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Dosagem de Ferro Importância de Proteínas Totais e Albumina

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Dosagem de Ferro – Importância 
de Proteínas Totais e Albumina 
 
Laboratório Práticas Funcionais 
 
 
O ferro é um componente essencial presente na heme da hemoglobina, na mioglobina, na transferrina, 
na ferritina e nas porfirinas contendo ferro, além de ocorrer nas enzimas como catalase, peroxidase e 
nos vários citocromos. Descreva como ocorre o processo de absorção, transporte e armazenamento de 
ferro no organismo. 
 O ferro tem um papel fundamental na proliferação e sobrevivência celular. A homeostasia do ferro é 
fundamental já que um défice deste leva a uma deficiência no crescimento celular e apoptose, podendo 
resultar numa anemia. Um excesso de ferro provoca a formação de espécies reativas de oxigênio, agravando 
a inflamação. Algumas patologias estão associadas a desequilíbrios no metabolismo do ferro tais como a 
hemocromatose, a aceruloplasminemia e a atransferrinemia. 
 Resumidamente o transporte, armazenamento e o metabolismo do ferro ocorrem quando o ferro é 
absorvido pelo intestino delgado, onde ele imediatamente se combina, no plasma sanguíneo, com a beta 
globulina apoptransferrina para formar transferrina, que é, em seguida, transportada pelo plasma. O ferro, na 
transferrina, está ligado frouxamente e, por conseguinte, pode ser liberado para qualquer célula, em qualquer 
ponto do corpo. O excesso de ferro no sangue é depositado, de modo especial, nos hepatócitos, e, em menor 
quantidade, nas células reticuloendoteliais da medula óssea. 
 
Absorção: 
 A absorção do ferro ocorre no duodeno proximal, sendo a quantidade de ferro absorvida dependente 
da quantidade armazenada e da capacidade de armazenamento do organismo. Após a sua libertação no 
citoplasma, o ferro é conduzido para a membrana basolateral do enterócito, ou armazenado em ferritina. A 
ferritina desempenha um papel crucial na absorção de ferro. Outras proteínas desempenham um importante 
papel no metabolismo do ferro, tais como a transferrina (intervém no transporte de ferro) e a hepcidina que 
faz a regulação das concentrações plasmáticas de ferro. 
 O ferro é absorvido em todas as porções do intestino delgado. O fígado secreta quantidades mode-
radas de apotransferrina na bile, que flui pelo ducto biliar até o duodeno. No intestino delgado, a apotrans-
ferrina se liga ao ferro livre e também a certos componentes férricos, como a hemoglobina e a mioglobina 
da carne, que constituem as duas fontes mais importantes de ferro da dieta. Essa combinação é dita como 
transferrina. Ela é atraída e se liga a receptores na membrana das células epiteliais intestinais. A seguir, pelo 
processo de pinocitose, a molécula de transferrina, com seu armazenamento de ferro, é absorvida pelas cé-
lulas epiteliais e, posteriormente, liberada para os capilares sanguíneos situados abaixo dessas células, sob a 
forma de transferrina plasmática. A absorção de ferro no intestino é extremamente lenta, com máximo de 
apenas alguns miligramas por dia. Essa velocidade lenta de absorção significa que, mesmo quando grande 
quantidade de ferro está presente na dieta, somente pequena porção pode ser absorvida. 
 O ferro na dieta é classificado como ferro heme ou não-heme. O ferro heme é abundante na carne, 
como um componente das hemoproteínas, hemoglobina e mioglobina. O baixo pH do estômago na presença 
de enzimas proteolíticas é responsável pela libertação do heme das hemoproteínas. 
 A maioria do ferro não-heme da dieta encontra-se na forma livre insolúvel Fe3+ ou como ião ferroso 
não ligado a proteínas. O Fe2+ pode ser diretamente absorvido pelos enterócitos duodenais. Assim, parte do 
Fe3+ é reduzido a Fe2+ pelo baixo pH do estômago na presença de ácido ascórbico. O Fe 3+ restante é 
reduzido em Fe2+ pela enzima duodenal cytochrome B (Dcytb) residente na superfície luminal do enterócito 
ez 
duodenal, e depois transferido para o citosol pelo 
divalente metal transporter 1 (DMT1). Uma vez no 
enterócito, o heme é quebrado pela enzima heme 
oxigenase 1 (HO1) e o ferro é libertado no estado 
férrico. A ferritina da dieta é também absorvida pe-
los enterócitos por endocitose mediada pelo adap-
tor complex 2 (AP2). 
 Uma vez libertado no citoplasma, o ferro é 
conduzido para a membrana basolateral do ente-
rócito, ou armazenado em ferritina. A ferritina de-
sempenha um papel crucial na absorção de ferro. A 
exportação de ferro do enterócito para a circulação 
é crucial para a entrada de ferro no organismo. O 
ferro não-heme está maioritariamente presente no 
organismo na sua forma oxidada Fe3+. A segunda 
maior porção de ferro no organismo está na forma não-heme armazenado em ferritina. Quando é necessário, 
pode ser libertado na forma de ferritina para preencher as necessidades de transporte de oxigênio e meta-
bolismo energético. Este mecanismo limita o excesso de ferro livre que de outra forma ia gerar espécies 
reativas de oxigênio. 
 Quando o corpo fica saturado com ferro e todas as apoferrinas das áreas de reserva de ferro já estão 
combinadas ao ferro, a absorção de ferro adicional pelo trato intestinal diminui acentuadamente. Por outro 
lado, quando as reservas de ferro estão depletadas, a intensidade da sua absorção pode ser acelerada pro-
vavelmente por cinco ou mais vezes o normal. Assim sendo, o ferro corporal total é regulado em grande 
parte pela variação da intensidade de sua absorção. 
 
