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ARTIGO - VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHER

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20
FABEX - FACULDADE BRASILEIRA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
CPBEX - CONSULTORIA BRASILEIRA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS
REJANE PAULO DE MEDEIROS
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHER
JOÃO PESSOA
2018
REJANE PAULO DE MEDEIROS
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHER
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito para a obtenção do título de Especialista em Gestão das Políticas Públicas e Sociais pela CBPEX (Centro Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão).
Área de Concentração: Serviço Social
Orientadora: Profº: Ms. Viviane Marques Guedes
JOÃO PESSOA PB
2018
MEDEIROS, Rejane Paulo de. Violência Sexual Contra Mulher. 36 pag. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Gestão das Políticas Públicas e Sociais) na FABEX - Faculdade Brasileira De Ensino, Pesquisa e Extensão. João Pessoa PB, 2018.
RESUMO 
Este trabalho consiste na trajetória da violência sexual contra mulher, retrata historicamente a questão da desigualdade de gênero vinculado as questões da violência sexual, mostra a mulher com a função de objeto que tem o dever de obedecer as ordens do homem. Destaca o feminismo, pelo qual mulheres através de movimentos sociais buscavam a liberdade, igualdade gênero, direitos sociais e individuais numa sociedade conservadora, o feminismo realizou grandes conquistas, a Lei Maria da Penha foi o maior triunfo no campo dos direitos a favor da mulher. Apresenta a violência sexual como algo que afeta muitas mulheres, deixando consequências que dificultam na sua recuperação, esse tipo de violência precisa ser entendida como um problema de saúde pública e necessita ser denunciada e combatida. 
Palavra-chave: Violência Sexual, Desigualdade de Gênero, Lei Maria da Penha.
MEDEIROS, Rejane Paulo de. Sexual Violence Against Women. 36 page. Course Completion Work (Specialist in Management of Public and Social Policies) at FABEX - Brazilian Faculty of Education, Research and Extension. João Pessoa PB, 2018.
ABSTRACT
This work consists of the trajectory of sexual violence against women, historically portrays the issue of gender inequality linked to the issues of sexual violence, shows the woman with the function of object that has the duty to obey the orders of man. Feminism, through which women through social movements sought freedom, gender equality, social and individual rights in a conservative society, feminism made great achievements, the Maria da Penha Law was the greatest triumph in the field of rights in favor of women. It presents sexual violence as something that affects many women, leaving consequences that make difficult their recovery, this type of violence needs to be understood as a public health problem and needs to be denounced and fought.
Key words: Sexual Violence, Gender Inequality, Maria da Penha Law.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................6
2. VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHER......................................................8
2.1. Conceito de violência.....................................................................................9
3. Historicidade da desigualdade de gênero..................................................10
3.1. Desigualdade de gênero no âmbito familiar.................................................11
3.2. Desigualdade de gênero na escola..............................................................12 
3.3. Desigualdade de gênero no mercado de trabalho........................................13
4. Trajetória do feminismo na sociedade........................................................15
4.1. Feminismo no Brasil....................................................................................16
4.2. O feminismo e o regime militar.....................................................................17
5. Os paradigmas da violência sexual............................................................19
5.1. Violência sexual no campo internacional.....................................................20 
5.2. Violência sexual no Brasil............................................................................21 
5.3. Violência sexual na Paraíba........................................................................22
5.4. Os tipo de violência sexual..........................................................................25
6. Violência sexual dentro da Lei Maria da Penha..........................................26
6.1. Consequências da Violência sexual nas mulheres......................................28
6.2. Assistência as mulheres violentadas sexualmente......................................29
7. CONCLUSÃO................................................................................................31
8. REFERÊNCIA................................................................................................34 
 
INTRODUÇÃO
	Este artigo aborda um tipo de violência contra as mulheres que traz um pensamento crítico e conservador, sobre a realidade da violência vivenciada na antiguidade e ainda perpetua na atualidade. Segundo Rocha o conceito de violência é manifestadas de várias formas e praticada em diversos espaços, pelo qual, traz muitos danos na vida da pessoa agredida por tal violência tão horrível e difícil de ser superada.
	Este artigo tem como objetivo contribuir no entendimento sobre a violência contra mulher, buscando reflexões sobre o ato ocorrido nos âmbitos diversificados, as consequências da violência, os motivos que levam a tal ato contra mulheres e encorajar as mulheres de lutar pelos direitos como cidadã dentro de uma sociedade onde o predominam o patriarcalismo e o machismo sobre o gênero feminino.
	Falar sobre violência contra mulher já é um assunto causador de críticas construtivas e destrutivas, gerar uma análise sobre a violência sexual é ainda mais polêmico, no entanto é um assunto que enfrenta muitos tabus diante do universo feminino e também causa estranhamento no universo masculino por ser na maioria das vezes o causador da violência, mesmo o homem achando que não cometem tal violência apenas por que a mulher precisa ter um papel a cumprir diante deles. 
	Na historicidade do gênero feminino eram arraigada de muitos preconceitos, dominação e subordinação, as mulheres tinham deveres a cumprir diante de seus homens e submetiam apenas em obedecer as regras. Falar de sexo nos tempos antigos eram um assunto proibido para mulheres, conhecer seu corpo e sentir sensações era algo visto como pecado, as mulheres eram oprimidas e educadas apenas pra servir. 
	A violência sexual contra as mulheres está ligada a desigualdade de gênero desde a antiguidade, tal violência era cultuada dentro da própria família, onde as mulheres assumiam a responsabilidade de gerar filhos. O homem precisava de herdeiros, então a mulher era usada para função da maternidade e satisfazer os desejos sexuais dos homens, as mulheres recebiam uma educação tradicional reproduzida pela trajetória de sua mãe baseada no sistema patriarcal. 
	Ao passar os tempos as mulheres iniciam uma nova fase conquistando alguns espaços, já passaram a ser vista pela sociedade não apenas como mãe e dona de casa, após a II guerra mundial as mulheres começou assumir alguns papeis no mercado de trabalho, a guerra causou um grande número de mortalidade do gênero masculino deixando a mão de obra escassa, daí a mulher obteve a oportunidade de mostrar que tinha outra função além da maternidade, mas não foi tão fácil conquistar seu espaço no mercado de trabalho, sua jornada foi de muitas lutas e preconceitos. 
	Então surgem o feminismo, mulheres que buscavam conquistar seus direitos, procuraram se posicionar numa sociedade construída pela opressão feminina, lutaram por tudo aquilo que acreditavam dentro de uma filosofia e ideologia quase impossível de vencer, elas sofreram todos os tipos de violências para buscar o reconhecimento de cidadãe romper o conservadorismo em todas as esferas.
	No Brasil as primeiras feministas começavam a dar início por volta de 1800 sofrendo algumas influencias dos movimentos feministas da Europa, mas apenas em 1930 foram conquistadas alguns direitos para mulheres brasileiras, dando espaço no cenário político, no qual foi eleita a primeira mulher a ser deputada, porém os avanços feministas foram massacrados no período do regime militar, ganhando um contexto diferente sofrendo muita violência e opressão. 
	Com a derrubada da ditadura militar e a nova Constituição Federal de 1988 os movimentos feministas ganharam vários contextos, novas linhas de pensamentos, novas lutas a serem travadas, foram articuladas várias questões com enfoque no direitos sociais e particulares promulgado por lei e garantido pelo Estado, leis que amparam e dá suporte ao sexo feminino, as mulheres passaram a ter mais autonomia e liberdade sobre seu próprio corpo.
