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Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE Restauração em Amálgama Dentística No contexto atual da dentística, o amálgama caminha na contramão das características estéticas desejadas, mas ainda se apresenta como um material consagrado na odontologia. Ao observar os dentes com restaurações nessa imagem, observa-se uma grande discrepância entre amálgama dentário e o material restaurador estético, presente no 1º molar. O uso do amálgama é considerado obsoleto de diversas formas, não apenas no ponto de vista estético, no entanto, possui um papel social muito importante, principalmente levando em consideração as condições do sistema público de saúde de nosso país. É, portanto, imprescindível ter conhecimento acerca de sua técnica restauradora. Cenário Progresso: • Quase 200 anos de história - o amálgama foi o primeiro material restaurador direto para reconstrução funcional das estruturas dentárias, evoluindo por cerca de 200 anos na história da odontologia. Vale ressaltar que a atual dentística restauradora dá prioridade a um material estético, que vai também providenciar características positivas do ponto de vista psicológico e mecânico. • Restaurações em amálgama representavam 2/3 das restaurações existentes - em um cenário pregresso de 15 anos, mesmo com o advento das resinas compostas, o amálgama ainda estava presente na maioria das restaurações existentes de dentes posteriores. • Vida média de 10 a 20 anos - a resina se aproxima dessa característica, mas apenas o amálgama possui essa longevidade. Vantagens: • Fácil manipulação e emprego; • Auto-selamento marginal - o amálgama, por ser metálico, quando em contato com a umidade da cavidade bucal, libera subprodutos de corrosão que vão se depositar na interface dente-material restaurador melhorando gradativamente o seu selamento marginal; Na resina composta, se tem uma grande dificuldade em relação ao selamento marginal, pois, com o passar do tempo, a adesão da resina à estrutura vai diminuindo, enquanto no amálgama acontece exatamente o contrário. • Material restaurador direto com maior resistência ao desgaste - a resina também apresenta resistência ao desgaste satisfatório, no entanto, por ser o amálgama um material mais rígido e metálico, essa taxa de resistência ao desgaste é maior; • Longevidade comprovada; • Custo relativo baixo. Limitações: Estética deficiente, não se adere à estrutura dentária (hoje pode-se associá-lo a técnicas de outros materiais que conferem adesividade) e preparo retentivo requer maior desgaste estrutural. Composição: O amálgama é composto basicamente e em maior percentual por prata, estanho e cobre - a associação dentária americana estipula o percentual mínimo e máximo desses três metais. O percentual de cobre vai ofertar características importantes ao amálgama e até classificar essas ligas metálicas. Além disso, tem-se também outros compostos em pequenas quantidades, como zinco, índio, paládio e mercúrio - apesar de estarem em menor percentual, também estão incorporados ao pó da liga e conferem características especiais. Classificação: 1. Em Relação ao Conteúdo de Cobre: Tem-se as ligas com ‘‘baixo teor de cobre’’ - chamadas de convencionais, onde seu teor de cobre não ultrapassa 6%. Já as ligas consideradas com ‘‘alto teor de cobre’’, essa proporção é de 7-30%. Hoje em dia, praticamente todas as ligas modernas são classificadas como ligas de alto teor de cobre. 2. Em Relação ao Formato das Partículas: Nas ligas de alto teor de cobre, as partículas podem ser esferoidais, em formato de limalha - formato de agulha, mais irregular e as ligas de fase dispersa, que consiste em uma associação de partículas esferoidais e partículas em forma de limalha. Reação de Amalgamação: Processo desde à trituração do amálgama, até a sua inserção. A reação de amalgamação consiste na mistura do mercúrio em estado líquido com a liga de prata e estanho, que forma a fase Gama. Nas ligas com baixo teor de cobre, a partir do momento que o mercúrio líquido interage com a superfície da liga, vai ser fomada a fase Gama 1, que consiste no mercúrio em contato com a prata. A fase Gama 1 vai crescer de forma dendrítica, até que, em algum momento, o mercúrio em contato com estanho vai formar uma outra