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SUMÁRIO 1. Definição ....................................................................... 3 2. Epidemiologia .............................................................. 3 3. Causas ........................................................................... 3 4. Investigação ................................................................. 6 5. Propedêutica básica do casal ............................... 6 6. Tratamento .................................................................22 Referências bibliográficas ........................................28 3INFERTILIDADE 1. DEFINIÇÃO Para iniciar esse tópico, cabe definir a fertilidade como a aptidão para a reprodução, conceito que só existe quando aplicado para um casal. A in- fertilidade, por sua vez, é considerada um problema de saúde pela OMS, e pode ser definida como ausência de gestação após 12 meses de tenta- tivas, sendo tentativa caracterizada por uma vida sexual ativa (relações de 2 a 4 vezes por semana) sem a utilização de quaisquer métodos contraceptivos. A infertilidade pode ser definida como primária, quando não há gravidez anterior, ou secundária, aquela na qual ocorreu pelo menos uma con- cepção anterior. CONCEITO! Fertilidade = Aptidão para a reprodução x Fecundidade = Capaci- dade de um casal de conceber em um determinado período. 2. EPIDEMIOLOGIA Sabe-se que a chance de um casal normal, sem qualquer grau de infer- tilidade, de gravidez em um mês é de 20%. Cerca de 50% dos casais te- rão sucesso em três meses, 75% em seis meses e 85% em um ano. De 7 a 15% dos casais em idade reprodu- tiva, entretanto, podem apresentar infertilidade. Em um estudo da Organização Mun- dial de Saúde (OMS), foi relatado infertilidade por fator feminino em 37% dos casos, por fator masculino em 8% dos casos e infertilidade por fator masculino e feminino em 35% dos casais avaliados. O restante dos casais foi classificado com infertilida- de inexplicável ou engravidaram du- rante o estudo. EPIDEMIOLOGIA DA INFERTILIDADE (OMS) Fator feminino – 37% Fatores femininos e masculinos – 35% dos casos Fatores masculinos - 8% Restante: Infertilidade inexplicável ou gestação no período Tabela 1. Epidemiologia da Infertilidade – Fatores cau- sais (Fonte: UpToDate – Causas da Infertilidade Femini- na, 2020). 3. CAUSAS A infertilidade pode advir de causas femininas, masculinas, uma junção de ambas as causas ou ser uma ISCA (infertilidade sem causa apa- rente ou infertilidade inexplicável). Dentre todas as causas, as de maior prevalência são: fatores ovarianos (principalmente os ovulatórios) – 27%, fatores masculinos – 25%, fa- tores tubo peritoneais – 22%, ISCA – 17% e outros (envolvendo a junção de fatores masculinos e femininos) - 9%. Além disso, algumas literaturas consideram que se pode dividir as causas de infertilidades em masculi- nas (1/3), femininas (1/3) e a junção de ambas (1/3). 4INFERTILIDADE Gráfico 1. Prevalência das causas de infertilidade. Legenda: ISCA – Infertilidade sem causa aparente; Outros – Junção de fatores femininos e masculinos. (Fonte: Adaptado da Aula) Causas de Infertilidade Fatores ovarianos Fatores masculinos Fatores tuboperitoneais ISCA Outros 5INFERTILIDADE MAPA MENTAL: CAUSAS DA INFERTILIDADE CONJUGAL (Fonte: Uptodate, 2020) Fatores Ovarianos Fatores Tubo peritoneais Fatores Uterinos • SOP • Tireoidopatias • Hiper-prolactinemia • Baixa reserva funcional ovariana • DIP • Endometriose • Cirurgias prévias • Tuberculose • Síndrome de Asherman • Miomas uterinos • Pólipo endometrial • Anomalias congênitas Causas Femininas Infertilidade sem causa aparente (ISCA) Causas Masculinas Junção de causas Femininas e Masculinas Distúrbios endócrinos e sistêmicos Defeitos testiculares primários na espermatogênese Distúrbios de transporte do espermatozoide Infertilidade masculina idiopática ? 6INFERTILIDADE 4. INVESTIGAÇÃO A investigação deve ser iniciada após 12 meses de tentativa sem su- cesso. No entanto, a avaliação pode ser iniciada mais cedo, em mulheres com 35 anos ou mais, mulheres com ciclos menstruais irregulares ou fato- res de risco conhecidos para infertili- dade, como histórico de DIP ou mal- formações do trato reprodutivo. SE LIGA! A exceção que possibilita a investigação ser iniciada precocemente são mulheres com 35 anos ou mais, iniciando-se nesse caso a investiga- ção após 6 meses de tentativas sem sucesso. Essa investigação precoce se justifica pela perda de quantidade e qualidade dos óvulos. Devemos sem- pre lembrar que tempo é quantidade e qualidade de óvulos! Gráfico 2. Dinâmica ovariana – Diminuição da quantidade de folículos ovarianos disponíveis com o avançar da idade. (Fonte: https://www.procriar.com.br/idade-einfertilidade) Em se tratando de infertilidade, a in- vestigação é sempre conjugal! Mes- mo que o homem já tenha filhos de outras relações, tanto ele como a mu- lher devem sempre ser investigados. 