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MODELOS DE MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS: UM PANORAMA CRÍTICO Paula Emiko Kuwamoto (FGV/EAESP) kuwamoto@gmail.com Alberto Luiz Albertin (FGV/EAESP) albertin@fgv.br Rovílson Dias da Silva (FGV/EAESP) rovilson.dias@gmail.com Carlos Eduardo Coelho Ferreira (FGV/EAESP) cecf@gvmail.br Modelos de maturidade em Gerenciamento de Projetos é um assunto de interesse cada vez mais crescente entre as organizações, que atuam fortemente com o desenvolvimento de projetos em suas atividades cotidianas, como nas de Tecnologia de Infoormação. Entretanto, o assunto é raramente abordado na Academia sob o ponto de vista da gestão, sendo mais frequentemente analisado sob um ponto de vista técnico, por meio da combinação de modelos ou análise de aplicações. Este artigo tem como objetivo fornecer um panorama a respeito dos principais modelos de maturidade com base na revisão da literatura disponível sobre o assunto, e também contribuir com uma visão crítica sobre o assunto. De maneira nenhuma este artigo visa esgotar o assunto, mas sim organizar o conhecimento a respeito do tema, fornecendo assim base para futuros trabalhos sobre esse assunto. Palavras-chaves: gerenciamento de projetos, modelos de maturidade, software processs improvement XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 2 1. Introdução O conceito de maturidade em Gerenciamento de Projetos tem sua raiz originada no movimento de TQM (Total Quality Management), em que técnicas de controle estatístico da qualidade possibilitaram a redução da variação de resultado dos processos e uma substancial melhoria na performance do processo.(COOKE-DAVIES; ARZYMANOW, 2003) A maturidade em gerenciamento de projetos pode ser definida como a concepção de sistemas e processos que compõem o desenvolvimento de um projeto, sendo estes, por sua natureza, repetitivos e que, portanto garantem uma alta probabilidade de cada um deles seja um sucesso. É composta por um conjunto de ferramentas que têm por objetivo auxiliar as empresas a alcançar a maturidade no gerenciamento de seus projetos, como por exemplo, por meio da identificação das melhores práticas, realizadas por empresas líderes de mercado. (KEZNER, 2002) Entretanto, processos e sistemas repetitivos não são, por si, garantia de sucesso, apenas aumentam a sua probabilidade. Para tanto é necessário um conjunto de elementos que gravitam ao redor dessa metodologia: uma estrutura organizacional que promova e suporte o gerenciamento de projetos, organizações apropriadas com a existência de centros de excelência em gerenciamento de projetos, que, unidos à metodologia, confirmam a efetiva maturidade organizacional. (KEZNER, 2002; BOUER; CARVALHO, 2005) A maturidade do Gerenciamento de Projetos nos auxilia a compreender vários aspectos, entre eles, medir a competência dos profissionais em Gerenciamento de Projetos em escalas generalizadas. Também nos auxilia a compreender o ambiente de trabalho dos profissionais e a avaliar a aderência ao negócio para qual o projeto está sendo desenvolvido. A maturidade em gestão de projetos também cria a oportunidade de estudar e compreender a formação de excelentes gerentes de projetos, e pode nos auxiliar a compreender o mecanismo que está por trás deste crescimento. Entretanto, nenhum modelo de maturidade será completo ou correto, pois a contínua evolução do Gerenciamento de Projetos irá afetar os conceitos dos modelos. (HARTMAN; SKULMOSKI, 1998) Por meio da revisão da literatura sobre o tema, na próxima sessão são apresentados alguns dos modelos de maturidade mais citados na literatura de modelos de maturidade em Gerenciamento de Projetos (BOUER; CARVALHO; 2005; COOKE-DAVIES; ARZYMANOW, 2003; HARTMAN; SKULMOSKI, 1998; RABECHINI; PESSÔA, 2005), buscando desta maneira articular um painel dos principais modelos de maturidade em Gerenciamento de Projetos desenvolvidos até o presente momento. 2. O CMMI - Capability Maturity Model Integration O CMMI (Capability Maturity Model Integration) é um dos modelos de maturidade disponíveis no mercado, desenvolvido pela SEI - Software Engineering Institute da Carnegie Mellon University, em Pittsburg na Pensilvânia, EUA, e é consistente com a norma padrão internacional ISO/IEC 15504. ”O CMMI é um modelo de maturidade para melhoria de processos de desenvolvimento de produtos e serviços. Consiste nas melhores práticas, direcionando atividades de desenvolvimento e manutenção que cobrem o ciclo de vida de um produto desde a sua concepção até a sua entrega e manutenção” (SEI; 2006b, p.I, tradução nossa). Assim como um modelo de maturidade, o CMMI também é classificado como um SPI XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 3 (Software Process Improvement), ou seja, um processo de melhoria de software, embora a SEI venha realizando um grande esforço no sentido de afastar a imagem do CMMI de um processo de maturidade exclusivo para desenvolvimento de software, viés reproduzido inclusive por pesquisadores em Gerenciamento de Projetos. (BOUER; CARVALHO; 2005) O CMMI possui altos índices de difusão, que vêm crescendo ao longo do tempo, conforme pode ser observado na tabela 2 abaixo. 