Transporte: 
 O ferro exportado será oxidado pela ceruloplasmina, presente no fígado. Assim, o Fe3+ é transportado 
pela transferrina até os locais onde este será reutilizado. A transferrina (Tf) trata-se de uma glicoproteína 
sintetizada e excretada pelo fígado, que possui dois sítios homólogos de alta afinidade pelo ferro oxidado. 
Ou seja, o ferro é transportado no plasma pela transferrina (Tf). Além de solubilizar o ferro, a Tf atenua sua 
reatividade e facilita a sua liberação para as células. Em condições normais, a Tf plasmática tem a capacidade 
de transportar até 12 mg de ferro, mas essa capacidade raramente é utilizada e, em geral, 3 mg de ferro 
circulam ligado à Tf, ou seja, 30% da Tf está saturada com o ferro. 
 Quando a capacidade de ligação da transferrina está totalmente saturada, o ferro pode circular livre-
mente pelo soro, na forma não ligada a transferrina. Deste modo, ele pode ser facilmente internalizado pelas 
células, provocando danos celulares. 
 
Armazenamento: 
 O ferro fica estocado nas células reticuloendoteliais do fígado, baço e medula óssea na forma de 
ferritina e hemossiderina. A ferritina é uma apoferritina contendo um núcleo férrico, sendo esta a forma so-
lúvel de armazenamento. Deste modo, 
a ferritina contém e mantém os átomos 
de ferro que poderiam formar agrega-
dos de precipitados tóxicos. A hemos-
siderina corresponde à forma degra-
dada da ferritina, sendo esta a forma in-
solúvel de armazenamento. Isto ocorre, 
quando a quantidade total de ferro no 
organismo é superior a que pode ser 
acomodada no reservatório de depó-
sito de ferritina. O ferro livre é encon-
trado ainda nas mitocôndrias. 
Armazenamento do ferro no intestino. 
ez 
 
Em relação a anemia, é possível observar um 
quadro de anemia fisiológica do recém-nas-
cido? Ocorre o mesmo em neonatos pré-termo? 
 A eritropoese inicia-se em torno de 14 dias 
de idade pós-concepcional, quando os eritrócitos 
primitivos do embrião começam a ser produzidos 
no saco vitelino. Ao redor de cinco semanas, o fí-
gado passa a ser o principal órgão produtor de 
glóbulos vermelhos. Entre a nona e a décima pri-
meira semana pós-concepção, já se evidencia eri-
tropoese na medula óssea, porém ela permanece 
relativamente inativa até o termo. A mudança do 
sítio de produção dos eritrócitos para a medula ós-
sea faz-se entre o final da gestação e as primeiras 
semanas de vida pós-natal. 
 No feto, a eritropoetina pode ser encon-
trada já na 19ª semana de idade gestacional. Na 
vida fetal, é produzida principalmente pelos ma-
crófagos do parênquimahepático. A partir do ter-
ceiro trimestre de gestação até algumas semanas 
após o nascimento, ocorre, de forma gradual, a 
troca do sítio de produção da eritropoetina para as 
células peritubulares, possivelmente fibroblastos 
do córtex renal. 
 O ferro é transportado para o feto por via 
transplacentária, principalmente durante o terceiro 
trimestre de gestação. Esta transferência é inicial-
mente realizada por uma endocitose, mediada por 
um receptor do complexo da transferrina sérica, no 
interior do sinciciotrofoblasto. Nas células placen-
tárias, ocorre a liberação do ferro e o retorno da 
apoproteína para a circulação materna. 
 A incorporação de ferro pelo feto é propor-
cional ao seu peso corporal. Como o mais impor-
tante aumento de peso fetal ocorre no último tri-
mestre da vida intrauterina, a criança prematura e 
a que sofreu retardo de crescimento intrauterino, 
resultando num baixo peso ao nascer, acumularão 
menos ferro em comparação ao recém-nascido a 
termo e de peso adequado para a idade gestacio-
nal. Na vida fetal, o acúmulo de ácido fólico, no fí-
gado, ocorre no final do terceiro trimestre. Desta 
forma, os prematuros nascem com menores reser-
vas e maior probabilidade de desenvolver sua de-
ficiência. 
 As causas de anemia neonatal são: hemor-
ragia ou perda de sangue, destruição dos Glóbulos 
Vermelhos (GV) (processo que se denomina hemó-
lise) ou diminuição da produção dos GV. 
 
