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1 
 
A influência das mídias sociais no terreno religioso 
 
Bárbara Lima 1 
Williams Urbano2 
Adrian Wesley de Freitas3 
Alice Maria da Silva4 
Eduarda Nicole Gomes dos Santos5 
 
 
Resumo 
O presente artigo analisa como as mídias sociais influenciam o comportamento 
das pessoas, sobretudo no âmbito religioso. É sabido que as religiões têm utilizado 
abundantemente as mídias sociais para propagação e persuasão de seus ideais, 
nesse sentido, buscamos compreender o porquê das desavenças e discriminação 
entre as diferentes matrizes religiosas no campo das redes sociais. O artigo também 
busca entender a relação existente entre os algoritmos, as escolhas pessoais dos 
usuários da rede, e as religiões. 
Palavras-chave: mídias sociais, discriminação, algoritmos, âmbito religioso, 
persuasão. 
 
Abstract 
This article analyzes how social media influences people's behavior, especially 
in the religious realm. It is well known that religions have frequently used social media 
to propagate and persuade towards their ideals. With this in mind, we attempt to 
 
1 Professora Co-orientadora 
2 Professor Orientador 
3 Estudante do curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas da Escola Técnica Estadual Miguel Batista 
4 Estudante do curso Técnico em Comunicação Visual da Escola Técnica Estadual Miguel Batista 
5 Estudante do curso Técnico em Comunicação Visual da Escola Técnica Estadual Miguel Batista 
2 
 
comprehend the reasons behind the disagreements and discrimination between 
different religious matrices in the social media’s field. The article also seeks to 
understand the relationships between algorithms, personal choices of network users, 
and religions. 
Keywords: social media, discrimination, algorithms, religious realm, persuasion. 
 
1. Introdução 
 
Atualmente é inegável que existe um forte vínculo entre o homem e a 
tecnologia. Analisando a religiosidade brasileira contemporânea, observa-se que o 
Brasil é um país multicultural e pela miscigenação racial incluiu em suas práticas 
várias formas de se relacionar com o sagrado. Em síntese, a religião vem 
estabelecendo suas ligações com as redes sociais como uma forma de expressão 
contemporânea do homem tendo em vista que, de fato, a ciência e a tecnologia 
moderna evoluíram de tal forma, que se tornaram parte essencial do cotidiano da 
maioria dos habitantes do planeta, fazendo com que as pessoas, mesmo as de menor 
poder aquisitivo, tenham um grau de informação muito grande. 
Um dos aspectos mais evidente dessa notada revitalização religiosa é a grande 
ênfase que as religiões dão na mídia, como podemos observar nos números 
divulgados pelo Censo do IBGE que apontavam para o surpreendente avanço 
numérico. Com este avanço numérico também se observa as inúmeras formas de 
propagação midiático-religiosas que invadem o cotidiano, na mesma medida em que 
intensifica a forma/espetáculo da cultura da mídia. Assim, vemos o despontar da vida 
religiosa também ser cada vez mais moldada pelo espetáculo. São incontáveis horas 
de conteúdo religioso presente nas telas da mídia, que apresentam não apenas os 
grandes momentos da vida comum recheados de representação, mas proporcionam 
também material ainda mais farto, modelando o pensamento, as identidades e a 
própria religiosidade pessoal. 
 
