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0
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO 
RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRISTIELE VERIATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EMANCIPAÇÃO POLITICA DE SÃO MARTINHO E AS 
ELEIÇÕES E GOVERNOS DE 2001-2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ijuí (RS) 
2010 
 1
CRISTIELE VERIATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EMANCIPAÇÃO POLITICA DE SÃO MARTINHO E AS 
ELEIÇÕES E GOVERNOS DE 2001-2008 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de História do Departamento de Ciências 
Sociais (DCS), da Universidade Regional do 
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – 
UNIJUÍ, como requisito para a obtenção do grau 
do Título de Licenciada em História. 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. MSc.Hilário Barbian 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ijuí (RS) 
2010 
 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
 
 
À minha mãe, que sempre me apoiou nos 
momentos difíceis. 
 
Aos meus professores, em especial ao 
Mestre Hilário Barbian, pelo apoio, colaboração 
e pelo conhecimento. 
 
A todos que, de uma forma ou outra, 
colaboraram para a produção deste trabalho. 
 
E, a Deus, por mais esta etapa em minha 
vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
 
 
ADP – Aliança Democrática Popular 
ARENA – Aliança Renovadora Nacional 
CAE – Conselho de Alimentação Escolar 
CMD – Conselho Municipal de Desporto 
CME – Conselho Municipal de Emprego 
CRAS – Centro de Referencia da Assistência Social 
JEM – Jogos Escolares Municipais 
MDB – Movimento Democrático Brasileiro 
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
PAR – Programa de Ações Articuladas 
PDT – Partido Democrático Trabalhista 
PIM – Primeira Infância Melhor 
PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro 
PP – Partido Popular 
PSF – Programa Saúde da Família 
PT – Partido dos Trabalhadores 
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro 
PV – Partido Verde 
UDS - União Democrática Sãomartinhense 
 
 
 
 
 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5 
 
1 A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SÃO MARTINHO ....................................................... 7 
 1.1 Interesse pela emancipação ............................................................................................... 7 
 1.2 Quem era quem na emancipação ....................................................................................... 9 
 1.3 Plebiscito ......................................................................................................................... 12 
 1.4 Eleição da primeira administração .................................................................................. 12 
 
2 ADMINISTRAÇÃO 2001-2004 ........................................................................................... 20 
 2.1 Processo eleitoral ............................................................................................................. 20 
 2.1.1 Quem era quem ....................................................................................................... 20 
 2.1.2 Programas de governo ............................................................................................ 23 
 2.1.3 Resultado das eleições ............................................................................................ 25 
 2.2 Governo municipal .......................................................................................................... 27 
 2.2.1 Educação ................................................................................................................. 27 
 
3 ADMINISTRAÇÃO 2005-2008 ........................................................................................... 33 
 3.1 Processo eleitoral ............................................................................................................. 33 
 3.1.1 Quem era quem ....................................................................................................... 33 
 3.1.2 Programas de governo ............................................................................................ 35 
 3.1.3 Resultado das eleições ............................................................................................ 38 
 3.2 Governo Municipal ........................................................................................................... 40 
 3.2.1 Educação .................................................................................................................. 40 
 3.2.2 Saúde ....................................................................................................................... 44 
 
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 48 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 50 
 
ANEXOS .................................................................................................................................. 52 
 
 
 
 
 
 
 
 5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
 
“O meu ideal político é a democracia, para que 
todo o homem seja respeitado como individuo e 
nenhum venerado”. (Albert Einstein) 
 
 
A política é um direito que deve ser exercido por todos. A maioria do povo pensa que 
a política se resume a votar. Não percebe que a todo o momento, na família, igreja, escola, 
trabalho e na comunidade, a política está presente nas suas vidas. 
 
A sociedade democrática e pluralista se constitui através do diálogo e da negociação 
entre as diversas pessoas e os diversos grupos. Existem muitas divergências no modo de 
pensar e agir das pessoas, e, por isso, existem diferentes projetos políticos, isto é, diferentes 
concepções sobre o conceito de ser humano, de sociedade, sobre a melhor maneira de viver 
em sociedade etc. O projeto político passa natural e, consequentemente, a se concretizar em 
partidos políticos, com suas plataformas filosóficas valorativas e de ação presidencialista. 
 
A participação das pessoas nas decisões políticas é muito importante, pois quanto mais 
a comunidade participar mais democrática será a comunidade. Do contrário, quanto menor a 
participação da comunidade, mais autoritário e mais manipulador será o governo. 
 
A monografia objetiva, portanto, discutir essas questões. Trata, no primeiro capítulo, 
da participação da comunidade local para a criação do município de São Martinho, situado na 
região Noroeste do Rio Grande do Sul, das forças políticas existentes na época e das pessoas 
que se destacaram neste confronto político. Também aborda as condições locais, após a 
emancipação política, e os trabalhos da primeira administração política do município de São 
Martinho. 
 6
O segundo capítulo apresenta o trabalho político, as campanhas, os projetos de 
trabalho propostos pela coligação da União Democrática Sãomartinhense (UDS), as 
realizações nos setores da educação e saúde, como também os resultados da eleição para o 
Poder Executivo e Legislativo. Ainda, mostra as artimanhas políticas utilizadas pelos 
candidatos para ocupar o Poder Executivo e o trabalho realizado pela única mulher a ocupar o 
Poder Executivo no município. 
 
O terceiro capítulo evidencia o trabalho realizado pela coligação contrária da UDS - a 
Aliança Democrática Popular (ADP) - e mostra o trabalho político durante as campanhas. 
 
Em termos de pesquisa, objetiva-se averiguar os planos de governo na área da saúde e 
educação e observar os resultados da eleição para prefeito e vereadores, bem como expor as 
realizações nos setores da saúde e educação, conforme estabelecido no Plano de Governo.Ainda, analisar o governo do mais jovem representante do Poder Executivo que o município 
já teve. 
 
Como metodologia, foram feitas pesquisas em documentos e realizadas entrevistas 
com pessoas participantes ou responsáveis pelo processo político do município. A partir desse 
material e das informações, conta-se a história política do município de São Martinho-RS, que 
hoje está em seu quadragésimo sexto ano de trabalho político. 
 
 
 
 7
1 A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SÃO MARTINHO 
 
 
1.1 Interesse pela emancipação 
 
 
No final da década de 30 do século passado, mais precisamente no ano de 1939, 
pairava um profundo silêncio sobre as matas e regatos cristalinos do lugar, silêncio este que 
trazia a esperança de um futuro de progresso e vitórias. 
 
Nessa época, São Martinho era constituído de dois pequenos núcleos: o primeiro, onde 
hoje é a cidade, constituído de três residências (de Vergílio Bortoli, de Alfredo Pahins e de 
Artur Rodrigues da Silva). Além disso, de uma capelinha e de uma escola (HISTÓRIA DE 
SÃO MARTINHO, 1969). 
 
Há uns dois quilômetros desse núcleo, formou-se o segundo, no lugar denominado 
Zona Wachter, onde existia uma casa de comércio, uma serraria e uma marcenaria. 
Lentamente, a vida social do local se fazia sentir, com a presença das pessoas em um clube de 
futebol e um salão de baile, localizado na Zona Wachter. 
 
Outro momento importante nesta época foi a edificação da capela de São Martinho, a 
qual pertencia à paróquia de Boa Vista do Buricá, onde era pároco o padre Sebastião 
Rademacker. O sacerdote católico vinha a São Martinho uma vez por mês para rezar missa, 
atender confissões, realizar casamentos e batizados, dando assim a necessária assistência 
espiritual aos moradores do local. Com pouca frequência, o padre visitava seus paroquianos 
devido à distância, percorrida a cavalo, o que não permitia ir muito longe. 
 
Em 1942, São Martinho se preparava para receber a primeira visita do Bispo 
Diocesano, Dom Antonio Reis, mas, por um motivo imperioso, não pode vir. Em seu lugar, 
foi enviado o Monsenhor Aquiles, o qual realizou a primeira crisma na capela do local 
(HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969). 
 
Com o tempo, São Martinho também recebeu uma linha de ônibus, que deveria partir 
de Ivagaci, passando por São Martinho e com destino à Palmeira das Missões, município sede 
daquela enorme região. A linha de ônibus partiria nas terças-feiras e, se tudo corresse bem, 
 8
voltaria aos sábados. Com isso, muitas dificuldades seriam vencidas, principalmente pela 
questão da distância. No caso, os professores, por exemplo, recebiam seus salários em 
Palmeira das Missões, tendo assim que fechar as escolas, às vezes, por uma semana devido às 
más condições das estradas e à distância. 
 
O tempo passava e São Martinho continuava recebendo novos colonos, acompanhados 
de suas famílias, vindas geralmente das colônias velhas em busca de novas terras e novas 
oportunidades. Aos poucos também começaram a ser edificadas as novas casas nas 
proximidades da capela, formando-se assim, o distrito de São Martinho e tendo como 
primeiro vigário o padre Beno Reis, que colaborou muito com o processo de emancipação de 
São Martinho (HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969). 
 
Por volta de 1963, os ânimos dos moradores se alteraram e iniciou um conflito que 
teve uma longa duração até seu desfecho final. Nesta época, São Martinho era distrito de 
Santo Augusto, o qual já havia se emancipado em 1959. 
 