Anemia fisiológica do recém-nascido: 
 A partir do nascimento, o RN sofre impor-
tantes modificações do quadro hematológico com 
a finalidade de se adaptar ao meio extrauterino. 
Observa-se nas primeiras semanas de vida uma 
queda acentuada, autolimitada, da taxa de hemo-
globina, comum a todos os lactentes. Trata-se de 
uma queda fisiológica, cujo pico ocorre na oitava 
semana de vida. A administração de ferro nesta 
ocasião não impede nem atenua essa queda. 
Em torno da oitava e décima segunda semana de 
vida ocorre a retomada de produção da eritropo-
ese e o ferro armazenado será reutilizado, sendo 
mínimo o requerimento de ferro exógeno. 
 A velocidade de crescimento nos primeiros 
meses, porém, poderá provocar esgotamento dos 
estoques de ferro em torno do quarto ao sexto 
mês de vida para o RN a termo e com peso ade-
quado para a idade gestacional. Após esse perí-
odo, o ferro exógeno tem importância fundamen-
tal na prevenção da anemia. É nessa época que a 
suplementação com ferro eleva a concentração de 
hemoglobina. 
 Nos recém-nascidos de termo, o aumento 
da oxigenação que ocorre com a respiração nor-
mal após o nascimento causa elevação abrupta 
do nível de oxigênio nos tecidos, resultando em 
retroação negativa sobre a produção de eritropo-
etina e eritropoese. Essa redução na eritropoese, 
assim como o tempo de vida mais curto dos eri-
trócitos neonatais (90 dias versus 120 dias em 
adultos), faz a concentração de Hb cair nos pri-
meiros 2 a 3 meses de vida. 
 
Anemia do Pré-Termo 
 Logo após o parto verifica-se um aumento 
dos níveis séricos de hemoglobina e hematócrito, 
em virtude da redistribuição dos fluidos corporais, 
com saída de líquido do compartimento intravas-
cular para o extravascular. Após esta elevação, 
ocorre queda gradativa da hemoglobina e do he-
matócrito. No recém-nascido pré-termo (RNPT), 
esta queda é mais precoce, ao redor da sexta à oi-
tava semana de idade pós-natal; além disso, o seu 
nadir é mais acentuado. 
 No recém-nascido de pré-termo verifica-se 
uma anemia precoce e uma tardia, sendo esta a 
verdadeira anemia da prematuridade. A 1ª ocorre 
nas 1ªs 2 semanas de vida e relaciona-se com per-
das sanguíneas verificadas ao nascer ou perdas ia-
trogénicas que, particularmente em recém-
ez 
nascidos prematuros de muito baixo peso, doen-
tes, podem atingir 5 a 10% da volemia. A anemia 
tardia instala-se lenta e progressivamente após a 
2ª semana de vida e resulta principalmente da falta 
de estimulação medular eritrocitária. 
 As razões para a ocorrência da anemia no 
prematuro são múltiplas. Na sala de parto, pode-
mos citar como fator determinante do hematócrito 
no recém-nascido o tempo que se leva para fazer 
a ligadura do cordão umbilical. O retardo do clam-
peamento do cordão umbilical ocasiona um au-
mento do volume sanguíneo logo após o nasci-
mento e, após 48 horas, nota-se um hematócrito 
mais elevado nesses recém-nascidos, além de pro-
moverem estoques de ferro mais alto. 
 Ao nascimento, as taxas de hemoglobina 
do sangue do cordão umbilical giram ao redor de 
17,5 ± 1,6 g/dL. No primeiro e segundo dias de 
vida, há um aumento da concentração da hemo-
globina, decorrente da hemoconcentração transi-
tória, resultante da baixa oferta hídrica e da redis-
tribuição do volume plasmático. A partir da pri-
meira semana de vida, ocorre uma diminuição pro-
gressiva da hemoglobina. 
 Durante o período neonatal ocorre tam-
bém maior destruição dos glóbulos vermelhos, 
pois a meia vida dos eritrócitos, nesta faixa etária, 
é menor que setenta dias. Além disso, existe uma 
grande expansão do volume sanguíneo, secundá-
ria ao rápido crescimento somático do prematuro, 
levando à hemodiluição. A queda na concentração 
de hemoglobina, no entanto, principia-se com a 
diminuição da massa eritroide circulante. 
 Esta queda na concentração de hemoglo-
bina ocorre por diminuição da eritropoese conse-
quente ao maior aporte de oxigênio (O2), após o 
nascimento, o que facilita a oxigenação tecidual, 
ocasionando diminuição da eritropoetina. A eritro-
poetina apresenta um grande aumento entre qua-
tro e seis semanas de idade pós-natal, demons-
trando a sua capacidade de estimular a eritropoese 
diante de certo grau de anemia. Este aumento da 
atividade eritropoética é evidenciado pela reticulo-
citose. Ao redor de cinco meses de idade pós-na-
tal, o valor médio da hemoglobina equivale ao do 
recém-nascido a termo. 
 
 
 
 
Quais as consequências para os neonatos em 
relação a carência nutricional de ferro? 
 A anemia, diminuição anormal na concen-
tração de hemoglobina no sangue, é considerada 
a principal consequência da deficiência de ferro. 
Em sua fase mais avançada, está associada a sinto-
mas clínicos como fraqueza, diminuição da capaci-
dade respiratória e tontura. 
 A anemia ferropriva é a forma mais grave 
da deficiência de ferro, ela ocorre após um longo 
período da carência desse elemento, quando os 
estoques já foram depletados e depois da diminui-
ção do ferro bioquímico. Em geral, quando ocor-
rem as primeiras manifestações, a anemia já é mo-
derada. Os sintomas mais frequentes relatados são 
irritabilidade, apatia, anorexia, fadiga, diminuição 
da capacidade física e cefaleia. Alguns estudos re-
latam diminuição da função imunológica, com au-
mento da frequência e duração das infecções. Uma 
vez que o ferro está envolvido em diversas reações 
metabólicas e oxidativas do organismo, além de 
ser essencial para replicação celular, na deficiência 
desse metal outros sinais e sintomas podem estar 
presentes, como alterações gastrointestinais, me-
nor tolerância aos exercícios em indivíduos adultos 
e alterações no crescimento e desenvolvimento. 
 Desde o período pré-natal, a anemia ferro-
priva tem repercussões importantes e deletérias de 
longo prazo no desenvolvimento de habilidades 
cognitivas, comportamentais, linguagem e capaci-
dades motoras das crianças, sendo que o possível 
impacto negativo permanece mesmo após o trata-
mento precoce por décadas, especialmente em cri-
anças pouco estimuladas ou de baixo nível social e 
econômico A carência de ferro na infância também 
predispõe a cáries dentárias, menor discriminação 
e identificação de odores em comparação aos gru-
pos controle, alterações na imunidade não especí-
fica, paladar e apetite; resposta alterada ao es-
tresse metabólico e desenvolvimento audiovisual. 
ez 
Em um quadro de anemia do prematuro quais 
são os principaissinais e sintomas observa-
dos? 
 As manifestações clínicas da anemia do 
prematuro são inespecíficas. Os principais sinais e 
sintomas são: hipoatividade, apneia, respiração pe-
riódica, bradicardia/taquicardia, taquipneia, baixo 
ganho ponderal, abertura de canal arterial, além de 
poderem apresentar palidez ou icterícia e cansar-
se de mamar. 
 
