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EXERCÍCIO 2: Psicologia Clínica Ricardo tem 30 anos e está casado há um ano. Procurou ajuda de um psicólogo a pedido de sua mãe e esposa que o consideram muito nervoso e tenso, apesar dele discordar dessas opiniões. Relatou na primeira sessão que sofre de insônia seguida de enxaquecas. Há alguns anos sofreu de depressão, quando se separou de sua namorada que hoje é sua esposa. Ao longo dos atendimentos, mencionou com frequência problemas de relacionamento com a esposa. Reclamou de sua falta de atenção e de admiração em relação a ele. Desde o início dos atendimentos, Ricardo se comporta como um cavalheiro: é bem educado, tem uma fala calma e olha atentamente nos olhos de sua terapeuta. Sempre ressalta suas qualidades como marido e homem. Seguem recortes de sessões: Ricardo: Desde que eu comecei aqui, eu tenho me preocupado mais comigo. Antes eu jogava bola somente aos domingos, agora estou tentando jogar pelo menos 3 vezes por semana. Preciso manter a forma. Comprei algumas roupas novas, assim do meu estilo, ou seja, calça jeans, camiseta branca, tudo simples. Ah! Antes eu arrumava o meu cabelo no espelho do carro, penteando com as mãos. Hoje não. Eu olho para mim no espelho e me arrumo. Hoje para vir aqui usei o pente e me arrumei como se deve. Ricardo: A minha esposa ainda pega no meu pé. Hoje ela disse: você está muito bem arrumado. Está bonito, só por que hoje é terça-feira e você tem clínica? Ricardo: ...inclusive em relação ao tempo, não sinto passar esses 50 minutos e também não vejo que você fica toda hora olhando para o relógio. Acho que a gente se gostou, entre aspas. Psicoterapeuta: O que você quer dizer com isto? Você quer falar a respeito do que você está sentindo, Ricardo? Ricardo: Ah! Nada. Apenas que a gente se gostou, mas com todo o respeito, afinal tudo tem um limite. Um limite, porque aqui você é uma profissional, então, se eu faço algum elogio ou comento alguma coisa sobre você é porque eu estou sentindo isto e acho que devo falar, mas tudo dentro do limite do respeito. Não quero que você me leve a mal. Nossa! O seu olho brilha tanto! Por que brilha dessa forma? Em uma das sessões, presenteou a terapeuta com uma caneta da empresa em que trabalha e depois de algumas sessões questiona ao se despedir. Ricardo: Ah! Não estou cobrando nada, mas nunca vi você usando a caneta que lhe dei. Hoje está muito frio lá fora. Você só está com esta roupa? Ricardo: Como eu lhe disse, eu gosto de vir aqui. Venho porque eu gosto e não porque eu tenho que vir. Tanto que eu senti saudades de você, entre aspas. Psicoterapeuta: Ricardo, o que é sentir saudades entre aspas? Ricardo: Ah! Porque é um sentir saudades com respeito. Eu penso em você quase todos os dias. Psicoterapeuta: O que você pensa exatamente? Ricardo: Ah! Eu penso em tudo que falamos. Enfim, que é bom estar com você, falar com você. Sinto-me à vontade e eu confio em você também. Ricardo: Hoje o seu cabelo está muito mais bonito do que na semana passada. Isso é um elogio. Quando eu te elogio você entende que eu não estou querendo te seduzir. Relato da Psicoterapeuta em supervisão: Enquanto Ricardo fala, ele vai se aproximando mais de mim. Senti um frio no estômago e perguntei: Psicoterapeuta: Ricardo, é para eu entender o quê? Ricardo: Que eu te admiro. Continuação do relato da Psicoterapeuta em supervisão: Em algumas sessões, senti-me culpada por estar acontecendo isso. Questionei em que eu poderia estar falhando. Pensei em algumas alternativas: não usar maquiagem nem perfume. Em alguns momentos me senti lisonjeada por receber um elogio e em perceber que estava sendo admirada. O olhar penetrante de Ricardo me incomodava e me desconcertava, em alguns momentos. Sentia como se ele tivesse lendo meus pensamentos e, com isto, descobrisse que eu tinha ficado lisonjeada com algum elogio, ficando numa posição defensiva. Assinale a alternativa incorreta: A. O paciente está enamorado de sua psicoterapeuta o que se caracteriza como um amor transferencial dentro do referencial psicanalítico. O paciente projeta na terapeuta o seu ideal de amor; idealiza a terapeuta como a mulher que deseja. B. A expressão do enamoramento deveria ser reprimida pela terapeuta para que o processo continue sem riscos de paralisar. C. A transferência de sentimentos do paciente para a pessoa do analista é uma repetição de uma experiência psíquica vivida no passado e suscitada pelo encontro analítico. D. Este enamorar-se pode tornar-se uma resistência à análise, dada a facilidade do paciente em aceitar as explicações do analista e sua alta compreensão das mesmas, sem que haja uma reflexão. O paciente poderá desistir de seus sintomas, comunicando que está sempre bem. E. O perigo para análise desse amor transferencial é a permanência do paciente no estado de enamoramento e do terapeuta em uma posição narcísica ou defensiva. Resp. correta: B EXERCÍCIO 3: Psicologia Clínica “A fim de compreender a crise pela qual a Psicologia atravessa, deve-se assinalar que, tradicionalmente, a prática empreendida pelos psicólogos tem privilegiado uma perspectiva de análise e de intervenção no âmbito do estritamente individual. Nesta, buscam-se explicações individuais (intrapsíquicas) para as mais diferentes facetas da existência