Boa Vista do Buricá, distrito próximo, surpreendeu os moradores de São Martinho 
com o interesse e os papéis prontos para sua emancipação. No entanto, a divisa deveria passar 
onde hoje está o cemitério do município, ou seja, praticamente invadindo o distrito e isto 
jamais o povo de São Martinho aceitou, pois estavam tirando muita terra do seu território e 
isto prejudicaria a futura emancipação do distrito, já que, naquela época, existia uma lei que 
dizia que para se emancipar o distrito deveria ter em torno de 280 km2 de área e um número x 
de moradores. Assim, a invasão de Boa Vista do Buricá prejudicaria o distrito. Em síntese, 
sob essas condições, não havia emancipação e, por isso, não foi aceito pelos moradores da 
localidade. 
 
Insatisfeitos com a atitude do distrito vizinho, os moradores de São Martinho se 
uniram contra Boa Vista do Buricá, lutando para impedir sua emancipação. Buscaram, para 
isso, ajuda de todos os setores, conseguindo então, apoio de Ivagaci e da população onde hoje 
está Nova Candelária, a qual queria ser sede do futuro município de Boa Vista do Buricá, mas 
Boa Vista do Buricá se antecipou. Os moradores de Ivagaci se revoltaram também com Boa 
Vista do Buricá, pois, algum tempo atrás, haviam retirado deles a paróquia de Ivagaci.1 
 
1DUTRA, Breno: depoimento [23 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 9
Os moradores organizaram um plebiscito contra a emancipação de Boa Vista do 
Buricá, que contou com o apoio dos moradores de Ivagaci e das redondezas, como também do 
Padre Beno Reis que, em suas missas, também dava sua palavra de apoio e, assim, 
conscientizava ainda mais a população quanto ao plebiscito e sua importância para o futuro de 
São Martinho. 
 
Aconteceu o plebiscito e o distrito de São Martinho derrubou a emancipação de seu 
vizinho, com 28 votos contra. Foi a maior festa para São Martinho e Ivagaci, que muito se 
dedicaram nesta campanha contra a emancipação de Boa Vista do Buricá.2 Nesta época, o 
distrito de Boa Vista do Buricá já estava bem organizado, pois tinha uma agricultura forte, 
boas condições financeiras e econômicas para se tornar município, enquanto São Martinho 
continuava mero distrito de Santo Augusto, com poucas condições econômicas e financeiras, 
ainda sem muito prestígio e força para se emancipar.3 
 
1.2 Quem era quem na emancipação 
 
Acalmados os ânimos, Boa Vista do Buricá refez o seu processo de emancipação e 
São Martinho se viu obrigado a iniciar o seu processo de emancipação também, apesar do 
mesmo não estar preparado para isso, segundo afirma Asyr Licks, vereador da primeira 
administração: “São Martinho não estava maduro, pronto o suficiente para se emancipar”.4 
Mas, as circunstâncias fizeram o distrito iniciar o processo: São Martinho se emancipava 
junto com Boa Vista do Buricá ou permaneceria como distrito pelo resto dos dias, pois ficaria 
muito difícil para se emancipar mais adiante, principalmente pela área que era exigida para 
conseguir sua emancipação.5 Assim, os moradores de São Martinho se uniram, formaram uma 
comissão Pró-Emancipação para lutar, defender e adquirir as condições impostas para se 
emancipar. Fizeram parte dessa comissão: 
 
 
 
 
2DUTRA, Breno: depoimento [23 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
Embora Breno afirme que teve 28 votos contra, outros afirmam que foram mais votos contra a emancipação de 
Boa Vista do Buricá. 
3LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
4LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
5LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 10
Presidente: Geert Lorenz; 
Vice-presidente: Jacob Ermindo Hartmann; 
Segundo Vice-presidente: Otto Alberto Wachter; 
Secretário: Jacob Werlang; 
Primeiro Tesoureiro: Luiz Jose Konzen; 
Segundo Tesoureiro: Bráulio Pahins Dornelles; 
Conselheiros: Albino Probst, Osório Lopes do Nascimento e Brasil Machado da 
Rocha; 
Conselheiros Suplentes: Breno Dutra, Francisco Petry e Mario Bagetti. 
 
Além dessa Comissão, ainda fizeram parte do movimento emancipacionista o Padre 
Antonio Michels, Arnoldo Reimann, Erno Pauvels, João Perussato, Eugenio Anton, Holdemar 
Irber, José Osvaldo de Souza, Arnaldo Tonelotto, Julio Carlos Hammes, Pedro Ervino 
Thomas, Asyr Jose Licks,Valentin Klein, Artur Rodrigues da Silva e Roberto Irber. Todas 
essas pessoas eram moradores do distrito e tinham as mais variadas profissões e, de uma 
forma ou outra, contribuíram para a emancipação de São Martinho (HISTÓRIA DE SÃO 
MARTINHO, 1969). 
 
Eleita a Comissão e unidos com o propósito de emancipar São Martinho, iniciou 
novamente a discussão sobre a divisão territorial entre São Martinho e Boa Vista do Buricá, 
pois o distrito vizinho continuava a insistir na divisa próxima ao cemitério e São Martinho 
queria a divisão na localidade de Vista Alta, distante mais ou menos uns 6 km do local 
requerido por Boa Vista do Buricá.6 
 
Para chegar a um acordo entre as duas comissões, houve a interferência do Deputado 
Arlindo Kunzler, o qual intermediou a situação para se concretizar a emancipação e também a 
autorização para o plebiscito. A primeira mudança dividiu o território. Foi trocada a divisa de 
Vista Alta para a localidade de Linha Mineiro. Porém, esta divisão também não funcionou, 
pois a divisa foi feita por um arroio, e este arroio dividia toda a comunidade de Santo Inácio 
(Linha Mineiro), a Diocese de Santo Ângelo e Frederico Wesphalen, ou seja, em um mesmo 
núcleo três divisões bem contrastantes. 
 
 
6 LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 11
A confusão estava feita, porque, segundo seu Asyr Licks, “as pessoas como por 
exemplo, seu Cassildo Flach moravam do outro lado do arroio enxergando sua Igreja e tinham 
que crismar seus filhos em Frederico e moravam na Diocese pertencente a Santo Ângelo e isto 
causou muita confusão”.7 
 
Devido o enorme transtorno causado por esta divisão de dioceses, o Padre Antonio 
Michells tomou a frente e foi falar com os bispos para tentar organizar e acomodar a situação 
de forma que ficasse bom para a população, porque, além do processo político, se enfrentava 
também um processo religioso. Acertado os conflitos, chegou-se a um consenso. A divisa foi 
estabelecida por uma lomba seca (estrada), a mesma que divide hoje o município de São 
Martinho e Boa Vista do Buricá. Observa-se ainda que, na maioria das vezes, as divisas são 
feitas através de outros recursos, como rios, pontes etc., mas, neste caso, ocorreu pela lomba 
seca. 
 
Para decidir o processo de emancipação, era preciso ainda território suficiente exigido 
pela lei da época (280 km de área) e, neste caminho já quase finalizado, São Martinho se 
apossou de uma parte de terras que pertenciam a Humaitá, que abrange hoje a Coxilha Alta, 
pertencente à Sede Nova. Seguiu se apoderando da localidade do Rincão Reúno, com a divisa 
também por estrada (hoje pertencente a Campo Novo). Continuou pela Sanga Lorenz até um 
lote rural, com divisa por estrada, seguindo pelo Lajeado Timbaúva até o Lajeado do Valério 
e Inhacorá e indo até São Luiz e Linha Mineiro, com divisa por estrada e, do outro lado, 
Sanga Flora. Esta sanga descia, dividindo o território até o Rio Reúno. Para baixo, ficava a 
Localidade de Flor da Serra e, para cima, o distrito de São Martinho.8 
 
Outro detalhe mencionado pelos entrevistados é que, primeiramente, se pensava em 
tornar a localidade de Flor da Serra município sede, porque naquele local existiam mais 
moradores que em São Martinho, mas, devido à proximidade maior com a vizinha rival (Boa 
Vista do Buricá), optou-se por trazer a sede para onde está hoje o município.9 
 
 
 
 
7LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
8LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
9 SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 12
1.3 Plebiscito 
 
Resolvidos os problemas territoriais, chegou o dia do plebiscito para emancipação. A 
população tinha que votar pelo “SIM” ou pelo “NÃO”. Nesta época, a opinião do Padre era 
fundamental nas decisões das pessoas, pois confiavam muito no Padre e ele apoiou o 
plebiscito para a futura emancipação.10 Então, no dia 10 de outubro de 1963, foi realizado o 
plebiscito, vencido pelo SIM (HERMANN, 1996). Isto mostrou que, apesar do distrito não 
estar preparado para se emancipar, o povo queria e apoiou a futura emancipação de São 
Martinho.11 
 
A conquista se tornou real no dia 27 de novembro de 1963, quando o Governador do 
Estado, Ildo Meneghetti, criou o município de São Martinho por meio da Lei Estadual nº 4618 
(HERMANN, 1996). 
 
Passada todas as tensões políticas transcorridas pela pressão de Boa Vista do Buricá 
quanto ao território, processo emancipatório e vencido o plebiscito, começou um novo 
caminho, que deveria revelar a primeira administração do novo município e a bancada de 
vereadores. 
 
1.4 Eleição da primeira administração 
 
Havia chegado o momento de escolher as pessoas que deveriam representar o novo 
município. Assim sendo, todos os participantes do processo emancipacionista se reuniram 
para escolher entre si os candidatos para a primeira administração. 
 
