Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL - UERGS – Melhoramento Vegetal Três Passos, agosto de 2017 Evolução de plantas cultivadas e sua importância p ara o melhoramento de plantas Eventos: Domesticação, mutação, poliploidia e hibridação História da agricultura � Período Neolítico : - 9.000 a 11.000 anos atrás - Rio Tigre (entre Irã e Nordeste do Iraque) - Exemplo: trigo e cevada � Período Histórico : - 2.500 a 3.000 anos atrás - Descoberta do “ Novo Mundo ” (Hemisfério Ocidental) - América - Exemplo: aveia e centeio � Período Moderno: - Domesticação de plantas forrageiras - Produtos de valor industrial ou farmacêutico - Interesse em genes de espécies silvestres relaciona das as espécies cultivadas Eventos importantes: 2 Origem da agricultura � a invenção da agricultura deve ter ocorrido no fina l do Período Mesolítico e início do Período Neolítico (10 a 12.0 00 anos atrás); � o primeiro local de origem da agricultura não é conh ecido; � evidências arqueológicas indicam que a agricultura teve or igem nos vales férteis dos grandes rios do Oriente Próximo, em uma região chamada Crescente Fértil . 3 “O Período Neolítico é considerado como o marco inicial da origem e desenvolvimento da agricultura”. Período Neolítico ou Revolução Neolítica � início da sedentarização (casas permanentes); � uso de instrumentos de pedra polida; � desenvolvimento de casas permanentes; � desenvolvimento da cerâmica; � desenvolvimento da tecelagem; � domesticação de plantas e animais; � cultivo de grãos, forrageiras e árvores frutíferas. Principais eventos ocorridos: 4 A Revolução Neolítica também é conhecida como “ Pedra Nova ” ou “ Idade da Pedra Polida ” (~ 7.000 a 10.000 anos atrás). 5 Casa permanente Cerâmica Instrumentos de pedra e madeira Pedra polida Hipóteses para a origem da agricultura � Progresso cultural – do mais simples para o mais complexo, da vida nômade para a vida sedentária (mais confortável), do selvag em para uma forma mais civilizada; � Mudanças ambientais – ocorrência de condições favoráveis para a agricultura como temperatura, umidade e concentração de di óxido de carbono na atmosfera; � Pressão populacional – o aumento da população tornou os recursos silvestres escassos, forçando o homem a adotar a agricultur a como alternativa para a obtenção de alimentos; � Coevolução – efeito evolutivo mútuo de duas espécies interagindo entre si. Neste caso, a espécie humana e uma espécie silvestr e que está sendo submetida a um processo de domesticação; � Religião – domesticação de espécies por razão religiosa; � Modelo “Sem Modelo” – não existe um modelo universal para expli- car a origem da agricultura. 6 “ Domesticação : processo de mudança genética da espécie vege- tal, passando do estado silvestre ao cultivado”. Domesticação das espécies cultivadas � a domesticação é um processo evolutivo , dirigido pelo homem e que visa adaptar as plantas as necessidades humana s; � plantas domesticadas possuem partes ou produtos de grande interesse do homem; � plantas domesticadas possuem constutuição genética distinta de seus progenitores selvagens; 7 Considerações gerais: Considerações gerais: 8 Continuação.... � uma planta totalmente domesticada é dependente do homem para sua sobrevivência, não conseguindo se reproduzir na natureza sem a intervenção humana; � plantas domesticadas são mais produtivas que as silvestres; � plantas domesticadas apresentam um conjunto comum de características morfológicas e/ou fenotípicas, o qual permite facilmente distinguí-las de seus progenitores silvestres ; � As mudanças visíveis entre plantas cultivadas (domesticad as) e silvestres são denominadas “ síndrome da domesticação ”. � frutos e sementes maiores; � plantas mais robustas; � eliminação ou redução da deiscência natural de semen tes; � perda de estruturas que favorecem a dispersão; � perda da inibição da germinação de sementes; � hábito de crescimento compacto; � diferentes cores de flores, frutos e sementes; � aumento da palatabilidade dos alimentos; � eliminação de substâncias tóxicas; � entre outras mudanças genéticas e fisiológicas. Síndrome da domesticação Comparado com seus progenitores silvestres , as espécies cultivadas tipicamente apresentam: 9 Teosinto Milho � planta unicolmo � dominância apical � grãos aderidos ao sabugo � planta multicolmo � hábito de crescimento indeterminado � sementes nuas Síndrome da domesticação em milho (Hábito de crescimento e morfologia dos grãos) 10 “A domesticação das espécies cultivadas ocorreu em centros independentes de domesticação ”. 