fase, que é a fase Gama 2 - representada no gráfico em vermelho. Ao final da reação da reação de amalgamação, da cristalização do amálgama, tem-se a fase Gama 1 em maior quantidade e a fase Gama 2, em menor quantidade. Tem-se ainda, porções da liga não reagida, ou seja, da fase Gama intacta. Dentre as fases da Reação de Amalgação, a que apresenta as melhores propriedades é a fase Gama - liga não reagida, quando se consegue manter essa fase no material final, vai-se produzir um amálgama de maior resistência. Já a fase Gama 2, apresenta as piores propriedades mecânicas, sendo a fase que confere maior corrosão ao amálgama. Nas ligas com alto teor de cobre, há o aumento no percentual de cobre dentro do material, tendo um consumo maior da fase Gama 2, que formará uma nova fase chamada de Fase Eta. A fase Eta possui propriedades mecânicas superiores a fase Gama 2, ou seja, será produzido um material com melhores propriedades físicas. Por isso é mais vantajoso utilizar ligas com alto teor de cobre. Evolução das Técnicas e Materiais Restaruadores: O amálgama, como material restaurador, evoluiu bastante no decorrer da história e adquiriu melhores características de longevidade. Bem como, seus artifícios de técnica, que também sofreram alterações, permitindo que sua indicação seja estendida - antes era restrita a cavidades pequenas, cuja amplitude não ultrapassasse um terço da distância intercuspídea. Hoje, com o avanço desse material e de sua técnica restauradora, consegue-se utilizar o amálgama em cavidades complexas, envolvendo toda cúspide dentária e até mesmo, toda coroa. Indicações: Classe 1, Classe 2 e Restaurações Complexas. OBS: Cavidades do tipo Classe 5, mesmo que em dentes posteriores, indica-se materiais com propriedades mais plásticas, como os ionômeros de vidro e as resinas compostas. Protocolo Clínico: 1. Diagnóstico e Planejamento: Para a realização do planejamento restaurador, precisa-se avaliar: • Sintomatologia - pra indicação de uma restauração direta, precisa-se saber se aquela sensibilidade é provocada e quais os estímulos que provocam essa sintomatologia, precisa-se saber também se o paciente apresenta uma polpa sadia ou uma patologia pulpar, que precisará ser tratada com outras especialidades - endo. • Qualidade do Remanescente Dentário -se está em condições de receber um procedimento direto ou indireto, de maior complexidade. • Oclusão - antes de iniciar o processo restaurador, precisa-se ter conhecimento acerca de todos os aspectos olcusais do paciente, e não apenas do elemento dentário em questão. • Expectativas do Paciente. 2. Anestesia: Precisa-se avaliar sua necessidade para fornecer um tratamento restaurador mais confortável ao paciente. 3. Verificação Inicial dos Contatos Oclusais: Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE Com um papel carbono, deve-se fazer o registro da mordida do paciente em máxima intercuspidação, além de avaliar os contatos oclusais nos movimentos de lateralidade e assim, traçar um mapeamento oclusal daquele elemento. Hoje em dia, além de esquema gráfico, pode-se utilizar recursos como a fotografia para marcar onde estão os contatos oclusais fisiológicos daquele paciente para que logo após a restauração possamos diferenciar um contato de equilíbrio normal do paciente de um sobrecontorno que precisa ser corrigido. Isso deve ser feito antes, senão o ajuste oclusal após a restauração finalizada será mais difícil. 4. Remoção do Tecido Cariado e Preparo Cavitário 5. Isolamento do Campo Operatório: O isolamento do campo operatório pode ser realizado antes da remoção do tecido cariado epreparo cavitário, com o objetvio de diminuir a quantidade de microorganismos circulando no aerosol produzido ou quando se tratar de cavidades profundas com o risco de exposição pulpar acidental. Formas de Retenção: Após a realização do preparo cavitário, precisa-se avaliar a cavidade como autoretentiva (profundidade maior que a largura) ou não retentiva. Formas de retenções para restaurações em amálgama: • Cavidades Simples: Faz-se retenções adicionais quando a cavidade é não retentiva ou usa-se amálgama adesivo. • Cavidades Complexas: Pinos intrarradiculares cimentados, pinos rosqueados em dentina, canaletas curvas, “Amalgapin” e amálgama adesivo. 