O processo de escolha dos candidatos ocorreu pela votação entre as pessoas 
participantes, obtendo-se como resultado: Para Prefeito, Geert Lorenz; Vice-prefeito, Otto 
Wachter. Os mesmos só aceitaram ser candidatos com a condição de existir uma única 
chapa.12 
 
 
10SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
11LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
12LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 13
Já os candidatos a vereadores fizeram campanha, percorrendo a região onde residiam, 
levavam para o povo uma cédula ou santinho com o nome do candidato e os mesmos 
poderiam votar com esta cédula. A campanha era feita sem grandes promessas e sem troca de 
favores, pois objetivavam trabalhar para o bem da comunidade. Foram eleitos 7 candidatos 
nesta administração e cada um tinha um suplente. Conforme a lei e os costumes da época, os 
vereadores não recebiam salário, trabalhavam de graça para o bem da comunidade. Somente 
os candidatos Cassildo Flach, Jose Ervino Dobler e Osório Lopes do Nascimento recebiam 
uma pequena ajuda para pagar a gasolina pelo fato de residirem no interior.13 
 
Interessante é o fato de que as mulheres não participaram das reuniões e de todo esse 
processo político emancipacionista da época. Este foi um lugar ocupado somente por homens. 
Eram eles que decidiam tudo e, na maioria das vezes, elas nem ficavam sabendo dos 
acontecimentos.14 
 
O que chama atenção também é que a população de São Martinho era constituída, 
nesta época, por aproximadamente 95% de católicos. E, nesta chapa proposta, não havia 
nenhum candidato católico. Os dois eram evangélicos, o que deixou a população católica um 
pouco intrigada, mas novamente o Padre colaborou, afirmando que o importante não era a 
religião, e sim a questão política, já que os dois candidatos eram bem vistos na sociedade e 
teriam condições para assumir o novo município. 
 
Organizado e escolhidos os candidatos, chegou o momento de as pessoas votarem 
pelo “Sim” ou pelo “Não” para prefeito, ou seja, aprovar ou não os candidatos e, para 
vereador, cada pessoa votava em quem achava suficientemente capaz para representar a 
população na Câmara. A votação ocorreu no dia 08 de março de 1964, obtendo um total de 
1378 votos válidos. A junta apuradora incluiu nestes 1378 os votos em branco.15 
 
A primeira Administração Municipal de São Martinho ficou assim composta: 
 
Prefeito: Geert Lorenz, da Arena; 
Vice-prefeito: Otto Wachter, do MDB. 
 
13SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
14LORENZ, Eliana: depoimento [21jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
15LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
A entrevistada forneceu a autora uma foto que reproduz o documento de apuração do pleito para prefeito e vice. 
 14
Para vereadores, representando o partido da Arena: Julio Carlos Hammes, Asyr José 
Licks, Cassildo João Flach, Jose Ervino Dobler e Silvio Schawb, e, representando o partido 
do MDB: Laudelino Rodrigues da Silva e Osório Lopes do Nascimento (HISTÓRIA DE SÃO 
MARTINHO, 1969). 
 
A primeira administração foi eleita para trabalhar e governar durante 4 anos, mas uma 
Lei Federal mudou o pleito administrativo para quase 5 anos, com o objetivo de fechar os 
períodos eleitorais em todo o país, ou seja, a cada 2 anos teria eleições para as administrações 
municipais ou para a administração estadual e federal. Este sistema eleitoral ainda 
predomina.16 
 
“A primeira administração tomou posse às 18h, do dia 30 de março de 1964” 
(HERMANN, 1996, p. 11). Uma grande festa foi realizada no salão paroquial, onde estava 
presente a maioria do povo Sãomartinhense e também os candidatos eleitos. Prefeito, vice e 
vereadores fizeram seu juramento perante o juiz vindo de Criciumal, prometendo trabalhar 
com honestidade e seriedade.17 
 
Passadas as comemorações da posse, iniciaram os trabalhos para organizar o 
município de São Martinho, pois não se tinha nada, nem sede, nem carros, nem equipamentos 
e nem mesmo um plano de governo. São Martinho havia sido distrito de Santo Augusto por 
um período de quatro anos e os mesmos nunca haviam investido no distrito, o que dificultou 
ainda mais o início dos trabalhos. Era uma pobreza total em infraestrutura.18 
 
A primeira sede municipal foi instalada numa casa de madeira cedida por Arnoldo 
Reimann (onde hoje funciona uma casa de comércio da família Reimann). Ali começou a ser 
pensado e realizado os primeiros trabalhos para o desenvolvimento do novo município, 
juntamente com os vereadores eleitos.19 
 
 
16LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
17SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
18LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
19LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
Embora Ellina afirma que a primeira prefeitura foi na casa cedida pelo Arnoldo Reimann, outros afirmam ter 
sido junto ao registro civil de Eugenio Anton. 
 15
 O período inicial dos trabalhos foi muito difícil, até porque São Martinho não tinha a 
maturidade suficiente para ser município. O descaso de Santo Augusto com o seu antigo 
distrito também muito prejudicou o início da caminhada. 
 
 O vereador Laudelino Rodrigues da Silva relatou um pouco como foi o primeiro dia de 
trabalho após a posse: 
 
[...] No outro dia após a posse nós tivemos a primeira reunião com o prefeito, vice, 
vereadores e quem quisesse participar nessa casa de madeira onde foi a prefeitura, ai 
o prefeito Geert disse que nós não tinha nada nem sequer as cadeiras eram nossas, 
mas como prefeito ele doou a primeira caneta para prefeitura para nós ter como 
escrever [...].20 
 
 
Segundo Ellina Lorenz, no início do mandato o Padre Antonio Michells realizou uma 
festa na comunidade para arrecadar fundos e comprar materiais e móveis necessários à 
prefeitura. Mas, a nova administração mostrou coragem e começou bem a caminhada. 
Inicialmente, o carro oficial usado foi o próprio carro do prefeito, um Ford 48, o qual cedeu à 
prefeitura por um período aproximado de três anos até que se conseguiu dinheiro para 
comprar uma Aéro-wilis.21 
 
Em relação aos materiais para obras, muitos foram conseguidos com o descaso do 
município de Três Passos, que havia colocado capatazes (pessoas nomeadas para comandar as 
obras) nos interiores da região para a construção de estradas. Muito dos materiais foram 
abandonados em muitos lugares. Ciente da situação, procurou-se essas pessoas e nomeou-se 
novamente como capatazes para aproveitar o material abandonado (picaretas, enxadas, foices, 
pás) e, dessa forma, utilizou-se na construção e melhoramento das estradas do município.22 
 
Nos primeiros meses de mandato, foi comprado o primeiro caminhão-caçamba para 
auxiliar nos trabalhos, principalmente na construção de estradas, no tapamento de buracos, na 
construção de pontes e de bueiros. Enfim, se diz que onde hoje é a avenida principal do 
município, existiam buracos enormes, tanto que se uma pessoa caísse poderia até morrer. 
Com estas declarações, percebe-se mais claramente a situação precária e desoladora da 
 
20SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
21LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
22LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 16
situação do município no início dos trabalhos. Mais tarde, foram sendo comprados também o 
primeiro carregador, outro caminhão caçamba.23 
 
O maior bem adquirido, no segundo ano de mandato e recebido com grande festa no 
município, foi a primeira patrola, a qual veio rodando de Porto Alegre a São Martinho. O 
prefeito arrecadou dinheiro com o pagamento de impostos, contratou um patroleiro e foi à 
capital comprar a patrola, e de lá vieram rodando. Segundo Ellina, esposa do prefeito Geert 
Lorenz, 
 
A aquisição desta patrola gerou uma grande comemoração, algumas pessoas ficaram 
esperando a dupla no trevo da Esquina Boa Vista e atacavam todos os carros que 
passavam no local perguntando se não tinham encontrado uma patrola no caminho, 
através destas informações se calculava onde eles estavam e que horas chegariam 
em São Martinho. Quando já estavam quase chegando o seu Asyr Licks me levou de 
lambreta ate o trevo para encontrar meu marido, ele estava todo queimado do sol. 
Fomos almoçar as 4 horas da tarde, foi uma festa muito linda, todos estavam 
contentes. Este almoço também foi feito para arrecadar fundos para a prefeitura 
[...].24 
 
Secretarias não existiam. Tudo foi sendo trabalhado e feito aos poucos. Na área da 
saúde já existia o hospital e um médico, o Dr. Arnaldo Tonelotto, que atendia a população 
com a ajuda da irmã, Mercedes Tonelotto, parteira. Um fato marcante ocorrido neste período 
foi a campanha de vacinação em crianças. São Martinho foi o único município a atingir 100% 
das crianças vacinadas contra a poliomielite. Nesta luta, o Dr. Arnaldo Tonelotto e o senhor 
Asyr Licks buscaram as crianças nas casas e escolas.25 Já na educação também foi 
complicado, pois não se tinha professor. Qualquer pessoa que tinha um pouco mais de estudo 
era convidado a ser mestre. Naquela época, poucos tinham o segundo grau ou o curso normal 
superior.26 
 
Nos meses de janeiro e fevereiro, os professores se encontravam para estudar e 
entregar aos mestres os planos de trabalho de cada série para ser trabalhado de março até 
dezembro. Os professores que, na maioria, mal sabiam ler e escrever, tinham que se virar para 
atender os alunos. Na época, tinha aproximadamente 36 professores. 
 