2004/dez. 2005/jun. 2005/dez. 2006/jun. 2006/dez. 2007/jun. 2007/dez. 2008/jun. 2008/dez. Certificações 630 868 1.264 1.581 1.964 2.464 3.113 3.553 4.134 Organizações 567 782 1.106 1.377 1.712 2.140 2.674 3.009 3.446 Companhias participantes 298 438 644 840 1.084 14.717 1.882 2.168 2.544 Organizações re-avaliadas 65 74 130 169 208 273 361 451 564 Projetos 2.339 3.250 4.771 6.001 6.713 10.338 14.620 17.398 21.141 Organizações não americanas 56,10% 59,00% 62% 63,80% 65,50% 67,10% 68,60% 69,90% 71,40% Nº de países 36 41 45 50 50 57 61 63 67 Fonte: adaptado de SEI, 2009 Tabela 1 : Evolução dos índices de status do CMMI Watts Humphrey, Ron Radice e outros expandiram os horizontes dos princípios sobre melhoria de processos com controle estatístico da qualidade e passaram a aplicá-los na produção de software em seus trabalhos na IBM e na SEI, gerando assim o livro “Managing the Software Process” em 1989, que gerou os princípios básicos e conceitos no qual o CMM foi baseado. O CMM foi criado com o objetivo de auxiliar o departamento de Defesa dos EUA na escolha de parceiros fornecedores de software. (Turban et al., 2002) Em 1995, a SEI publicou o livro “The Capability Maturity Model: Guidelines for the Improving the Software Process”, buscando incorporar a máxima de que a qualidade de um produto ou serviço está diretamente relacionada à qualidade dos processos para seu desenvolvimento e manutenção. Segundo a SEI (2006b), desde 1991, foram desenvolvidos diversos CMMs. A existência de diversos modelos mostrou ser problemática, levando à criação de um modelo integrado, nascendo assim o CMMI, Capability Maturity Model Integration. Em 2006, o modelo CMM foi descontinuado. O CMMI utiliza o Gerenciamento de Projetos para atingir um processo repetível que possa fornecer resultados previsíveis a partir dos esforços de trabalho. (CLELAND; IRELAND, 2002) e apresenta duas formas de representação: a estagiadaa e continuada. A representação continuada permite à organização selecionar um processo ou um grupo de processos para gerar sua melhoria, através do conceito de níveis de capability que caracterizam a melhoria. Apresenta como grande vantagem desenvolver diferentes processos que apresentam diferentes estágios de capability. Por capability, compreendem-se os níveis que definem uma melhoria incremental dos processos que compõem uma área de processo. Esta representação é composta por seis níveis de capability, do 0 ao 5: Nível 0 – Incompleto: são os processos que ainda não são executados ou são parcialmente XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 4 executados. Nível 1 – Dirigido: são os processos que satisfazem as metas específicas estabelecidos para o processo. Nível 2 – Gerenciado: são os processos “dirigidos” (nível 1) que têm uma infra-estrutura básica de suporte: são planejados e executados conforme políticas estabelecidas; empregam pessoal com habilidade para produzir resultados controlados; envolvem os stakeholders relevantes; são monitorados, controlados e revistos; têm sua aderência avaliada em relação ao processo descrito. Nível 3 – Definido: são os processos gerenciados, realizados a partir de um guia organizacional para a consecução do processo. As principais diferenças entre os níveis 2 e 3 estão no escopo e rigor dos padrões, descrições de processos e procedimentos, nos quais há uma maior consistência e rigor na descrição dos processos. Nível 4 – Gerenciado Quantitativamente: são os processos controlados através de controle estatístico e outras técnicas quantitativas. Nível 5 – Otimizado: são os processos quantitativamente gerenciados que são melhorados com base nas variações inerentes ao próprio processo. Na representação estagiada a empresa pode escolher os processos que deseja melhorar, entretanto, existe uma dependência entre os processos nas organizações. Para auxiliar no processo de escolha, os processos são classificados em quatro categorias: Gerenciamento de Projetos: cobre as áreas relacionadas a planejamento, monitoramento, e controle de projeto; Engenharia: cobre as áreas de desenvolvimento e manutenção que são compartilhadas pelas atividades de engenharia, foi escrito usando terminologia da área; Suporte: cobre as atividades de suporte ao desenvolvimento e manutenção de produto. São previamente estabelecidos conjuntos de 21 áreas de processo para estabelecer um rumo de melhoria para a organização: gerência de configuração; planejamento de projeto; monitoramento e controle de projeto; administração de fornecedores; medidas e análises garantia da qualidade de processos e produtos; desenvolvimento de requisitos; solução técnica; integração de produto; verificação; validação; foco organizacional; definição de processos