 
Descreva sobre o tratamento e profilaxia da 
anemia em prematuro. 
Tratamento: 
o Transfusão de concentrado de hemácias 
o A indicação terapêutica da correção da 
anemia com concentrado de hemácias de-
pende das repercussões clínicas que o pre-
maturo apresenta, secundárias aos baixos 
níveis séricos de hemoglobina e hemató-
crito. 
o O tratamento clássico da anemia da prema-
turidade sintomática é a transfusão de con-
centrado de glóbulos vermelhos, em pe-
quenos volumes. 
o Eritropoetina recombinante humana (rHu-
EPO): O papel da eritropoetina é diminuir o 
número de transfusões sanguíneas e o nú-
mero de prematuros transfundidos dentro 
da unidade de terapia intensiva neonatal. A 
eritropoetina, quando indicada, deve ser 
utilizada após o sétimo dia de idade pós-
natal, quando o hematócrito atingir valor 
inferior a 40%. Não existe uma dose preco-
nizada, mas doses entre 500 a 1.200 UI ob-
tiveram bons resultados e se mostraram se-
guras. 
 
 
 
 
Profilaxia: 
o A profilaxia primária da anemia da deficiên-
cia de ferro no prematuro e no RN de baixo 
peso é evidentemente a prevenção do tra-
balho de parto prematuro e das doenças 
clínicas maternas que levam ao baixo peso 
do RN ao nascer, como, por exemplo, a hi-
pertensão arterial. 
o A profilaxia secundária já se inicia com a in-
trodução da dieta. Neste momento, a dieta 
preferencial é o leite materno, mas devido 
à baixa concentração de ferro no leite e a 
alta necessidade deste elemento pelo pre-
maturo, utilizamos substâncias suplemen-
tares, chamadas de aditivos do leite ma-
terno. Vinte mililitros (mL) de leite materno 
contêm 0,012 mg de ferro e 1 µg de ácido 
fólico; após a adição de 1 g deste aditivo 
passamos a ter 0,29 mg de ferro e 11 µg de 
ácido fólico. 
o Na impossibilidade de alimentarmos o RN 
com leite materno, utilizamos as fórmulas 
específicas para prematuros existentes no 
mercado. 
 
Em relação a anemia associada com a produ-
ção deficiente de hemácias, descreva sobre: 
 
Anemia Ferropriva; 
 Anemia causada pela diminuição dos esto-
ques de ferro a níveis que comprometem a síntese 
de hemoglobina e a eritropoese. Anemia secundá-
ria à redução dos estoques de ferro corpóreos, 
com eritropoese microcitica e hipocromica. 
 A anemia ferropriva em geral se desenvolve 
lentamente porque pode levar diversos meses até 
as reservas de ferro do corpo serem esgotadas. À 
medida que as reservas de ferro vão diminuindo, a 
medula óssea gradualmente produz menos glóbu-
los vermelhos. Quando as reservas se esgotam, os 
glóbulos vermelhos não estão apenas reduzidos 
em número, mas são também anormalmente pe-
quenos. 
 Os sintomas da anemia ferropriva tendem 
a se desenvolver gradualmente e são similares aos 
sintomas produzidos por outros tipos de anemia, 
tais como fadiga, fraqueza e palidez. 
 O tratamento da anemia ferropriva consiste 
da orientação nutricional, administração por via 
oral ou parenteral de compostos com ferro e, 
eventualmente, transfusão de hemácias. 
 