 
23SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
24LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
25LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
26LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 17
Se comparar este período (1964 a 1969) com o atual, verifica-se um grande retrocesso 
na educação. Segundo Asyr Licks, em 1964, eram 18 escolas no município divididas em: uma 
particular, três estaduais rurais, seis escolas do CEDEP e oitomunicipais, com um total 
aproximado de 1335 alunos, onde cada localidade tinha sua escola. O professor recebia, na 
época, em torno de um salário mínimo. Hoje existem apenas quatro escolas no município em 
funcionamento: duas estaduais e duas municipais, com mais ou menos 900 e poucos alunos, 
contando todas as escolas. Esse retrocesso e fechamento de tantas escolas aconteceu pelo fato 
de as famílias terem menos filhos em relação à época (1964). Outro fato é o grande êxodo das 
famílias do interior para a cidade em busca de melhores condições de vida. 
 
Grande parte dessas 18 escolas eram de madeira e, no final do mandato da primeira 
administração, conseguiu-se uma verba com um Deputado Federal (PRP) para equipar todas 
as escolas com classe, cadeiras, armários, enfim, ainda sobrou muitos móveis que foram 
utilizados na prefeitura até pouco tempo atrás. Além da verba para os móveis, também foi 
conseguida verba para iniciar a construção das escolas em alvenaria. O critério utilizado para 
fazer as escolas foi, principalmente, as más condições das escolas e a quantidade de alunos. 
Quando terminava uma escola, vinha verba para iniciar a construção de outra, sendo que o 
trabalho foi finalizado nas administrações seguintes.27 
 
O prefeito Geert Lorenz contratou o engenheiro Ricardo Schmidt, de Ijuí-RS, que fez 
a planta para a construção da nova sede municipal. No final do seu mandato, iniciou o 
alicerce, sendo as obras finalizadas nas administrações seguintes. Esta construção é a atual 
prefeitura do município. Também iniciaram os calçamentos no município. O prefeito Geert 
conseguiu concluir o calçamento na avenida principal. Foram construídas redes de 
eletrificação em algumas localidades do município.28 
 
A equipe de trabalho da prefeitura foi composta aos poucos. Não se tinha muitos 
recursos para pagar funcionários. O prefeito foi a Ijuí para contratar uma pessoa que 
entendesse um pouco de contabilidade para cuidar e ser responsável pelas finanças da 
prefeitura. Outro detalhe mencionado pela esposa do prefeito, Ellina Lorenz, é que este 
contabilista, Alécio Tamiozzo, ganhava muito mais que o prefeito (em torno 120.00 
 
27LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
28LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 18
cruzeiros), enquanto o prefeito recebia 100.00 cruzeiros. Trabalhava por amor à 
comunidade.29 
 
Quanto à Câmara de Vereadores, inicialmente foi instalada na prefeitura, uma casa de 
madeira cedida pela família Reimann. Há relato que depois de algum tempo a Câmara 
mudou-se para o antigo salão paroquial. 
 
O trabalho dos vereadores não era muito diferente dos dias de hoje. Eles tinham o 
compromisso de acompanhar, visitar a zona rural para verificar as condições das estradas, 
bueiros, pontes, saber das dificuldades dos moradores de cada localidade. Feitas as visitas, os 
vereadores se reuniam na câmara, uma ou duas vezes por mês, conforme as necessidades, 
para discutir e procurar solução para os problemas.30 
 
Como esta era a primeira equipe de vereadores do município, eles também tiveram que 
iniciar muitos trabalhos. Um exemplo é a questão das leis. Durante a primeira administração, 
foram criadas aproximadamente 134 a 136 leis para o novo município. As leis foram copiadas 
do município de Santo Augusto e adaptadas à realidade do município de São Martinho. Foram 
criadas muitas leis para diversos fins.31 
 
Durante o período da primeira administração, pouquíssimas pessoas tinham veículo na 
cidade. Era grande o número de pessoas que possuíam jardineiras e, como o município era 
novo e sem grandes recursos, os vereadores criaram uma lei que estabelecia a cobrança de 
impostos das jardineiras, e o valor cobrado era de 1000 cruzeiros por ano, divididos em 5 
vezes de 250. Os donos das jardineiras se negaram a pagar tal imposto. Os vereadores 
tiveram, então, que revogar a lei.32 
 
Segundo alguns relatos, esta administração foi a primeira e a única a trabalhar em 
conjunto. Não se tinha rivalidade política, trabalhavam unidos e pensando no bem de todos. 
 
 
 
29LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
30SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
31LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
32 SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 19
O prefeito Geert Lorenz tomou posse no dia 30 de março de 1964, permanecendo no 
poder até 31 de janeiro de 1969. Foi também o prefeito mais jovem de toda a região. Tinha 
apenas 42 anos e isto, naquele tempo, era muito raro, pois sempre se elegiam prefeitos com 
mais idade.33 
 
33LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 20
2 ADMINISTRAÇÃO 2001-2004 
 
2.1 Processo eleitoral 
 
2.1.1 Quem era quem 
 
São Martinho, hoje, com seus 46 anos de emancipação política e administrativa, está 
em seu 11º governo político-administrativo. Em toda a sua história política somente uma 
mulher ocupou a sede do Poder Executivo por dois períodos consecutivos. O restante dos 
mandatos foi ocupado por homens. 
 
Passados 36 anos após a emancipação política e administrativa do município de São 
Martinho, chega-se ao 9º governo. 
 
Aproximando-se o período eleitoral, era o momento de escolher os candidatos para 
concorrerem à eleição. Cada partido se organizou, escolhendo os seus candidatos. Em alguns 
casos, houve até mais de um candidato por partido, como no caso do PDT, que teve dois 
candidatos concorrendo à vaga para Vice-prefeito. Durante a convenção realizada pelo 
partido, os presentes puderam votar entre os candidatos Leandro Rodrigues da Silva e Altino 
Wailler.34 
 
No município já é uma tradição a união de certos partidos, no caso, PMDB e PDT 
contra PP e PTB. Foram estes os partidos que concorreram à eleição. 
 
Realizadas as convenções dos partidos e decididos os candidatos para concorrerem à 
eleição, ficou assim composto o quadro das coligações e seus candidatos: 
 
Pela União Democrática Sãomartinhense (UDS): PMDB + PDT + PV: 
Candidata a Prefeita: Araci Zélia Colling Irber - PMDB; 
Candidato a Vice-prefeito: Leandro Rodrigues da Silva - PDT; 
 
 
 
34SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 21
Pela Aliança Democrática Popular (ADP): PP + PTB: 
Candidato a Prefeito: João Clemente Reimann - PP; 
Candidata a Vice-prefeita: Elaine Classmann - PTB.35 
 
Após escolhidos os candidatos, era preciso buscar votos. No caso dos candidatos da 
coligação PMDB + PDT + PV, a candidata à prefeita já estava assumindo o cargo. Assim, 
quase não pode acompanhar o seu Vice, Leandro Rodrigues da Silva, nas campanhas, porque 
não conseguiu autorização da Câmara de Vereadores para licenciar-se durante o período 
eleitoral36. 
 
Segundo a prefeita Araci Irber, esta campanha já estava melhor estruturada do que a 
sua primeira campanha, até porque, não precisou correr tanto atrás de candidatos a vereadores 
e ativistas. “Eles vieram aparecendo mais espontaneamente, porque já conheciam o trabalho 
da primeira administração 1997-2000”, afirma Araci Irber.37 
 
A campanha política era feita de casa em casa no interior e na cidade, distribuindo 
santinhos, apresentando os planos de governo, conversando diretamente com os eleitores e 
ouvindo sugestões, reclamações. Enfim, tudo aquilo que se faz durante uma campanha 
política.38 
 
Segundo Leandro Rodrigues da Silva, a população recebia os candidatos de uma 
forma bem educada, ouviam as propostas e, em algunscasos, se percebia também uma certa 
negação, um desconforto, principalmente em casa de pessoas fanaticamente contrárias ao 
partido.39 
 
A candidata Araci Irber destaca alguns detalhes que marcaram sua campanha política: 
 
Mesmo eu sendo mulher, tem lugares que a mulher não vem conversar sobre 
política. Quando a mulher e os filhos vêm e sentam, a gente sente que está sendo 
bem recebida e vai conseguir o apoio deles, é uma coisa espontânea. E quando um 
 
35IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
36IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
37IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato 
38IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
39SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 22
chega e outro fica meio sem saber se vem conversar ou não, é sinal que a coisa não 
tá bem [...].40 
 
 
Outro detalhe mencionado pela candidata é a necessidade que as pessoas têm de 
conversar, de falar das suas vidas, dos seus problemas, tornando necessária a permanência do 
candidato na casa das famílias no mínimo 1 hora, mas isto não era possível, porque a meta era 
visitar cerca de 30 a 35 famílias por dia. 
 
Com as visitas domiciliares, tanto no interior como na cidade, se conhece as pessoas, 
suas necessidades e suas carências. Isso faz com que, quando a pessoa venha conversar com o 
prefeito, já tenha em mente como são as condições da família, quem são os membros, qual 
seria a melhor forma de ajudá-los.41 
 
Outra forma usada para fazer campanha eram os comícios feitos no interior e na 
cidade. A coligação tinha à disposição um ônibus que, além de percorrer as ruas divulgando 
os candidatos, ainda servia como transporte para conduzir os eleitores ou simpatizantes dos 
candidatos para os comícios. 
 
