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Teoria Geral do Processo Penal - aula I (1)

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Teoria Geral do 
Direito Penal
Prof. Paulo Cunha
Plano de Ensino
• Teoria Geral do Direito Penal – Ementa
Conceito, teorias e correntes sobre o crime.
Aplicação da lei penal. Anterioridade da lei. Lei penal no tempo. Lei excepcional ou
temporária.
Tempo do crime. Territorialidade. Lugar do crime. Extraterritorialidade
Contagem de prazo. Frações não computáveis da pena. Teoria geral do crime. Relação
de causalidade. Superveniência de causa independente. Relevância da omissão. Crime
consumado. Tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz.
Arrependimento posterior. Crime impossível
Plano de Ensino
Relação de causalidade. 
Superveniência de causa independente. 
Relevância da omissão. 
Crime consumado. Tentativa. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. 
Crime impossível
Plano de Ensino
• Elementos Norteadores:
Conceito de Direito Penal
Direito Material x Direito Processual
Aplicação do Direito Penal (Princípio da Anterioridade e da Legalidade)
Lugar do Crime e Tempo do Crime
Ultima ratio
Plano de Ensino
Forma das avaliações
• Única avaliação -NP2 (0,0-10,0)
• Avaliação complementar - Estudo de caso (0,0-3,0)
Plano de Ensino
• Bibliografia:
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 7ª ed. São Paulo: Renovar, 
2007. 
JESUS, Damásio E. de. Direito penal: parte geral. 29ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2008. v. 1.
MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de direito penal: parte geral. 24ª ed. São 
Paulo: Atlas, 2007. v. 1.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Conceito: o direito penal pode ser conceituado de acordo com os aspectos
que o formam, de modo que assim entendende-se:
Aspecto formal ou estático: conjunto de normas que qualificam certos
comportamentos humanos não aceitos pelo Estado, define os seus agentes
e fixa as punições adequadas a serem aplicadas ao infrator.
Exemplo do poder punitivo que possui o Estado.
Sintetiza o poder que o Estado possui de delimitar algumas condutas como
práticas criminosas e assim punir o sujeito que as pratica.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Aspecto Material: aqui, o cerne da conceituação se refere a valoração da
conduta do agente, ou seja, o Direito Penal refere-se a comportamentos
altamente reprováveis e danosos ao corpo social, afetando bens jurídicos
indispensáveis à sua própria conservação e progresso.
Análise a proteção do Bem Jurídico Tutelado pelo Estado.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Aspecto Sociológico ou Dinâmico: instrumento de controle social de 
comportamentos desviados que em conjunto com os demais objetiva 
assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica 
dos membros do seu grupo.
Limitação da vontade do indivíduo.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Direito Penal – Instrumento de Manutenção da Normalidade-Paz Social
Contrato Social: O filósofo Jean-Jacques Rousseau é o criador do
que conhecemos como contrato social. Ou seja, é um acordo que
regula a convivência das pessoas em sociedade de maneira
organizada através de um Estado que protege os direitos e a
liberdade dos seus membros.
E quando algum indivíduo quebra alguma regra de convivência social?
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• O Estado possui o poder dever de aplicar uma medida de controle social a
fim de que a normalidade e a boa convivência possa retornar a sociedade.
• Aqui, vislumbramos como instrumentos desse controle o direito penal, o
direto civil, o direito trabalhista etc.
• Ocorre que o Direito Penal tem como grande diferença das demais normas
dos ramos do Direito (civil, trabalhista, tributário etc) justamente a
possibilidade de aplicar sanções graves como sua principal consequência
jurídica.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Direito Penal como Ultima ratio e Princípio da Intervenção Mínima
Orienta e limita o poder incriminador do Estado.
“Se outras formas de sanção ou outros meios de controle social
revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é
inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem
jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são
estas que devem ser empregadas e não as penais.” Bitencourt.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Aspectos da Conceituação do Direito Penal:
Direito Penal não é considerada a única ferramenta de controle e estudo da
ligação entre o crime e a aplicação da pena.
Nesse sentido quando analisamos a Ciência do Direito Penal concluímos que
o seu campo de estuda e adequação é muito maior, inclusive levando em
consideração as manifestações sociais da conduta criminosa e as condições
pessoais da vítima e do infrator:
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Nesse sentido, sintetiza Anibal Bruno:
“Que sem deixar de ser essencialmente jurídica, se alimenta da
substância das coisas: da realidade social e dos aspectos fenomênicos do
crime, para o fim de compreender melhor o próprio Direito vigente e
favorecer-lhe a sua missão prática de disciplina da criminalidade”.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Ainda nesse sentido, destaque-se o gênero: Ciências Penais, ramo de estudo que 
pretende entender o crime como algo natural, procurando-lhe apontar causas, com o 
emprego de método positivo de observação e experimentação.