11 Centros de domesticação Centros de domesticação Os centros independentes de domesticação variam ent re si quanto à sua trajetória de desenvolvimento . Alguns aspectos importantes: 12 � extensão geográfica : ampla ou restrita; � número de espécies domesticadas : considerando uma região geográfica e o potencial relativo da espécie como fonte de alimentos; � velocidade de domesticação : tempo necessário para a domes- ticação de uma espécie vegetal e sua sua expansão como espécie cultivada para outras regiões geográficas. A região do Crescente Fértil testemunhou a domesticação de um conjunto notável de espécies vegetais e animais, como trigo, cevada, lentilh a, suínos, caprinos e bovinos. Estas espécies foram domesticadas relativamente rápido e se transformaram em espécies de grande interesse do homem em to do o mundo. Nicolai Ivanovich Vavilov (1916 a 1930) Centros de origem e diversidade genética “A partir de suas expedições, Vavilov coletou , quantificou e distribuiu a diversidade das espécies cultivadas ao redor do mu ndo”. 1 Centro de origem Área geográfica onde a espécie foi originada. Especiação 2 Centro de diversidade genética Local onde encontra-se grande diversidade genética da espécie domesticada e silvestre. Inicialmente, Vavilov considerava que o centro de origem coincidia com o centro de diversidade. 13 Posteriormente, Vavilov e outros pesquisadores observara m que algumas espécies cultivadas possuíam mais de um centro de diversidade genética . 1 Centro primário de diversidade Local onde a domestica- ção da espécie cultivada ocorreu”. 2 Centro primário de diversidade Local onde a variação genética continuou a aumentar após a domesticação f (migração de plantas do centro primário para o centro secundário) 14 Centros de diversidade genética (de acordo com Vavilov) 15 Centro Sul Americano (Peruano-Equatoriano- Boliviano) � Feijão � Batata-doce � Tomate � Maracujá Centro Chileno � Batata comum Centro Brasileiro- Paraguaio � Mandioca � Amendoim � Abacaxi � Seringueira � Erva-mate � Jaboticaba � Cacau � Cajú � Castanha do Pará Centro Sul Mexicano e Centro Americano � Milho � Feijão � Curcubitáceas � Mamão � Fumo América Central e do Sul 16 Bases genéticas da evolução de plantas cultivadas Evolução : qualquer alteração em uma espécie, tornando-a mais adaptada. a) Mutação: “São forças evolutivas que promovem alterações permanentes na sequência de nucleotídeos do DNA”. 17� Mutante: organismo que exibe fenótipo novo resultante de mutação. Leu Val Asp Thr CUC GUG GAU ACC CUC GUG AAU ACC Leu Val Asn Thr CCU AAG UCC Prol Lys Ser Prol Lys Ser CCU AAG UCC 1 2 Exemplo : Mutação de ponto em uma sequência de DNA codificante . (Substituição de um único nucleotídeo -- SNP) 1 2 18 Mudança do Aminoácido aspartato para asparagina ���� Espontâneas : ocorrem sem causa conhecida, resultante de erros metabólicos inerentes ou causadas por agentes desconhecidos do ambiente. � Induzidas : resultam da exposição de organismos a agentes químicos ou físico: - Mutagênicos → substâncias que têm o efeito biológico de aumentar a freqüência de mutações acima da taxa espontânea. Mutações: � Mutações induzidas por substâncias químicas mutagênicas: - Ácido nitroso: HNO2 - Corantes de acridina - Agentes alcilantes - Radiações ionizantes:raios X, gama e cósmico. Penetram nos tecidos vivos a distâncias substanciais. Tecidos somáticos: gemas, ramos, folhas, sementes, plântulas, etc. Tecidos