6. Proteção da Dentina e da Polpa: A proteção da dentina e polpa depende da profundidade da cavidade, em cavidade rasas e médias, utiliza-se apenas o sistema adesivo. OBS: Evidências científicas comprovam que o sistema adesivo é bastante superior ao verniz cavitário, em relação ao poder de selamento e proteção da dentina. O sistema adesivo é utilizado para evitar o manchamento irreversível do amálgama sobre a superfície dentária. Em cavidades profundas, utiliza-se primeiramente o cimento inonômero de vidro, depois o sistema adesivo, para depois inciar com o material restaurador. Em cavidades muito profundas, cuja o remanescente dentinário em contato com a polpa é menor que 0,5 mm, precisa-se usar o cimento hidróxido de cálcio, depois o CIV (de preferência modificado por resina fotopolimerizável), para depois depositar o sistema adesivo e material restaurador. Se houver exposição da polpa, faz-se o capeamento direto através do hidróxido de cálcio PA ou a MTA, para depois seguir com as outras etapas. OBS: O número de materiais forradores aumenta de acordo com o aumento da profundidade da cavidade. 7. Trituração: Etapa que consiste em triturar o amálgama no amalgamador, de acordo com o tempo indicado pelo fabricante. Aspecto ideal do amálgama ao sair da cápsula: A imagem do meio representa o amálgama com as características ideais de manipulação, ele sai da cápsula com facilidade - sem que fique retido, possui temperatura média e um leve brilho acetinado. Diferentemente da imagem da direita, onde o amálgama foi super triturado, se apresentando com um brilho muito forte e reflexivo, o que significa excesso de mercúrio na liga, normalmente, é um amálgma que fica aderido a cápsula. Já na imagem da esquerda, tem-se um amálgama subtriturado, que possui forma irregular e não apresenta brilho. OBS: Uma das desvantagens do amálgama é sua biotoxicidade, causada pelo mercúrio. Por isso, todo resíduo de amálgama deve ser descartado corretamente, de forma segura, para que se evite danos ambientais. 8. Condensação: Tem o objetivo de preencher e adaptar às paredes da cavidade e compactar o amálgama. Para essa etapa, serão usados os calcadores Ward ou condensadores de amálgama - a sequência numérica do instrumental dependerá da pressão de condensação desejada. A condensação é feita incialmente com os calcadores de menor tamanho, que conferem maior pressão, esse calcador vai ser direcionado aos ângulos internos diedros de segundo grupo - onde se tem maior dificuldade de adaptação do material. À medida que se preenche as cavidades com mais porções de amálgma, segue para os calcadores de maior tamanho, de forma gradativa e paralela ao longo eixo do dente. A inserção do material deve ser feita em excesso, ou seja, o ideal é que a condensação seja realizada até a cúspide do dente, pois assim facilitará a escultura. Esse processo não deve ultrapassar 3,5min - tempo em que já inicia a fase de cristalização do amálgama. O início da condensação ocorre de encontro às paredes e ângulos diedros. Em cavidades classe II, deve se inicar pelas paredes proximais. Em cavidades classe I composta, iniciar pela caixa palatina ou vestibular. 9. Brunimento Pré-Escultura: Utiliza-se a porção arredondada do brunidor ovóide. O brunimento tem a função de: • Aumentar a densidade de núcleos de partículas; • Remover o excesso de mercúrio - deixando as partículas da fase gama não reagidas no material, aumentando sua resistência final; • Reduzir porosidade superficial; • Melhorar adaptação marginal - através do movimento do brunidor no sentido centro para periferia. 10. Escultura: O momento da escultura ocorre após o início da cristalização, quando se esculta o ‘‘grito do amálgama’’ - rangido característico do encontro do instrumento metálico com a superfície do amálgama cristalizado. Pode-se utilizar os esculpidores de amálgama ou o Hollemback 3S - instrumento de escultura com bordas cortantes. O instrumento deve estar bem apoiado e na inclinação ideal para definir sulcos e vertentes. A escultura precisa apresentar cúspides bem definidas, porém rasas, com sulcos suaves. OBS: Se o sulco for esculpido de forma profunda, áreas da restauração vão apresentar pequenas espessuras, por o amálgama ser um material friável, isso vai aumentar o risco de fratura dessa restauração. 