A cada noite era realizado um comício num lugar, numa localidade diferente, onde se 
fazia a apresentação dos candidatos a prefeito e vice e mais a apresentação dos candidatos a 
vereadores. Durante o comício, se fazia a explanação dos planos de governo e cada vereador 
colocava à população as suas propostas de trabalho. Assim funcionaram as campanhas até seu 
último momento.42 
 
Segundo Leandro da Silva, “o trabalho eleitoral é muito desgastante, porque se deixa 
para trás a família e muito mais. A vida gira em torno da campanha, não se dorme, não se 
come direito, a vida é uma correria”.43 
 
Além do trabalho eleitoral da coligação UDS, ainda contou com o apoio dos eleitores 
filiados ao PT. O partido do PT não estava coligado a UDS, mas prestou apoio e fez 
campanha para a coligação, auxiliando muito no trabalho de busca de votos.44 
 
40 IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
41IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
42SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
43SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
44IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 23
Destaque também para o trabalho e o apoio dos chefes de partido. No caso do PMDB, 
Roque Unser, do PV, Tarcisio Hartmann e, em especial ao do PDT, Altino Wailler, que 
apesar de não ter obtido os votos suficientes na convenção para ser vice da prefeita Araci, 
muito se empenhou e ajudou no trabalho eleitoral como chefe do partido do PDT.45 
 
A prefeita Araci destaca a empolgação dos eleitores durante o período político: 
 
[...] Quando se está no poder o desgaste é maior, porque você pode ter atendido a 
pessoa dez vezes e se uma vez deixou de atender ou então não conseguiu satisfazer o 
desejo dela de uma forma ou de outra, acaba se criando uma certa degradação . Essa 
pessoa pode ate votar em você, mas acaba se retraindo não se empolgando e 
acompanhando tanto a campanha [...].46 
 
2.1.2 Programas de governo 
 
Os programas de governo a serem destacados são na área da saúde e da educação, 
sendo estas as principais áreas a serem trabalhadas dentro de qualquer administração pública. 
As mesmas possuem um valor e um referencial humano muito grande para a formação 
intelectual do sujeito e para o bem-estar social da comunidade. 
 
Os programas de governo foram sendo criados aos poucos. Não estavam totalmente 
prontos quando iniciaram as campanhas políticas.47 
 
É importante salientar que a elaboração deste plano de governo se deu com base no 
trabalho já realizado pela administração 1997-2000. A intenção era continuar o trabalho que 
já vinha sendo feito até o presente momento e melhorá-lo. 
 
Plano de governo na área da educação (Administração 2001-2004): 
 
• Ampliar o investimento nas escolas; 
• Adquirir material didático-pedagógico, livros e material de laboratório; 
• Destinar recursos para universitários, creche e Apae; 
• Investir em cursos, teatros e passeios culturais com as crianças; 
 
45SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
46IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
47IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 24
• Continuar o processo de informatização das escolas; 
• Uniformizar todos os alunos da rede municipal; 
• Construir uma proposta político-pedagógica na rede municipal de ensino; 
• Continuar o funcionamento da merenda escolar, dando prioridade aos produtos 
da agricultura local; 
• Continuar o transporte escolar gratuito e melhorar a frota de veículos; 
• Investir na ampliação da estrutura do centro profissionalizante; 
• Ampliar um sistema de estágios e desenvolvimento de projetos em parceria 
com universitários; 
• Ampliar as atribuições do CMD (está relacionado à questão do esporte), 
transformando-o em secretaria; 
• Apoiar continuamente as manifestações culturais; 
• Promover a atualização e aperfeiçoamento de professores e funcionários de 
escolas (INFORMATIVO UDS..., 2000). 
 
Enfim, continuar atendendo as crianças e estudantes, incentivando-os a cultura e 
esporte. 
 
“A educação, no governo Araci sempre terá atenção especial”, conforme documento 
informativo usado na campanha eleitoral (INFORMATIVO UDS..., 2000). 
 
Plano de governo na área da saúde (Administração 2001-2004): 
 
• Desenvolver o Programa Saúde da Família – PSF; 
• Instalar laboratório de análises clínicas; 
• Desenvolver campanhas educativas em Saúde Comunitária, planejamento 
familiar e de prevenção do alcoolismo, drogas, fumo, doenças sexualmente transmissíveis – 
DST; 
• Adequar o quadro dos profissionais da Saúde, conforme a necessidade; 
• Desenvolver programa para atender os portadores de deficiência física e 
neurológica; 
• Dar continuidade ao processo de informatização da secretaria; 
• Desenvolver programa de assistência nutricional; 
 25
• Criar programa de apoio à criança, adolescente e idoso; 
• Auxiliar a Sociedade Cultural São Gregório a melhorar e aumentar a oferta de 
serviços para a população (INFORMATIVO UDS..., 2000). 
 
E, continuar a desenvolver todas as atividades e ações que visem à melhoria das 
condições de saúde da população de São Martinho (INFORMATIVO UDS..., 2000). 
 
As propostas foram sendo adaptadas conforme as necessidades. 
 
2.1.3 Resultado das eleições 
 
Encerrado o período da campanha eleitoral, chegou o dia da eleição, onde o povo foi 
às urnas decidir, escolher aqueles que deveriam governar o município pelos próximos quatro 
anos. Cada cidadão temo direito e o dever de escolher quem melhor está preparado para 
representá-lo no poder, para assim, trabalhar para o bem-estar geral da comunidade e não em 
prol dos seus próprios anseios, como é comum acontecer. 
 
As eleições municipais aconteceram no dia 01 de outubro de 2000. O dia foi de 
enorme expectativa para os candidatos, pois, neste dia, sairia os novos representantes dos 
Poderes Executivo e Legislativo. No município, não existe segundo turno, sendo o pleito 
decidido no primeiro turno, obedecendo à legislação eleitoral. 
 
Passadas mais ou menos uma hora e meia após o término da eleição, já se sabia quem 
eram os novos representantes do Poder Executivo. 
 
Para representar o Poder Executivo, a vitória foi conquistada pela coligação da UDS – 
PMDB + PDT + PV: para Prefeita foi eleita Araci Zélia Colling Irber (PMDB) e para Vice-
prefeito Leandro Rodrigues da Silva (PDT). 
 
A chapa foi eleita com 51,82% dos votos válidos48, somando um total de 2.245 votos, 
enquanto a chapa da ADP (João Clemente Reimann e Elaine Classmann) recebeu um total de 
 
48IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 26
48,17% dos votos, somando um total de 2087 votos (CONSULTA RESULTADOS 
ELEITORAIS, 2000). A diferença de votos entre as duas chapas foi de 158 votos.49 
 
Para conhecer os novos representantes do Poder Legislativo, a demora foi um pouco 
maior, mas se conheceu os novos vereadores na mesma noite. Concorriam pela coligação da 
UDS 16 candidatos, incluindo um candidato do PV e dois candidatos do PT. Pela coligação da 
ADP, concorreram 12 candidatos e o legislativo ficou assim composto: 
 
Vereadores representantes da coligação da UDS: 
 
Arnaldo da Silva - PDT- 350 votos; 
Clarice Unser - PMDB - 246 votos; 
Irineu Kiesel – PMDB - 226 votos; 
Mario Traesel – PMDB - 224 votos; 
Marcos Justen - PV- 218 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2000). 
 
Vereadores representantes da coligação da ADP (PPB + PTB): 
 
Adelino Atuatti – PP - 375 votos; 
Gelson Knorts - PP - 341 votos; 
Altemir Luft - PTB - 215 votos; 
Ari Luis Hartmann – PP - 194 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 
2000). 
 
Nesta eleição, havia 4.625 eleitores aptos a votar. No caso das eleições para o Poder 
Executivo, houve um total de 163 votos de abstenção, 34 votos em branco e 96 votos nulos, 
totalizando 4.332 votos validos. 
 
Para o Poder Legislativo, o eleitorado apto a votar era de 4.625 pessoas. A abstenção 
foi de 163 votos, 30 votos em branco e 44 nulos, totalizando 4.388 votos válidos 
(CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2000). 
 
 
49SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 27
Formado o novo corpo administrativo do município de São Martinho para os próximos 
quatro anos, sendo eleito neste pleito o novo presidente da Câmara de Vereadores, Adelino 
Atuatti, que atingiu o número maior de votos de todos os eleitos. 
 
Para o melhor desempenho dos trabalhos, a coligação da UDS conseguiu a maioria dos 
votos na Câmara de Vereadores, facilitando o desenvolvimento dos trabalhos. Com a maioria 
dos vereadores, a aprovação dos projetos propostos pela coligação eram quase que garantidos, 
o que facilitou o desenvolvimento dos trabalhos pela prefeita.50 
 
2.2 Governo municipal 
 
2.2.1 Educação 
 
As propostas para a educação sugeridas pelos candidatos da UDS praticamente foram 
cumpridas. Talvez tenham sidos deixadas para trás algumas propostas, mas isto é normal. 
Também pode-se perceber que outros objetivos foram cumpridos, mesmo não estando 
presente no plano de governo. 
 
As ações abaixo descritas objetivaram a melhoria da qualidade de ensino e a 
valorização dos profissionais envolvidos nesta área, como: professores, funcionários e 
motoristas. 
 
[...] Tem-se a consciência de que poderia ter sido feito mais, mas os obstáculos 
alheios à nossa vontade nos impediram de tais realizações e mesmo assim nunca 
deixamos de nos empenhar e dedicar buscando o apoio da comunidade escolar, 
entidades, órgãos públicos como também o publico geral[...], afirma uma 
reportagem publicada no jornal A Terra. (JORNAL A TERRA, 2004, p. 7). 
 