germinais: gametas Exemplo de mutações somáticas: Laranja de umbigo ou Bahia Mutação de gema Aguns exemplos de mutações benéficas: Exemplo de mutações somáticas: Laranja URS Campestre -Nova cultivar de citros sem sementes; -São Sebastião do Caí, RS; Aguns exemplos de mutações benéficas: Componentes do sistema reprodutivo masculino normais; Alta viabilidade de pólen; Germinação in vitro do pólen normal. a Causa da ausência de sementes: esterilidade em componentes do sistema reprodutivo feminino. Exemplo de mutações somáticas: uva cultivar Rubi -1972 - Cultivar Itália; - Paraná Aguns exemplos de mutações benéficas: Exemplo de mutações somáticas: tangerineira ‘Montenegrina’ Mutação de plântula Seleção “Olhar com olhos de quem quer ver” Aguns exemplos de mutações benéficas: A fusão de gametas e que resulta em progênies. b) Hibridação 28 A fusão de gametas e que resulta em progênies. � Hibridação intraespecífica: Refere-se ao cruzamento entre diferentes genótipos d a mesma espécie . Triticum aestivum L. x Triticum aestivum L. � Hibridação interespecífica: Refere-se ao cruzamento entre espécies diferentes . Fragaria virginiana (América do Norte) x Fragaria chiloensis (Chile) b) Hibridação Fragaria ananassa (Moranguinho) 29 “É o resultado da duplicação de um genoma ou da combinação de dois ou mais genomas diferentes em um só núcleo celular”. � Autopoliplóides: O aumento do conjunto básico de cromossomos ocorre via duplicação cromossômica . Ex.: banana (triplóide) e batata (tetraplóide) � Alopoliplóides: O conjunto básico de cromossomos é derivado do cruza mento de duas ou mais espécies relacionadas . Ex.: trigo (hexaplóide) e aveia (hexaplóide) c) Poliploidia 30 “É o processo pelo qual indivíduos com maior adaptação e habilidade reprodutiva são mantidos na população”. � Natural: -Sem a interferência do homem. - Indivíduos melhor adaptados contribuem com um maior número de descendentes. � Artificial: - Dirigida pelo ser humano. - Mola propulsora da domesticação e melhoramento gené tico de plantas. d) Seleção 32 Aguns exemplos de seleção: Cevada 33 Arroz 2 f 6 f Número de fileiras Perda da debulha natural Dominância apical do milho Doebley J (1997) Nature 386: 485-488 Teosinto 34 tb1 mutante Milho Aguns exemplos de seleção: Baixa estatura em trigo 35 Genes Rht (Reduced height) – conferem porte baixo em trigo Aguns exemplos de seleção: “É o processo de transferência de alelos entre diferentes populações da mesma espécie vegetal”. e) Migração 36 �a exemplo da seleção, a migração também pode promov er alterações nas frequências alélicas de uma população; �a migração pode aumentar a frequência de um alelo já p resente na população, pela introdução de indivíduos portadores do mesmo alelo; �a migração pode transferir um novo alelo originado pela mutação em uma população, para outras populações da mesma espéc ie; �a migração pode aumentar a variabilidade genética d entro e entre po- pulações da mesma espécie; � a migração pode impedir a divergência genética extr ema entre popu- lações da mesma espécie, a ponto de formar uma nova espécie. “É o processo de perda de genes e/ou alelos por amostragem em uma população de plantas”. f) Deriva genética � os efeitos da deriva genética são mais pronunciados à medida que o tamanho da população diminui. � em função de erros de amostragem, a deriva genética pode contribuir para diminuir a variação genética de uma população. 37 Especiação Espécie : conjunto de populações geneticamente idênticas, a partir das quais os alelos podem se movimentar e os descendentes apresentam um valor de adaptação em geral igual ou superior a os genótipos parentais. � a medida que a evolução progride, alterações nas frequências alélicas ocorrem nas populações e o fluxo gênico pode eventualmente ser interrompido entre diferentes populações; � Como consequência, a interrupção do fluxo gênico pode levar a forma- ção de novas espécies, via processo evolutivo denominado especiação . 38
Compartilhar