2. A comunicação religiosa 
3 
 
A tarefa da religião sempre foi muito clara nos seus parâmetros. Quando 
mencionamos a preocupação da religião com a propagação de seus ideais, 
salientamos que tal atividade comunicacional vem sendo feita há séculos, utilizando 
diversos suportes, de forma direta da comunicação interpessoal, contudo, nos dias de 
hoje, a mídia, principalmente a televisiva, mostra como o mais novo horizonte visível 
de propagação para a mensagem religiosa vem sendo utilizado, principalmente de 
formas persuasivas. 
Na contemporaneidade, a comunicação religiosa assumiu novas ligações com 
a utilização dos meios de comunicação da massa. Por isso, nos deparamos com 
inúmeras situações constantes de várias religiões buscarem por amplos terrenos 
midiáticos. Trata-se, inclusive, de uma estratégia para garantir suas existências 
sociais, através da visibilidade projetada, principalmente, pela televisão. Em paralelo 
encontramos os meios de comunicação abrindo cada vez mais as suas portas para 
uma programação de cunho religioso, o que na visão de Klein (2006, p.199), lhes 
rende dupla vantagem: “auferir lucros com a venda de espaço e de se justificar dos 
pecados da transmissão de conteúdos moralmente condenados pelas diversas 
denominações religiosas”. 
Em paralelo, a comunicação religiosa assume um sentido e um significado nos 
termos das relações sociais que a originam, nas quais ela se integra, e sobre as quais 
ela pode influenciar. Por este motivo, os meios de comunicação, tanto impressos 
quanto eletrônicos, têm sido veículos de grande importância na difusão e sustentação 
de várias religiões no Brasil e no mundo. E nesse contexto, podemos perceber a ampla 
utilização, por parte dos religiosos, dos meios de comunicação disponíveis. 
As pesquisas de audiência, ao listarem a programação disponível, comprovam 
que as televisões e as rádios brasileiras têm um grande número de programas 
religiosos, em sua maioria, programas cristãos. Isso sem mencionar as emissoras de 
propriedade de denominações religiosas. Atualmente, no Brasil, diversos programas 
religiosos são veiculados diariamente em canais abertos e em TVs por assinatura. 
Dessa forma, não se trata simplesmente da presença constante de uma propaganda 
ideológica no sentido do termo, mas de uma nova forma de se anunciar a fé, através 
da aberta possibilidade de utilização dos meios de comunicação de massa. 
4 
 
Nesse sentido, se contempla uma humanidade conectada pela palavra, 
bombardeada por uma multiplicidade de sons, imagens, signos e mensagens. Em 
todas as esferas do nosso cotidiano esta é a realidade. Segundo João Paulo II em 
Evangelium vitae lançado em 1995, é uma revolução cultural que acabou fazendo dos 
meios de comunicação de massa o “primeiro areópago6 6 da idade moderna”. 
Por conseguinte, a utilização dos recursos midiáticos, faz com que conteúdos 
religiosos emitidos se fragilizem perante uma sociedade saturada de apelos 
comunicacionais. Há uma acirrada concorrência da mensagem religiosa com outros 
conteúdos simbólicos divulgados pela mídia, caracterizando um “cardápio” de opções 
diversas e variadas. 
 
3. Primórdios da humanidade e a comunicação religiosa 
Desde os primórdios, o ser humano sobreviveu e manteve sua espécie após sua 
integração em grupos. De acordo com o historiador Norah Harari em seu livro Sapiens, 
publicado em 2011. 
Acredita-se que em algum momento o homem primitivo aos poucos foi 
desenvolvendo estruturas de aprendizagem, o que fez com que o 
relacionamento da espécie Sapiens se tornasse algo mais estrutural e 
dominasse com o passar dos séculos o poder de linguagem e 
interação. O homem sempre teve a necessidade de interações sociais 
e acima de tudo de manter essas relações e essa é uma característica 
existente até os dias atuais com um pequeno diferencial chamado de 
velocidade de interação que após a tecnologia tornou-se algo presente 
no dia a dia. 
É notório a vasta contribuição da comunicação e tecnologia com o 
desenvolvimento do ser humano e isso devido ao alcance significativo que tem. Com 
a chegada da internet, a comunicação deixou de ser um elemento social e passou a 
ser um elemento essencial para o conforto dos grupos digitais pois em cada mídia 
social os indivíduos possuem uma função e identidade cultual tornando suas relações 
com outros indivíduos mais coerente. 
Atualmente temos a formação de uma nova sociedade denominada de aldeia 
global onde a mesma exerce funções e influencias diretas no comportamento social.6 O Areópago era o tribunal ateniense encarregado do julgamento daqueles que cometiam crimes 
contra o estado. Os acusados submetidos ao julgamento do Areópago não tinham direito à apelação. 
5 
 