ez 
Anemia Aplásica; 
 Trata-se de uma doença autoimune que 
causa queda na contagem das células sanguíneas. 
Ela pode se desenvolver por conta de um erro do 
sistema imunológico que passa a atacar a medula 
óssea ou ainda por questões hereditárias. Seu tra-
tamento tem como principal objetivo melhorar o 
quadro do paciente. 
 A medula óssea é responsável por fabricar 
as células sanguíneas, ou seja, é ela que produz os 
leucócitos, plaquetas e hemoglobinas. A anemia 
aplásica acontece quando a medula óssea passa a 
não mais realizar suas funções corretamente. 
 Essa insuficiência da medula óssea acon-
tece, predominantemente, devido a uma alteração 
do sistema imunológico, que começa a atacar 
as células-tronco. Elas também são conhecidas 
como células-mãe, pois dão origem a todas as ou-
tras células do corpo, inclusive as do sangue. Con-
forme elas são atacadas, a quantidade de células-
mãe diminui e consequentemente há uma redução 
no número dos leucócitos, hemoglobinas e pla-
quetas. 
 Como as plaquetas são responsáveis pela 
coagulação do sangue, é comum que o paciente 
tenha quadros de sangramento. Dessa forma, ele 
pode apresentar roxos pelo corpo e/ou sangra-
mento na gengiva, olho e, às vezes, nas fezes. 
 A hemoglobina faz o transporte do oxigê-
nio do pulmão para todas as outras partes do 
corpo, juntamente com o ferro. Com a diminuição 
da sua contagem, a pessoa desenvolve um quadro 
de anemia e sente fraqueza, desânimo, can-
saço e falta de ar. 
 Já os leucócitos são responsáveis pela de-
fesa do corpo humano. Então, com a queda da 
quantidade dessa célula, a pessoa fica mais susce-
tível às infecções e, consequentemente, febre. 
 O grande diferencial da anemia aplásica é 
que não cai a contagem de um ou outro tipo de 
célula sanguínea. A quantidade de todas as células 
vai cair ao 
mesmo tempo. 
Dessa forma, o 
paciente pode 
apresentar to-
dos os sinto-
mas juntos. 
 
 
 
 
Síndromes Talassêmicas; 
 As síndromes talassêmicas constituem um 
grupo heterogêneo de distúrbios genéticos cujas 
manifestações clínicas resultam da deficiência total 
ou parcial na produção das cadeias de globina que 
formam as hemoglobinas. Segundo a cadeia cuja 
síntese é defeituosa, as síndromes talassêmicas 
são classificadas em a-talassemias, b-talasse-
mias. 
 A hemoglobina (Hb) normal do adulto é 
primariamente a hemoglobina A (HbA1), que re-
presenta aproximadamente 98% da hemoglobina 
circulante; é formada a partir de um tetrâmero – 
duas cadeias α e duas β. 
 A α-talassemia caracteriza-se por síntese 
deficiente da cadeia α, em geral decorrente da de-
leção do gene para a globina α a partir do genoma. 
O RNA para o gene desta cadeia não é encontrado. 
Há uma produção excessiva de cadeias β nos adul-
tos e crianças, e de cadeias gama nos recém-nas-
cidos. A expressão clínica da α-talassemia está re-
lacionada com a intensidade do bloqueio ou dele-
ção do gene que sintetiza a hemoglobina α. Por-
tanto, podem ser observados quatro tipos de ma-
nifestações clínicas da α-talassemia: 
o α-talassemia silenciosa (deleção de apenas 
um gene) – paciente assintomático e Hb 
acima de 13 g/dL; 
o α-talassemia minor (deleção de dois genes) 
– a Hb total situa-se entre 11 e 13 g/dL.; 
o Doença da HbH: um tetrâmero β4 (α talas-
semia com defeito de três genes) – o paci-
ente é sintomático e a Hb total é baixa, com 
valores entre 9 e 10,5 g/dL; 
o Hidropisia fetal por Hb Bart’s: um tetrâmero 
γ4 – quando ocorre deleção total dos qua-
tro genes α, caracterizado pela ausência da 
globina α, o portador geralmente é abor-
tado ou quando nasce não vive além de al-
gumas horas. 
 
 As β-talassemias não se caracterizam por 
deleções nos genes que produzem as cadeias β, 
porém por mutações que ocorrem num único par 
de genes. Essas mutações levam à produção de 
RNA mensageiro defeituoso, o que ocasiona a di-
minuição da síntese das cadeias β e produção ex-
cessiva de cadeias α. Os genes podem ser: β0 (não 
sintetiza cadeia β); β+ (síntese parcial da cadeia β) 
e β (normal). As combinações destes genes resul-
tam em três apresentações clínicas diferentes de β-
talassemia. 
ez 
o A β-talassemia major ou anemia de Cooley 
é uma anemia hemolítica grave, sintomá-
tica, que se manifesta na infância e depen-
dente de transfusão. Se não forem contro-
ladas de forma efetiva, a anemia grave e a 
expansão da medula óssea, típicas da talas-
semia major inadequadamente tratada, po-
dem acarretar no paciente: 
 Crescimento inadequado 
 Deformidades ósseas (inclu-sive faciais) 
 Ossos frágeis e fraturas ós-
seas 
 Fígado e baço aumentados 
(organomegalia) 
 Atividades físicas normais 
prejudicadas 
o Os pacientes com β-talassemia minor (ta-
lassemia heterozigótica) apresentam uma 
anemia discreta, não dependem de trans-
fusão e podem levar uma vida totalmente 
normal, ou seja, são assintomáticos. 
o E um terceiro tipo, a β-talassemia intermé-
dia, que se apresenta com anemia e esple-
nomegalia, menos intensas que na talasse-
mia major e que esporadicamente necessi-
tam de transfusão. 
 
 As talassemias são anemias microcíticas e 
hipocrômicas porque o organismo em hipóxia faz 
com que a medula óssea, que está preservada, pro-
duza eritrócitos com quantidades deficientes de 
hemoglobina, o que altera seu volume corpuscular 
médio (VCM), hemoglobina corpuscular média 
(HCM) e concentração de hemoglobina corpuscu-
lar média (CHCM). 
 