organizacionais; treinamento organizacional; gerenciamento de projetos integrado; gerenciamento de risco; análise de decisões e resoluções; performance organizacional; gerenciamento de projetos quantitativo; inovação organizacional; análise causa e resoluções. Cada conjunto de processos representa a consecução de um nível de maturidade na representação estagiada. Por nível de maturidade, compreende-se um estágio que estabelece uma série de previsões dos resultados genéricos de um próximo projeto. Esta representação ocorre através de cinco níveis de crescimento para organizar as etapas evolutivas que estabelecerão as bases para a construção de um processo de software pela empresa. São estes: Nível 1 - Inicial: O processo de desenvolvimento de software é ad hoc e até mesmo caótico, oucos processos são definidos e o sucesso depende de esforços individuais; falta planejamento e controle de processos. Nível 2 - Repetível: Processos de gerenciamento de projetos básicos estão estabelecidos para mensurar e controlas custos, prazos e funcionalidades (qualidade). São firmados compromissos e é estabelecido um nível de gerenciamento. Os processos estabelecidos permitem a repetição de sucessos em projetos semelhantes, entretanto o sucesso depende do gerenciamento do projeto. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 5 Nível 3 - Definido: O processo de desenvolvimento de software tanto técnico quanto gerencial é documentado, padronizado, e integrado a um processo padrão de desenvolvimento da empresa. Todos os projetos usam uma versão padronizada para o desenvolvimento e manutenção de softwares. Os processos e técnicas gerenciais são bem definidos e permitem a avaliação do processo, com medições de desempenho, realização de auditorias de forma rotineira e testes padrões. Nível 4 - Gerenciada: Mensurações detalhadas do processo de desenvolvimento de software e qualidade dos produtos são coletadas, e o processo é quantitativamente definido, avaliado e controlado. Nível 5 - Otimização: Processo de melhoria continua é estabelecido pela quantidade de feedbacks do processo e do desenvolvimento de inovações e tecnologias. A SEI disponibiliza em seu site um conjunto completo de documentos de orientação às empresas que desejam implantar o CMMI, ou seja, qualquer empresa pode utilizar-se dos conceitos do modelo livremente. Além dos documentos contendo o modelo em si, a SEI disponibiliza o “Software Engineering Process Group (SEPG) Guide”, para a formação da equipe responsável pela definição dos processos, manutenção, melhoria e divulgação dos mesmos entre a empresa. As empresas, ao se submeterem ao processo de avaliação, são classificadas em três classes de capacitação: Classe A - que demanda altos custos, dedicação de tempos e recursos intensivos, mas proporciona o melhor nível de garantia aos seus processos. Classe B – que envolve custos menores, menor dedicação em termos de tempo e recursos e proporcionalmente menor garantia em seus processos. Classe C - a forma mais barata e fácil, mas também a mais precária. Entretanto, apenas os certificados na classe A podem ser considerados certificados em seus níveis e passarem a divulgar a certificação. Para obtenção desta certificação, é necessário que a empresa se submeta a uma avaliação por indivíduos credenciados pela SEI. 3. O P3M3 - Portfolio, Programme and Project Management Maturity Model O modelo de maturidade P3M3 foi desenvolvido pela OCG, Office Goverment Commerce, a Secretaria de Compras Governamentais do Reino Unido, mesma instituição que desenvolveu o PRINCE2. Atualmente, o P3M3 está em sua segunda versão, lançado em Junho de 2008, sendo sua primeira versão de Fevereiro de 2006. O P3M3 contempla em seu conteúdo a avaliação da maturidade no gerenciamento de projetos, portfólios e programas, e é tido como uma evolução de um modelo de maturidade anterior desenvolvido pela OCG, o P1M3 – Project Management Maturity Model, que possuía como escopo o gerenciamento de projetos. A partir deste modelo, a OCG desenvolveu os modelos P2M3 - Portfolio and Project Management Maturity Model, que contempla projetos e portfólios e o P2MM - PRINCE2 Maturity Model que contempla a maturidade no uso da metodologia PRINCE2 em gerenciamento de projetos. Segundo a OCG (2006), o modelo P3M3, auxilia as empresas a direcionar aspectos importantes no gerenciamento de portfólios programas e projetos, melhorando a qualidade e o sucesso dos resultados, através da construção de uma infra-estrutura para uma abordagem orientada a projetos com base em práticas gerenciais. O modelo afirma que os níveis de maturidade indicam como as áreas de processos podem estruturar hierarquicamente as XXIX ENCONTRONACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 6 organizações, fazendo com que as metas de melhoria sejam reais e perceptíveis. O modelo P3M3 tem como objetivos (OGC, 2006): entender as práticas chaves que compõem um efetivo processo de gerenciamento de projetos; identificar