Se algum usuário acredita não estar sendo influenciado pelo que são essas mídias 
esse é um pensamento errôneo pois as mudanças vindas desse meio afetam 
diretamente o cotidiano, a forma de agir e de pensar das pessoas. 
Conforme dados do IBGE em 2018, as mídias sócias são ferramentas de 
relacionamento e responsáveis por 62% do tráfego da internet. Cerca de 4 bilhões de 
pessoas têm acesso à internet, representando 52,63% da população mundial, sendo 
476 milhões de internautas da Europa e 215 milhões de internautas da América Latina. 
O Brasil detém 120 milhões de usuários ativos, um mercado interessante para as 
instituições que mantêm as redes sociais. Entre os dez sites mais acessados no Brasil, 
pelo menos cinco são consideradas redes sociais e esses com uma grande 
quantidade de usuários cadastrados. 
Para o início da nova onda da tecnologia, as instituições religiosas vêm 
utilizando as redes sociais para a promoção e atração de fiéis. São inúmeros os casos 
de instituições que ganharam projeções mundial por causa de seus posts. Isso tem 
alavancado seus trabalhos por meio de mídias, mantendo assim um maior contato 
com seu público. As organizações, motivadas por essa nova maneira de se fazer 
publicidade passam a fazer propagandas de seus ideais. 
 
4. A influência dos algoritmos nas mídias religiosas 
Desde os primórdios da civilização humana os mesmos sempre sentiram a 
necessidade da comunicação e ao longo do tempo desenvolveram diversas formas e 
técnicas para a potencialização dessa comunicação. Essa representação saiu das 
pinturas rupestres feitas nas cavernas até as mídias dos dias atuais. A internet tem 
criado uma nova constituição e um novo cenário tendo em vista a comunicação pré-
histórica. Essas tecnologias possibilitaram a criação de um ambiente digital, 
compreendido pelos principais pensadores contemporâneos da comunicação como 
ciberespaço. 
A reflexão sobre a relação das pessoas com as religiões na sociedade atual é 
uma tarefa árdua e de extrema complexidade tendo em vista as múltiplas 
possibilidades de compreender a cultura e as interações pessoais, olhar para a 
sociedade e compreender a sua diversidade e pluralidade está sendo algo constante 
com o desenvolvimento tecnológico 
6 
 
Observa-se que perante os discursos tecnológicos e digitais a possibilidade de 
compartilhar ideias e opiniões é uma maneira de ampliar o campo lexical7 da 
sociedade contemporânea. Isso tem tido uma reflexão direta na identificação das 
comunidades religiosas onde muitos cidadãos buscam um sentimento de 
pertencimento, seja físico ou seja virtual. 
Os algoritmos estão presentes em diversos momentos da vida moderna e são 
essenciais em todas essas ferramentas para entregar um serviço ou conteúdos por 
meios de plataformas sociais e as instituições religiosas utilizam dos mesmos como 
forma de propagação. O Facebook por exemplo, possui uma rede de 1,7 bilhões de 
usuários ativos por mês. Segundo pesquisa publicada neste ano pela Harvard 
University, a plataforma possui mais de 50 milhões de páginas de veículos e 
publicações. Entre todo o material publicado por tais páginas, assim como por marcas, 
instituições há em média 1.500 posts esperando por um usuário a cada vez que ele 
visita o Facebook. Desses, somente 300 são selecionados e publicados no News 
Feed, sendo que a taxa de clique no conteúdo colocado na posição dez ou abaixo é 
de menos de 10%. 
Durante o 36º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, que 
aconteceu em Manaus, na Universidade Federal do Amazonas em setembro de 2013, 
Lucia Santaella, importante pesquisadora e teórica da comunicação, ministrou uma 
conferência sobre o DNA das redes sociais digitais, na qual afirmou que o 
ciberespaço, deve ser entendido como uma extensão do espaço público ou melhor, 
um espaço público complementar. 
 “Assim como nas praças e nas ruas, as pessoas 
identificam-se, apropriam-se e usam esses espaços 
complementares para expressar-se e conviver” 
Portanto, o ambiente digital não deve ser entendido como um mundo paralelo 
ou meramente virtual, ele constitui-se como parte integrante da realidade cotidiana de 
grande parcela da população mundial, especialmente dos mais jovens. Essa é uma 
compreensão importante para nossa reflexão sobre a influência das novas tecnologias 
de comunicação sobre a religiosidade das juventudes. 
Essa nova compreensão de comunidade que emerge no contexto atual, é o de 
comunidade virtual, que se constituem a partir de interesses próprios que geram 
engajamento, do qual resulta o sentimento de pertencimento. Especialmente os 
 