Anemias Megaloblásticas (deficiência de 
ferro e de vitamina B12): 
 São anemias causadas por uma série de 
distúrbios provocados pela síntese comprometida 
do DNA. A divisão celular é lenta, porém o desen-
volvimento citoplasmático progride normalmente, 
de modo que células megaloblásticas tendem a ser 
grandes, com uma proporção aumentada de RNA 
em relação ao DNA. Estas alterações levarão às 
anormalidades hematológicas tanto na medula ós-
sea como no sangue periférico. 
 O termo megaloblástico define uma anor-
malidade morfológica dos núcleos celulares dos 
precursores eritroides facilmente reconhecíveis, 
mas difíceis de descrever. Aparecem grandes nú-
cleos, com cromatina rendilhada. A anemia perni-
ciosa, também denominada de Anemia de Addi-
son, é a causa mais comum de deficiência de vita-
mina B12, com predominância do sexo feminino e 
a mediana de idade é de 60 anos. 
 As causas mais comuns são a deficiência de 
folato e a vitamina B12 e são totalmente corrigíveis 
com a terapia apropriada. O distúrbio provoca 
ainda anormalidades neurológicas e psiquiátricas 
que podem ser revertidas se tratadas no início do 
processo. 
 As hemácias crescem de modo excessivo, 
assumindo formas anômalas, sendo denominadas 
megaloblastos. Por conseguinte, a atrofia da mu-
cosa gástrica, como a que ocorre na anemia perni-
ciosa, ou a perda do estômago após gastrectomia 
total podem acarretar desenvolvimento de anemia 
megaloblástica. Como os eritroblastos não conse-
guem se proliferar, de forma suficientemente rá-
pida para formar o número normal de hemácias, as 
células vermelhas produzidas são, em sua maioria, 
grandes, com formas bizarras e membranas frá-
geis. Essas células se rompem com facilidade, de 
modo que a pessoa precisa com urgência de quan-
tidades adequadas de hemácias. 
 
Anemia das Doenças Crônicas: 
 Anemia multifatorial associada a anormali-
dades da homeostase do ferro e produção de cito-
cinas. É usualmente definida como a anemia que 
ocorre em distúrbios infecciosos crônicos, inflama-
tórios ou doenças neoplásicas, e é uma das síndro-
mes clínicas mais comuns na prática clínica. Carac-
teristicamente, ADC corresponde à anemia normo-
crômica/ normocítica, leve a moderada, e caracte-
riza-se por hipoferremia na presença de estoques 
adequados de ferro. 
 Dos vários mecanismos envolvidos na etio-
patogenia da ADC, os três principais são: diminui-
ção da sobrevida das hemácias, resposta medular 
inadequada frente à anemia e distúrbio do meta-
bolismo do ferro. A ADC compreende uma das al-
terações de um complexo de respostas metabóli-
cas frente à estimulação do sistema imunológico 
celular. Esta resposta inicia-se com a ativação dos 
macrófagos e a elaboração e secreção de citocinas. 
Tem sido cada vez mais evidente a participação 
central dos monócitos e macrófagos na patogê-
nese da ADC. Está comumente associada às doen-
ças inflamatórias crônicas como artrite reumatóide, 
às infecções crônicas como tuberculose ou infec-
ções fúngicas sistêmicas, e à neoplasia. 
 
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A anemia pode ser causada também pela perda 
de eritrócitos ou hemorrágicas, explique como 
ocorre. 
 Quando se perde sangue, o corpo absorve 
rapidamente água dos tecidos para a corrente san-
guínea, em uma tentativa de manter os vasos san-
guíneos preenchidos. Consequentemente, o san-
gue fica diluído e o hematócrito (porcentagem de 
glóbulos vermelhos presentes na quantidade total 
do sangue, ou volume de sangue) é reduzido. Por 
fim, elevação da produção de glóbulos vermelhos 
pela medula óssea pode corrigir a anemia. Com o 
passar do tempo, contudo, a hemorragia reduz a 
quantidade de ferro no corpo, de maneira que a 
medula óssea não consegue aumentar a produção 
de novos glóbulos vermelhos para substituir os 
perdidos. A anemia devido à hemorragia excessiva 
surge quando a perda de glóbulos vermelhos ex-
cede a produção de glóbulos vermelhos novos. 
 Após a hemorragia rápida, o corpo repõe a 
porção líquida do plasma em 1 a 3 dias, mas essa 
resposta leva à diminuição da concentração de cé-
lulas vermelhas da linhagem sanguínea. Se outra 
hemorragia não ocorrer, a concentração de hemá-
cias, em geral, se normaliza em 3 a 6 semanas. 
Quando ocorrem perdas crônicas de sangue, a 
pessoa, com frequência, não consegue absorver 
ferro suficientemente no intestino para formar he-
moglobina na mesma velocidade em que ela é per-
dida. As células vermelhas produzidas são, então, 
muito menores que as normais, contendo menor 
quantidade de hemoglobina e dando origem à 
anemia microcítica hipocrômica. 
 