11. Brunimento Pós-Escultura: Tem mesma função do brunimento pré-escultura, mas com objetivo de refinar melhor a superfície. • Superfície mais lisa; • Facilidade de polimento; • Aumento de propriedades mecânicas - devido a remoção do excesso de mercúrio; • Diminuição da infiltração marginal. Para esse tipo de brunimento, utiliza-se a porção mais afilada do brunidor ovóide e o brunidor de sulcos, que tem o formato de chapéu. Não se deve exercer muita pressão com o brunidor, para não retirar a escultura feita com o hollemback. 12. Remoção da Matriz: Momento bastante crítico nas restaurações do tipo classe II e classe I composta. É necessário adotar cuidados adicionais nessa remoção da matriz, tais como: • Corte prévio da matriz; • Remoção da cunha de madeira antes da matriz; • Remoção cautelosa no sentido proximal. Evitar fratura precose da restauração: Remover a matriz no sentido proximal é crucial para que não haja uma fratura precose da restauração. A matriz nunca deve ser removida por oclusal. 13. Ajuste Oclusal e Orientações: Fase de extrema importância pela baixa resistência a compressão do amálgama nas primeiras horas. Para o ajuste oclusal, deve-se solicitar que o paciente faça um movimento leve de mordida em máxima intercuspidação, utilizando o papel carbono interposto. Com os contatos oclusais marcados, faz-se a remoçaõ dos excessos com hollemback - se o amálgama já estiver em um estágio de cristalização muito avançado, utiliza-se brocas multilaminadas em baixa rotação. Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE Em relação a orientação ao paciente, deve-se reforçar a baixa resistência à compressão do amálgama, por isso, nas primeiras 24 horas do procedimento, o paciente deve mastigar apenas do lado oposto da restauração, para não haver uma fatura precoce. É preciso orientá-lo também quanto a higienização bucal, para que a restauração tenha maior longevidade. Protoloco Clínico: Após no mínimo 24 horas de restauração, é possível executar os procedimentos de acabamento e polimento com segurança, pois todo processo de cristalização do amálgama terá sido finalizado. 14. Acabamento e Polimento: Sequência de instrumentos e abrasivos em ordem decrescente de granulometria - Granulometria do instrumento diminui até chegar no polimento final da restauração. Essa fase confere uma boa lisura ao material, resistência ao desgaste e não retenção de biofilme na superfície, o que aumentaria o risco de corrosão e fraturas. Cuidados em relação ao aumento da temperatura: • Saúde Pulpar: Para evitar danos a saúde da polpa, o acabamento deve ser realizado com refrigeração, e o de polimento com pastas que dissipem o calor produzido. • Vapor de Mercúrio: O super aquecimento do amálgama favorece a liberação de vapores de mercúrio, aumentando o risco de toxicidade desse material. Acabamento: Utiliza-sebrocas multilaminadas de 12 a 24 lâminas, em baixa rotação. Quanto maior o número de lâminas em um material, menor o seu poder de corte, por isso, os instrumentais utilizados para acabamento vão possuir maior número de lâminas. Esse acabamento vai refinar a anatomia estabelecida na escultura, vai remover possíveis excessos que estejam sobrepassando o ângulo cavo superficial, vai complementar o ajuste oclusal e conferir um contorno mais fisiológico à restauração. Kit de brocas de formatos variados - vão ser usadas de acordo com o determinado acidente anatômico, ex.: para refinar um sulco, precisa-se de uma multilaminada esférica. Polimento: Existem técnicas diversas de polimento para amálgama, na disciplina será utilizado a técnica especial, que consiste na associação de borrachas abrasivas em ordem decrescente de granulação com uma pasta abrasiva (dissipa o calor, melhorando ação dos instrumentos) ou água. Essa pasta abrasiva pode ser pré fabricada, específica para o polimento de amálgama ou, pode-se fazer associação de uma pasta realizada com a mistura do pó do cimento de óxido de zinco e eugenol acrescentando álcool 70, até chegar em uma consistência de pasta que pode ser usada no polimento. As borrachas abrasivas têm formatos diferentes - de chama ou taça, que será escolhida de acordo com a superfície a ser polida. Em uma superfície oclusal, por exemplo, a borda da borracha em formado de taça vai ser bastante efetiva. A sequência correta dos instrumentos