5. PROPEDÊUTICA BÁSICA DO CASAL A propedêutica básica do casal en- volve a anamnese, o exame físico e alguns exames complementares específicos. Com relação à anamnese voltada para a mulher, os pontos mais importan- tes são a duração da infertilidade, 7INFERTILIDADE tratamentos anteriores e seus resul- tados, se realizados; história mens- trual, envolvendo a duração e carac- terísticas do ciclo, de forma a avaliar o status ovulatório; patologias pré- vias; história cirúrgica e ginecológica, buscando condições, procedimentos ou uso de medicamentos associados à infertilidade (cabe aqui um interro- gatório de sintomas que possam di- recionar a investigação para alguma causa, como dor pélvica, entre ou- tros); história obstétrica; história se- xual, inclusive disfunções sexuais e a frequência de coito; história familiar para infertilidade, defeitos congêni- tos e mutações genéticas; hábitos de vida e história social, incluindo ocu- pação, nível de estresse, dieta, ativi- dade física, abuso de substâncias ou qualquer outro fator que possa alterar a fertilidade. Já para o homem, a anamnese deve ser direcionada para o desenvolvi- mento sexual e puberal, incluin- do a presença de pelos no corpo e a descida testicular; histórico médico, avaliando a ocorrência de doença sis- têmica grave crônica, história de trau- matismo pélvico, infecções do trato gênito-urinário e IST’s, varicocele, en- tre outras patologias; história cirúr- gica, principalmente de cirurgias en- volvendo as áreas inguinal e escrotal, como a vasectomia ou orquiectomia; história de vida e social, abordando o abuso de substâncias, exposições ocupacionais ou mesmo radioterapia ou quimioterapia prévia; história se- xual, questionando sobre libido, fre- quência de relações, além do históri- co de fertilidade anterior. 8INFERTILIDADE O principal exame complementar utilizado na propedêutica para o homem é o espermograma, além dos exames pré-concepcionais quan- do pertinentes, como por exemplo sorologias para hepatites. Já os exames complementares para as mulheres são mais vastos, utili- zados na dependência da causa sub- jacente à infertilidade. Podemos citar a Ultrassonografia Transvaginal (USGTV - para avaliação anatômi- ca uterina), Histerossalpingografia (para avaliação da permeabilidade tubária), avaliação da presença de ciclos ovulatórios ou exames mais específicos para verificá-los, caso não seja possível inferir pela história. Além disso, deve-se solicitar os exa- mes básicos pré-concepcionais (ti- pagem sanguínea, sorologias – HBV, HCV, HIV, Sífilis, Toxoplasmose e Ru- béola – e TSH). MAPA MENTAL: COMPOSIÇÃO DA ANAMNESE NA INVESTIGAÇÃO DA INFERTILIDADE CONJUGAL (Fonte: UptoDate, 2020) Duração da infertilidade e tratamentos anteriores Anamnese – Mulher História menstrual História médica, cirúrgica e ginecológica História obstétrica História sexual História familiar Hábitos de vida e história social História do desenvolvimento sexual Anamnese - Homem Doençasistêmica grave Histórico de trauma pélvico Infecções do trato genitourinário e IST’s Procedimentos cirúrgicos envolvendo área inguinal e escrotal Drogas e exposições ambientais História sexual 9INFERTILIDADE Fator ovariano Dentre os fatores ovarianos, podemos citar como causas de infertilidade a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), tireoidopatias (principalmen- te o hipotireoidismo), hiperprolac- tinemia e baixa reserva funcional ovariana. A SOP é a principal causa de ano- vulação crônica, sendo essa a endo- crinopatia mais comum das mulheres no menacme, correspondendo a cer- ca de 80% dos casos de infertilida- de por fator ovariano. CONCEITO! Menacme é o período fértil e reprodutivo da mulher, que vai desde a primeira menstruação, na menarca, até a última menstruação, na menopausa. Trata-se de uma síndrome carac- terizada por ciclos anovulatórios ou oligo-ovulação, hiperandroge- nismo e múltiplos pequenos cistos ovarianos. Usualmente, a pacien- te busca atendimento médico por 3 quadros, sendo eles: ciclos anovula- tórios (sangramento uterino irregu- lar, oligomenorreia e até amenorreia), hiperandrogenismo (hirsutismo e acne, não sendo comum a virilização) e infertilidade. Além disso, a SOP pode se manifestar com quadros metabólicos como obesidade, resis- tência periférica à insulina, DM tipo II e dislipidemia, além de cursar com um risco independente aumentado para doenças cardiovasculares, de- vido ao estado inflamatório caracte- rístico da doença. A SOP é um diag- nóstico de exclusão, sendo realizado através dos Critérios de Rotterdam. O tratamento dessa síndrome envol- ve modificações do estilo de vida – que individualmente já aumentam o nível de ovulação -, indução de ciclos menstruais regulares e melhora do hirsutismo (através de anticoncep- cionais orais, finasterida, espironolac- tona e tratamentos cosméticos). SE LIGA! O principal critério utilizado para o diagnóstico da SOP é o Critério de Rotterdam. A paciente precisa ter dois dos três seguintes itens, após a exclusão de outras causas: ciclos ano- vulatórios (oligomenorreia ou disfunção menstrual), hiperandrogenismo clínico ou laboratorial e ovário policístico ao USG (≥12 folículos em um ovário ou vo- lume do ovário >10mL). 