humana, diagnosticando-os “adaptadas” ou “desadaptadas”, segundo o modelo estabelecido como “padrão normal”. Chamo a atenção para o caráter autoritário que se encerra neste modelo, na medida em que acaba, de acordo com Fonseca (1998), naturalizando “a realidade psicológica e social, mascarando o papel que desempenham certas práticas humanas na construção dessa realidade, sugerindo, por exemplo, a existência de certos padrões de normalidade psicológica marcados pela própria natureza e aos quais devemos nos conformar e adequar”. Evidencia-se, nesta perspectiva, a presença da dicotomia “normal/patológico” a nortear tanto a análise e interpretação dos fatos quanto a forma de neles intervir. Sob esta modalidade teórico-metodológica, a prática profissional do psicólogo consagrou-se como uma importante ferramenta de adequação e ajustamento do homem ao contexto, conferindo-lhe um estatuto de neutralidade e em práticas desta natureza, subjaz uma concepção de homem a- histórico (regulado por leis “naturais”, responsáveis por produzir homens mais ou menos comprometidos, do ponto de vista psicopatológico) amparada no mito da universalidade do psicológico, o qual “significaria aceitar que todos os indivíduos se afligem, se emocionam, reagem, etc., da mesma forma em qualquer época e lugar” (Silva, 1992). (trecho retirado do livro “A Psicologia (e os psicólogos) que temos e a Psicologia que queremos” de Eliana Pereza Gonçalvez de Moura) A partir da compreensão do texto acima, assinale a afirmação correta: A. Questiona-se atualmente se a Psicologia deve atuar apenas no âmbito individual, realizando diagnósticos e promovendo adequação dos indivíduos desadaptados, tendo em vista os poucos serviços psicológicos públicos existentes e, consequentemente, a impossibilidade de acesso e a exclusão de um enorme número de pessoas. B. Diante dessa leitura, podemos afirmar que o objeto de intervenção do psicólogo deveria ser a interioridade do sujeito singular com uma história pré- existente e única que determina seus vínculos patológicos. C. A perspectiva teórico-metodológica a que a autora se refere é aquela que pretende obter um conhecimento dos fenômenos humanos e realizar intervenções técnicas, levando em consideração a subjetividade do pesquisador e do profissional e os aspectos sociais e históricos do objeto. D. O caráter autoritário deste modelo, apontado pela autora, se revela nas práticas de psicólogos que se colocam em posição de neutralidade diante dos clientes e como detentores de um saber ratificado pela ciência. E. Os fenômenos humanos, dentro desta perspectiva teórico-metodológica apontadapela autora, são considerados naturais, passíveis de observação e regidos por leis próprias da natureza. Resp. correta: E EXERCÍCIO 4: Psicologia Clínica Marina, 24 anos, nutricionista recém-formada procurou a clínica da UNIP, pois acha que está entrando em depressão. Há oito meses rompeu um relacionamento, depois disso não consegue trabalhar, sair com amigos, não quer fazer coisa alguma. Uma psicóloga O entrevistador iniciou a entrevista desta forma: “Olá, tudo bem, Marina? Diga-me qual é o problema que você gostaria de abordar, a depressão, o trabalho ou o fim do relacionamento?” Assinale a alternativa correta: a) Esta não é uma boa maneira de iniciar a entrevista, pois o entrevistado pode ainda não ter pensado na situação como problema e também o entrevistador fez perguntas como um bombardeio. b) Esta é uma boa maneira de iniciar uma entrevista, pois é objetiva e ajuda o entrevistado a ir direto ao ponto mais importante. c) Poderia ser, pois o entrevistado quando procura ajuda sempre tem um problema. O entrevistador agiu corretamente, quando elencou os problemas relatados pelo paciente, para que este escolhesse o mais importante. d) A palavra problema é pesada e carregada. Poderia ser evitada, mas é de grande ajuda para localizar o problema. e) O uso da palavra problema faz o entrevistado pensar que mesmo sem saber tem um problema a resolver. Ao ser questionado, poderá enfrentar a situação com mais clareza. Resp. correta: A CASO 4: Psicologia Clínica Neusa e Francisco procuram um psicólogo para atender seu filho João de 8 anos. O menino fora encaminhado pelo endocrinologista que acompanha a criança em função de um tratamento para crescimento. João está sofrendo bullying na escola por ter estatura menor do que a maioria de seus colegas. O psicólogo acolhe os pais e na entrevista de queixa livre orienta-os para mudar de médico, visto que o psicólogo conhece uma medicação mais efetiva do que a que vem sendo ministrada na criança. Além disso, o profissional diz aos pais que “... os baixinhos também são 6 queridos na turma...”. Ao final do atendimento completa afirmando que “... tudo irá ficar bem, podem ter certeza que eu irei ajudar Joãozinho a enfrentar esses grandalhões...” Os pais saem confiantes e cheios de esperança do encontro com o psicólogo. Aponte as falhas do psicólogo no relato acima. Expectativa de resposta: O aluno deve indicar a inadequação do profissional em citar uma medicação que está sendo ministrada sem conhecimento técnico. O tom de sedução durante a entrevista e a forma de garantir sucesso sem realçar aos responsáveis o papel deles nesse processo.
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