	Atualmente a maior conquista feminina foi a Lei Maria da Penha sancionada no ano de 2006, uma legislação no enfretamento a violência contra as mulheres. A lei especifica todos os tipos de violência sofrida pelas mulheres, a violência sexual é uma das violências que a lei dá amparo e medida protetiva a pessoa agredida e medida punitiva ao agressor, apesar de ser uma violência pouco denunciada devido ao medo da culpabilização da vítima, que muitas vezes só consideram violência sexual contra mulher em caso de estupro. 
2. VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHER
	Este artigo foi construído através de uma pesquisa bibliográfica com relatos sobre violências sexuais contra mulheres, tal violência tem sido cometidas devido a desigualdade de gênero desde a antiguidade e perpetua até a atualidade. Porém na antiguidade as mulheres não tinham nenhuma proteção em defesa dos direitos sociais e particulares, eram vistas como objeto de uso para satisfazer os desejos do homem. Conhecer a história da mulher na sociedade é entender todo sofrimento que tiveram em toda sua trajetória, as lutas pelos direitos foram travadas com grande preconceito e descriminação. 
	Para mulher conquistar direitos em uma sociedade conservadora é romper o marxismo e o patriarcalismo, as mulheres já mostraram que unidas podem alcançar seus objetivos e vencer os obstáculos. A desigualdade de gênero inicia desde criança no seu âmbito familiar, dentro da escola e se perpetuando na vida adulta ao chegar no mercado de trabalho, em todos esses espaços as mulheres sofreram todos os tipos de violências, a vida feminina era voltada para um sistema tradicional arcaico e regida pela religiosidade para dá continuidade uma vida regrada na obediência e subordinação. 
	Aos poucos as mulheres foram buscando reconhecimento e o respeito para viver como cidadã dos mesmos direitos do homem, já conquistaram muitos direitos sobre alguns tipos de violências, mas a violência sexual contra mulher é algo que ainda precisa ultrapassar os limites do pensamento conservador da própria mulher, a luta não é apenas contra o homem, mas também contra si mesmo.
	A lei Maria da Penha deixa explícito os atos que julgam ser uma violência sexual, mas as denúncias contra esse tipo de violência são poucas, tirando o caso de estrupo junto a violência física, as mulheres raramente denunciam o assédio e a exploração sexual devido os constrangimento, sentimento de culpa e a visão da pessoa pra quem está denunciando.
	A violência sexual é algo que deixa marcas profundas na mulher, mexe com sua autoestima e leva muitas mulheres a cometer suicídio, o Estado tem pouca preparação na assistência no caso de violência sexual, geralmente a assistência está mais relacionado a saúde física da mulher e deixando a desejar no atendimento à saúde mental dessas mulheres que sofrem por longos tempos. 
2.1. Conceito de violência
	A origem etimológica da palavra violência vem do latim violentia, de violentus (com ímpeto, furioso, à força), ligado ainda ao verbo violare em que vis, significa força potência, e também infringir, transgredir, devassar. Em regra, a violência resulta da ação ou força irresistível, praticadas na intenção de um objetivo, que não se concretiza sem ela. É o “emprego agressivo e ilegítimo do processo de coação”.
	Para Rocha (1996) o conceito de violência descrita de acordo com as diferentes circunstâncias que acompanha o homem na sua evolução:
A violência, sob todas as formas de suas inúmeras manifestações, pode ser considerada como uma vis, vale dizer, como uma força que transgredi os limites dos seres humanos, tanto na sua realidade física e psíquica, quanto no campo de suas realizações sociais, éticas, estéticas, políticas e religiosas. Em outras palavras, a violência, sob todas as suas formas, desrespeita os direitos fundamentais do ser humano, sem os quais o homem deixa de ser considerado como sujeito de direitos e de deveres, e passa a ser olhado como um puro e simples objeto. 
	A evolução da civilização vem mostrando uma trajetória de mudanças na área tecnológicas, ambientais, filosóficas, psicológicas, econômicas e religiosas que induzem e colaboram para as transformações e o aparecimento de novos circuitos biológicos, psicológicos e sociais. Entretanto, não retira a existência de atitudes primitivas que foi adquirido ao longo do tempo, herdado pela genéticas ou mesmo transmito culturalmente. 
	A violência vem sido descrita de acordo com a trajetória e evolução da humanidade, quanto mais se evolui culturalmente, psicologicamente e socialmente, mas a violência vem ganhando novas formas de ser praticada na humanidade, a violência é organizada e ajustada através da ética, da moral, regras e normas, de modo que a instrução do homem precisa ser adequada para manter um convício coletivo preservado.
	A violência causa diversos danos psíquicos para quem pratica e quem sofre o ato violento, seus efeitos são devastadores e traumáticos na espera da consciência e inconsciência, seus danos se tornam visíveis devido a mudança de mentalidade, afetando sua percepção de vida e distanciando o homem nas esferas das relações da subjetividade. Também o trauma mental afeta a autonomia do sujeito dentro de um contexto social e passa a entender e aceitar que a violência faz parte de sua vida. 
	A violência humana vem ganhando novas definições na atualidade, as suas diversas maneiras que atinge uma grande parte das mulheres, vem gerando políticas de defesa, promulgado na Lei 11.340/2006. Ressalta o quanto é difícil nomear as diversas formas de agressões como violências e discute alguns aspectos polêmicos para gerar consciência e autonomia nas mulheres que sofrem com determinada violência.
3. Historicidade da desigualdade de gênero 
	A desigualdade de gênero vem marcada por vários tipos de diferenças entre o masculino e o feminino a construção dessa desigualdade vem de uma sociedade culturalmente machista, controladora e poderosa que envolve situações de dominação e subordinação das mulheres em todas as esferas públicas e privadas.
O conceito de gênero, ao enfatizar as relações sociais entre os sexos, permite a apreensão de desigualdades entre homens e mulheres, que envolvem como um de seus componentes centrais desigualdades de poder. (FARAH, 2004, p. 48)
	O sexo feminino vem de uma trajetória de muitas lutas árduas para conquistar um espaço, lutas contra o preconceito a descriminação e um sistema de relações sociais unidos por um conjuntos de valores, com doutrinas rígidas valorizada da pessoa patriarcal. A mulher era vista com propriedade que pertencia ao pai, pelo qual já cresciam com a cultura da submissão ao sexo masculino.
	O casamento era arranjado pelo pai, que usava sua filha como objeto de negociação, sendo uma forma de estabelecer alianças, constituindo relações diplomáticas e laços econômicos, buscavam conseguir a manutenção do poder econômico da família e estreitando relações com outras famílias de grande poder aquisitivo na sociedade.
	O papel da mulher era servi o marido, desde da cama aos afazeres domésticos em prol ao bem estar de vosso homem,que ditava as regras e a mulher estava apenas para satisfazer seus desejos, a mulher tinha a função de procriar, cuidar dos filhos e da casa, não participavam das decisões familiares e eram educadas apenas para obedecer. 
	A mulher permaneceu por muitos anos na condição de reprodutora, sendo tratada como o gênero inferior, emancipar a mulher trazia medo ao homem de não ter poder sobre ela e deixar de ser sua propriedade privada, a desigualdade de gênero vem seguido das relações sociais e sexuais construídos sócio culturalmente.
