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UNIDADE IV - Cultura Urbana, Rural e as Comunidades Tradicionais Culturas Urbana e Rural A etnografia é um ramo da Antropologia que busca descrever as tradições e culturas dos povos, mediante coleta de dados, análises e interpretações, principalmente a partir de trabalho de campo feito por um antropólogo. Uma determinada cultura é determinada pela interação entre os elementos do tempo, da etnia, da comunidade, do ambiente. Não se trata de ser melhor ou pior, de valorizar essa ou aquela forma de cultura, por exemplo, se da cultura popular ou da elite, mas cada qual tem suas especificidades. Entende-se por comunidades tradicionais aquelas que foram menos influenciadas por modos capitalistas de vida, universais. É o caso dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, caiçaras, dos faxinais no Sul do Brasil. Já o modo de vida urbano, principalmente nas grandes cidades e metrópoles, sofre inúmeras influências da indústria cultural, do processo capitalista. Mas nesse modo de vida existem também diversas formas de contracultura (contrária ao modo de vida capitalista), como os punks, hippies etc… Cultura(s) Urbana São formas de manifestação cultural, artística, esportiva, de expressão típicas das áreas urbanas. Os faxinais ● São comunidades tradicionais que vivem no Centro-Sul do Paraná; ● São formadas por famílias e povos que vivem de atividades no campo e cujos ascendentes eram povos camponeses que buscavam preservar sua forma de vida – de reprodução social – mediante uma maneira comunal de viver; As tribos urbanas: ● São microgrupos que têm como premissa a interação social entre amigos e/ou de grupos com o mesmo gosto musical, de pensamento, formas de se vestir, preferência artística em comum, entre outros aspectos. Ex: grupos de hip hop. ● Alguns autores não gostam desse termo - tribo - porque acham que remetem a tribos indígenas, africanas. ● Para Magnani (1996) o termo tribo urbana é uma metáfora – e não um conceito. Hip hop É um movimento sociocultural urbano, originado em Nova Iorque, nas comunidades afrodescendentes e latinas, constituído de música, dança, pintura e poesia. Veio pra São Paulo e é comum entre os jovens. Composto do Rhythm and Poetry (RAP) – ritmo e poesia –, do Disc-Jockey (DJ) – artista que cria os sons das batidas do hip hop –, do grafite e da breakdance – dança de rua. Grafite É um termo que deriva do latim grafitti e no período do Império Romano era denominação para as inscrições nas paredes de Roma e, a partir da década de 1990, foi se transformando em arte pop urbana de rua. Outros estudos de cultura urbana estão relacionados às formas de apropriação do espaço das cidades por diferentes grupos raciais e étnicos, caso dos bairros típicos de imigrantes comuns em grandes cidades, que trazem consigo um pouco de sua cultura, criando um enclave cultural típico Exemplo: bairros denominados Chinatown, em Los Angeles, Estados Unidos, onde há grupos de chineses vivendo e dando características asiáticas com suas lojas e restaurantes; Liberdade, no centro de São Paulo, com a predominância da cultura japonesa. Cultura e Modo de Vida no Campo No Brasil, existem centenas de municípios de pequeno porte onde a vida rural é maior do que a urbana, nos quais o modo de vida está mais relacionado à natureza, ao extrativismo – vegetal e/ou animal –, à agricultura, à pecuária ou a atividades de turismo rural. ● Festividades tradicionais em pequenas comunidades, relacionadas à religião ou religiosidade, ou ainda festas típicas associadas a algum produto agrícola – “festa do morango”, “da uva”, por exemplo – entre tantas outras conhecidas pelo Brasil, são comuns. ● Algumas dessas festas são transformadas conforme os interesses da indústria do turismo. ● Nas últimas décadas do século XX, o capitalismo tem adentrado cada vez mais no campo e vem alterando alguns costumes, formas de trabalho, tempo, lazer e modos de cultura. ● Apesar disso, ainda temos, por exemplo, o modo de vida caipira, em alguns Estados brasileiros das regiões Sul e Sudeste. Tal cultura caipira foi produzida no período colonial, mediante miscigenações de grupos indígenas – principalmente Tupi-Guarani com brancos descendentes de europeus, o que originou o chamado caboclo. ● Até meados do século XIX, os termos paulista e caipira se equivaliam. ● Já nos finais do século XIX, havia alguns estereótipos sobre o que seria o caipira, envolvendo certo preconceito daqueles que passaram a ser a elite com o processo de industrialização e urbanização pelo qual passaram algumas cidades paulistas – preconceito em relação ao sotaque, com o som da letra erre puxado, em relação ao modo de vida no