seria a borracha marrom, depois a verde e por último, a azul - ordem decrescente de granulação. Pode existir, ainda, uma última borracha de cor branca. A borracha deve estar sempre associada a pasta e deve ser lavada abundantemente entre o uso de uma borracha e outra, pois as partículas abrasivas irão interferir na ação do instrumento seguinte. Recurso que deixa a restauração mais brilhosa e altamente reflexiva - enrolar um pedaço de algodão na broca multilaminada, e acionar esse algodão juntamente com o pó de óxido de zinco seco, como se estivesse lustrando a restauração. Amálgama sem polimento Vs. Amálgama com polimento - superfície lisa e altamente reflexiva. Amálgama Adesivo: Segue a nova filosofia da dentística, que preza pela máxima prevenção e preservação, e mínima intervenção em relação a estrutura dentária sadia. A técnica do amálgama adesivo é definida pela utilização de materiais intermediários entre a estrutura dentária e o amálgama, esses materiais podem ser: cimento de ionômero de vidro, cimentos resinosos (com presa dual) e sistemas adesivos (com presa dual). OBS: Presa dual – quando o material tem a reação de presa ativada por luz e quimicamente. O uso do CIV como material intermediário é a técnica mais bem estabelecida e a que oferece mais vantagem, de acordo com a literatura. Técnica: Antes de inserir o amálgama, deve-se pincelar o CIV nas paredes da cavidade e, antes desse ionômero gelificar, inicia-se a condensação do amálgama. Após a presa, ambos estarão interagidos, dessa forma, o CIV se adere quimicamente com a dentina e com o amálgama. O CIV, portanto, age como um material intermediário responsável em reter o amálgama na cavidade dentária, por isso, o preparo para amálgma adesivo vai ser mais conservador - não precisa de rentenções adicionais, pois toda retenção vai ser dada pelo CIV. Para essa técnica, se da preferência ao CIV Convencional - presa química. Caso Clínico: Nesse caso, tem-se um molar superior apresentando uma restauração de amálgma antiga e uma lesão de cárie proximal associada a esse elemento. Ao fazer a radiografia, observou-se que a restauração oclusal está em íntimo contato com a lesão de cárie, então, como forma de coveniência, foi removida toda a restauração oclusal, permitindo um acesso melhor à lesão de cárie. O preparo cavitário para amálgama adesivo, vai consistir basicamente na remoção do tecido cariado com um instrumento esférico e a complementação desse preparo com broca 245 - possui extremo arredondado. A caixa oclusal do preparo possui ângulos internos arredondados, ao contrário do que se encontra no preparo para amálgama convencional. A broca 245 vai servir também para regularização do ângulo cavo superficial. Como pode se observar, a cavidade é muito profunda, por isso, precisa ser realizada a proteção da dentina e polpa, capeando a região mais profunda com cimento de hidróxido de cálcio. Em seguida, cobre-se o cimento hidróxido de cálcio com o CIV modificado por resina, sendo essa a sequência de proteção pulpar correta. Depois de estabelecer a proteção da dentina e polpa, começa-se a técnica do amálgama adesivo: Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE ATENÇÃO: Para o sucesso da técnica, o amálgama deve ser apenas acomodado na cavidade. Para que isto não implique em perda de resistência, ligas de partículas esféricas e condensadores de maior tamanho são os mais indicados para o amálgama adesivo com ionômero. Lembrar das três especificidades em relação aos materiais envolvidos na restauração de amálgama adesivo: o CIV deve ser quimicamente ativado, o amálgma deve possuir ligas de partículas esferóidais e deve-se utilizar condensadores e calcadores de maior tamanho, para se ter menor pressão de condensação. Vantagens: • Preparo conservador; • Redução da microinfiltração marginal; • Redução da sensibilidade pósoperatória devido ao selamento dos túbulos dentinários pelos materiais adesivos; • Excelente retenção; • Evita tatuagens na dentina por produtos de corrosão do amálgama. Limitações: • Aumento do tempo de trabalho; • Sensibilidade da técnica por ser adesiva; • Custo mais elevado; • Resistência, nos dias atuais, na aceitação pelos pacientes por não se tratar de um material da cor do dente.
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