10INFERTILIDADE Figuras 1. A e B – Hirsutismo representado pela ocorrência de pelos em padrão andrógeno; C – Presença de múltiplos nódulos ovarianos observados ao USGTV. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) As patologias da tireoide, principal- mente o hipotireoidismo, estão as- sociadas a alterações no ciclo mens- trual, em sua duração e no volume de fluxo. Oligomenorreia e amenorreia são achados frequentes. Ainda que mulheres com hipotireoidismo leve possam ovular e engravidar, o tra- tamento com tiroxina é importante, auxiliando no retorno para o padrão menstrual normal, bem como aumen- tando a fertilidade. C Com relação ao achado de hiperpro- lactinemia, devem ser pesquisadas causas fisiológicas, farmacológicas ou secundárias ao aumento patoló- gico de secreção hormonal. Na au- sência de hipotireoidismo ou de cau- sas farmacológicas, os estudos de imagem auxiliam no diagnóstico de tumores hiper produtores de prolac- tina, como os adenomas hipofisários. O seu tratamento primário será rea- lizado através da administração de agonistas da dopamina. Figura 2. Imagem por ressonância magnética de um microadenoma hipofisário (seta). A – Imagem coronal.B – Ima- gem sagital. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) 11INFERTILIDADE Como podemos investigar e confirmar a ocorrência de ovulação? • Dosagem do pico de LH no meio do ciclo, o qual culmina em ovulação. • Dosagem de progesterona na 2ª fase do ciclo menstrual. Após a ovulação, a presença do corpo lú- teo vai gerar a produção de pro- gesterona na 2ª fase do ciclo. Dentre os fatores ovarianos supra- citados, os principais agentes envol- vidos na infertilidade são os fatores ovulatórios. SE LIGA! Clinicamente, pode-se con- siderar que pacientes com ciclos re- gulares (leia-se: ciclos de 21 a 35 dias, com duração de 3 a 7 dias de mens- truação a cada ciclo) possuam ciclos ovulatórios. O histórico menstrual é um excelente preditor de ovulação regular, portanto para uma paciente com ciclos regulares não há necessidade de uma investigação mais aprofundada sobre a sua ovulação. HORA DA REVISÃO! O ciclo menstrual pode ser avaliado de acordo com a perspectiva ovariana ou endometrial. Sob a perspectiva ovariana, o ciclo pode ser dividido em fase folicular pré-ovulatória e fase lútea pós-ovulatória. As fases correspondentes no endométrio são nomeadas como fase proliferativa (1ª fase) e fase secretora (2ª fase). Pode-se afirmar que os hormônios sexuais, o estrogênio e a progesterona, predominam em alguma fase. O estrogênio predomina na primeira fase, durante a maturação folicular bem como durante a proliferação endometrial. A progesterona, por sua vez, predomina após a ovulação, sendo resultado da fase do corpo lúteo, resultando na formação do endométrio com padrão secretor. Com relação aos hormônios sexuais, o FSH predomina durante a 1ª fase do ciclo, devido seu papel na ma- turação folicular. O LH possui seu pico de concentração no meio do ciclo, estímulo esse que gera a ovulação. Figura 3. A fase folicular do ciclo menstrual (dias 1 a 14 se caracteriza por níveis crescentes de estrogênio, espes- samento do endométrio e seleção do folículo dominante. Durante a segunda fase do ciclo menstrual, a fase lútea (dias 15 a 28), o corpo lúteo (CL) produz estrogênio e progesterona, principalmente o segundo hormônio, prepa- rando o endométrio para a nidação do embrião. Caso a implantação ocorra, o blastocisto em desenvolvimento começa a produzir gonadotrofina coriônica humana (hCG) com manutenção do corpo lúteo, o que preserva a produ- ção de progesterona até a formação adequada placentá- ria. Legendas: FSH – Hormônio folículo-estimulante; LH – Hormônio Luteinizante. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) 12INFERTILIDADE • USG seriado durante o ciclo menstrual, podendo observar o desenvolvimento de folículos an- trais e produção da dominância folicular pré-ovulatória. Durante o ciclo menstrual diversos folículos são maturados, porém usualmente apenas um desenvolve a domi- nância, tornando-se o responsável pela ovulação. Esse processo pode ser observado ao USG pélvico se- riado, o que demonstra a ocorrên- cia ou não de ovulação. Figura 4. Ultrassonografia pélvica seriada, para controle de ovulação. Demonstra fase folicular, com desenvolvimento de alguns folículos, seguido da dominância folicular proeminente na segunda imagem e ovulação. Por fim, pode-se observar o padrão ultrassonográfico da fase lútea. (Fonte: http://projetoapoioinfertilidade.blogspot.com/2017/10/ciclo- -mestrual.html) • Biópsia de endométrio na 2ª fase do ciclo menstrual, observando um endométrio de padrão secre- tor após a ovulação, com o estí- mulo da progesterona presente. Pouco realizado na prática, por ser invasivo e dispendioso. 