	A sociedade dita as regras dentro de um sistema educacional ultrapassada, trazendo as relações sociais diferenciada e dando ênfase a desigualdade de gênero, expondo a mulher a subalternidade. A educação que transmite para o menino e completamente diferente da educação proporcionada para menina, já ensinam que a menina veio ao mundo para ser objeto de desejo masculino, enfatizando características de preconceito do próprio corpo e da submissão.
	Os meninos crescem achando que tem poder sobre as meninas e muitas vezes, usam da força para ter controle sobre as meninas, acabam crescendo com uma visão de preconceito e discriminação, que os gêneros o faz diferente um do outro, vivendo em mundos divididos e rígidos de comportamento, passam a enxergar o mundo masculino de autoritarismo e o mundo feminino de fragilidade e obediência. 
3.1 Desigualdade de gênero no âmbito familiar 
	A desigualdade de gênero começa no seio familiar, é dentro da própria casa que a família determina as diferenças na educação que é transmitida aos filhos de forma equivocada, fazendo distinção entre o homem e a mulher, mostrando que um gênero tem poder sobre outro, daí crescem dentro de uma cultura familiar machista e intolerante em relação ao gênero feminino. 
Como um sistema cultural em que o homem adulto é o chefe da casa e de todos: mulher, filhos e agregados devem estar sob suas ordens. Considera-se, também, que o masculino é o sujeito da sexualidade e o feminino, seu objeto. Na visão arraigada no patriarcado, o masculino é ritualizado como o lugar da ação, da decisão, da chefia da rede de relações familiares e da paternidade como sinônimo de provimento material. (LIMA e SANTOS 2009, p.277).
	Os filhos crescem no âmbito familiar, vendo a figura do gênero masculino, seja ele pai, padrasto, avô ou tio, como um ser superior que tem domínio sobre a família, ver a submissão feminina sobre o mesmo e passa a submeter obediência, muitas vezes, não por respeito e sim por medo, devido presenciar atos agressivos, autoritarismo, falta de respeito pelo sexo feminino, gestos violentos, entre outros.
	A cultura familiar influenciar na sua estrutura psicológico, crescendo e observando o tratamento diferenciado entre os gêneros, contribui na sua formação e na sua visão da desigualdade de gênero, ao se tornar adulto, tanto o homem quanto a mulher acaba reproduzindo as mesmas atitudes observada na infância. 
3.2. Desigualdade de gênero na escola
	A criança ao chegar no âmbito escolar, vem com uma bagagem educacional familiar, pelo qual acaba reproduzindo algumas atitudes familiares, o problema da desigualdade de gênero também é construída dentro da escola, devido uma um sistema educacional arcaico que reproduz alguns momentos de poder e privilégios dado aos alunos do gênero masculino.
	O preconceito de gênero, que afeta meninos e meninas nas salas de aulas quando os professores relacionam o rendimento de suas alunas ao esforço e ao bom comportamento, ou quando as tratam apenas como esforçadas e quase nunca como potencialmente brilhantes, capazes de ousadia e liderança.  
A escola, semelhante a todas as outras instituições sociais, reproduz uma educação diferenciada sem questioná-la. A socialização que ocorre entre as crianças está articulada à percepção dos futuros papéis familiares de homens e mulheres. Assim [...], os meninos e as meninas vão construindo na escola uma identidade do que é ser homem ou do que é ser mulher, adquirindo normas que os diferenciam. [...] os meninos e as meninas vão sendo regulados a desenvolver papéis sexuais diferentes. (SOUZA e LEÃO, 2008, p. 5)
	As escolas reproduzem com bastante força o modelo educacional tradicional, neutralizando a hierarquia de gênero, através de atividades, brincadeiras e atitudes de professores reproduzidas em sala ajudam a da continuidade a desigualdade presente na sociedade, a instituição escolar é responsável na manutenção de poder da desigualdade entre meninos e meninas no ambiente escolar.
	As escolas deveria ter uma metodologia de ensino voltada para a diminuição do preconceito de gênero no ambiente escolar, ser um espaço que reproduz a democracia a igualdade de gênero, racial e social, mas o sistema educacional ainda copia o sistema tradicional vigente pela religiosidade, onde o homem tem lugar de destaque e a mulher o lugar da subordinação e obediência.
3.3. Desigualdade de gênero no mercado de trabalho
	A desigualdade de gênero ultrapassa os muros familiares e escolares ao chegar à fase adulta, quando a mulher escolhe o caminho da independência financeira encontra as maiores dificuldades no mercado de trabalho, geralmente são escolhidas para cargos inferiores, por mais que estejam preparadas para um cargo de chefia, mas é vista como um ser onipotente.
	A participação da mulher no mercado de trabalho se iniciou através de cargos voltado as atividades domesticas, trabalharam na agricultura, nas industrias, nas escolas, hospitais, entre outros. Porém não eram reconhecida como profissionais formais e não tinham nenhum direito trabalhista. O marco da formalização e o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho veio a partir das guerras mundiais.
Tudo iniciou com as I e II Guerras Mundiais em que as mulheres tiveram que assumir a posição dos homens no mercado de trabalho. Com a consolidação do sistema capitalista no século XIX, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Através da evolução dos tempos modernos as mulheres conquistaram seu espaço. As estatísticas apontam que há mais mulheres do que homens no Brasil. Mostram também que elas vêm conseguindo emprego com mais facilidades e que seus rendimentos crescem a um ritmo mais acelerado que os homens. Mesmo com todas estas evoluções da mulher no mercado de trabalho, ela ainda não está numa condição de desvantagem em relação aos homens, pois continua existindo muito preconceito e discriminação, mas principalmente desigualdade salarial entre homens e mulheres. (PROBST, 2007, p.1).
	Logo após a I e a II guerra mundial, a mundo sofreu com a perda de muitos homens, as guerras causou um grande número de mortalidade masculina, muitas mulheres se encontravam viúvas e precisavam buscar o sustento de seus filhos, esse foi o salto para as mulheres deixaram seus lares e atividades domesticas de lado e buscar oportunidades nas pequenas empresas manufatureiras e comerciais.
	Apesar de muitos trabalhos oferecidos para mulheres eram de forma precária, com baixos salários, sofriam discriminação e preconceito, suportavam assédio moral e sexual, longa jornada de trabalho, entre outros. Mas não tinham como sobreviver e sustentar a família, passavam por muitas situações desagradáveis e péssimas condições trabalhista. Não existiam nenhuma lei que amparavam e defendiam seus direitos trabalhistas.
	Aos poucos a presença feminina no mercado de trabalho foi conquistando espaço e ganhando força, mas apenas com a constituição federal conquistaram alguns direitos para consolidar sua presença no mercado, apesar de ainda existir na atualidade grandes diferenças entre cargos dando destaque a desigualdade de gênero, o maior número de cargos de chefia são ocupados por homens, enquanto as mulheres ficam com os cargos subordinados, também existem uma diferença salarial exorbitante para cargos iguais ocupados por ambos. 
	Na atualidade o gênero masculino ainda é visto como um ser poderoso e está acima do gênero feminino, apesar de viver em tempos modernos a luta pela igualdade de gênero precisa ser travada diaapós dia, para que as próximas gerações reconheçam que a mulher tem mesma capacidade e potencialização igualitária ao homem. 
“O androcentrismo consiste em considerar o ser humano do sexo masculino como o centro do universo, como a medida de todas as coisas, como o único observador válido de tudo o que ocorre no nosso mundo, como o único capaz de ditar leis, de impor a justiça, de governar o mundo. É precisamente esta metade da humanidade que possui a força (os exércitos, a polícia), domina os meios de comunicação de massa, detém o poder legislativo, governa a sociedade, têm em suas mãos os principais meios de produção e é dona e senhora da técnica e da ciência”. (Moreno, 2003, p.23).