7 Campo Lexical – compreende palavras de uma mesma área de conhecimento. 
7 
 
jovens se apropriam dessa possibilidade de constituição de comunidades no 
ciberespaço, especialmente porque na maioria das plataformas de redes sociais 
digitais, como o Facebook, por exemplo, já existe a possibilidade de se criar grupos 
de interesse públicos ou com certo nível de privacidade. 
Grande parte dos jovens de hoje estão com os pés fincados nessa realidade 
das comunidades digitais, da comunicação em rede. Comunicar-se por meio das 
mídias sociais digitais, configura-se não apenas como uma questão instrumental para 
as juventudes, mas como elemento constituinte do novo jeito do jovem ser e interagir. 
Essa presença quase que constante dos jovens no ciberespaço proporciona a 
interação e a relação com outras realidades, bem como outras visões de mundo. 
Consequentemente os jovens acabam conhecendo e se identificando com outras 
expressões religiosas, isso é possível devido às relações estabelecidas através da 
internet. Desse modo, os jovens acabam superando e afastando-se das tradições 
religiosas familiares, em busca de outras experiências. 
No Mundo Virtual, em que os jovens são os protagonistas por excelência, onde 
se proliferam as comunidades virtuais, em que é possível estar em diálogo com outras 
expressões religiosas, onde se constitui um novo modelo de relação com o sagrado, 
concretiza-se a ciber-religião e a virtualização das práticas religiosas, que claramente 
alcançam grande parcela dos jovens, nativos desse espaço público complementar. 
Vivemos tempos de profundas ressignificações nos modos de ser e estar no 
mundo por meio das modernas tecnologias de comunicação, o campo das 
experiências religiosas também passa por essas transformações. Jorge Miklos em a 
ciber-religião lançado em 2014 importante pesquisador e teórico da interfase 
comunicação e religião, afirma que “se o ícone dos nossos tempos, a internet, tornou-
se também sinônimo de fé, a conexão virtual substitui o religare”. 
 
5. A religião e a psicanálise 
 
Vários pesquisadores estudaram sobre a religião e dentre eles um dos que mais 
se destacam é Sigmund Freud. Para Freud, a religião era moldada pelo positivismo e 
a mesma tinha uma função de desenvolvimento humano extremo. Freud via a religião 
a partir de um olhar psicanalítico como uma maneira de domar instintos humanos 
destrutivos e aprimorar a civilização humana. A religião em sua análise era uma ilusão, 
mas ao mesmo tempo desempenhava uma função primordial no desenvolvimento. 
8 
 