13INFERTILIDADE HORA DA REVISÃO! O endométrio se transforma em um teci- do secretor após a ovulação, sendo esse período correlato à fase lútea ovariana no ciclo menstrual. Histologicamente, pode-se observar um endométrio com vacúolos subnucleares ricos em gli- cogênio que surgem nas glândulas en- dometriais, os quais se movem da base glandular para o lúmen, expelindo o conteúdo nesse último. Durante esse processo, as glândulas assumem uma morfologia mais tortuosa, com pre- sença de edema no tecido estromal. Além disso, as artérias espiraladas que irrigam o endométrio aumentam e se tornam mais tortuosas e espiraladas. Esse é o processo de preparação para a gestação realizado pelo endométrio. Não havendo a nidação do embrião, o corpo lúteo não é mantido, decaindo-se os níveis de progesterona que manti- nham o endométrio secretor, começan- do esse a entrar em colapso, o que gera a menstruação.Figura 5. Microfotografias que ilustram as mudanças endometriais durante o ciclo mens- trual. A – Fase proliferativa. B – Início da fase Secretora. C – Final da fase secretora. D – Fase menstrual. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) A reserva ovariana é nada mais que a quantidade de folículos que exis- tem no ovário, ainda a serem ovula- dos, em uma certa idade. A avaliação da reserva ovariana é quantitativa e não qualitativa. Podemos utilizar como arsenal diagnóstico o Hormô- nio Anti-Mulleriano (AMH), que é um hormônio produzido pelas células da granulosa dos folículos ovarianos, estimando a quantidade de folículos primordiais; a contagem de folículos antrais através do USGTV, no início do ciclo menstrual, por volta do 3º-5º dia do ciclo; a dosagem de FSH no 3º dia do ciclo. Altos níveis de estra- diol podem inibir a produção de FSH, gerando um resultado falso negativo. SE LIGA! Caso o AMH esteja elevado (> 1ng/mL), a contagem de folículos an- trais seja alta (≥10 folículos), e o valor do FSH esteja baixo (< 10mUI/mL), pode- -se considerar a reserva folicular como adequada. Fator tubo peritoneal São fatores que envolvem patologias modificadoras da tuba uterina, po- dendo cursar com alterações anatô- micas e aderências peritoneais, im- pedindo o movimento normal da tuba, a captura dos óvulos e o transporte desses para o útero, culminando na infertilidade. Pode-se citar como causas mais comuns: Doença Infla- matória Pélvica (DIP), endometriose, cirurgias prévias e tuberculose prévia, 14INFERTILIDADE sendo as duas primeiras causas mui- to mais prevalentes que as demais. A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção do trato genital femi- nino superior (acima do orifício interno do colo do útero), envolvendo útero, tubas e ovário. Pode afetar também peritônio e órgãos abdominais adja- centes. Cerca de 85% dos casos são considerados IST’s. É uma infecção polimicrobiana causada por germes que ascendem do colo uterino, sen- do os principais a Neisseria gonor- rhoeae e a Chlamydia trachomatis. O quadro clínico mais comum envolve dor pélvica, podendo estar associa- do a corrimento vaginal purulento. O diagnóstico é elaborado a partir de critérios maiores, menores e ela- borados. O tratamento com antibio- ticoterapia deve ser iniciado preco- cemente, para realizar a prevenção de sequelas, como a infertilidade. O tratamento ambulatorial de primei- ra linha preconizado pelo Ministé- rio da Saúde (MS) é a Ceftriaxona + Doxiciclina + Metronidazol, de forma a cobrir gonococos, clamídia e germes anaeróbios. FLUXOGRAMA: AVALIAÇÃO E MANEJO DA DIP (FONTE: PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015) • Questionar vida sexual • Sintomas associados que podem existir: queda do estado geral, febre, dispareunia. Paciente mulher, jovem, com história de dor pélvica aguda e corrimento mucopurulento associado. Diagnóstico: 3 critérios maiores e 1 menor Ou 1 critério elaborado Objetivo do tratamento: Reduzir riscos de complicações: Abscesso tubo-ovariano, Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, Infertilidade, Gestação ectópica e Dor Pélvica crônica • Maiores: Dor no hipogástrio, dor à palpação de anexos e dor à mobilização do colo • Menores: Temperatura > 37,5°C, conteúdo vaginal, massa pélvica, > 5 leucócitos por campo em material de endocérvice, leucocitose, alteração de provas inflamatórias, comprovação laboratorial de infecção por gonococo, clamídia ou micoplasma. • Elaborados: Evidência histopatológica de endometrite, presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em imagem e Laparoscopia com evidência de DIP • Ambulatorial: Ceftriaxona 500mg IM dose única + Doxiciclina 100mg VO 2x/dia por 14 dias + Metronidazol 250mg VO 2x/dia por 14 dias • Hospitalar: Ceftriaxona 1g EV por 14 dias+ Doxiciclina 100mg VO 2x/dia por 14 dias + Metronidazol 400mg EV 2x/ dia por 14 dias. 15INFERTILIDADE SAIBA MAIS! A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis corresponde, no período agudo, a formas mais graves da DIP, que podem evoluir com peri-hepatite, formando pequenos abscessos na superfície hepática. Em sua fase crônica, essa síndrome cursa com “aderências em corda de violino” entre o fígado e a parede abdominal anterior. Figura 6. Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. Pode-se observar as aderências em corda de violino entre a super- fície hepática e a parede abdominal anterior. (Fonte: New England Journal of Medicine, 2019) https://www. nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMicm1813625 A endometriose, por sua vez, é ca- racterizada pela presença de tecido endometrial ectópico, usualmente na pelve (principalmente no ovário), mas também pode estar presente no intestino, diafragma e até na cavida- de pleural. É encontrado em mulheres na menacme, já que é uma doença estrogênio-dependente. O quadro clínico se apresenta, normalmente, de três formas: de forma assintomática, um quadro de dor (dismenorreia, dor pélvica crônica e/ou dispareunia) ou através da infertilidade. Até metade das mulheres com infertilidade po- dem ter endometriose.Com relação à infertilidade, há uma grande dúvida sobre o que deve ser feito primei- ramente: a cirurgia ou a fertilização in-vitro. Não há um consenso sobre essa questão, devendo-se analisar caso a caso, incluindo a sintomatolo- gia da paciente. Sabe-se que a cirur- gia pode aumentar as taxas de gesta- ção em pacientes com endometriose, mas também há o risco de diminuir a reserva ovariana caso ocorram abor- dagens ovarianas. 16INFERTILIDADE Figura 7. Endometriose. Segundo consenso da European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) e da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), o padrão-ouro para diagnóstico de endometriose é laparos- copia com inspeção direta da cavidade e visualização dos implantes, não necessitando de biópsia para confirmação histopatológica. (Fonte: PCDT Endometriose, MS, 2010; https://www.clinicafgo.com.br/ginecologia/endometriose/) Algumas cirurgias, principalmente cirurgias abdominopélvicas, como a apendicectomia, possuem como possível complicação a manipulação inadequada de estruturas reproduti- vas femininas, podendo vir a gerar a infertilidade. A tuberculose geni- tal é uma forma rara de tuberculo- se, afetando principalmente as tubas uterinas e em seguida o endométrio. Usualmente o seu quadro clínico já se apresenta através da infertilida- de, devendo elevar o grau de suspei- ção para essa patologia diante de um quadro de infertilidade. Porém, essas duas entidades como causa de in- fertilidade tuboperitoneais são muito raras. Como realizar a avaliação da permeabilidade tubária? A Histerossalpingografia é o exame mais comumente utilizado. Através da injeção intrauterina de corante io- dado, o qual é captado através de imagens radiográficas sucessivas, observa-se se há dissipação desse corante na cavidade. 17INFERTILIDADE SE LIGA! A avaliação do extravasa- mento de contraste na cavidade pe- ritoneal tem como objetivo avaliar a permeabilidade tubária. Quando há o extravasamento, o chamamos de Sinal de Cotte positivo, sinal direto da pa- tência tubária mantida. Figura 8. Histerossalpingografia. A – Sinal de Cotte positivo, com extravasamento do contras- te para a cavidade peritoneal. B - Laqueadura; não se observa extravasamento do contraste em ambos os lados. C – Hidrossalpinge bila- teral. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014; http://radiologia.blog.br/diagnostico-por- -imagem/histerossalpingografia-saiba-tudo-so- bre-o-exame) A Laparoscopia com cromotuba- gem é outra opção para avaliação da permeabilidade tubária. A cro- motubagem é a injeção de corante com azul de metileno por via uterina, observando a saída do mesmo pela tuba uterina para a cavidade pélvica através da videolaparoscopia, deno- tando a permeabilidade das tubas uterinas. É um exame menos utili- zado, normalmente realizado quando a laparoscopia é indicada por outromotivo. SE LIGA! É importante salientar que a videolaparoscopia NÃO faz parte da avaliação inicial de infertilidade! Fator uterino Apesar de não ser uma das causas mais comuns de infertilidade, também podem estar associadas a ela. Dentre as causas que geram distorção da ca- vidade uterina e consequente menor fertilidade, podemos citar: A Síndrome de Asherman, na qual ocorrem sinéquias intrauterinas, ou seja, aderências ou cicatrizes usual- mente resultantes de manipulação intrauterina, principalmente na cure- tagem. Esse quadro gera amenor- reia secundária e infertilidade. 