aplicado, pode deixar vestígios prejudiciais de cloro no local e pode danificar a superfície atingida; • Eflorescências de coloração marrom, amarela e preta são, no geral, originárias da oxidação e necessitam um estudo sério das causas e integridade do local atingido. A limpeza com ácido muriático e soda cáustica pode ser empregada de acordo com o sal envolvido; • Manchas de coloração castanha, ferruginosas, podem acontecer caso a areia contenha minério de ferro ou caso a argila dos materiais cerâmicos contenha pirita (FeS2); • Eflorescências pulverulentas brancas e solúveis em água pode ser eliminada com lavagem e escovação com escovas de cerdas duras. No comum, a própria chuva é suficiente para sua remoção e o uso de sabão deve ser cuidadoso, já que alguns produtos à base de estearatos e oleatos de sódio podem aumentar o teor de sais; • A impermeabilização da superfície para evitar a entrada de água pode não ser uma solução para a eflorescência. Na origem da água estar no interior da parede, vazamentos e infiltração pelo alto, o emprego de uma película atrapalhará a saída da água líquida. No entanto, próximo da superfície a água se converterá em vapor e atravessará a película, provocando a cristalização dos sais imediatamente abaixo da superfície. Caracteriza- se, então, a cripto eflorescência, que pode causar a destruição da base pelo efeito expansivo da cristalização dos sais. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 44 Sabbatini (2001) apresenta algumas providências que podem ser tomadas para evitar a manifestação das eflorescências como: • Redução do consumo de cimento Portland na argamassa de regularização: o que é possível a partir de uma dosagem racional à exemplo do que vem ocorrendo com a produção dos contrapisos; ou ainda especificando cimento com baixo teor de álcalis para a produção destas argamassas; • Utilização de componentes cerâmicos para revestimentos de qualidade garantida e isentos de umidade residual; • Garantir o tempo necessário para completa secagem de cada camada constituinte do subsistema revestimento; • Evitar o uso de ácido clorídrico (impropriamente chamada de “ácido muriático”) durante a limpeza do revestimento logo após a execução do rejunte. E, caso se faça, tem que ser com concentração fraca. O autor diz que ao longo do tempo os sais são eliminados aos poucos e assim há uma tendência ao desaparecimento do fenômeno. 2.10.3 Manchas e bolor O termo bolor ou mofo é apreendido como a propagação de diversas popula- ções de fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-se, inclusive, as argamassas inorgânicas. (SHIRAKAWA, 1995) O termo emboloramento, de acordo com Allucci (1988), constitui-se numa “alte- ração observável macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo uma consequência do desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos”. O crescimento de fungos em revestimentos internos ou de fachadas, causa alteração estética de tetos e paredes, formando manchas escuras indesejáveis em tonalidade preta, marrom e verde, ou manchas claras esbranquiçadas ou amareladas. (SHIRAKAWA, 1995) Geralmente tem seu início através de infiltrações de água e frequentemente estão associados aos descolamentos e desagregação dos revestimentos. 2.10.4 Trincas e fissuras As trincas são rupturas na placa cerâmica provocada por esforços mecânicos, que ocasionam a separação das placas em partes, com aberturas acima de 1 mm. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 45 As fissuras também são rompimentos nas placas cerâmicas, com aberturas abaixo de 1 mm e não acarretam a ruptura total das placas. A alterações de temperatura podem também ocasionar o aparecimento de fissuras nos revestimentos, pelo fato das movimentações diferenciais que ocorrem entre os revestimentos e as bases. Trincas e fissuras podem também estar relacionadas ao cobrimento precário da estrutura de concreto. A oxidação do aço gera a elevação de volume e as tensões são transmitidas ao revestimento final. Essas patologias acontecem normalmente nos andares iniciais e nos últimos do edifício, geralmente pela falta de juntas de movimentação e detalhes construtivos adequados. A incorporação destes elementos no projeto de revestimento e o uso de argamassas bem dosadas ou colantes pode impedir o surgimento dessas patologias. As trincas e fissuras podem surgir, também, entre o rejunte e a placa cerâmica, se localizam principalmente entre o rejunte e a lateral das