Melhorias no espaço físico 
 
• Reforma e pinturas dos prédios; 
• Identificação de todas as escolas municipais; 
• Adaptação dos banheiros para a Educação Infantil; 
• Construção de galpões crioulos; 
 
50IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 28
• Ampliação e reformas nas pracinhas de brinquedos das escolas municipais 
rurais; 
• Aquisição de uma ampla praça de brinquedos e casinhas instaladas na Escola 
Municipal Pr. Antonio Michels; 
• Reforma e pintura do centro profissionalizante (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Aquisição de material permanente 
 
• Laboratório de Informática, com 16 microcomputadores ligados em rede e 
conectados na internet 24horas, com acesso gratuito para funcionários, professores e alunos; 
• Laboratório móvel de ciências; 
• Aquisição de equipamentos audiovisuais, como: TV, vídeo, aparelhos de som, 
retro projetor, data show, computadores novos, fone-fax, telefone sem fio, scanner, máquina 
fotográfica digital, máquina xerográfica, aparelho de som com amplificador e microfone sem 
fio e antena parabólica; 
• Aquisição de mesas de refeitório e mobílias para salas de aula, sala dos 
professores, secretarias de escola, direção, biblioteca e secretaria de educação; 
• Instalação de linhas telefônicas para a escola Municipal Pr. Antonio Michels e 
Secretaria de Educação; 
• Aquisição de uma Kombi nova para o transporte escolar; 
• Aquisição de bebedouros de água; 
• Aquisição de material didático-pedagógico, como: enciclopédias, coleções de 
livros para leitura, pesquisa, informação e suporte pedagógico para professores; 
• Assinatura de jornais, revistas e outros periódicos; 
• Aquisição de jogos e brinquedos educativos, videoteca, CDTECA, atlas 
geográficos e mapas atualizados do município; 
• Implantação da biblioteca volante para as escolas municipais do meio rural; 
• Ampliação do acervo bibliográfico para professores; 
• Qualificação dos profissionais envolvidos com educação, promovendo: 
 
1. Curso de capacitação para os motoristas do transporte coletivo; 
2. Cursos de aperfeiçoamento e encontros com merendeiras e domésticas da rede 
municipal; 
 29
3. Palestras para alunos e professores; 
4. Curso de secretariado para equipe técnica da SMEC; 
5. Participação em cursos, congressos e seminários para professores da educação 
infantil, séries iniciais e séries finais do Ensino Fundamental; 
6. Disponibilidade de horário para planejamento por área de conhecimento e por 
série, incluídos na carga horária dos professores; 
7. Criação e implementação das oficinas pedagógicas para alunos da Educação 
Infantil e Séries Iniciais de toda a rede municipal de ensino, como: oficina de informática, 
artes, recreação e hora do conto; 
8. Realização de concursos para professores na área 2 e especialistas em 
educação; 
9. Implementação do Programa Alfabetiza Rio Grande, em parceria com o 
governo do Estado e Lions Clube, objetivando a alfabetização de jovens e adultos (JORNAL 
A TERRA, 2004). 
 
Eventos realizados em parceria com as escolas e Secretaria Municipal de 
Educação 
 
• Desfile alusivo à semana da Pátria; 
• Atividades de integração entre escolas; 
• Projeto Garabi-Itá; 
• Semana de valorização da vida; 
• Viagens de estudo; 
• Noite do pijama; 
• Passeio ao zoológico e piscina; 
• Semana da criança com brinquedos do SESC; 
• Confraternizações com professores, funcionários e motoristas; 
• Celebração de ação de graças no encerramento dos anos letivos; 
• Dia da família na escola (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
 
 
 
 30
Eventos realizadosem parceria com outras entidades 
 
• Participação nos jogos sol a sol; 
• Escolha das rainhas e princesas do município; 
• Semana do município; 
• Semana farroupilha; 
• Semana do homem; 
• Dia Internacional da Mulher; 
• KERBFEST; 
• Curso de aperfeiçoamento de pessoal; 
• Apoio e incentivo ao grupo de dança “25 de Julho” da etnia alemã; 
• Transporte escolar gratuito a todos os alunos do meio rural, das redes 
municipal e estadual, transportando em média, por dia, 750 alunos, rodando com 11 veículos 
aproximadamente 1300 km/dia, cujo transporte acontecia no início e final da manhã e início e 
final da tarde e, ainda, à noite (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Criação da banda Marcial Municipal Erno Pauvels 
 
• A banda está composta por crianças, jovens e adultos, totalizando 42 
componentes, a qual conduziu o desfile da Semana da Pátria de 2004 e representou o 
município em encontros de Bandas nos municípios vizinhos (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Reorganização do acervo do museu 
 
• O acervo do museu foi reorganizado no centro profissionalizante com o lema: 
“Preservar é dar um novo sentido, uma nova função a um bem cultural”, objetivando 
preservar as origens históricas do povo, que conta com documentos, fotografias, cédulas, 
moedas, livros, utensílios domésticos, peças de montaria, instrumentos de trabalho, artesanato 
etc. (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
 
 
 
 31
Centro Profissionalizante 
 
• Objetivos: desenvolver as habilidades, aptidões e despertar a sensibilidade, 
criatividade, percepção, sociabilização, a fim de conquistar novos espaços, promovendo a 
cultura do município, bem como desenvolver o artesanato, promovendo a retomada dos 
valores artísticos manuais, musicais e culturais; 
• Capacitação de pessoas para o mundo do trabalho; 
 Cursos desenvolvidos no Centro Profissionalizante: 
1. Música (violão, bateria, pistão e teclado); 
2. Corte e costura; 
3. Crochê; 
4. Culinária; 
5. Fuxico; 
6. Bijuteria; 
7. Tricô; 
8. Marcenaria; 
9. Pinturas em tecidos, madeiras e vidros; 
10. Macramê; 
11. Reaproveitamento de embalagens; 
12. Derivados do leite; 
13. Empregada doméstica; 
14. Processamento de frutas e hortaliças (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Participaram desses cursos mais de 200 pessoas, entre elas, alunos das redes públicas, 
municipal e estadual, e pessoas da comunidade local (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
As atividades do Centro Profissionalizante aconteceram em forma de parceria, 
envolvendo Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Educação, Escola de Educação 
Básica São Martinho, Escola Municipal Pr. Antonio Michels, Emater, Sindicato Rural e Senar 
(JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Também funcionam junto ao Centro, o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), o 
Conselho Municipal de Desportos, Conselho Tutelar (CMD), o Conselho Municipal de 
Emprego (CME), o Museu e um Auditório para realização de diversos eventos dos vários 
 32
segmentos sociais do município, como: Emater, Sindicatos, Professores e Grupos de pessoas 
orientadas pela Secretaria de Saúde e uma sala ocupada pelos Agentes Municipais de 
Saúde(JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Além dos cursos, aconteceram melhorias no espaço físico, como a pintura do prédio e, 
ainda, foi dado nome ao centro, denominado “Centro de Multiuso Professor Cincinato 
Maeiron” (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
Atualmente estão matriculados, na rede municipal de ensino, 622 alunos, os quais são 
atendidos por 40 professores, 2 especialistas em educação, 2 monitoras, 1 técnico em 
informática, 8 domésticas, 11 motoristas, 1 bibliotecária e 1 secretária de escola (JORNAL A 
TERRA, 2004) (JORNAL A TERRA, 2004). 
 
A variável da saúde não está aqui descrita por não ter encontrado dados nos 
documentos e nas entrevistas orais.51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 A variável saúde da administração de Araci Irber acabou ficando sem dados em virtude do secretario de saúde 
Gilberto Rambo, se negar a fornecê-los. 
 33
3 ADMINISTRAÇÃO 2005-2008 
 
3.1 Processo eleitoral 
 
3.1.1 Quem era quem 
 
Chegou ao fim mais um governo. Os partidos e candidatos se organizaram novamente 
para mais um pleito eleitoral. A disputa mais uma vez foi recheada de novidades. Pela 
primeira vez na história política de São Martinho, três candidatos concorrem ao Poder 
Executivo. 
 
Cada partido/coligação se organizou para lançar os seus candidatos, e, a partir daí, 
começaram as campanhas políticas no município. 
 
As coligações formadas foram as seguintes: 
 
Pela União Democrática Sãomartinhense (UDS): PMDB + PDT: 
Candidato a Prefeito: Elton Francisco Rodrigues da Silva – PDT; 
Candidato a Vice-Prefeito: Adelino Atuatti – PMDB. 
 
Pela Aliança Democrática Popular (ADP): PP + PTB: 
Candidato a Prefeito: JeanCarlo Hunhoff – PP; 
Candidato a Vice-Prefeito: Valdir Foletto – PTB. 
 
O partido do PT concorreu sozinho, não estabeleceu alianças com outro partido, e 
assim ficou composta a chapa petista: 
 
Candidato a prefeito: Tarcisio Hartmann: PT; 
Candidato a Vice-Prefeito: Delmar Ritter - PT (CONSULTA RESULTADOS 
ELEITORAIS, 2004). 
 
Com apoio unânime da coligação da ADP e dos chefes de partidos, Antonio Lena (PP) 
e Jacinto Rohr (PTB), os candidatos foram lançados ao mundo da política com o slogan “A 
Renovação”. Tanto o candidato a prefeito JeanCarlo quanto o seu vice, Valdir Foletto, nunca 
 34
tinham ocupado nenhum cargo político, ou melhor, nunca haviam se envolvido com política, 
simplesmente eram filiados aos seus respectivos partidos. 
 