Em síntese, a religião baseada em estudos freudianos era uma forma de defesa 
inconsciente, coletivamente vivida como uma gigantesca “neurose obsessional” e o 
que ele supunha era que a religião se erguia como defesa ao medo traumático da 
morte e ele também diz que o trauma da morte é responsável pela ilusão religiosa. A 
morte, porém, só é traumática por não podermos representá-la. E não podemos 
representa-la porque não sobrevivemos a ela. Como ninguém morre e volta a viver 
paradizer o que é a morte, negamos o fato irrepresentável por meio de fantasias de 
imortalidade, a raiz do sentimento religioso. As representações que marcavam 
subjetividades eram construídas pelo temor da morte. Não sendo o homem capaz de 
saber o que acontecia com tal advento, partindo do princípio freudiano, comenta que 
o mesmo estruturou rituais e crenças que traduziriam ou dariam sentido a este fato 
para suavizar o medo pelo que vem depois do morrer e existindo a necessidade de 
nomear as coisas, atribuindo símbolos, leis que as configurassem, que as trouxessem 
para o âmbito da linguagem, o homem criou a religião como forma de trazer 
compreensão para esse enigma. Ao longo da história do movimento psicanalítico, 
houve uma divulgação do pensamento de Freud sobre a religião nos seguintes 
termos: “a religião é a neurose obsessiva da humanidade”, “a religião é uma ilusão”, 
ou ainda, “a religião é inimiga da ciência”(FREUD,1894, p.53). Por outro lado, foram 
desvalorizadas e esquecidas determinadas contribuições da psicanálise freudiana 
que poderiam enriquecer a compreensão da metapsicologia do fenômeno religioso. 
O pensamento freudiano é impulsionado por um constante movimento e uma 
permanente construção de diálogos e pelo mesmo, entende-se que aquela atitude de 
que o espírito que é aberto a ressignificações é capaz de aceitar refutações e novas 
contribuições, uma postura ciente de que ninguém pode esgotar o objeto da pesquisa, 
e nem poderia. 
Segundo Jacques Lacan, psicanalista francês: 
O pensamento de Freud é o mais perpetuamente aberto à revisão. É 
um erro reduzi-lo a palavras gastas. Nele, cada noção possui vida 
própria. É o que se chama precisamente de dialética.... O que está em 
questão é a subjetividade do sujeito nos seus desejos, na sua relação 
com seu meio, com os outros, com a própria vida. (LACAN, 1932, p. 
9) 
Fazendo nossa essa referência, sabe-se que a psicanálise não se estrutura como 
um conhecimento estático ou dogmático, mas como um corpo teórico em permanente 
movimento de construção e de questionamento. Essa dialética também se apresenta 
quando se trata do estudo da temática religiosa que para Freud também é como um 
9 
 
freio para os instintos humanos. Ele considera o homem um inimigo da sociedade, 
com uma natureza antissocial e tendências destrutivas. Para garantir o funcionamento 
da sociedade, a massa que é “lenta e burra” precisa do exemplo de seus líderes para 
realizar o trabalho e o comportamento que a civilização exige. 
A religião também promete compensação pelos bons comportamentos. Freud 
afirma que para colocar um fim nisso, o homem precisa encarar sua dura realidade 
sem recorrer à ajuda celeste. Isso só seria possível através de uma educação que 
vise a realidade, criando um homem que não precise anestesiar a angústia e possa 
enfrentar este meio hostil. 
 A religião vem ocupando além do ponto de vista psicanalítico, a junção da 
psicanálise e as mídias sociais. Com a recorrente ajuda celestial que o ser humano 
tem buscado, a comunicação utiliza do mesmo para propagação. Em todo o mundo, 
a religião tem ocupado uma forte posição na estrutura social da história da 
humanidade. Utilizando os estudos de Freud em Totem e tabu publicado em 1913 
onde o mesmo diz que: 
Deus em todos os casos é modelado a partir da figura paterna, e nossa 
relação pessoal com ele é dependente do nosso relacionamento com 
nosso pai físico, flutuando e mudando com ele, e que no fundo Deus 
nada mais é do que um pai excelso. 
Baseando-se nessa afirmação as mídias sociais utilizam seu poder de fala para a 
utilização de imagens divinas e como nos últimos tempos a sociedade vem se 
tornando cada vez menos dependente de entidades religiosas, o poder de persuasão 
se esvaiu cada vez mais e com isso a mídia assumiu o poder religioso muitas vezes 
substituindo a figura paterna por deuses e migrando para a internet. Segundo 
pesquisas da revista panorama em 2015, comparado a 1990, hoje em dia mais de 2 
bilhões de pessoas visitam as mídias sociais diariamente, e 48,6% dessas pessoas 
acabam caindo em páginas religiosas e participando da ciber-religião e assim elas se 
destinam cada vez mais a unificação humanitária proposta pela religião. 
 