peças. Sabbatini, (2001) atribuem a esse tipo de patologia as seguintes causas: • Dilatação e retração do componente cerâmico: podem ocorrer devido à variação térmica ou de umidade no corpo cerâmico, que geram um estado de tensões entre as camadas da placa cerâmica. • Deformação estrutural excessiva: estas deformações podem introduzir tensões na alvenaria que, eventualmente, ficam submetidas à diferentes esforços que são completamente absorvidos e assim são distribuídos aos revestimentos. • Falta de detalhes construtivos: alguns importantes detalhes construtivos como as vergas e contravergas nas aberturas das janela e portas; pingadeiras nas janelas e platibandas e as juntas de movimentação nos revestimentos, podem auxiliar na boa performance do sistema. 2.10.5 Gretamento O gretamento é constituído de um conjunto de frestas entre 0,5 mm a 0,1 mm e que acontecem na superfície do esmalte da placa, oferecendo a ela um aspecto de teia de aranha. A umidade pode ser responsável pelo gretamento das placas cerâmicas para revestimento, quando gera a elevação nas dimensões da sua base, obrigando a dila- tação do esmalte. Não acompanhando a modificação de tamanho da placa cerâmica ocasionada pela expansão por umidade, a camada esmalte não suporta as tensões Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 46 progressivas de tração, acarretando as fissuras capilares que são características do gretamento. Sabbatini (2001), explica que o gretamento podeser dividido em dois tipos distintos: imediato e retardado. O primeiro deles ocorre durante a fase de resfriamento na produção das placas cerâmicas, na qual podem ocorrer diferenças de retração entre a base cerâmica e a camada esmaltada. O segundo tipo ocorre durante o uso e é associado à expansão por umidade e/ou retração das argamassas convencionais, este gera o efeito chamado “beliscão”, que ocorre com o emprego de argamassa convencional para o assentamento do revestimento cerâmico. Após a fixação do componente a argamassa adere firmemente ao corpo cerâmico e com a retração desta pela secagem promove um aperto no corpo cerâmico resultando em tensões que tendem a placa a ter a superfície em forma convexa explica (Sabbatini, 2001). Este efeito pode até causar o destacamento da cerâmica com relativa violência. De acordo com a NBR 13.818 (ABNT, 1997) a placa cerâmica não deve apre- sentar gretamento durante o uso e a indústria considera como defeito de fabricação e têm que reembolsar ou repor a peça. 2.10.6 Deterioração das juntas Esse problema, atinge inteiramente as argamassas de preenchimento das juntas de assentamento que são os rejuntes, e de movimentação, compromete o comportamento dos revestimentos cerâmicos como um todo, já que estes componentes são responsáveis pela vedação do revestimento cerâmico e também pela capacidade de absorver as deformações. Os vestígios de que está acontecendo uma deterioração das juntas são: perca da vedação da junta e envelhecimento do material de preenchimento. A perca da vedação pode ter início logo após a sua execução, por meio dos processos de limpeza impróprios. Esses procedimentos de limpeza podem causar degradação de parte do material aplicado, que adicionados a diversos outros fatores citados anteriormente, podem causar fissuras ou ate mesmo trincas, como também infiltração de água, levando o revestimento ao colapso. Também pode ocorrer, que a junta esteja preenchida apenas superficialmente, com isto formando apenas uma capa frágil que pode desgastar após alguns meses da entrega da obra. Essa condição pode ocorrer em casos onde a junta é muito fina ou quando o rejunte perde a trabalhabilidade, pela alta temperatura do ambiente. 47 3 METODOLOGIA DE PESQUISA 3.1 METODOLOGIA O trabalho consiste em um estudo de caso de um edifício especifico, locali- zado no município de Campina Grande no estado da Paraíba, que apresenta alguns fenômenos patológicos no revestimento cerâmico de sua fachada. Será utilizada uma metodologia, apresentada neste capitulo deste trabalho de conclusão de curso, para identificar e estabelecer um diagnóstico das manifestações patológicas identificadas na edificação supracitada. Foi feito um levantamento de dados de estudo no local de maneira externa para se mensurar as patológias existentes no local, e através de uma vistoria no local podemos ver a fundo o quanto era enorme os problemas ali encontrados com o auxilio de bibliografias especificas para tal, pode se chegar a um diagnostico preliminar, logo a metodologia diagnóstica presente foi seguida em todo o processo de estudo. Todas as camadas constituintes do sistema e as principais patológias apresen- tadas no revestimento cerâmico foram explicadas para o leito, nos capítulos anteriores, para completo entendimento dos problemas patológicos. 