Segundo o Prefeito JeanCarlo Hunhoff, os dois candidatos foram indicados ao pleito 
pelo fato de o candidato a Vice, Valdir Foletto, ser um agricultor bem conhecido no município 
e ele, na época, também trabalhar em um banco na cidade e ser bem conhecido da população 
sãomartinhense. 
 
A campanha política da coligação foi feita de casa em casa, relatando, expondo as 
propostas de trabalho de todas as áreas de atuação. Conseguiu-se visitar a grande maioria dos 
domicílios. A recepção nos domicílios foi relatada pelos candidatos como sendo de boa 
aceitação pela população, até porque, ainda não havia nenhum desgaste político52, pois os 
mesmos eram novos dentro da seara política. 
 
Quando já se tem uma história política, muitas vezes acaba se criando na população 
um certo receio, uma desconfiança, pois não se consegue agradar a todos. Sempre existirá os 
que são a favor e os que são contra. Os candidatos da coligação da ADP eram novos na 
política. As pessoas os conheciam como cidadãos comuns, por isso a expectativa e a 
curiosidade eram maiores. 
 
O prefeito JeanCarlo faz um breve relato sobre o trabalho de campanha política: 
 
Até nos surpreendeu este trabalho, porque os dois partidos em si queriam esta 
mudança, esta renovação e todos os filiados, simpatizantes, as comunidades em si 
queriam esta renovação e todo mundo trabalhou junto. Teve um trabalho de 
organização bem detalhado por pessoas experientes em eleições, os vereadores, 
candidatos. Foi uma eleição diferenciada porque todo mundo se mostrou que queria 
esta renovação e tiveram [...].53 
 
O trabalho de campanha foi árduo. Além de expor as propostas de trabalho, também se 
apresentavam os candidatos a vereadores da coligação. Houve grande apoio e dedicação na 
busca de votos de pessoas vinculadas à campanha, como as mulheres e os jovens que se 
empenharam muito nesta conquista. 
 
52HUNHOFF, JeanCarlo: depoimento [22 nov. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
53HUNHOFF, JeanCarlo: depoimento [22 nov. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 35
Na época, foram realizados dois comícios, um para apresentação dos candidatos a 
prefeito e vice, vereadores e apresentação das propostas de trabalho. Estavam presentes 
autoridades políticas regionais. 
 
O prefeito JeanCarlofaz uma colocação referente a este primeiro comício: 
 
A abertura da nossa candidatura aconteceu no meio da semana no Salão Paroquial, 
foi um grande sucesso e teve um grande numero de pessoas. A comunidade em si 
acreditou nessa consciência de renovação. Tínhamos receio de fazer esta abertura no 
meio da semana pelas dificuldades. Mas pela aceitação da população ficamos mais 
tranqüilos, porque foi no meio da semana um dia frio e com uma lotação máxima, 
isso nos deu um animo, um parecer favorável para que continuássemos trabalhando 
num período de três meses [...]. 
 
O segundo comício aconteceu três dias antes das eleições. Foi um comício de 
encerramento dos trabalhos e contou com a presença maciça da população. 
 
Treze candidatos concorriam a vereadores pela coligação da ADP, e eram escolhidos e 
indicados pela influência que exerciam na comunidade e pelo respeito que tinham na 
comunidade. Além de trabalharem em busca de votos, também auxiliavam no trabalho do 
Poder Executivo. 
 
Nestes 46 anos de emancipação política e administrativa do município, é a primeira 
vez na história que São Martinho possui um prefeito tão jovem no poder. Na época (2005), o 
então prefeito, JeanCarlo, contava com 31 anos de idade e seu vice Valdir Foletto, com 35 
anos. Esse fato prova que não é preciso ter experiência e idade para assumir um cargo tão 
importante e de grande responsabilidade, como o de prefeito. O importante é trabalhar em 
prol da comunidade. 
 
3.1.2 Programas de governo 
 
Os programas de governos destacados foram da educação e saúde. Segundo o prefeito 
JeanCarlo Hunhoff, o plano de governo foi feito antes de sair em campanha, em parceria com 
pessoas que conheciam as áreas de atuação (saúde, educação, agricultura, saneamento...), 
buscando assim, realizar os anseios da comunidade. 
 
 36
O prefeito JeanCarlo se manifesta sobre a realização das ações expostas no plano de 
governo, dizendo que: “Se inicia um processo de trabalho e nem sempre ele é acabado em 
uma administração, demora as vezes 2, 3 anos para se acabar, se concretizar. Se tem hoje, 
processos de 2005-2006 que estão se concretizando na segunda administração”.54 
 
Plano de governo na área da Educação (Administração 2005-2008): 
 
• Atuação integrada e em sintonia com as escolas municipais e estaduais; 
• Capacitação permanente dos educadores e novos ingressos de professores 
mediante concursos; 
• Estabelecimento de sólida parceria com a Associação dos Estudantes 
Universitários; 
• Implantação do Programa de Alfabetização de Adultos; 
• Qualificação do transporte escolar, para maior comodidade dos estudantes; 
• Criação e estruturação da Central de Alimentos, qualificando a merenda 
escolar; 
• Ampliação da informatização nas escolas e a disponibilidade de materiais 
escolares e esportivos; 
• Redefinição dos diversos programas governamentais na área da educação, 
cultura e desporto; 
• Maior participação e incremento das atividades do Centro de Iniciação para o 
Trabalho, em beneficio dos estudantes, através de oficinas com assessoramento de instrutores 
do SEBRAE, SENAR e de outras entidades; 
• Incentivo aos grupos folclóricos, étnicos, teatro, dança, bem como a eventos 
artísticos culturais; 
• Ampliação da banda municipal com inclusão de novos equipamentos e maior 
número de componentes e de oficinas artísticas; 
• Ampliação dos acervos do museu municipal; 
• Promoção de eventos esportivos em diversas modalidades para todas as idades 
e ambos os sexos; 
 
54HUNHOFF, JeanCarlo: depoimento [22 nov. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 37
• Apoio à retomada da tradição do município nas competições de futsal, 
especialmente; 
• Ampliação da atuação das escolinhas de futebol, buscando descobrir talentos; 
• Apoio às escolas nos eventos esportivos de integração municipal e regional; 
• Construção de centro esportivo na Praça Valentim Klein, humanizando para o 
lazer, importante logradouro público, com quiosque, praça de alimentação e local próprio para 
à melhor idade, inclusive discutindo a implantação do restaurante popular, servindo refeições 
a R$ 1,00 (um real) (PLANO DE GOVERNO ADP: 2005-2008, 2004). 
 
Plano de governo na área da Saúde (Administração 2005-2008): 
 
• Aplicação do percentual de 15% das receitas líquidas, conforme dispõe a lei; 
• Rediscussão com a comunidade do Plano Municipal de Saúde de São 
Martinho; 
• Implantação do Programa Saúde da Família – PSF –, com inserção de 
profissionais médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares e dinamização da atuação dos agentes 
comunitários de saúde, principais agentes de fomento da saúde preventiva; 
• Incentivo ao cultivo de ervas medicinais e seu uso como medicina alternativa, 
estabelecendo parcerias com a EMATER e a Pastoral da Saúde; 
• Criação de mecanismos e parcerias, revitalizando a Sociedade Cultural São 
Gregório; 
• Racionalização as consultas médicas, ampliando o atendimento, eliminando 
filas, minimizando o sofrimento das pessoas enfermas; 
• Medicamentos para todos, sem distinção, com atenção especial à melhor idade; 
• Inserção da Secretaria Municipal da Saúde em todos os programas do Governo 
estadual e federal; 
• Rediscussão os programas existentes e em andamento (PLANO DE 
GOVERNO ADP: 2005-2008, 2004). 
 
 
 
 
 
 38
3.1.3 Resultado das eleições 
 
Após alguns meses de muito trabalho, esforço e dedicação por parte dos candidatos, 
chegou o momento de votar. O dia 03 de outubro foi um dia de muita angústia e apreensão, 
pois todos aguardavam ansiosos pelo resultado das eleições. 
 
No dia da eleição, os candidatos a prefeito e vice se separaram, mas mantiveram 
contato por meio de uma central de informações que os mantinham informados dos 
acontecimentos. 
 
O município estava sendo governado por dois mandatos consecutivos pela coligação 
da UDS – PMDB + PDT. 
 
O candidato JeanCarlo expõe alguns detalhes da sua expectativa de vitória: 
 
Visitamos todas as urnas do interior e da cidade, conversamos com as pessoas que 
trabalharam no dia (fiscais de partido). E quando se abriram as primeiras urnas, a 
gente já teve a consciência de uma vitória, e como estávamos organizados com 
fiscais em questão de 10 minutos já tínhamos a consciência da nossa vitória. Foi 
bom, festejamos era aquilo que almejamos. Tínhamos a consciência que teríamos 
uma responsabilidade grande pela frente [...].55 
 
Pelo resultado das eleições, o povo queria mudar os seus representantes e colocar caras 
novas no poder. O interessante é que o município nunca havia tido representantes tão jovens e 
sem experiência política nos Poderes Executivo e Legislativo. Os cargos sempre foram 
ocupados por pessoas com mais experiência de vida e, principalmente, política. 
 
Para representar o Poder Executivo, a vitória foi conquistada pela coligação da ADP – 
PP+PTB: 
 
Para prefeito foi eleito: JeanCarlo Hunhoff - PP; 
Para vice-prefeito foi eleito: Valdir Foletto – PTB. 
 