18INFERTILIDADE Figura 9. Síndrome de Asherman – Podem ser observados as sinéquias intrauterinas. A – Apresentação anatômica das sinéquias intrauterinas. B – Histerossalpingografia demonstrando sinéquias intrauterinas. C – USGTV com infusão salina apresentando sinéquias intrauterinas. (Fonte: Adaptado de Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014 e Netter’s Obstetrics and Ginecology, 2ª Ed.) Outra causa uterina são os Leiomio- mas uterinos, tumores de múscu- lo liso benignos, que podem impedir a implantação do zigoto a depender da sua localização e tamanho, princi- palmente o mioma submucoso, que gera distorção da cavidade uterina. A C Além disso existem os pólipos en- dometriais e lesões polipoides, tu- mores presentes na cavidade intrau- terina e as anomalias congênitas, principalmente as alterações mulle- rianas, como útero septado, útero bi- corno, útero unicorno, útero didelfo e agenesia uterina. Figura 10. Anomalias congênitas uterinas vistas através da histerossalpingografia. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) Nesse caso, deve-se avaliar a cavi- dade uterina em si. Existem alguns exames que podem fazer essa avalia- ção, dentre eles: A Histeroscopia se caracteriza pela avaliação endoscópica da cavidade intrauterina, sendo o principal mé- todo para definir anormalidades no interior do útero. É o exame padrão ouro para tal avaliação e além de diagnóstico pode ser terapêutico, através da excisão de lesões. É um 19INFERTILIDADE orifício interno do colo uterino, permi- tindo a passagem de uma fibra ótica por ele, possibilitando a visualização da cavidade uterina. exame simples, apesar de minima- mente invasivo, que pode ser realiza- do até em regime ambulatorial. Utili- za-se algum meio para distensão do A B Figura 11, Achados na Histeroscopia. A – Presença de leiomioma submucoso em cavidade uterina. B – Observação de pólipos endometriais à histeroscopia. (Fonte: Adaptado de Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) A Histerossalpingografia é menos utilizada, nesse caso. Por fim, existe a Histerossonografia, um USG com o auxílio da injeção de soro fisiológi- co na cavidade uterina, permitindo delinear melhor lesões na cavidade uterina, caso existam. Em alguns pou- cos casos podem-se utilizar também a ressonância magnética. Figura 12. Ultrassonografia transvaginal do útero no plano sagital. A – O endométrio está espessado nesta paciente pós-menopáusica. B – A ultrassonografia com infusão salina releva massa endometrial posterior e define melhor o seu tamanho e características. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) 20INFERTILIDADE SAIBA MAIS! A infertilidade inexplicável, ou infertilidade sem causa aparente (ISCA), pode ser defi- nida como a ausência de uma causa definível para a falha do casal em engravidar após 12 meses de tentativa de concepção, apesar de ter sido feita uma avaliação completa e de- talhada em busca de uma possível causa de infertilidade. Foram observadas alterações sutis de fertilidade tanto feminina como masculinas nesses casais, que em combinação suscitam em infertilidade inexplicável. As opções terapêuticas são as mesmas aplicadas em casais em que a causa da infertilidade é conhecida, em geral. MAPA MENTAL – CAUSAS DE INFERTILIDADE FEMININA Legenda: SOP – Síndrome dos Ovários Policísticos; DIP – Doença Inflamatória Pélvica. (Fonte: UpToDate, 2020). Uterinos Tubo peritoneais Ovarianos Síndrome de Asherman Leiomioma submucoso Pólipo endometrial Anomalias congênitas DIP Endometriose Cirurgias prévias Tuberculose genital SOP Tireoidopatias Hiperprolactinemia Baixa reserva ovariana 21INFERTILIDADE Fator masculino As causas da infertilidade masculi- na podem ser divididas em 4 grupos principais, sendo eles os distúrbios endócrinos e sistêmicos (relaciona- dos ao hipogonadismo secundário – hipogonadotrófico), defeitos testi- culares na espermatogênese (cor- responde de 65 a 80% dos casos de infertilidade masculina, sendo a maio- ria relacionados à dispermatogênese idiopática), distúrbios no transporte do espermatozoide e a infertilidade masculina idiopática (corresponde a um homem infértil com análise nor- mal do esperma e sem causa aparen- te de infertilidade). SE LIGA! A infertilidade masculina pode estar relacionada com diversas doenças, como por exemplo a Fibrose Cística, em que há agenesia dos canais deferentes ou epidídimo e a Síndrome de Kallman, em que o indivíduo possui anosmia as- sociada a hipogonadismo hipogonado- trófico. Pode relacionar-se também com síndromes genéticas, como a de Kline- felter (cariótipo 47, XXY), que pode le- var a hipogonadismo hipergonadotrófi- co, azoospermia e hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. CONCEITO! O hipogonadismo se ma- nifesta através de alterações da fun- ção testicular, envolvendo alterações hormonais ou alterações na produção espermática. O hipogonadismo pode ocorrer por alterações no próprio tes- tículo ou por doenças hipofisárias e/ ou hipotalâmicas, o que caracteri- za o hipogonadismo secundário ou hipogonadotrófico. É importante lembrar que fertilida- de prévia não exclui a necessidade de investigação do fator masculino. Além