	O androcentrismo é um termo pouco usando na atualidade, essa palavra reflete a valorização do pensamento masculino em virtude as atitudes conservadores, moralistas e machistas. A visão androcêntrica do mundo reflete essa discriminação entre gêneros, justificando as atitudes masculinas no cotidiano social, os homens se encontram em lugar de destaque como autoridade e a mulher sempre subalterna as suas decisões. 
	A mudança de visão diante da desigualdade de gênero é uma luta constante que ainda precisar ser travada no dia após dia, o homem é fortemente visto como um ser de uma força gigantesca desde os primórdios, mudar essa cultura visionária da antiguidade e buscar uma renovação cultural que pode ser promovida através da educação, no âmbito familiar e expandir para meio social.
	A mulher tem muito a conquistar e lutar pela igualdade entre gêneros, sua visão do sexo frágil, precisa ser atualizada e mostrar que tem a mesma capacidade e habilidades do homem, ser mulher é ser viver se reinventando, é também sinônimo de equilíbrio, coragem, respeito, trabalho, luta e superação. 
4. Trajetória do feminismo na sociedade
	O feminismo surgiu em defesa das mulheres oprimidas, os direitos sociais da mulher eram usurpados pelos seus opressores, eram escravizadas, violentadas, usadas como objetos sexuais, trabalhavam em situações extremamente precárias, sofriam todos os tipos de violência sem direito algum de expor suas ideias e se defender do seu opressor.
	Nos séculos anteriores existiam dois tipos de classe de mulheres, as mulheres ricas que pertenciam à burguesia e classe de mulheres pobres chamadas de proletariado. As mulheres da classe de proletariados sofriam as violências mais absurdas de todos os tempos, trabalhavam tatos nas atividades domesticas como nas plantações, além disso, sofriam abusos sexuais de seus senhores. Já as mulheres burguesas recebiam um tratamento diferenciado, mas não tinham tanta liberdade de expressão, recebiam a educação desde criança para ser obedientes e respeitar os atos de seus pais, irmãos e marido, crescia com um pensamento apenas para servir ao homem.
	O feminismo iniciou na Europa no meados do século XIX é um movimento político liderado por mulheres em busca da liberdade e igualdade de gêneros, as mulheres almejava participar das mudanças sociais que as revoluções traziam, principalmente ser reconhecida como cidadã em uma sociedade historicamente regida pelo patriarquismo.
O Feminismo surge e se organiza como movimento estruturado, a partir do fenômeno da modernidade, acompanhando o percurso de sua evolução desde o século XVIII, tomando corpo no século XIX, na Europa e nos Estados Unidos, transformando-se, também, em instrumento de críticas da sociedade moderna. E, apesar da diversidade de sua atuação, tanto nos aspectos teóricos, quanto nos aspectos práticos, o Feminismo vem conservando uma de suas principais características que é a reflexão crítica sobre as contradições da modernidade, principalmente, no que tange a libertação das mulheres. (SILVA, 2008, p. 2).
	Os objetivos do feminismo ainda estava ligado ao conservadorismo, eram apenas ideias filosóficas em busca do reconhecimento feminino na sociedade, as ideias foram aprimorando e ganhando uma grande escala de pensamentos baseados em teorias, que dificilmente eram colocados em prática devido o preconceito e discriminação diante das atitudes feminista. 
	A linda de pensamento feminista era ampliação de direitos sociais de início foi focalizado a prioridade no direito à educação, direitos políticos, direitos igualitários de gênero, também reivindicavam direitos trabalhistas para as mulheres, direito à maternidade, e outros relacionados às expressões da questão social.
	O feminismo é uma agregação de pensamento gerando movimentos políticos, sociais, filosóficas e ideologias como o objetivo proporcionar a equiparidade de gênero dentro de uma sociedade machista, as teorias e filosofias procuram promover a igualdade entre homens e mulheres, além de viabilizar os direitos das mulheres e seus interesses.
4.1 Feminismo no Brasil
	Os primeiros indícios do feminismo no Brasil iniciou a partir de 1800, buscavam o direito a educação, direito ao divórcio e livre acesso ao mercado de trabalho. Apenas em 1930 conquistaram a regularização no mercado, o salário mínimo, redução na jornada de trabalho dentro das industrias, mas só no período Vargas veio a maior vitória, as mulheres começaram a participar no cenário político, envolvidas diretamente nas campanhas políticas e o direito de exercer sua cidadania através do voto.
A luta pelo direito ao voto da mulher chegou a seu fim em 1932, quando o novo Código Eleitoral inclui a mulher como detentora do direito de votar e de ser votada. Em 1936, Bertha Lutz assume a cadeira de deputado que havia morrido e, no mesmo ano, a federação promove o Congresso Nacional Feminista. (PINTO, 2003 p.28) 
	Eleger uma mulher no cenário político, onde só tinha espaço para os homens, foi o maior desafio do grupo feminista, Bertha Lutz foi a primeira mulher a conquistar o cargo político como deputada federal brasileira, a mesma impulsionou as bases feminista no Brasil, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. 
	As principais bandeiras de luta eram mudanças na legislação trabalhista com relação ao direito feminino ao trabalho, contra o trabalho infantil, direito a licença maternidade e a equiparação de salários e direitos. Esse foi um período que a mulher obteve a oportunidade de avançar nos direitos feminino, porém as conquistas foram usurpadas nos anos seguintes pela ditadura militar. 
4.2. O feminismo e o regime militar 
	Os militares assumem o poder através de um golpe militar que acabou com qualquer direito civil, não apenas para mulheres, mas de todos os cidadãos brasileiros, passaram a viver em cenário marcado por muitas dificuldades, onde o poder se concentrava nas mãos do militares, pelo qual pregava a ordem no país, mas essa ordem veio junto a anulação de direitos políticos e perseguição policial aos opositores do regime. 
	O feminismo no período da ditadura militar ganhou um outro contexto de lutas sociais, passaram a encarar um realidade mais dura, toda trajetória de conquista até esse período foram usurpada pelo sistema de opressão, as lutas buscaram outros rumos relacionados a liberdade expressão, as movimentações feministas fizeram as mulheres passar pela experiência do exílio.
	Todas as formas de repressão de regime militar não intimidou as feministas, as mulheres sempre estiveram presentes nos movimentos de contestação e mobilizações contra a ditadura, elas resistiram de muitas formas, se organizaram através de associações, comunidades, movimento estudantil, partidos e sindicatos na tentativa de derrubar o regime militar, foram duramente reprimidas sofrendo todos os tipos de violência. 
	O contexto brasileiro trouxe um elemento importante para o feminismo que foi a luta contra a ditadura, estavam envolvidas ao mesmo tempo nos movimentos de mulheres e no ativismo feminista a luta das mulheres não estava apenas baseada na igualdade de gênero, mas na libertação do povo, as correntes de pensamento feminista que se formaram a partir de análises diferentes do patriarcado e da sociedade como um todo. 