A coligação da ADP foi eleita com 54,13% dos votos, o que equivale a 2.450 votos, 
enquanto a coligação da UDS ficou com 42,15% dos votos, representando 1.908 votos. O 
 
55HUNHOFF, JeanCarlo: depoimento [22 nov. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 39
partido do PT conseguiu atingir 3,71% dos votos, o que equivale a 168 votos (CONSULTA 
RESULTADOS ELEITORAIS, 2004). 
 
Com o resultado das eleições, percebe-se claramente que o partido do PT, no 
município de São Martinho, é fraco, sem voz ativa e ainda sem grande adesão dos cidadãos. 
As coligações predominantes e vistas como promissoras são a ADP e a UDS. Estas juntam a 
maioria dos votos dos eleitores. 
 
Concorriam pela coligação da ADP 13 candidatos para o Poder Legislativo, enquanto 
pela coligação da UDS concorriam 10 candidatos. As cadeiras do Poder Legislativo foram 
ocupadas pelosseguintes candidatos: 
 
Representantes da coligação da ADP: 
Marino Krewer – PP- 433 votos; 
Gelson Knorst – PP – 322 votos; 
Maria Helena Hartmann – PP – 297 votos; 
Valdir Morsch – PTB – 253 votos; 
Ademar Probst – PP – 235 votos. 
 
Representantes da coligação da UDS: 
Arnaldo da Silva – PDT- 483 votos; 
Silvio da Cruz – PDT – 475 votos; 
Mauro Luft – PMDB – 296 votos; 
Luis Carlos Fucilini – PMDB - 267 votos (CONSULTA RESULTADOS 
ELEITORAIS, 2004). 
 
O partido do PT não conseguiu eleger nenhum vereador, sendo que o mesmo tinha 
quatro representantes concorrendo ao Legislativo e não conseguiram atingir mais que 47 
votos. 
 
Observa-se que, nesta eleição, havia 4.928 eleitores aptos a votar. No caso das eleições 
para o Poder Executivo, houve um total de 283 votos de abstenção, mais 28 votos em branco e 
91 votos nulos, totalizando 4.526 votos válidos. Para o Poder Legislativo, o único ponto que 
 40
se diferenciou do Executivo foi a questão dos votos nulos, que atingiram 48 votos 
(CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2004). 
 
A coligação da ADP conseguiu a maioria dos vereadores eleitos, o que facilitou o 
trabalho da equipe, pois, com pouca frequência, os representantes eleitos da coligação 
contrária apóiam os trabalhos e propostas feitas pela coligação que está atuando no poder. 
Sendo assim, durante o primeiro ano, o presidente da Câmara de Vereadores foi o vereador 
Arnaldo da Silva (PDT), o qual teve a maioria dos votos. 
 
O início dos trabalhos dos novos prefeitos foi difícil, pois não tinham experiência em 
cargos políticos. Para exercer a função, contaram com o auxílio de pessoas com mais 
experiência que ajudaram a dar os primeiros passos na nova administração. Segundo 
JeanCarlo “errando se aprende a acertar”. 
 
3.2 Governo Municipal 
 
3.2.1 Educação 
 
Durante o mandato da equipe da ADP muitas ações foram concretizadas na área da 
educação, dentre as quais destacam-se: 
 
• Remodelação e manutenção constante da frota do transporte escolar, com 
investimento anual superior a R$ 100.000,000; 
• Aquisição da estrutura da Escola Municipal Pe. Antonio Michels, com 
investimento de R$ 75.000,00, pago à vista; 
• Ampliação das instalações da Escola Municipal Pe. Antonio Michels em mais 
de seis salas de aula e outras dependências, totalizando 375,82 m², com um investimento de 
R$ 138.775,63; 
• Aquisição de um microônibus, inserido no transporte escolar, com 
investimento de R$ 79.900,00; 
• Construção e revestimento de passeios públicos na Escola Municipal Pe. 
Antonio Michels, com investimento de R$ 4.850,00; 
 41
• Construção de passarela na Escola Municipal Pe. Antonio Michels, com 
investimento de R$ 13.566,19 e parceria na construção de sala de educação física; 
• Ajuda mensal à Associação Universitária, com investimento atual de R$ 
3.500,00, totalizando, no ano, R$ 35.000,00; 
• Parceria com incentivo às escolinhas de futebol do município; 
• Parceria com incentivos na participação de São Martinho na liga Noroeste de 
Futsal; 
• Parcerias com incentivos na realização de campeonatos de futsal, voleibol, 
futebol de campo, futebol sete, bochas e bolão; 
• Manutenção do Ginásio de Esportes com aquisição de equipamentos e nova 
rede de proteção da quadra e do Estádio Municipal, todo recuperado, remodelado e estrutura 
ampliada; 
• Realização anual do Natal Luz, coordenado pela APAE, com distribuição de 
presentes as crianças do município (AÇÕES DO GOVERNO DE 2005-2008). 
 
Segundo Hunhoff (2010), outras atividades também foram realizadas neste período: 
 
• Implantação do PIM – Primeira Infância Melhor; 
• Realização do Plano Decenal de Educação (plano onde constam as metas para 
serem atingidas em 10 anos – sob orientação da SETREM), tratando da educação ambiental, 
educação infantil, educação das classes especiais, universitários, educação fundamental, 
jovens e adultos; 
• Participação no projeto Plano de Ações Articuladas (PAR) - projeto federal. 
Desenvolvimento das ações/metas desejadas durante o ano. Com base nisso, o município 
recebe verbas; 
• Início do plano de reestruturação do plano de carreira; 
• Realização de cursos para faxineiras e merendeiras, com apoio de nutricionista 
e da Emater; 
• Promoção de cursos de qualificação para os motoristas do transporte escolar; 
• Parceria da Secretaria de Educação com as escolas estaduais na feira do livro e 
em outras atividades; 
 42
• Constante qualificação dos professores com a formação continuada, palestras, 
seminários com apoio de instituições como a SETREM e SENAC;56 
• Apoio, incentivo para professores com magistério a realizarem um curso de 
graduação; 
• Palestras anuais para os alunos sobre prevenção de drogas, cuidados e 
orientações sobre o trânsito; 
• Promoção de teatro para alunos e público em geral; 
• Amostra de talentos, onde a escola mostrou o que os alunos produziram 
durante o ano na escola. Os alunos também apresentaram danças e teatros; 
• Incentivo aos grupos de dança alemães (Grupo 25 de Julho) e gauchescas 
(CTG); 
• Aquisição de roupas e instrumentos novos para os integrantes da banda Marcial 
Erno Pauvels; 
• Pagamento do coordenador e professor da banda; 
• Participação da banda de um encontro estadual de bandas em Uruguaiana, 
sendo campeões na categoria concorrente; 
• Participação, anual, de encontros regionais de bandas, sempre com o transporte 
fornecido pela Secretaria de Educação; 
• Pinturas e reformas das escolas municipais do interior; 
• Compra de classes, cadeiras, pintura das salas de aulas; 
• Ampliação da biblioteca, com a aquisição de muitos livros para o uso dos 
alunos; 
• Realização de concurso público para compor o quadro de professores, 
funcionários de escola e motoristas; 
• Implantação da língua espanhola nas séries iniciais; 
• Uso de oficinas pedagógicas, como: hora do conto, cantos, artes; 
• Parceria da Prefeitura com universidades, para contratação dos CIE, ou seja, 
monitoras para auxiliar nas oficinas pedagógicas; 
• Adoção do uniforme na escola municipal: cada aluno deveria adquirir o seu; 
• Promoção do dia da criança com distribuição de presentes: brinquedos do Sesc, 
cinema, teatro, lembrancinhas; 
 
56HUNHOFF, Silvana: depoimento [24 out. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 
 
 43
• Distribuição de lembrancinhas no dia do professor; 
• Reforma na praça da escola Michells e nas escolas do interior; 
• Apoio ao conselho do FUNDEF, conselho da alimentação, conselho tutelar; 
• Introdução, na merenda escolar, de cucas, bolachas, bebida láctea, queijo, nata 
– uso de produtos locais; 
• Concurso para nutricionista – 20hs semanais; 
• Reestruturação anual dos planos de ensino; 
• Implantação da grade curricular para 9 anos, onde o aluno poderia iniciar as 
suas atividades escolares com 6 anos de idade; 
• Composição de turmas com mais ou menos 15 a 20 alunos, para melhorar o 
desenvolvimento da aprendizagem do aluno; 
• Reforma das paradas escolares do interior; 
• Participação dos alunos municipais nos jogos dos Jogos Escolares Municipais 
(JEM), com jogos de vôlei e futebol. 
• Promoção do transporte para os alunos; 
• Constante atualização da secretaria em cursos e eventos para melhor 
desenvolver os trabalhos burocráticos; 
• Início da atualização do livro do município, realizando reuniões, coletando 
algumas entrevistas e fotos. 
 
No início da administração, o município contava com quatro escolas municipais 
funcionando: uma na cidade, a Escola Pr. Antonio Michells, e três no interior: Escola Vale 
Eliza Hartmann (Bom Sossego), que acabou fechando no primeiro ano da administração por 
falta de alunos; a Escola José Pedro Schimitt (Esquina Schimitt), que ainda funciona, e a 
Escola Sagrado Coração de Jesus (Flor da Serra), que fechou suas portas no último ano da 
administração também por falta de alunos. 
 
Outra diferença percebida da administração

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