as práticas chaves que são necessárias à organização para atingir um nível mais alto de maturidade; para que organizações possam compreender e melhorar sua capacidade de gerir programas e projetos de forma mais efetiva; para que consumidores possam avaliar os riscos atrelados a questões da capacidade de fornecedores contratados. O P3M3 é baseado em cinco níveis de maturidade, derivado do modelo de maturidade CMM, desenvolvido pela SEI, de acordo com a organização apresentada abaixo. Nível de Maturidade Projeto Programa Portfólio Nível 1 - Inicial Os projetos são informais, sem mecanismos de controle ou padrões. Não há processo de controle ou de reporte formais. Nível 2 – repetível Pode haver uma consistência limitada e alguma coordenação entre projetos. Nível 3 – definido A organização deve possuir um controle próprio e centralizado de processos em gerenciamento de projetos que deve ser capaz de atender aos projetos, mesmo cada qual com suas particularidades. . A organização deve possuir um controle próprio e centralizado de processos em gerenciamento de projetos que deve ser capaz de atender aos projetos, mesmo cada qual com suas particularidades. A organização possui um processo de gerenciamento de portólios próprio. Nível 4 – gerenciado A organização possui medidas específicas de sua performance em gestão de projetos e possui uma gestão da qualidade para melhor prever uma performance futura. A organização possui medidas específicas de sua performance em gestão de projetos e possui uma gestão da qualidade para melhor prever uma performance futura. A organização tem condições de avaliar sua capacidade em gerenciar as prioridades dos projetos e programas. Nível 5 – Otimizado A organização possui ferramentas de melhoria contínua agindo com pró-atividade em relação aos seus problemas, adotando tecnologia para projetos de forma a melhorar sua performance e otimização de processos. Fonte: OCG, 2006. Quadro 1: Características de maturidade no P3M3 para projetos, programas e portfólios de projetos. Para cada nível de maturidade foi estabelecido um conjunto de processos, e cada um destes processos possui uma estrutura, que ao mesmo tempo é informativa e foca em resultados: metas do processo, abordagem, extensão, revisão, percepção e medidas de performance. As empresas que desejam ter seu nível de maturidade para gerenciamento de programas não poderão obter um nível de maturidade maior que o atingido no gerenciamento de projetos, assim como o nível de maturidade atingido com portfólios não pode ser maior que o de programas. A certificação em P3M3 para empresas é conduzida pela APM Group através de um questionário de acordo com seus processos de certificação, a mesma empresa que realiza as certificações profissionais na metodologia em gestão de projetos PRINCE2. O questionário de avaliação deve ser aplicado por um consultor registrado de acordo com o processo de XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 7 credenciamento da APMG. As observações e recomendações do consultor serão avaliadas pela APMG, que irá atribuir a Avaliação de Nível de Maturidade para a organização. Para obtenção da certificação, há um número mínimo de perguntas a serem respondidas, e uma lista mínima de pessoas que devem responder as questões. O objetivo da certificação vai além da avaliação, procurando também fornecer a empresas um guia para melhoria de performance e maturidade para a organização. 4. Project Management Process Maturity (PM²) Model Inicialmente, o modelo de maturidade Project Management Process Maturity Model (PM²) teve o nome de “The Berkeley Project Management Process Maturity Model”, já que foi desenvolvido pelo professor Youg Hoon Kwak, da Berkeley University, juntamente com o professor C. William Ibbs, da George Washington University. Este modelo de maturidade resultou de dois processos: do estudo e comparação de diversos modelos de maturidade em projetos e em desenvolvimento de produto, e do benchmarking dos processos e práticas em gestão de projetos em 43 empresas. O PM² adota a integração dos diversos modelos de maturidade em empresas de quaisquer setores, e divide as práticas em gerenciamento de projetos em nove áreas do conhecimento e cinco processos, de acordo com as práticas do PMBOK. Como a maioria dos modelos de maturidade mais conhecidos, o PM² adota também os cinco níveis de maturidade e o conceito de melhoria contínua comum à grande maioria dos modelos de maturidade (KWAK; IBBS, 2002). Segundo Hartman e Skulmoski (1998), o PM² tem ligeira semelhança com o modelo CMMI da SEI. Segundo Kwak e Ibbs (2000), as grandes contribuições do modelo PM² estão exatamente na possibilidade de uso do modelo em empresas dos mais diferentes setores e também na força que o modelo possui em relação à área financeira, através de medição da efetividade financeira de acordo com dados reais relacionados a gestão do projeto, são checadas a relação entre efetividade do projeto e performance do projeto e é estabelecido um retorno do investimento do projeto (PM/ROI) , derivado da mensuração e projeção dos benefícios potenciais do investimento no projeto. 