As fronteiras entre o movimento de mulheres e o feminista tem sido sistematicamenteofuscada, com um número crescente de mulheres pobres, trabalhadoras, negras, lésbica, sindicalistas, ativistas católicas progressistas e de outros setores do movimento de mulheres incorporados elementos centrais do ideário e do imaginário feministas, reelaborados de acordo com suas posições, preferências ideológicas e identidades particulares. (SOARES, 1994 p.32) 
	No final da ditadura a participação feminina nos sindicatos cresceu de forma significativa começaram a formar grupos, diretorias, núcleos voltados às mulheres e suas demandas. As organizações políticas das mulheres resultou em mudanças importantes tanto nas organizações e movimentos sociais em relação às pautas feministas como nos direitos sociais e políticos assegurados por lei. 
	Na década de 90 questões mais urgentes e focando na liberdade e autonomia da mulher sobre o próprio corpo, num contexto ligado aos direitos particulares.  É importante salientar que o feminismo busca a emancipação da mulher na sociedade, sendo justo e igualitário, combatendo o sistema patriarcal e o machismo.
	 A partir do ano 2000 surgiu um novo espaço de articulação aos movimentos feministas pautaram outros temas como o debate sobre a legalização do aborto em caso de estrupo ou casos de anencefalia. Até chegar na sua maior conquista, sendo a mais recente como a lei Maria da Penha (2006).  O novo feminismo concentram-se, em geral, nas questões relacionadas ao combate da cultura do estupro e no combate ao assédio, à violência contra mulher, na criação de políticas públicas que garantam o bem-estar e a igualdade de condição das mulheres, olhando para a diferença pensando no gênero, na classe, na raça, na etnia, na idade.
5. Os paradigmas da violência sexual 
	De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “violência sexual é qualquer ato sexual e tentativa do ato não desejado ou atos para traficar a sexualidade de uma pessoa, fazendo uso de repressão, ameaça ou força física, praticados por qualquer pessoa independente de suas relações com a vítima e de qualquer cenário, não limitado ao lar ou trabalho”. Ou seja, é uma agressão focalizada na sexualidade da pessoa, mas que a atinge em todo o seu ser.
	A violência sexual estabelece-se em uma transgressão dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, principalmente ao atentado de direito físico e ao controle de sua capacidade sexual e reprodutiva. A violência sexual pode ser pratica por pessoas estranhas; por alguém que se conhece como colegas ou vizinhos; por alguém próximo como familiar, amigo e namorado.
	A violência sexual pode ser acometidas em diversos lugares tais como: em casa, no trabalho, na escola, na rua e na internet. O agressor pode usar de diferentes estratégias como a força física, ameaçar ou chantagear, humilhar ou intimidar, usar de relação de confiança, usar de seu maior poder ou autoridade para pressionar ou forçar a vítima, também colocar a vítima num estado em que não seja capaz de resistir ou induzir ao estado inconsciente do acontecimento através do álcool ou drogas.
	A violência sexual não se resume à penetração forçada, também existe outras formas de atos de natureza, tais como: toques íntimos não desejados, como beijar, acariciar ou apalpar; comentários ou piadas de carácter sexual que causam desconforto ou receio; carícias indesejadas nos órgãos sexuais; ser forçado a tocar nos órgãos sexuais de outra pessoa; ser penetrado por via oral, vaginal ou anal por pénis, por outras partes do corpo (ex.: dedos) ou objetos; ser obrigado a penetrar outra pessoa ou a praticar com ela sexo oral; ser obrigado a assistir ou a participar em filmes, fotografias ou espetáculos pornográficos; ser forçado a envolver-se na prostituição.
	As mulheres que sofrem qualquer tipo de violência sexual vivem com o sentimento de culpa, acham que provocam a agressão por usarem roupas consideradas insinuantes e passarem por lugares esmos e horários impróprios. Todos tem o direito de usar a roupa que quiser e à liberdade de ir e vir a hora em que bem quiser, e esses direitos devem ser respeitados. Não é por ser uma prostituta ou garota de programa, que elas terão seus direitos violados.
5.1. Violência sexual no campo internacional
	Os questionamentos sobre a violência sexual contra mulher é um preocupação mundial, tal violência são cometidas por todos os continentes, desde da antiguidade as mulheres sofrem esse tipo de violência, porém não tinham nenhuma lei para ampará-las. A violência sexual não se resume ao grupo de mulheres, o mesmo é preocupação de todas todos os gêneros independente de classe social, raça e etnia.
	Em diversos países já foram conquistados os direitos individuais da mulher, já outros países a luta ainda é árdua. Todo continente americano existe medidas proteção a mulher com e sem legislação, porém alguns países dos continentes asiático, europeu e africano não tem legislação de proteção e alguns países com legislação as medidas de proteção são nulas.
	Segundo a UNICEF a Índia lideram o ranking dos casamentos de meninas e mulheres menores de idade, o país tem uma cultura milenar atrelado ao sistema patriarcal, as mulheres são prometidas ainda crianças e são criadas com várias restrições para se preservar, até consolidar o casamento. 
	No mundo todo, ainda há 34 países que não julgam os estupradores se estes forem maridos das vítimas ou se casarem posteriormente com elas. Ainda assim, neste ano destacam-se os avanços de três nações árabes: Tunísia, Jordânia e Líbano acabaram com as leis que perdoavam os estupradores que casassem com suas vítimas. 
	Em muitos outros países, especialmente na África Subsaariana e na Ásia, o estupro não é punido se ocorrer dentro do casamento, o que deixa as mulheres desamparadas se o estuprador for o marido. Destaca-se o caso da Índia, onde, apesar da brecha jurídica, a Suprema Corte resolveu que o ato sexual será de fato considerado um estupro se ocorrer dentro do casamento, mas somente se a esposa for menor. Dentro da UE, a Bulgária é o único país que não reconhece as agressões sexuais cometidas pelo marido.
	Apesar de tantos avanços nas leis internacionais de proteção, centenas de mulheres sofrem algum tipo de violência sexuais cometidos por homens com poder em diversos âmbitos e esferas. Mulheres que denunciam algum caso de violência nos Estados Unidos e na Europa, onde a legislação tem mais efetividade, mas demoram na execução das medidas protetivas.
	Entre 45% e 55% das mulheres no campo internacional sofrem algum tipo assédio sexual desde os 15 anos, no entanto os dados denuncia não condizem a realidade. As mulheres no Ocidente apontam seus agressores, porém são vitimadas da violência e acabam sem proteção, no resto do mundo ainda há um longo caminho pela frente, sobretudo na África e no Oriente Médio.
5.2. Violência sexual no Brasil
	No Brasil também foi um cenário de muitas restrições as mulheres, a trajetória feminina foi marcada por todos os tipos de violências, apenas os homens era sujeitos de direitos amparados pela constituição, as mulheres não tinham nenhum direito garantido por lei, eram educadas para serem subordinadas aos homens, nos séculos passados não podiam exercer nenhum tipo de cargo no mercado de trabalho e nem participar da esfera política. 
É perceptível que ao longo dos tempos especialmente daquela parte da história ocidental que melhor conhecemos a criação inicial de formas estatais e jurídicas muito pouco ou quase nada melhorou a condição feminina, a mulher sempre foi relegada a um segundo plano posicionada em grau submisso, discriminada e oprimida quando não escravizada e objetificada. (PORTO, 2014, p.20)
	As mulheres eram objeto de estimação e escravidão dos homens, sempre estavam em segundo plano na sociedade, ao nascer já estavam determinadas a exercer a função de gerar filhos, ser dona de casa, cumprir com deveres sexuais para com seus maridos, deveres esses que eram designados pelos homens, pelo qual anulava qualquer direito da mulher.