A Transferrina (TRF) é a principal proteína 
transportadora de ferro. Sua concentração está 
correlacionada com a capacidade total de li-
gação de ferro, sendo útil no diagnóstico dife-
rencial de alguns tipos de anemias. Quais as 
patologias associadas quando seus valores es-
tão aumentados? E em caso de valores dimi-
nuídos, existe alguma enfermidade associada? 
 A dosagem de transferrina é importante na 
avaliação das anemias. Na anemia ferropriva, o ní-
vel de transferrina está elevado, mas seu percen-
tual de saturação é baixo. Na anemia das doenças 
crônicas, a transferrina apresenta-se normal, e o 
percentual de saturação está aumentado. Níveis 
elevados também podem ser encontrados nos es-
tágios iniciais de hepatites agudas, na gravidez e 
no uso de estrogênios. 
 A diminuição dos níveis de transferrina 
pode ser observada nas doenças hepáticas e em 
situações clínicas com perdas proteicas, como cer-
tas enteropatias, síndrome nefrótica e desnutrição, 
além de ser um bom marcador de desnutrição em 
pacientes hospitalizados. Níveis baixos podem ser 
encontrados em uma variedade de estados infla-
matórios agudos e crônicos e na malignidade. 
 A transferrina apresenta-se aumentada na 
deficiência crônica de ferro não-complicada, alte-
rando-se simultaneamente ou por vezes um pouco 
antes das alterações dos níveis séricos do ferro. En-
tretanto, sua correlação clínica não é inteiramente 
satisfatória, visto que, em cerca de 30 a 40% dos 
pacientes com anemia ferropriva crônica, podem 
ser encontrados valores dentro dos limites da nor-
malidade. 
 A transferrina não é uma das proteínas de 
fase aguda. Portanto, apresenta-se diminuída 
mesmo nos casos de doenças agudas ou crônicas 
graves, que podem cursar com deficiência de ferro 
sérico. Justamente por isso, trata-se de um bom 
parâmetro para acompanhamento. 
 
Qual a correlação entre a icterícia neonatal e 
as concentrações séricas de albumina no recém-
nascido? 
 A icterícia neonatal pode ser resultante da 
diminuição da capacidade de ligação e transporte 
da bilirrubina, pelo fato das concentrações séricas 
de albumina nos recém-nascidos serem mais bai-
xas. 
 A icterícia fisiológica pode ser decorrente 
da diminuição da capacidade de ligação da albu-
mina à bilirrubina e transporte menos eficaz, uma 
vez que recém-nascidos têm níveis de albumina 
plasmática baixas. 
 
A albumina representa cerca de 60% das pro-
teínas presentesno plasma humano. É sinteti-
zada, fundamentalmente pelas células do pa-
rênquima hepático e exerce funções importantes 
ao metabolismo, descreva sobre essas funções. 
 A albumina é uma proteína de alto valor bi-
ológico presente na clara do ovo, no leite e no san-
gue. Normalmente é a proteína mais abundante no 
plasma, sua função principal é a manutenção da 
ez 
pressão coloidosmótica. É sintetizada pelas células 
do parênquima hepático. 
 No sangue é a sua principal proteína, que 
se encontra em grande abundância no plasma, 
onde é sintetizada no fígado. 
Funções da albumina: 
o Manutenção da pressão osmótica. 
o Transporte de hormônios tireoides. 
o Transporte de hormônios lipossolúveis. 
o Transporte de ácidos graxos livres. 
o Transporte de bilirrubina não conjugada. 
o Transporte de fármacos e drogas. 
o União competitiva com íons de cálcio. 
o Controle do pH. 
Seu excesso ocasiona diversas doenças, como pro-
blemas renais e hepáticos. Além disso, o consumo 
excessivo de albumina provoca ganho de peso, 
sendo que um aumento em massa muscular sem 
acúmulo de gorduras e também é responsável 
pelo fator anti-catabólico, ou seja, bloqueia a 
perda de músculos. 
 
Em relação a alteração nas concentrações séri-
cas de albumina, podemos encontrar quadros 
de Hiperalbuminemia e Hipoalbuminemia. 
Descreva o que ocorre nessas duas alterações e 
quais as consequências para o organismo. 
 
Hiperalbuminemia: 
 É rara acontecer mas pode ocorrer na desi-
dratação aguda, isso pode ocorrer devido à inges-
tão inadequada de água ou à perda de líquidos de-
vido a vômitos ou diarreia graves. Assim, os níveis 
séricos de albumina podem aumentar em indiví-
duos afetados por doenças que causam desidrata-
ção. Embora a desidratação não aumente real-
mente os níveis de proteínas, a perda de água faz 
com que o sangue engrosse, o que, por sua vez, 
faz com que os componentes do sangue se con-
centrem. 
o Mieloma múltiplo: Uma condição na qual 
as células do mieloma (células plasmáticas 
presentes na medula óssea que produzem 
anticorpos) se tornam cancerígenas e se 
multiplicam. Isso aumenta o número de cé-
lulas plasmáticas que se manifestam como 
altos níveis de albumina no sangue. 
 
 
 
 
Hipoalbuminemia: 
o Dano hepático crônico: níveis de albumina 
diminuídos com níveis de ureia normais ou 
elevados acompanhados de níveis de enzi-
mas altos são indicadores de falha hepá-
tica; 
o Déficit alimentar de fontes proteicas: para a 
detecção de mudanças significativas na 
concentração de albumina sérica é neces-
sário um período de pelo menos um mês, 
devido à baixa velocidade de síntese e de 
degradação; 
o Parasitismos, devido a saída de proteínas 
pelo intestino; 
o Doença renal (síndrome nefrótico, glome-
rulonefrite crônica, diabetes mellitus); 
o Síndrome de mal absorção; 
o Catabolismo aumentado da albumina 
como consequência de déficit energético, o 
que estimula a mobilização de reservas de 
aminoácidos para entrarem na via da glico-
neogenese; 
o Inflamação: a albumina é uma proteína de 
fase aguda negativa e pode haver diminui-
ção em situações inflamatórias; 
o Extravasamento do sistema vascular (he-
morragias). 
 