5. O MPS.BR – Melhoria de Processo de Software Brasileiro O MPS.BR não é definido como um modelo de maturidade, entretanto, utiliza-se de conceitos semelhantes ao CMMI e outros modelos de maturidade, e influencia nos resultados desta pesquisa. Este programa é considerado como um programa mobilizador, resultado do esforço contínuo nas duas últimas décadas para a melhoria da qualidade da produção de software no Brasil. Por programa mobilizador podemos compreender: “um programa capaz de arregimentar, aglutinar organizar e por em movimento, ou criar o potencial necessário para uma ação política que vise o desenvolvimento econômico, social e/ou militar, por meio do domínio, uso, aperfeiçoamento ou geração de conhecimento empíricos, intuitivos, científicos e tecnológicos ou inovações que resultem em processos, produtos sistemas ou serviços novos ou substancialmente melhorados. Ele é, em geral, composto por um conjunto articulado de projetos de pesquisa básica, pesquisa aplicada, de desenvolvimento experimental, de engenharia não rotineira e de comercialização pioneira, conduzido, cooperativamente, por empresas, órgãos governamentais, universidades, centros e institutos de pesquisa, e outros atores da área científica e tecnológica”. (LONGO, 2005, p.1535) XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 8 O MPS.BR foi iniciado pela Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX) e envolveu universidades, centros de pesquisa, organizações atuantes na área de melhoria de processo de software, instituições implementadoras e instituições avaliadoras. Também é apoiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e pela FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. A partir de 2005, passou a contar com o apoio do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, através do FUMIN – Fundo Multilateral de Investimento. O MPS.BR é composto de um Modelo de Referência e um Métodode Avaliação que estão em conformidade com a as normas ISO/IEC 122007 e ISO/IEC 15504, são compatíveis com o CMMI e com foco na realidade das empresas brasileiras. Além destes dois componentes, o MPS.BR possui um Modelo de Negócio. É composto por níveis de maturidade, patamares de evolução de processos, seqüenciais e cumulativos. São sete os níveis de maturidade, numa escala decrescente de maturidade: A (Em otimização), B (Gerenciado Quantitativamente), C (Definido), D (Largamente Definido), E (Parcialmente definido), F (Gerenciado), G (Parcialmente Gerenciado). (Weber et. al, 2004) Segundo Weber et al.(2006), a graduação em sete níveis permite uma implementação e um reconhecimento mais gradual da melhoria do processo de produção de software e uma visualização de resultados em prazos mais curtos, o que facilitaria a sua aquisição por parte de pequenas e médias empresas. Os níveis E e D são intermediários aos níveis 2 e 3 do CMMI e o G é intermediário aos níveis 1 e 2 do CMMI. O relacionamento entre o MPS.BR e o CMMI foi proposital, de maneira a permitir às organizações que os esforços utilizados na melhoria de seus processos sejam reconhecidos por diversas avaliações. O MPS.BR é composto por quatro documentos: guia geral - contém a descrição geral do MPS.BR, e apresenta os conceitos necessários para o entendimento e aplicação do programa; guia de avaliação: apresenta o Método de Avaliação do MPS.BR e apresenta basicamente o processo de avaliação, o método de avaliação e a qualificação necessária para os avaliadores; guia de aquisição: apresenta um processo de aquisição de software e serviços em conformidade com a norma ISO/IEC 12207, e o relacionamento entre esta norma e o MPS.BR; modelo de Negócios - formado por três esferas: a gestão do programa, pela SOFTEX, as instituições implementadoras e avaliadoras, empresas e grupos de empresas. O documento MN-MPS (Modelo de Negócios-MPS), é formado por um modelo de negócio cooperado nos quais várias pequenas e médias empresas usufruem dos processos de melhoria de software ou um modelo de negócio específico, no qual uma única empresa usufrui das melhorias. (Weber et. al, 2006) 6. O PMMM - Project Management Maturity Model O PMMM (Project Management Maturity Model) foi desenvolvido pelo pesquisador Harold Kerzner em 2001, e é uma combinação dos conceitos do PMBOK e do CMM, antecessor do CMMI. Este modelo introduz a ferramenta do benchmarking para mensuração do seu nível de maturidade com cinco fases (RABECHINI e PESSÔA, 2005, KERZNER, 2002): linguagem comum: primeiro estágio de reconhecimento por parte de uma organização sobre a necessidade de uma metodologia em gerenciamento de projetos; processos comuns: segundo estágio, no qual há a necessidade de processos comuns objetivando repetir o sucesso obtido em projetos passados, e evitar erros cometidos; metodologia singular: terceiro