	Aos poucos as mulheres brasileiras começaram a ganhar espaço, conquistandoalguns direitos através do movimentos feministas, a violência contra mulher já se encontravam nítido e preocupante no país, a partir desse contexto começou a pensar em políticas de proteção as mulheres, então começaram a conquistar alguns direitos, tais como: o direito ao voto, divórcio, educação, ampliação de participação no mercado de trabalho, liberdade sexual através dos contraceptivos e participação política.
	As mulheres sofreram todos os tipos de violência, mas na atualidade a violência sexual ainda é um causa que traz preocupação, mas também esse tipo de violência sofre muita discriminação, por achar que é um dever da mulher satisfazer as vontades sexuais do homem, apenas o estupro é reconhecido como uma violência sexual contra a mulher, e mesmo assim existe o momento da culpabilização da vítima. 
	De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2014) no Brasil a ocorrência de estupros contra mulheres atinge 89%, uma porcentagem pautada na construção de uma sociedade machista que faz da mulher um objeto de desejo sexual para o homem, pelo qual ainda é um pensamento que se encontra na atualidade, apesar de tantas conquistas, as mulheres ainda sofrem o preconceito diante de uma situação tão absurda e irracional. 
	No ano de 2015, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em seu 9º Anuário constatou que o Brasil tinha um caso de estupro notificado a cada 11 minutos referindo se ao ano de 2014, uma pesquisa realizada pelo Datafolha, revelou que “67% da população tem medo de ser vítima de agressão sexual, subindo para 90% entre mulheres. A pesquisa foi realiza em 84 municípios com mais de 100 mil pessoas” (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2015, p. 116).
5.3. Violência sexual na Paraíba
	A violência sexual é um fenômeno universal, em que não existem restrições de sexo, idade, etnia ou classe social. Embora atinja homens e mulheres, as mulheres são as principais vítimas, em qualquer período de suas vidas. E as mulheres jovens e adolescentes apresentam risco mais elevado de sofrer esse tipo de agressão.
	A violência sexual contra mulher é uma realidade presente e recorrente na sociedade, que nos últimos tempos vem sendo combatida de diversas formas. No mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70% das mulheres já sofreram algum tipo de violência. No Brasil, os dados são alarmantes, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. E na Paraíba não é diferente. Segundo dados do Mapa da Violência 2015 - Homicídios de Mulheres, no estado o número de violência contra a mulher cresceu 260% entre 2003 e 2013, pulando de 35 para até a 140 casos.
	Estupro no Brasil, segundo os dados da Saúde (Ipea, 2014) 89% das vítimas são do sexo feminino; 50,7% são crianças até os 13 anos de idade; 19,4% são adolescentes entre 14 e 17 anos de idade; 29,9% adultos acima de 18 anos. 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima.
	De acordo com pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) e Instituto Maria da Penha nos Estados do Nordeste. Foram ouvidas 2 mil mulheres em todas as capitais nordestinas, possibilitando aos pesquisadores abordar a violência doméstica e suas conexões com vulnerabilidades raciais e socioeconômicas e incidência sobre saúde, direitos sexuais e reprodutivos.
	O número de mulheres vítimas de violência sexual dentro da própria residência é de 8,8% em João Pessoa, o maior índice comparado às outras capitais do Nordeste. A capital paraibana foi a segunda a registrar o índice de violência doméstica emocional, 32,5% das mulheres já sofreram esse tipo de agressão, ficando atrás de Natal (RN), que apontou 34,8% de vítimas.
	A Paraíba no ano de 2016 registrou 376 estupros, uma taxa de 9,4 para cada 100 mil habitantes; o número representa um crescimento em relação ao ano de 2015. O Estado paraibano conta com 9 delegacias especializadas no atendimento à mulher, considerando todo nordeste, a Paraíba é o terceiro Estado como maior quantidade de delegacias de atendimento as mulheres que sofrem todo tipo de violência, ficando atrás do Maranhão e Piauí que possuem 5 delegacias. 
	O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana, está com programação de treinamento e capacitação em hospitais de profissionais que atuam nos serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e sexual, como o Hospital de Trauma, Frei Damião e hospitais de referências do Estado.
	Em João Pessoa, com profissionais que atuam no Programa de Atendimento as Mulheres Vítimas de Violência Sexual (Pamvs), voltado para o atendimento ade mulheres vítimas de violência sexual e gravidez por estupro. “A estratégia é sensibilizar todos os profissionais que trabalham nas maternidades e hospitais do Estado”, disse a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares.
	Visando o enfrentamento a esse tipo de violência foi sancionada pelo governo estadual uma lei que busca prevenir e erradicar os casos de violência sexual, oferecer atendimentos clínicos especiais e conscientizar as novas gerações através de ações educativas nas escolas sobre o tema. A Lei Nº 10.724, disponível no Diário Oficial, que trata sobre normas de prevenção, erradicação da violência sexual contra a mulher, prioridade e proteção à identidade no atendimento médico das vítima.
	Com o intuito de atender às mulheres em situação de violência no Estado da paraíba, diversos programas foram criados pelas políticas públicas, tendo como objetivo oferecer diversos serviços, no âmbito social, psicológico, jurídico, arte e educação, atendendo as vítimas de violência.
Em João Pessoa no ano de 2005, foi criado o primeiro mecanismo de políticas públicas para as mulheres, a coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres, que se transformou em secretaria no ano de 2010. Em 2007, foi implantado o Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, em parceria com a Secretaria de Políticas Para as Mulheres do Governo Federal serviço de referência para o atendimento às mulheres em situação de violência contra a mulher. (SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES, 2013-2016, p.45 e 46).
	O Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, criado em 14 de Setembro de 2007, é um serviço da Prefeitura de João Pessoa ligado à Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para Mulheres (SEPPM), onde é oferecido atendimento especializado às mulheres vítimas de violência. O serviço é um espaço de acolhimento, responsável por orientar e encaminhar essas mulheres à Rede de Atendimento, por meio da integração de esforços entre as diversas políticas. Esse centro conta como apoio de uma equipe composta de profissionais, de diversas áreas, como, assistentes sociais, advogadas, psicólogas e educadores.
	Com o advento da intervenção do Estado no que diz respeito à violência contra a mulher, as Políticas Públicas ganham moldes e mecanismos para atuar na solução do problema, levando em consideração que os Centros de Apoio, as Delegacias Especializadas, os Abrigos, os Juizados Especiais, a Central de Atendimento à Mulher, entre outros dispositivos que prontificam o auxílio aos casos de Violência Contra a Mulher, além de inibir os atos lesivos oferecem à vítima a possibilidade de realizar a denúncia e fazer com que o agressor venha a ser punido penalmente.
5.4. Os tipos de violência sexual
	O termo abuso sexual é utilizado de forma ampla para categorizar atos de violação sexual em que não há consentimento da outra parte. No Brasil, a Lei 12.015/2009 integra o Código Penal e protege as vítimas nos casos dos chamados “crimes contra a dignidade sexual”. Apesar da existência da legislação e dos órgãos protetores, parte das vítimas de abusos sexuais apresenta resistência em denunciar os agressores. Entre os motivos da omissão da violência estão à vergonha, burocracia das investigações e sensação de impunidade no julgamento dos culpados.
	Existem várias formas de violências sexuais. Estão entres eles: o estupro, exploração sexual e assédiosexual.
 	O Estupro é o tipo mais grave de abuso sexual, vai além da penetração (conjunção carnal), de forma constrangedora e sem consentimento. O estupro é caracterizado pelo uso de violência física ou psicológica, no qual o agressor ameaça a vítima para satisfazer o seu prazer.