da anamnese e exame físico, o exame complementar inicial utili- zado na investigação masculina é o espermograma. SE LIGA! A coleta do esperma deve ser realizada em ambiente laborato- rial, pois o estudo da amostra deve ser realizado, no máximo, após uma hora de coletada. Cabe ressaltar, ainda que o homem deve respeitar um período de abstinência sexual de 2 a 3 dias antes da análise, visto que períodos menores podem prejudicar a contagem de esper- matozoides e maiores podem prejudicar à qualidade (motilidade e morfologia dos espermatozoides). Nesse exame, devem ser avaliados 5 itens, sendo eles: volume de eja- culação (2-5mL), concentração de espermatozoides (≥15 milhões/mL), motilidade – espermatozoides mó- veis e progressivos (≥32%), morfo- logia normal dos espermatozoides (≥4% – Critérios de Kruger e ≥30% 22INFERTILIDADE - Critérios da OMS) e concentração de leucócitos (<1 milhão/mL). ESPERMOGRAMA Paramêtro avaliado Valor de Referência (VR) Volume Ejaculatório 2 a 5 mL Concentração de Espermatozoides ≥ 15 milhões/mL Motilidade (Espermatozoides móveis e progressivos) ≥ 32% Morfologia Normal ≥ 4% (Critérios de Kruger) ≥ 30% (Critérios da OMS) Concentração de Leucócitos < 1 milhão/mL Tabela 2. Avaliação do Espermograma. (Fonte: UpToDate – Causas da Infertilidade Masculina, 2020) SE LIGA! É importante saber a termi- nologia relacionada às alterações do espermograma para poder avaliar o seu resultado, lembrando que podem exis- tir combinações desses fatores em um mesmo exame: • Baixa motilidade = Astenozoospermia • Ausência de espermatozoide = Azoospermia • Diminuição da concentração de es- permatozoides = Oligozoospermia • Morfologia alterada = Teratozoospermia 6. TRATAMENTO Para o tratamento da infertilidade conjugal podem ser empregadas téc- nicas de baixa complexidade ou técnicas de alta complexidade, que diferem com relação ao nível de tec- nologia utilizado. Técnicas de Baixa Complexidade: Existem basicamente duas técni- cas de baixa complexidade. O coito programado nada mais é que a pro- gramação de quando o coito deve ser realizado pelo casal, durante a janela fértil da paciente. Para utili- zar essa técnica, a paciente deve tertubas normais e seu parceiro deve possuir um espermograma normal. A Inseminação intrauterina corres- ponde, por sua vez, a injeção do sê- men na cavidade uterina, após a se- leção dos espermatozoides móveis e morfologicamente normais, ocorrendo a fertilização no próprio organismo da mulher. Deve-se utilizar esse mé- todo quando as tubas uterinas forem normais, podendo haver fator mas- culino e/ou ovulatório leve.Aqui cabe uma distinção para com a Fertiliza- ção In-Vitro (FIV), o qual é um mé- todo de alta complexidade em que o 23INFERTILIDADE processo de fertilização do óvulo pelo espermatozoide ocorre in-vitro, não no organismo feminino. Figura 13. Inseminação intrauterina – Técnica de baixa complexidade. (Fonte: Adaptado de Ginecologia de Williams, 2ª Ed., 2014) Nos métodos de baixa complexida- de, administra-se o HCG 34-36 ho- ras antes do método, fármaco que mimetiza o pico de LH, gerando a ovulação e possibilitando a fertili- zação. Além disso, pode-se utilizar fármacos Indutores de Ovulação, sendo o mais comumente utilizado o Clomifeno, administrado do 5º ao 10º dia do ciclo menstrual, principal- mente no contexto da SOP. Outros medicamentos que podem ser utili- zados são o Letrozol e o FSH. MEDICAMENTOS INDUTORES DE OVULAÇÃO Citrato de Clomifeno Administração: Via Oral Dose: 50mg/dia por 5 dias. Aumento de 50mg a cada ciclo até indução da ovulação. Preparações de Gonadotrofina (Podem conter FSH, LH e hCG) Administração: IM Dose: 50 a 75 UI/dia, com protocolo progressivo. Letrozol Administração: Via Oral Dose: 2,5 a 5 mg/dia, por 5 dias. Tabela 3. Indutores de Ovulação – Medicamentos utilizados, vias de administração e doses (Fonte: Adaptado de Gi- necologia de Williams, 2ª Ed, 2014) SE LIGA! O clomifeno é um fármaco que age antagonizando o estrogênio, ge- rando um feedback positivo ao hipotála- mo, que por sua vez secreta o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), es- timulando a hipófise, culminando com a secreção e elevação do nível de FSH, estimulando por fim o desenvolvi- mento folicular ovariano. Esse desen- volvimento deve ser acompanhado por USG seriados, visto que pode levar a gestações múltiplas caso haja um de- senvolvimento excessivo. Técnicas de Alta Complexidade A principal técnica de alta complexi- dade é a Fertilização In-Vitro (FIV). Nesse caso, o embrião é formado fora do organismo da paciente e implantado na cavidade uterina. Tem como principais indicações do- enças tubárias graves, espermo- grama ruim, doenças genéticas (pois é uma técnica que possibilita a 24INFERTILIDADE • Realiza-se a captação dos óvulos antes do rompimento desses. • Fertilização ou Injeção intra-ci- toplasmática: junção do óvulo com o espermatozoide. A segunda técnica é utilizada