estágio, em que as várias metodologias em gerenciamento de projeto existentes na organização são combinadas sob um único eixo; benchmark: quarto estágio, no qual a empresa estabelece comparações entre suas práticas XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 9 gerencias com a de outras empresas, buscando obter informações que possibilitem a melhoria na condução de seus projetos; melhoria contínua: as informações obtidas no nível anterior são utilizadas e implementadas, buscando a melhoria contínua nos processos de condução dos projetos. O modelo ainda pressupõe a sobreposição entre níveis: Sobreposição entre os níveis 1 e 2 – durante o estabelecimento de processos comuns, a empresa pode ainda aprimorar a linguagem comuns; Sobreposição entre os níveis 3 e 4 – enquanto a empresa desenvolve a metodologia, o benchmarking pode auxiliar no aprimoramento dessa metodologia; Sobreposição entre os níveis 4 e 5 – à medida que a empresa evolui o benchmarking e a melhoria contínua passa a fazer parte de um processo rotineiro, a velocidade das mudanças aumenta, e faz com os haja uma sobreposição e feedback do nível 5 para os níveis 3 e 4, aumentando a sobreposição, propiciando uma evolução contínua ao longo do tempo. Para Kerzner (2002), o nível 3 representa o nível de maior risco e maior grau de dificuldade para a organização. Após atingi-lo, os níveis 4 e 5 possuem um baixo grau de dificuldade, entretanto, para atingir o nível 3, a empresa deve passar por drásticas mudanças culturais. 7. O OPM3 (Organizational Project Management Maturity Model) O OPM3 (Organizational Project Management Maturity Model) é o modelo de maturidade em gerenciamento de projetos desenvolvido pelo PMI (Project Management Institute), com início de sua elaboração em 1998. Foi lançado em 2003 e tem como foco o gerenciamento sistemático de projetos, programas e portfólios, associado aos objetivos estratégicos. Para seu desenvolvimento, foram recrutados mais de 800 profissionais voluntários da área de Gerenciamento de Projetos para a análise de 27 modelos de maturidade além de alinhamento completo com o PMBOK (A guide to Project Manageny Book of Knowledge) resultando nas 600 melhores práticas, avaliadas através de 151 questões de respostas fechadas, que compõem as principais capacidades inerentes ao gerenciamento de projetos: padronização e integração de métodos e processos - visando estabelecimento de uma linguagem comum a todos os envolvidos com gerenciamento de projetos, atingida pela padronização de documentos; desempenho e métricas - estabelecimento de medidas de desempenho, com ênfase em custos, prazos e qualidade; comprometimento com procedimentos de gerenciamento de projetos – criação de políticas de gerenciamento atreladas a metas; priorização de projetos e alinhamento estratégico – geração de projetos que sustentem as estratégias da empresa; melhoramento contínuo – garantia de formação de um banco de conhecimento dos projetos, que permita evitar falhas em projetos futuros; estabelecimento de critérios de sucesso – identificar projetos com valores adequados às estratégias da empresa; pessoas e competências - criação de ferramentas formais de avaliação de competências das equipes de projetos; alocação pessoal – auxiliar no estabelecimento de prioridades dos projetos de acordo com as estratégias da empresa, aspectos organizacionais – formação das estruturas das equipes de projetos de acordo com a estrutura organizacional vigente; equipes - formação de uma cultura de projetos que permita estabelecer em conjunto níveis de inovação e criatividade. (RABECHINI; PESSÔA, 2005) Este modelo de maturidade é composto por quatro conceitos chaves: best pratices, capabilities, outcomes, e KPIs (key performance indicators). Cada best pratice é formada por um número de capabilities. Cada capability é formada por um outcome, a evidência de que a XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 10 capability existe ou foi atingida pela organização. O KPI é uma métrica quantitativa ou qualitativa indicativa deste outcome. As best pratices podem ter relação entre si, assim como as capabilities de uma best pratice e de outra. (FAHRENKROG et al, 2003) O modelo também utiliza os conceitos de níveis, utilizando-se de quatro níveis (padronizado, medido, controlado e melhoria contínua) cruzado com os Grupos de Processos de Gerenciamento de Projetos (PMI, 2004): processos de iniciação: autorização para o projeto; processos de planejamento: definição e seleção das ações e alternativas a serem tomadas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo projeto; processos de execução: coordenação de pessoase recursos para condução do projeto; processos de controle: estabelecer medidas e pontos de monitoramento regulares para verificação do andamento do projeto e definição de ações para correção se necessários; processos de finalização: aceitação formal do projeto, com cumprimento dos objetivos. Assim, cada best pratice