	O estupro pode ser caracterizados de 2 maneiras: 
· Estupro de vulnerável - quando a vítima tem menos de 14 anos e pessoas com incapacidade de se defender como pessoas com deficiências ou alguém que esteja sob efeito de droga.
· Estupro marital - é mais comum do que se imagina. Trata-se de quando o marido ou cônjuge obriga a esposa a fazer sexo com ele, usando de violência física e psicológica. Como a atividade sexual é presente nos relacionamentos, muitas culturas não enxergam o estupro marital como violência conjugal ou sexual, já que acreditam que é obrigação da mulher manter relações sexuais com o marido. 
	A exploração sexual é quando uma pessoa utiliza sua posição social para praticar abusos, ganhando a confiança da própria vítima e passando a aliciar com o objetivo do retorno financeiro, mesmo que ele não se relacione sexualmente com a vítima. O agressor facilitar a prostituição, exigir favores sexuais das vítimas para sua própria sobrevivência.
	Atualmente a exploração sexual promove o tráfico de pessoas, sendo terceiro crime mais lucrativo do mundo, muitas mulheres mesmo com seu consentimento são exportadas para outros países com a promessa de melhorias financeiras e ficam sujeitas a prostituição forçada, o turismo sexual, escravidão sexual e o casamento forçado. Além dos fatores já expostos, essas mulheres e adolescentes em situação de tráfico sexual comumente já sofreram algum tipo de violência intrafamiliar ou extrafamiliar como abuso sexual, estupro, abandono, negligência, maus-tratos, ou outros tipos de violência em casa, escolas, abrigos ou outros.
	O assédio sexual é um dos tipos de abuso sexual que não precisa haver contato físico para que haja a agressão. Palavras constrangedoras, tentativa de toques e avanços sem permissão da outra pessoa, constrangimento com brincadeiras de teor sexual, observações sobre partes do corpo da vítima, pressão psicológica em troca de favores fazem parte das atitudes de quem assedia uma pessoa.
	O assédio sexual é recorrente em casos nos quais o agressor tem um cargo superior às vítimas. A cultura machista da sociedade perpetua a figura da “troca de favores” como algo normal, dificultando as denúncias das pessoas assediadas. No ambiente de trabalho muitos chefes intimidam suas funcionárias com aproximações forçadas, convites para encontros sexuais ou oferta de benefícios em troca de sexo.
6. Violência sexual dentro da Lei Maria da Penha
	A Lei 11.340/2006 vulgo Lei Maria da Penha foi dcretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 07 de Agosto de 2006, a lei entrou em vigor no dia 22 de Setembro de 2006. Desde sua publicação, a Lei é considerada pela Organização das Nações Unidas como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres.
	A ementa da lei diz:
Criar mecanismo para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art.226 da lei de 11.340 da Constituição Federal da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Previnir, Punir e a Violência contra a Mulher, dispõe sobre a criação dos juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, altera o Código de Processo Penal Código Penal e a Lei de Execução Penal, e dá outras providências.(BRASIL,2006)
	De acordo com a Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA em 1994) violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.
	A Lei Maria da Penha, por sua vez, descreve em seu artigo 7, alínea III, a violência sexual cometida em contexto de violência doméstica e familiar:
III - A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
	Conforme a lei a violência sexual está relacionada às diferentes formas de opressão que se enquadram como violência sexual, como forçar a vítima olhar imagens pornográficas; manter relação sexual com outras pessoas; ter relações que cause desconforto ou repulsa; ter relação sob coação; intimidação e pelo uso da força física, no caso do estupro conjugal.
	Segundo o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2015), em 2014, foram registrados 47.643 casos de estupro em todo o país. É importante lembrar que, além da conjunção carnal, desde 2009, com a alteração no Código Penal, atos libidinosos e atentados violentos ao pudor também passaram a configurar crime de estupro.
	A Lei Maria da Penha tem importante papel no avanço dos direitos da mulher, uma vez que, até o ano de 2006, não existia uma Lei específica para a mulher e os casos de violência eram tratados como crime de menor potencial ofensivo. Atualmente com a Lei específica, a violência contra a mulher não se trata de situações corriqueiras, principalmente quando esta se manifesta no âmbito privado, doméstico, sendo o violentador punido na forma da Lei.
	Devido à nova Lei, algumas mulheres sentem-se mais seguras para denunciar a violência sofrida, pois a elas são oferecidas medidas protetivas, enquanto que, para o agressor, existem medidas punitivas. Contudo, ainda existem situações em que as mulheres encontram-se amedrontadas e envergonhadas com a violência sofrida, principalmente quando esta se refere à violência sexual.
6.1.Consequências da violência sexual nas mulheres
	A violência sexual geralmente ocorre no âmbito doméstico sendo assim pouco denunciada, devido ao medo de ameaças de morte; vergonha de procurar ajuda; esperança de que o companheiro mude; dependência econômica; dependência emocional, também pelo descrédito da população no poder judiciário e segurança pública, entre outras.
	As práticas dessas violências devem ser consideradas um problema de saúde pública, por trazer diversas consequências que incluem inúmeros comprometimentos na saúde física tais como: traumas físicos, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, além de todas as possíveis consequências para a saúde mental da vítima. 
	Aqueles que sofrem de uma violência sexual em geral acabam por tornar-se vulneráveis também a outros tipos de violência, transtornos sexuais, uso de drogas, estresse pós-traumático, depressão e suicídio. Os sentimentos mais descritos por quem teve a experiência do abuso são medo da morte, solidão, vergonha, culpa, ansiedade, isolamento social além de baixa autoestima. 
	No âmbito social a violência sexual pode gerar outras consequências como problemas familiares se tornando uma pessoa agressiva dentro de casa e problemas sociais, como dificuldades de socializar ou confiar nas novas relações sociais, abandono dos estudos, perda do emprego, separação conjugal, abandono do seu próprio lar. 
	A capacidade de se reconstruir após o trauma depende de inúmeros fatores e principalmente de uma rede de apoio bem estabelecida: meios legais que protejam a vítima, empatia dos que convivem com o abusado, suporte emocional adequado por meio de profissionais bem preparados, sensibilidade da sociedade para abordar o tema, educação da população para não contribuir com formas veladas de incentivo a culpabilidade da vítima.
	É aindade se pensar que todas ferida poder ser tratada, mas sem qualquer sombra de dúvidas deixa profundas cicatrizes. A violência sexual é tratada pelo Ministério da Saúde como uma violação aos direitos humanos e portanto não basta compreender a situação, mas combatê-la. 
6.2. Assistência as mulheres violentadas sexualmente
	A violência sexual foi reconhecida como um problema de saúde pública global em 1993, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e OMS. Desde então, muitas ações foram implementadas para estimular estudos sobre a violência contra a mulher e propor intervenções relativas à prevenção da agressão, atendimento adequado, humanizado e normatizado. 
	Atribui-se à boa assistência prestada o aumento do número de mulheres que recorrem aos serviços imediatamente após a violência sexual, com a utilização da contracepção de emergência nas primeiras horas após o evento e a consequente diminuição do número de interrupções da gravidez por estupro verificada na última década. 
	Em função disso, é fundamental que haja serviços que atendam a essa demanda de forma ágil, acolhedora, em bom ambiente e com capacidade de atuar nas preocupações imediatas (lesão física, DST, gravidez) e nas dificuldades psíquicas.