quando há fato- res masculinos proeminentes. • Transferência do embrião: im- plante do embrião na cavidade ute- rina. Pode ser realizado no mesmo ciclo ou em outro, quando se usa o método de congelamento. seleção genética embrionária) e fa- lhas com técnicas de baixa comple- xidade. A paciente submetida à FIV utiliza alguns medicamentos para o procedimento, como o FSH (para estimular os folículos ovarianos), aná- logo ou antagonista de GnRH (evi- tando o pico endógeno de LH preco- cemente) e HCG, gerando a ovulação. Esse procedimento segue alguns passos: • Estímulo para a formação de mais folículos que o comum. Figura 14. Etapas da FIV – Observa-se a captação dos óvulos, seguida da fertilização in-vitro, e por fim a transferên- cia do embrião para a cavidade uterina, após cultivo do mesmo. (Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª Ed, 2014) 25INFERTILIDADE SAIBA MAIS! Em quadros de Hidrossalpinge bilateral há uma dilatação das tubas uterinas, com acúmu- lo de líquido que contém diversas substâncias inflamatórias, prejudicando a nidação do embrião. Portanto, o resultado da FIV em uma paciente com hidrossalpinge é muito ruim, devendo-se realizar a salpingectomia antes do procedimento. HORA DA REVISÃO! Salpingectomia é a retirada cirúrgica das tubas uterinas, podendo ser realizada para o tratamento de patologias como a hidrossalpinge ou em casos de gestação ectópica. Além do tratamento geral da in- fertilidade, algumas patologias específicas podem demandar tra- tamentos específicos. Tanto os pólipos endometriais, bem como o mioma submucoso e a sín- drome de Asherman podem ser tra- tados através da histeroscopia cirúr- gica, que como dito anteriormente, além de ser um procedimento diag- nóstico pode ser também um proce- dimento terapêutico. FIgura 15. Histeroscopia Cirúrgica (Fonte: Netter’s Obstetrics and Ginecology 2ª Ed.) 26INFERTILIDADE analisar caso a caso, incluindo a sin- tomatologia da paciente. Devemos lembrar que a cirurgia pode tanto me- lhorar a fertilidade como piorar, caso sejam necessárias abordagens ova- rianas durante o procedimento. Com relação à Endometriose, como abordado anteriormente, não exis- te um consenso em literatura, porém admite-se que a FIV poderia ser re- alizada antes do procedimento ci- rúrgico, em alguns casos. Deve-se FLUXOGRAMA: ORDEM DE TRATAMENTO NA INFERTILIDADE CONJUGAL Fonte: Adaptado da Aula • Atividade física • Dieta • Perda de peso Modificações no estilo de vida Técnicas de Baixa Complexidade Técnicas de Alta complexidade Tratamentos específicos • Coito Programado • Inseminação Intrauterina • Indução de Ovulação • Fertilização In-Vitro (FIV) • Leiomioma submucoso, pólipos endometriais e síndrome de Asherman: Histeroscopia cirúrgica • Endometriose: FIV x Cirurgia 27INFERTILIDADE MAPA MENTAL: VAMOS REVISAR? Ausência de gestação após 12 meses de tentativas de concepção, sem a utilização de métodos contraceptivos DEFINIÇÃO Fatores Uterinos Fator Tuboperitoneal Fator Ovariano Masculinas Femininas Primária ou secundária Mudanças no estilo de vida Baixa Complexidade Alta complexidade TRATAMENTO Propedêutica Investigação: Após 12 meses. Em mulheres ≥35 anos, após 6 meses. Anamnese Homem: Espermograma Exame Físico Mulher: USGTV Histerossalpingografia Avaliação da ovulação Exames pré- concepcionais Tratamentos específicos Idiopática Distúrbios no transporte espermático Defeitos testiculares na espermatogênese Distúrbios endócrinos e sistêmicos Causas Sinéquias Leiomioma Pólipos Anomalias DIP Endometriose Cirurgias Tuberculose SOP Tireoidopatias Hiperprolactinemia Baixa reserva ovariana 28INFERTILIDADE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Baracat, Edmund Chada. Manual de Ginecologia Endócrina. Federação Brasileira das Asso- ciações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. Hoffman, Schorge, Schaffer, Halvorson, Bradshaw, Cunningham. Ginecologia de Williams. Department of Obstetrics and Gynecology University of Texas Southwestern Medical Cen- ter at Dallas, 2ª Ed., 2014. Mark D Hornstein, MD, William E Gibbons, MD. Unexplained infertility. In: UpToDate, Post, TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA, 2014. https://www.uptodate.com (Accessed on April 18, 2020.) Wendy Kuohung, MD, Mark D Hornstein, MD. Causes of female infertility. In: UpToDate, Post, TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA, 2014. https://www.uptodate.com (Accessed on April 18, 2020.) Wendy Kuohung, MD, Mark D Hornstein, MD. Evaluation off emale infertility. In: UpToDate, Post, TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA, 2014. https://www.uptodate.com (Accessed on April 18, 2020.) Wendy Kuohung, MD, Mark D Hornstein, MD. Overview of infertility. In: UpToDate, Post, TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA, 2014. https://www.uptodate.com (Accessed on April 18, 2020.) 29INFERTILIDADE
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