encaixa-se num ponto de uma matriz tridimensional que se localiza dentro de um cruzamento entre os Grupos de Processo de Gerenciamento de Projetos, os níveis de maturidade, e se estamos tratando de gestão de projetos, gestão de programas ou gestão de portfólios. No OPM3, a empresa se auto-diagnostica e se auto-desenvolve em ciclos evolutivos constantes. Isso ocorre devido a necessidade de uma organização de saber quais são as práticas específicas em gestão de projetos (conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas) que sejam mais desejadas ou úteis para seu funcionamento; obter um método que possibilite contrapor seu atual status em gerenciamento de projetos em relação as práticas desejadas; saber como melhorar a si mesma contra determinadas capabilities identificadas como necessidade de melhoria. (FAHRENKROG et al, 2003) No quadro a seguir são comparados os diferentes modelos de maturidade expostos aqui: CMMI MPS.BR OPM3 P3M3 PM² PMMM Origem CMM CMM PMI CMM CMM PMI CMM Representação Estagiada Contínua Estagiada Contínua Estagiada Estagiada Estagiada Abrangência Projetos Projetos Projetos Programas Portfólios Projetos Programas Portfólios Projetos Projetos Certificação? SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 11 Resumo Um dos modelos pioneiros trouxe grandes contribuiçõe s para a área de engenharia de software, amplamente difundido e conhecido mundialment e. Devido à sua utilização inicial atrelada a produção de software têm tido dificuldade para ampliar seu leque de aplicações. Modelo brasileiro. Possui amplo apoio por parte do governo. Possui mais níveis de maturidade que o CMMI, buscando uma evolução mais consistente. Procura conquistar pequenas e médias empresas. Não existe certificação, a empresa realiza o processo de diagnóstico e avaliação de si mesma; Foca o gerenciamento sistemático de projetos, programas e portfólios, associado aos objetivos estratégicos. É apontando como modelo promissor devido ao seu vínculo com o PMI e a metodologia PMBOK. O modelo afirma que os níveis de maturidade indicam como a as áreas de processos podem estruturar hierarquicame nte as organizações, fazendo com que as metas de melhoria sejam reais e perceptíveis. Possibilidad e de uso do modelo em empresas dos mais diferentes setores. Forte em relação à área financeira através de medição da efetividade financeira de acordo com dados reais relacionados a gestão do projeto Este modelo introduz a ferramenta do benchmarking para mensuração do seu nível de maturidade. O modelo pressupõe a sobreposição entre níveis. É apresentado como um dos modelos de maturidade pioneiros para aplicação genérica em projetos, e não apenas em software. Quadro 2: Comparação entre modelos de maturidade 8. Críticas aos modelos de maturidade e suas certificações Freqüentemente os modelos de maturidades são alvos de críticas por parte de estudiosos, sendo um dos principais alvos o CMMI. Este modelo de maturidade é derivado do CMM, um modelo antigo, influente e frequentemente estudado sobre a ótica de um SPI. Devido ao seu pioneirismo, o modelo é alvo de críticas constantes em relação à sua aplicação e ao seu modelo de avaliação. O modelo é considerado burocrático e rígido, exige alta concentração, à custa de outros aspectos importantes para a organização, e faz com que empresas evitem aceitar projetos arriscados de forma a atingir melhores avaliações. (BOLINGER; McGOWAN, 1991; HARTMAN; SKULMOSKI, 1998; NIAZI; STAPLES, 2006; O´CONELL; SAIEDIAN, 2000) Baddo e Hall (2003) encontraram cinco fatores considerados como mais importantes para a não adoção de um SPI: recursos para SPIs - a preocupação em relação aos recursos para adotar-se um modelo de SPI; pressões comerciais: são vistas como uma dificuldade para a implantação de um SPI, pois a necessidade da empresa de manter sua posição no mercado, muitas vezes envolve satisfazer o cliente a qualquer custo; resistência: outro ponto importante para não adoção dos SPIs é a resistência dos profissionais, baseada em experiências anteriores ruins, inércia e falta de suporte geral; evidências: pesquisadores encontraram ainda que a falta de evidências de sucesso dos casos de SPI é um dos fortes motivos para não adoção de SPI; habilidades: a falta de habilidade para utilizar-se de um SPI é outro fator citado, pas os profissionais é crucial que existam pessoas capacitadas para direcionar os programas de SPI nas organizações e imposição. Staples et al. (2006) realizaram uma pesquisa exploratória com os dados de dois meses de uma empresa que negocia as avaliações CMMI. A partir dos dados, os pesquisadores XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 12 verificaram que os principais motivos para a não adoção do CMMI são: a empresa é muito pequena, os custos são muito altos para implantação, a empresa não tem tempo para aplicar o CMMI e a empresa já utiliza outro processo de SPI. Outra crítica recorrente refere-se aos modelos de avaliação e certificação