Possui como integrantes desse gênero: a Criminologia e a Política Penal.
A criminologia é ciência empírica que procura estuda todos os sujeitos da atividade 
criminosa (crime, a pessoa do criminoso, a vítima e por fim o comportamento da 
sociedade). O foco da análise não é o que precede o crime, mas sim o momento 
posterior a sua origem bem como a dispersão dos seus efeitos na sociedade. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Por sua vez, a Política Criminal, objetiva atuar no trabalho de estratégicas e 
meios de controle social da criminalidade (caráter teleológico) a fim de com 
traçar objetivos claros a serem adimplidos.
Papel relevante na transformação legislativa penal.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
DIREITO PENAL CIÊNCIA DO 
DIREITO PENAL
CRIMINOLOGIA POLÍTICA 
CRIMINAL
Conduta e punição Crime como fato natural Crime, criminoso, vítima 
e o comportamento 
social
Uso das ferramentas de 
análise colhida a fim de 
desenvolver estratégias 
para o combate do crime
Aqui, existe
preocupação sobre a
norma penal e o seu
papel no crime.
(aplicação justa e
razoável)
Não se preocupa com o
conteúdo normativo
aplicado, dando ênfase
ao crime, criminoso e a
vítima
Aqui, existe
preocupação sobre a
norma penal e o seu
papel no crime.
(percepção acerca da
efetividade da norma e
eficácia social).
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Funcionalismo:
Novo movimento do direito penal, o qual se atribui a discussão face a real
função do direito penal, qual seja: proteger bens jurídicos ou garantir a
manutenção do sistema penal, através da severa punição do infrator.
Deriva assim, duas correntes:
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Funcionalismo Teleológico (moderado):
Claus Roxim
A função do direito penal é defender os bens jurídicos, assim considerados os 
valores indispensáveis a boa convivência social.
Respeito as Garantias Fundamentais da Pena.
Princípio da Atipicidade Material.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Funcionalismo Sistêmico (radical): 
Gunther Jakobs
A função do direito penal é a de assegurar o império da norma, mostrando que o 
direito posto existe e não pode ser violado.
Direito Penal do Inimigo – Tratamento do criminoso como verdadeiro inimigo da 
sociedade.
Lei dos Crimes Hediondos e Lei da Segurança Nacional. (procura punir o criminoso 
independentemente de fatores alheios a prática do crime).
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Categorias do Direito Penal: 
A fim de contribuir com o aprendizado a doutrina costuma dividir o Dir. Penal 
em categorias:
a) Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo: 
O dir. penal substantivo corresponde a parcela do direito denominadamaterial, 
ou seja, é aquela responsável por criar os tipos penais (crimes e contravenções 
penais). Ex: art. 121 do CP, 147 do CP etc.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Por sua vez, o direito penal adjetivo, veicula as normas destinadas a
instrumentalizar a atuação do Estado diante da ocorrência de um crime. (direito
processual).
Em apertado resumo, o Estado descreve qual conduta não é aceita pela
sociedade (direito penal material). Após, tal descrição é necessário apresentar as
formas e os meios de responsabilização do agente que por sua vez desrespeita
tal proibição (direito penal processual).
Introdução ao Estudo do Direito Penal
a) Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo: 
O direito penal objetivo, também chamado de jus poenale, traduz o conjunto de 
normas vigentes no nosso ordenamento jurídico. (Código Penal e Legislação 
Extravagante).
Respeito ao Princípio da Legalidade.
Por outro lado, o direito penal subjetivo, restringe-se ao poder dever do Estado 
de punir, o agente infrator, ou seja, o direito que o Estado possui de punir. (jus 
puniendi).
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Direito Penal Subjetivo 
Dir. Penal Subjetivo Positivo
Capacidade do Estado de criar e executar 
normas
Dir. Penal Subjetivo Negativo
Capacidade do Estado de derrogar preceitos 
penais, afastando a eficácia da norma perante a 
sociedade.
Ocorre através do Poder Legislativo ou STF.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Limites do Poder Punitivo:
Modo: o direito de punir limita-se aos Princípios e Garantias 
Fundamentais.
Espaço: a lei brasileira aplica-se apenas aos crimes praticados no Brasil, 
tal medida é exemplo de soberania.
Tempo: o direito de punir não é eterno, limita-se no tempo pelo 
instituto da prescrição (causa extintiva de punibilidade prevista no art. 
107 do CP).
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Cumpre ainda destacar que o direito de punir é exclusivo do Estado, ou seja, inexiste 
a possibilidade do repasse de tal prerrogativa.
• Proibição da Justiça Privada
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, 
embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena 
correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede 
mediante queixa.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Exceção:
Dispõe sobre o Estatuto do Índio .