	O tratamento das vítimas de violência sexual, terão atendimentos prioritários, assegurados sua privacidade, e terão local especial nas unidades hospitalares, o atendimento inicial também é um ponto contemplado, já que pode ser um diferencial dependendo da gravidade do caso. Os profissionais devem ser treinados para oferecer um atendimento humanizado e compreensivo nos casos de violência sexual. 
	A mulher que procurar o serviço é acolhida por profissionais que realizam a escuta e depois encaminham para outros serviços da rede de enfretamento à violência. O objetivo é que a mulher atendida alcance a resolução do seu caso, através de apoio institucional e do fortalecimento da sua autoestima. 
	Art. 9º: A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
III - A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
	Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha criou vários mecanismos de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Confira quais instituições e serviços são oferecidos no país: Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs; Juizados/Varas especializadas; Casas-Abrigo; Casa da Mulher Brasileira; Centros de Referência de Atendimento à Mulher; Órgãos da Defensoria Pública.
	Destacam-se os Serviços de Saúde Especializados no Atendimento à Mulheres em Situação de Violência contam com equipes multidisciplinares (psicóloga/os, assistentes sociais, enfermeiras/os e medicas/os) capacitados para atender os casos de violência doméstica e violência sexual. Nos casos de violência sexual, realiza a contracepção de emergência, prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST) – incluindo o HIV; assim como o acolhimento, orientação e encaminhamento para casos de abortamento legal. Esses serviços fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS), que é universal e presta atendimento a toda população de forma gratuita.
	A Paraíba no enfrentamento à violência contra a mulher vai contar com duas estruturas da Polícia Civil especializadas nesse tipo de atendimento. A nova Central de Polícia Civil, no bairro João Paulo II, tem uma unidade da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) que atenderá aos bairros da Zona Sul da Capital. A sede da DEAM na Avenida Pedro II, no bairro da Torre.
CONCLUSÃO
	Apresentado o tema “Violência sexual contra as mulheres”, esse artigo levanta vários questionamentos sobre os tipos de violências sexuais, além de acompanhar as diferentes interpretações proposta pela uma sociedade que ainda precisa vencer o patriarcalismo, inúmeras visões distorcidas afetam a conscientização sobre o real problema que as mulheres enfrentam no dia a dia e dentro de todos os espações ocupados por elas. 
	Todos os tipos de violência vem atingindo mulheres desde a antiguidade, a violência sexual é uma das violências que vem perpetuando de forma horrível, dificilmente compreendida e combatida. A desigualdade de gênero é um fator primordial para cultuar cada vez mais esse tipo de violência, nos séculos passados as mulheres eram vistas como objeto para comercialização, eram a peça fundamental para a troca de manutenção e a preservação do poder econômico das famílias.
	As mulheres passaram a conquistar alguns direitos após a segunda guerra mundial, devido a morte de muitos homens na guerra, as mulheres ganharam espaços no mercado de trabalho, porém essa evolução não trouxe igualdade entre os gêneros, trabalhavam em situações precárias, recebiam salários baixíssimos e continuavam sofrendo descriminação, preconceito, suportavam assédio moral e sexual, longa jornada de trabalho, entre outros. Esses fatores são observados até nos dias atuais, é algo a que precisa ser combatido.
	Ser mulher era sinônimo de fragilidade, aos olhos masculinos eram incapazes de exercer qualquer função relacionada ao homem, as mulheres serviam para satisfazer seus desejos sexuais, atividades domésticas e a função de procriar. A classe feminina cansada de tanto sofrer vários tipos de violências, começaram a se organizar em movimentos, dando início ao feminismo em defesa dos direitos das mulheres, tentando romper o conservadorismo, desigualdade de gênero, buscando mudanças e reconhecimento da mulher como cidadã, almejando os mesmos direitos masculinos. 
	No Brasil as lutas femininas começaram a ter força depois de 1930 participando do cenário político, ampliação no mercado de trabalho, o direito do voto, porém esses direitos foram retirados no período da ditadura militar, pelo qual os direitos sociais de todos os cidadão foram negados. Apenas com a queda do regime militar feminismo ganhou força novamente para atuar a favor dos direitos femininos, conquistaram mais visibilidade nas questões individuais como ter autonomia e liberdade sobre seu próprio corpo.
	Toda trajetória para vencer o patriarcalismo, modelo conservador, visão de fragilidade, conquistar liberdade, ser reconhecida como cidadã de todos os direitos sociais e individuais, as mulheres só conquistaram seu marco de vitória com a Lei Maria da Penha em 2006, lei que ampara as mulheres de todas as violências sofridas dentro dos diversos âmbitos ocupados por elas.
	A violência sexual dentro da Lei Maria da Penha é julgada como qualquer ato que anule o direito sexual e reprodutivo. A mulher é dona de seu corpo e no entendimento da lei, são capazes de tomar qualquer decisão relacionado seu corpo, sendo assim deixando de ser objeto de direito masculino, são capacitadas para decidir o dia e a hora que querem fazer sexo, seja com seu marido ou qualquer pessoa de sua escolha, deixando de lado o pensamento da subordinação.
	Dentro da violência sexual regem vários tipos de violências a serem conscientizadas e combatidas, são elas: o estupro vulneral e marital, o tipo mais grave de abuso sexual, pois vem acompanhada de violência física e psicológica; a exploração sexual onde a vítima é usada para fins lucrativos, dificilmente denunciada, pois geralmente é com consentimento da própria vítima, devido à má condição financeira e outros fatores que influenciam a levar a esta caminho e o assédio sexual sofrido pelo um agressor superior a vítima, geralmente são praticadas em ambientealegando trocas de favores.
	A violência sexual no campo internacional não é visto como algo tão grave, porém alguns países não julga o sexo forçado, como um ato que necessita de punição, algumas legislações internacionais oferecem medidas proteção a mulher, mas deixam a desejar no campo da efetivação. No Brasil 67% das mulheres sofrem algum tipo de violência sexual, mas apenas aquelas que sofrem estupro acompanhada de violência física é colocada dentro da medida protetiva. No estado da Paraíba 70% das mulheres registram algum caso de violência, se tornando o segundo Estado com maior número de violência contra mulher.
	A violência sexual na maioria das vezes são praticadas dentro da própria casa por pessoas que deveriam protegê-las e respeitá-las, esse tipo de violência é um problema universal e um dos maiores causadores de transtornos mentais sofridos por mulheres, os danos são quase irreversíveis, a culpabilidade da vítima, infelizmente levam muitas mulheres ao suicídio. A violência sexual precisa ser entendida como ato destrutivo a vida da vítima, deve ser tratado como um problema de saúde pública, buscando alternativas para recuperar as vítimas e estabelecer um acompanhamento mais eficaz para que possam reconstruir sua vida. 
	A Lei Maria da Penha oferece proteção a mulher que sofre violência sexual, mas ainda deixam a desejar nas medidas de proteção e no acompanhamento as vítimas, porém a importância do trabalho em conjunto das esferas governamentais e a sociedade faz com que a lei tenha eficiência, eficácia e efetividade. Combater qualquer tipo de violência contra mulher é uma luta a ser travada por todos, começando conscientizar da criança ao idoso.
	A educação é a fonte para construir seres humanos melhores, é o meio que proporciona o conhecimento sobre os seus direitos e deveres diante de uma sociedade que precisa de mudanças para um futuro melhor. Que essa educação comece dentro de casa ganhando proporção maiores em outros lugares, cultivando o respeito e amor ao próximo. 
 
 
REFERÊNCIAS
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_________. Lei Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 26.07.18
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