 
6. Considerações finais 
 
Portanto, conclui-se que na propagação das novas formas de religiosidades 
destacam-se em algumas questões como, por exemplo, as estratégias televisivas e 
midiáticas ampliadas ao longo dos últimos anos e o recurso a gêneros discursivos da 
10 
 
esfera religiosa. Esse discurso assume visivelmente vários patamares de discussões 
midiáticas nos quais se caracterizam na forma de discursos de poder, já que eles não 
ocorrem fora dos meios de comunicação, para isso, a própria mensagem religiosa 
incorpora-se aos desejos dos espectadores. Dessa forma, esse discurso, na maioria 
das vezes, serve para reforçar significações já estabelecidas, principalmente na 
sociedade consumista na qual estamos submersos nos últimos anos. O poder da 
comunicação é de extrema importância e possui uma forte relevância para a 
sociedade, sem ela não evoluímos e tampouco mudamos, sendo assim, desde os 
primórdios da comunicação, a ligação entre o ser humano e o sagrado foi ficando cada 
vez mais intensa tendo em vista que a religião se tornou um dos maiores unificadores 
da humanidade e cada vez mais suas ideologias crescem e atraem mais e mais fiéis 
utilizando como meio de propagação principal a mídia seja ela social ou televisiva. 
Ainda há muitas coisas para se absorver com a religião, a sociedade atual está em 
um momento onde precisa-se estabelecer uma base sobre diversos assuntos para 
que a mesma consiga conviver com diversas verdades, visões e versões sobre o 
mundo espiritual e contemporâneo e além de tudo, a sociedade precisa aceitar a 
existência de questões que não conseguirá constatar de forma empírica, abrangendo 
mais seus ideais e respeitando o alheio. 
 Na Escola Técnica Estadual Miguel batista localizada em Recife, Pernambuco, os 
alunos iniciaram um movimento denominado de “encontro holístico” onde os mesmos 
se reúnem na tentativa de abranger o campo religioso da geração juvenil atual. Nesse 
projeto as religiões são debatidas e compreendidas, desmentindo fortemente as 
criações e invenções acerca de várias outras religiões Esse projeto vem se tornando 
cada vez maior e a cada reunião os alunos que participam do mesmo têm mais 
segurança e propriedade tanto para falar sobre o sagrado quanto para abrir a mente 
a um ponto de vista diferente pois seguindo a ideia do historiador Noah Harari em seu 
livro Sapiens, conhecer sobre o politeísmo nos leva a uma tolerância religiosa maior 
tendo em vista que os politeístas acreditam, por um lado, em muitos poderes parciais 
e não há dificuldades para os devotos de um deus aceitar a existência e a eficácia de 
outros deuses, mesmo com a conquista de território gigantescos, os politeístas não 
tentaram convencer nenhum súdito então tem-se como referência as ideias politeístas 
de uma forma totalmente tolerante e para tanto, recomenda-se que esse projeto seja 
expandido para outras áreas e assim o patamar religioso será mais concreto e 
igualitário a todos os públicos assim como propunha desde o início Noah Harari. 
11 
 
 
7. Referências bibliográficas 
 
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Informação da UFRGS, 2001. 
 
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FREUD, S. Novas conferências introdutórias sobre a psicanálise: Conferência XXXV: 
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LEITE, Nathalia. Rede social é diferente de mídia social. (Distrito Federal), 2010. 
 
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LIMA JUNIOR, W. Mídia social conectada: produção colaborativa de informação de 
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12 
 
 
MIKLOS, J. Ciber-religião: a construção de vínculos religiosos no ciberespaço. São 
Paulo: Ideias & Letras, 2012. 
 
NAZAR, S. Freud e a Religião, Zahar, Rio de Janeiro, 2003 
 
RAMALHO, J. Mídias Sociais na prática I José Antônio Ramalho. - São Paulo: 
Elsevier, 2010.

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