 
 
 
~ EUDIANE ZANCHET ~ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Extra sobre a Primeira Questão: 
 
Fontes Alimentares: 
 O ferro é encontrado em vários alimentos, 
tanto de origem animal (carnes de todos os tipos, 
leite e ovos), como vegetal (verduras de coloração 
verde escura, feijão, soja, entre outros). Entretanto, 
o que precisa ser evidenciado é a capacidade do 
organismo em aproveitar este ferro oferecido para 
exercer as suas mais diversas funções, o que deter-
mina a sua biodisponibilidade. 
 
Absorção e Transporte: 
 A absorção do ferro no duodeno é depen-
dente da natureza do complexo de ferro presente 
no lúmen intestinal, assim como da presença de fa-
tores facilitadores ou inibidores na dieta, e de suas 
reservas orgânicas. Sabe-se que são duas as vias 
de absorção do ferro: uma heme e outra não heme. 
O ferro ligado ao heme é proveniente de fontes de 
alimentos de origem animal (hemoglobina, mio-
globina e outras heme proteínas). Além de ser bem 
absorvido, devido a sua alta biodisponibilidade, 
melhora a absorção do pool de ferro não heme. 
 O ferro não heme está presente em alimen-
tos de origem vegetal, encontrando-se sob a 
forma de complexo férrico, que durante a digestão 
é parcialmente reduzido para a forma ferrosa, de 
mais fácil absorção, sob a ação do ácido clorídrico, 
bile e suco pancreático. 
 Após o processo de digestão, a maior parte 
do ferro forma um depósito intraluminal, sendo, 
portanto, sua absorção determinada por fatores 
facilitadores (ácido ascórbico, carnes em geral, 
aminoácidos como lisina, cisteína e histidina, áci-
dos cítrico e succínico, açúcares, como a frutose) 
ou inibidores (fitatos, presentes nos cereais; com-
postos fenólicos como flavanóides, ácidos fenóli-
cos, polifenois e taninos, encontrados nos chás 
preto e mate, café e certos refrigerantes; sais de 
cálcio e fósforo, encontrados em fontes proteicas 
lácteas; as fibras e a proteína do ovo). 
 Dessa forma, sempre deve ser levado em 
consideração que existem alimentos de alto teor 
em ferro como o feijão que, pela presença de fita-
tos e fibras, apresenta baixa biodisponibilidade. Em 
contrapartida, as carnes apresentam teores bem 
menores de ferro, porém de alta biodisponibili-
dade. O leite também é outro interessante exem-
plo de biodisponibilidade, pois o materno e o de 
vaca apresentam-se com praticamente o mesmo 
teor de ferro, porém o materno mostra-se com alta 
absorção e o de vaca, em função dos teores de sais 
de cálcio e fósforo, com baixa biodisponibilidade. 
 O ferro absorvido pode ser armazenado no 
citoplasma do enterócito de várias formas: conju-
gado à ferritina, a ligantes protéicos (mobilferrina) 
ou ligantes não protéicos (AMP, ADP, aminoáci-
dos), responsáveis também pelo transporte do 
ferro do interior do enterócito até a membrana ba-
solateral. Parte do ferro assim armazenado pode 
retornar ao lúmen intestinal pelo processo de des-
camação. 
 Na circulação, o ferro é transportado pela 
transferrina, sendo que cada molécula de transfer-
rina liga-se a dois íons Fe+++. Dessa forma, a me-
dida da saturação da transferrina sérica é conside-
rada importante indicador do status de ferro no or-
ganismo. 
 Para que ocorra o aproveitamento do ferro 
pelo organismo, há necessidade de receptores es-
pecíficos existentes em grandes quantidades em 
tecidos que mais necessitam do ferro (medula, fí-
gado, placenta). Normalmente, cerca de 70% a 
90% do ferro é captado pela medula óssea, para 
ser utilizado na produção da hemoglobina. 
No fígado, baço e medula, o ferro pode ser depo-
sitado, ligado à ferritina e hemossiderina, até vinte 
vezes acima de sua quantidade normal. 
 Para o recém-nascido, as reservas de ferro 
formadas durante a gestação são particularmente 
importantes, pois constituirão importante fonte de 
ferro endógeno que, juntamente com a fonte exó-
gena proveniente do leite materno, garantirão as 
necessidades de ferro até os 4-6 meses de vida. 
Dessa forma, a dosagem de ferritina sérica é im-
portante indicador dos estoques de ferro do orga-
nismo, pois é diretamente proporcional à quanti-
dade dos níveis de ferro corporal. 
 A maior parte do ferro utilizado no orga-
nismo humano é proveniente do próprio sistema 
de reciclagem de hemácias, e uma pequena parte 
proveniente da dieta, advindo de fontes vegetais 
ou inorgânicas (ferro não hemínico), e da carne e 
ovos (ferro hemínico ou orgânico). Diferente do 
ferro não heme, que sofre intensa influência de fa-
tores antinutricionais no seu processo absortivo, o 
ferro heme tem regulagem própria e independente 
de ação de mecanismos inibidores ou facilitadores 
A secreção gástrica de ácidoclorídrico (necessária 
para a solubilização dos sais de ferro e para a ma-
nutenção do ferro na forma ferrosa Fe2+) também 
é importante para a absorção do mineral. 
ez

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