atrelada aos modelos de maturidade, como o CMMI e P3M3. O´Connell e Saiedian (2000) criticam os resultados dos modelos de avaliação e seleção de fornecedores para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mesmo processo de certificação para empresas no CMMI, alegando que estes nem sempre correspondem à realidade. Para empresas maduras, a avaliação é simples, e é de certa forma fácil atingir um nível de maturidade. Entretanto, empresas menos maduras, devem trabalhar muito para conseguir vender sua imagem. o próprio sistema possibilita que estas empresas pareçam ser mais maduras na avaliação, através de quatro estratégias principais: imprecisão intencional: os avaliados utilizam-se do pouco tempo e conhecimento limitado dos avaliadores para inflar suas qualificações; detalhamento intencional: os avaliados também podem inundar os avaliadores de informações, em termos de quantidade e complexidade, fazendo com que o avaliador não tenha alternativa frente ao seu tempo limitado e assuma que, embora de forma intrincada, o avaliado está de acordo com as normas da certificação; escolha inapropriada de projetos: a SEI determina que o avaliado deve escolher projetos para a avaliação que represente tipicamente seu processo de implantação de software, sendo que obviamente, o avaliado irá escolher, dentro de seu portfólio, os projetos com o maior grau de maturidade e com as equipes melhores qualificadas para a avaliação; treinamento da equipe: os funcionários que participarão das entrevistas de avaliação são treinados para que possam fornecer as melhores respostas possíveis em conformidade para obter a avaliação. Os autores sugerem que o processo de avaliação seja corrigido, buscando um uso mais consistente das avaliações através da utilização de uma equipe de avaliação mais representativa e que saiba identificar e apreciar práticas alternativas; conduzir avaliações técnicas in loco; requerer duas fontes de confirmação de informações; monitoraro avaliado após a certificação; exigir que os certificados periodicamente avaliem-se entre si; e monitoramento da performance do avaliado por parte dos contratantes. Para Bradie e Davies (2004), as empresas devem ir além de caros projetos padrão para obter “economias de repetição” executando um número maior de projetos de forma eficiente e efetiva. Os autores criticam a dificuldade na manutenção das capabilities por meio dos projetos, a dificuldade das empresas em transferir aprendizado de um projeto para outro, e de um projeto para a organização. Existe uma falha na literatura sobre projetos, sobre como uma empresa constrói capabilities ao longo do tempo. 9. Considerações Finais Apesar do aumento da popularidade dos modelos de maturidade em gerenciamento de Projetos, conforme pode ser atestado pela evolução dos números envolvendo a certificação CMMI, vide quadro 1, pesquisas anteriores confirmam que a implantação de um modelo de maturidade não garante necessariamente o sucesso na consecução de seus projetos. Em complemento, as maiores críticas relacionadas aos modelos de maturidade são a falta de estudos empíricos que comprovem o sucesso em sua aplicação, motivo que leva muitas organizações a não adotarem os modelos de maturidade. (BADDO; HALL, 2003; STAPLES et al. 2006) Analisando pelo prisma acima, verificamos que o objeto de estudo modelos de maturidade XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 13 fornece um fértil campo para o desenvolvimento de estudos acadêmicos, visando contribuir diretamente para a prática empresarial, auxiliando organização na tomada de decisões por adição de modelos e/ou certificações. Este estudo visa não somente fornecer bases para um estudo empírico contribuindo com a organização do conhecimento a respeito do tema, mas também apresentar as críticas existentes sobre os modelos, que podem assim gerar muitas oportunidades futuras de estudos, para o preenchimento de possíveis gaps. Desta forma buscamos a contribuir não somente com o conhecimento a respeito do tema, mas destacar a necessidade e possibilidade de novos estudos envolvendo um assunto que ainda demanda muitas pesquisas. 10. Referências APMG. Measure your organisation’s maturity with the APM Group’s P3M3 assessment. Disponível em:http://www.apmgroup.co.uk/nmsruntime/saveasdialog.asp?lID=732&sID=200. Acesso em: 21 de Dezembro de 2007. BADOO, N., HALL, T. Motivators of Software Process Improvement: an analysis of practioner’s views. The Journal of System and Software, v.62, p. 85-96, 2002. BADOO, N., HALL, T. De- motivators of Software Process Improvement: an analysis of practioners’ views. The Journal of System and Software, v. 66, p. 85-96, 2003. BOLINGER, T.B.; McGOWAN, C. A critical look at software capability evaluations. IEEE Software, v.8 n.4, p.25-41, 1991. BOUER, R., CARVALHO, M.M. Metodologia singular de gestão de projetos: condição suficiente para a maturidade em gestão de projetos. 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