3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS Nesta etapa tivemos como objetivo obter informações para que se possamos compreender o problema. De maneira geral foram observadas as patológias e evi- denciados de forma empírica os motivos que provocaram o baixo desempenho do revestimento. 3.3 VISTORIA NO LOCAL Foram feitas cerca de 20 visitas na edificação escolhida para tirar fotos e ter uma visualização, mas abrangente das patológias lá existentes e verificar as principais patológias manifestadas no revestimento cerâmico de fachada. Nestas visitas periódicas tentamos observar novas formações de eventos patológicos que não foram constatados. 3.4 ANAMNESE DO CASO Nesta fase fizemos um levantamento do histórico da manifestação patológica. Procurando visualizar os fatores ocorridos durante a fase de construção do edifício e do seu uso que pudessem ter contribuído para a ocorrência das manifestações patológicas e sua evolução com o passar do tempo. Ela foi feita a partir de dados fornecidos Capítulo 3. METODOLOGIA DE PESQUISA 48 por pessoas que participaram da construção do empreendimento, com a sindico do condomínio e o zelador. Foi feita uma entrevista contemplativa com os mesmos. As informações desta etapa foram de muito importantes para a montagem do diagnostico. As informações iremos ver no capitulo, mas a frente. 3.5 PESQUISA Em posse de todos os dados para se montar um diagnóstico, foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre todo o sistema que compõem o revestimento cerâmico de fachada e as principais patológias que atingem, com isto observamos as manifestações presentes na edificação escolhida e montamos um pequeno resumo bibliográfico visto nos capítulos anteriores. Com a junção de todos esses materiais montamos um diagnóstico. 49 4 ESTUDO DE CASO 4.1 CARACTERIZAÇÃO Neste capítulo é apresentado um estudo de caso que mostra todas as patologias estudadas e nos capítulos anteriores. Trata-se de um edifício residencial situado na cidade de Campina Grande, estado da Paraíba. A edificação possui 19 pavimentos acima do nível da rua (sendo um de cobertura e térreo como pilotis). São 2 unidades residenciais por andar. A idade da edificação é de 25 anos de construção. Seu revestimento externo é em cerâmico Atlas 0,5 × 0,5 na cor branca gelo e vinho. O prédio está construído no centro da cidade, onde esta sujeito a maiores abalos pelo motivo de trânsito intenso e ruídos de várias modalidades, assim como recebe uma maior incidência de agentes poluidores. Também esta presente o gradiente térmico verificado entre as estações do ano que é relativamente majorado na região. Quanto ao aspecto geral da edificação, observando principalmente os elementos de fachada, a edificação apresenta aparência de desgaste evidente e célere embora possua apenas 25 anos de construção. 4.2 VISTORIA NO LOCAL As vistorias começaram na data 01 de março e terminaram na data 17 de maio de 2018. Logo foi constatado, visualmente, que o edifício possui estrutura em concreto armado, vedada por alvenaria de tijolos cerâmicos, recobertos por reboco com reves- timento de cerâmica nas cores: branco e vinho. As fachadas laterais têm varandas revestidas no mesmo material cerâmico. A primeira área a ser vistoriada foi à fachada frontal. Após verificação visual, foi observado grandes áreas com descolamento de revestimento. Nos pilares foram executadas juntas falsas, ou seja, sem preenchimento com material elastomérico. A fachada da lateral direita também apresenta um descolamento generalizado. Foi observado que as áreas maiores de descolamento são as pastilhas da cor vermelho alaranjado, mesmo assim ha algumas áreas de cor branca que também apresentam esta mesma patologia. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 50 4.3 ANAMNESE DO CASO As informações obtidas sobre o condomínio foram relatadas pelo síndico por meio de uma entrevista contemplativa e foram valiosas para o diagnóstico. Foram elas: • Ate a data da vistoria realizada, foi afirmado que só tinha sido feito uma única vez a manutenção daquela fachada predial. • A referida edificação algum tempo após entrega da obra, já manifestou algumas patologias: destacamento do revestimento das fachadas e infiltrações provenien- tes desta. • Um condômino conhecia o Engenheiro da obra e relatou em uma conversa que o pano para o assentamento da cerâmica eram abertos em uma distância grande, podendo afetar gravemente o tempo limite em aberto da argamassa de assentamento. • Que também foi utilizado no emboço material de duvidosa qualidade, como massame, material (agregado miúdo) pulverulento encontrado na região, e não normatizado. 4.4 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS NO IMÓVEL Todo o revestimento cerâmico do edifício apresentaproblemas de desplaca- mento, fissuras, eflorescências e outras manchas. Ver Figura 8 e 9. Não ha juntas de dilatação estruturais e de movimentação. Ver Figura 6 e 7. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 51 Figura 6 – Visão da fachada frontal Arquivo pessoal. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 52 Figura 7 – Visão da fachada lateral Arquivo pessoal. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 53 Figura 8 – Desplacamento em revestimento externo Arquivo pessoal. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 54 Figura 9 – Eflorescência de revestimento externo Arquivo pessoal. Na fachada é notada enormes trincas, que podem ter sido provocadas não somente por não haver nenhuma junta vertical ao longo de toda a fachada, como também devido a um possível recalque de acomodação da estrutura. Observa-se que a trinca se estende, com deslocamentos de 1 cm. Ver Figura. 10. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 55 Figura 10 – Detalhe da trinca na fachada Arquivo pessoal. Em um certo locais onde o revestimento já foi removido, verifica-se que o emboço exibe fissuras, possivelmente decorrentes da retração hidráulica, que causam desplacamento do revestimento no local. Ver Figura 11. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 56 Figura 11 – Destacamento por retração hidráulica no emboço Arquivo pessoal. Em outros locais, nota-se que o aço da armadura do pilar está exposto e com alto grau de oxidação. A falta de cobrimento adequado da armadura, aliada ao fator umidade, provocou a expansão e descolamento do substrato e da placa. Ver Figura 12. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 57 Figura 12 – Destacamento por expansão de ferragem exposta Arquivo pessoal Sobre o tipo de argamassa colante utilizado, parece ter sido do tipo industria- lizado, porém, não foi possível identificar de que tipo. Percebe-se que houve muitas deficiências no que diz respeito à aplicação de matérias de construção. Existem fortes indícios claros de que houve aplicação de material de baixa qualidade no acabamento do emboço, pois várias placas retiradas estão sujas com material pulverulento. (Ver Figura 13 e 14). Houve indícios de descolamento da argamassa colante devido ao inchamento, e varias fissuras no rejunto permitindo a umidade penetrar. Pode dizer, ainda, que durante o assentamento não houve preocupação com o arrasto e percussão. Ver Figura 15. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 58 Figura 13 – Emboço solto junto a placa Arquivo pessoal. Figura 14 – Emboço pulverulento Arquivo pessoal. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 59 Figura 15 – Desprendimento Arquivo pessoal. O rejunte parece ser industrializado, pelo o estado ele tem indícios de ser flexível, ele apresenta vários poros e também varias microfissuras. Possui uma largura média de 10 mm. Há vestígios de infiltração da parte externa para interna pelo rejunte, pois, o emboço expõe vários locais com sinais de bolor, sem que tenham sido identificadas infiltrações vindas do interior das residências. Ver Figura 16 e 17. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 60 Figura 16 – Rejunte industrializado flexível Arquivo pessoal. Figura 17 – Emboço com bolor arquivo pessoal. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 61 Quanto às placas cerâmicas, foi identificado que o fabricante é Atlas. A cerâmica utilizada não é mas fabricada hoje em dia. Seu tardoz é adequado, na forma de espinha de peixe. São placas homogêneas, apresentam gretamento, as dimensões são adequadas para assentamento em fachada. As cerâmicas da linha atual, possuem EPU e absorção d’água adequados para revestimento de fachada. Não foi possível precisar se o mesmo revestimento, fabricado 25 anos atrás, possuía índices superiores aos recomendados pela norma. Entretanto, não nos parece que o problema verificado no prédio tenha relação com a inadequação da placa cerâmica. Ver Figura 18 e 19. Figura 18 – Detalhe com manchamento e gretamento arquivo pessoal. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 62 Figura 19 – Detalhe com desplacamento e manchamento arquivo pessoal. É visto, que ha falhas de desplacamento inteiro de peças e á umidade na região aonde se destacou um bloco inteiro, deixando exposta a ferragem e no local percebe-se fertilização eólica sementes de plantas espalhadas pelo vento que se desenvolvem na fachada. Ver Figura 20. Capítulo 4. ESTUDO DE CASO 63 Figura 20 – Detalhe com desplacamento total e com fertilização eólica arquivo pessoal. 64 5 DIAGNÓSTICOS DO CASO 5.1 DIAGNÓSTICO E PROVIDÊNCIAS Como se pode notar, todas as patologias pesquisadas estão presentes em uma única edificação. Os principais fatores que levaram ao colapso do revestimento de fa- chada do edifício foram a mão de obra deficiente, despreparada, falhas na especificação de materiais e carências de projeto. Em todo o edifício verificou-se que o preenchimento das juntas estão se deteri- orando e assim, perde-se a função de vedação das juntas facilitando a infiltração de água das chuvas. Percebe-se o risco iminente de queda dos revestimentos cerâmicos, nas áreas perimetrais da edificação e é necessário o isolamento da área em questão. Por fim, para o restabelecimento das condições de segurança, estabilidade e estanqueidade das fachadas, a edificação deve ser submetida à reforma completa dos elementos das fachadas, emboço, reboco e revestimentos cerâmicos. 65 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho apresentou o escopo de uma revisão bibliográfica, vinculado a um estudo de caso específico sobre os problemas que acontecem em revestimen- tos cerâmicos colados em fachadas externas de um condomínio vertical residencial, identificando seus possíveis motivos, mecanismos de constituição e prováveis soluções. Outro fato importante é a existência de normas que definem de modo límpido as peculiaridades técnicas dos elementos do revestimento cerâmico, só assim pode haver uma padronização de conceitos que auxiliam na execução de um projeto de maneira satisfatória. Este feito é um ponto preciso para a boa performance do revestimento cerâmico, apesar que não seja satisfatório. Assim, ficar equivocado a utilização de elementos individuais de alta propriedade técnica se sua aplicação é feita de forma incorreta, ou seja, se não há coerência e compatibilidade de comportamento entre componentes que se inter-relacionam compete ao projetista do revestimento, conhecer e entender os itens com que trabalha e especificá-los de maneira adequada. As qualidades de exposição climática de uma edificação refletem diretamente na vida útil e conservação dos revestimentos empregados. O sistema da fachada é muito crucial, pois tem que ser ponderado a ampla diversidade de fenômenos naturais que o comprometem (ventos, temperatura, chuvas, radiação solar, maresia, etc.). A celeridade de execução, o uso de grandes vãos e a esbeltes dos meios estruturais são fatores que cooperam para o aparecimento de novos esforços de difícil mensuração e que propiciam a manifestação de patológias. O ITC (1994, p. 295) expõe um esboço da Sociedade Francesa de Cerâmica que celebra que a harmonia do revestimento cerâmico depende basicamente da idade da base e da presença de juntas de assentamento. Essa idade da base abrange às duas camadas do revestimento, fixação e regularização, e ao mesmo tempo do próprio substrato, determinando assim uma interdependência entre elas. Devido às prescrições do cronograma da obra, todavia, os espaços entre a confecção das camadas convergem a serem abrandados em detrimento dos aspectos técnicos envolvidos e que careceriam de ser observados. O aparecimento de manifestações patológicas não é pertinente a uma única causa, mas sim a um somatório de fatores. Pode-se tirar como uma conclusão, que a qualidade e a durabilidade dos revestimentos cerâmicos estão intimamente ligadas ao planejamento e escolha dos materiais apropriados, à qualidade da construção e à manutenção ao longo de sua vida útil. Uma acertada particularização, com projeto detalhado, contendo as especifica- ções adequadas e as técnicas de execução, contribui para a produção dos revestimen- tos de fachada com qualidade. Deve ser destacado que, além da exata especificação, a Capítulo
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