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as
instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus
membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida
em qualquer caso a pena de morte.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
c) Direito Penal de Emergência, Direito Penal Promocional e Direito 
Penal Simbólico:
O direito penal de emergência, caracteriza-se pela atuação do legislador de
forma indevida, agindo com o único fim punitivista, ignorando as garantias do
cidadão.
Fim meramente representativo, tentativa de mostrar para a população a falsa
sensação de tranquilidade, imbuída tão somente pela criação ou aumento de
pena.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Já o direito penal promocional, veicula o uso novamente indevido do direito 
penal, agora tão somente com o fim de concretizar os objetivos políticos dos 
agentes públicos.
O uso do direito penal como transformação social.
Por fim, o direito penal simbólico, refere-se a criação de normas penais, de
forma isolada, sem a preocupação da oferta dos meios de transformação social,
ocasionando assim o acúmulo de leis que não produzem resultado efetivo.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
d) Direito de Intervenção:
Winfried Hassemer – Escola de Frankfurt.
Direito penal não deve ser alargado, mas utilizado tão somente na proteção de bens 
jurídicos individuais (vida, integridade física, honra, liberdade individual) e daqueles 
que causem perigo concreto.
As infrações de perigo abstrato ou ainda de índole coletiva devem ser tuteladas pela 
Administração Pública, mais flexível, sem a possibilidade de privação da liberdade. 
Portanto surge um novo tipo de ramo do direito: direito de intervenção.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Para os doutrinadores que defendem essa nova divisão do direito, verifica-se
que com essa sistemática o Estado teria meios modernos de buscar a punição
efetiva dos criminosos, inclusive atuando em tempo hábil e célere.
Por outro lado, para aqueles que criticam tal teoria, aduz que o direito de
intervenção serviria para acentuar um problema de divisão social penal, ou seja,
escancararia o uso do direito penal tão somente para punir as classes sociais
mais vulneráveis.
Diferenciação de punição impossível no Estado Democrático de Direito.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
e) Direito Penal Protetivo a Vida da Sociedade: 
Originada por Gunther Stratenwert, e contraria totalmente a teoria do Direito
de Intervenção, destacando que o Direito Penal deve servir não a
individualidade, mas sim a coletividade.
Mudança de ideia de proteção de bens jurídicos pela tutela direta de relações ou
contexto de vida (o Estado pode se necessário intervir antes mesmo da
ocorrência do crime) a fim de proteger o antes crime.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
f) Dir. Penal Garantista:
Luigi Ferrajoli
A CF é o fundamento de validade de todas as normas infraconstitucionais que deverão
respeitar os direitos fundamentais nela consagrados.
Restrição do uso do dir. penal, principalmente quando possa confrontar-se com algum
aspecto dos direitos fundamentais.
Ex: Pronúncia – Princ. In dubio pro Societate (contrariedade a medida que a CF
atribui o dever da acusação na produção de elementos para convicção do crime).
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Privatização do Direito Penal:
Crescimento do papel da vítima no Dir. Penal
Substituição do enfoque do objetivo punitivo do Estado pela consagração dos 
interesses da vítima.
Criminologia.
Lei 9.099/95 – Juizados Especiais.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Dispositivos Penais sob enfoque da Vítima
Composição Civil – art. 74 da lei 9.099/95
Extinção de punibilidade – Suspensão Condicional do Processo – art. 89 da lei 9.099/95
Extinção de punibilidade – Suspensão Condicional do Pena – art. 81 da CP
Prestação Pecuniária – Art, 45, §1º CP
Fixação de Quantum Mínimo a servir de Reparação – Art. 387, IV, CPP
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Surgimento da Justiça Consensual:
“recentemente, a introdução da relação autor vitima reparação no
sistema de sanções penais nos conduz a um modelo de três vias,
onde a reparação surge como uma terceira função da pena
conjuntamente com a retribuição e prevenção”.
Criação de dispositivos penais que garantem a reparação do dano a vítima.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
• Velocidades do Direito Penal:
Idealizada por Jesus-Maria Silva Sanchez
Discorre sobre o tempo que o Estado leva para punir o infrator, a depender da
natureza da infração praticada.
Introdução ao Estudo do Direito Penal
Velocidades do Dir. Penal
1º velocidade
Crimes mais graves, punidos com pena de privação
a liberdade, por este motivo exigem procedimento
mais demorado e rigoroso, observando todas as
garantias penais.
2º velocidade
Relativiza e flexibiliza direitos, todavia impedem a
punição de penas de privação a liberdade,
possibilitando procedimento mais célere. (penal
alternativas).
3º velocidade
Junção das duas teorias anteriores. Possibilidade de
penas privativas de liberdade e flexibilização de
direitos. Exemplo de medida Direito Penal do
Inimigo.

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