campo, da vida mais simples, da “moda de viola”, entre outras características. ● Mais recentemente, nas últimas décadas do século XX, a antiga música caipira, da moda de viola, passou a ser chamada de sertaneja, sob influência de novos vieses musicais e uso de inéditos equipamentos, melodias e letras. Outros lugares onde o modo de vivência atrelado ao campo existem: 1. Sertão do Nordeste – formas de se alimentar, expressões, vestimentas, por exemplo, do vaqueiro e do sertanejo agricultor (que vive ainda da agricultura de subsistência), relacionados com sua religiosidade católica – que também vem sendo alterados nos últimos anos. 2. Amazônia – existem vários povos e etnias indígenas e comunidades tradicionais de ribeirinhos, cujas tradições remetem a outras formas de religiosidade, organização social e cultura. Em geral, o que caracteriza a comunidade tradicional é ter um modo de vida mais atrelado à natureza, mais voltado ao mundo rural. Não existe uma cultura indígena em si, mas vários povos e culturas indígenas. Tanto a língua, quanto os hábitos e crenças variam de um grupo para outro. Por Comunidades tradicionais: Povos e comunidades tradicionais Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Na Amazônia os povos tradicionais não indígenas possuem um modo de vida baseado na atividade extrativista, seja ela aquática ou florestal, vivendo grande parte nas margens de rios, igarapés, várzeas e lagos. São povos que aprenderam por meio do uso dos recursos naturais e das relações sociais a conviver com o rio, a floresta, fazendo destes, elementos de representações de sua própria vida, as identidades coletivas. O ribeirinho também está inserido entre os povos tradicionais da Amazônia, cujo termo refere-se àquele que anda pelos rios. O rio constitui a base de sobrevivência dos ribeirinhos, fonte de alimento e via de transporte, graças, sobretudo, às terras mais férteis de suas margens. Esses povos possuem estreita relação com os rios nos quais tem muito mais que o alimento, tem todo um complexocultural forjado nas suas múltiplas relações que com ele estabeleceram ao longo da ocupação de suas margens como localização estratégica e da consolidação das comunidades como forma de organização social. (NASCIMENTO et al., 2013). isso, o uso do termo índio é equivocado, pois trata-se de uma expressão genérica que envolve uma simplificação do ponto de vista étnico-cultural. Quando o jesuítas chegaram ao Brasil, quiseram catequizar os grupos indígenas, para moldá-los aos padrões e costumes da vida branca, cristã e ocidental. Durante vários séculos, muitos foram massacrados, outros morreram devido a doenças trazidas pelos colonizadores – os índios não tinham anticorpos para tais doenças –, outros tantos resistiram e lutaram por sua identidade. No século XX e início do XXI, a maioria dos grupos indígenas no território brasileiro estava situada principalmente na Amazônia. ● Em 1961, foi criado o Parque Nacional do Xingu, situado no Norte do Mato Grosso, reunindo algumas etnias indígenas, entre as quais: Kamayurás, Yawalapitís, Waurás, Kalapalos, Awetis e Ikpengs, sendo o primeiro território indígena constituído formalmente no Brasil, por Lei. ● Em 1967, no período dos governos militares, foi criada a Fundação Nacional do Índio (Funai), mantendo a tutela dos grupos indígenas e de suas terras por meio, inicialmente, de uma política de assimilação do indígena ao modo de vida do “branco”, desconsiderando sua diversidade. Trata-se da entidade responsável por promover políticas de delimitação, demarcação e regularização dos diferentes tipos de terras indígenas, bem como de elaborar políticas públicas de proteção a povos indígenas isolados. A LDBEN n.º 9.394/96 garantiu: ● A educação formal poderá ser em português e também na língua nativa de cada povo, tornando-se uma educação bilíngue; ● Uma educação que fortaleça a memória e a cultura dos povos indígenas. Após 1950: Os trabalhos dos Villas-Boas, de Claude Lévi-Strauss, de Darcy Ribeiro e tantos outros jogaram papel decisivo na repercussão política de conceitos mais ligados à “etnicidade” dos grupos indígenas, superando-se pouco a pouco a noção genérica de índio, via de regra estereotipada. A Constituição de 1988 reconheceu a organização social, as crenças, línguas e tradições dos grupos indígenas, garantindo-lhes a posse das terras tradicionalmente ocupadas. Tal tarefa não é simples, pois há situações bastante variadas de crianças indígenas que são monolíngues – falantes de um idioma, apenas –, mas não da língua portuguesa, ocorrendo eventualmente também o contrário. Territorialidades Negras e Quilombolas Na história brasileira, originalmente, a palavra quilombo se referia aos ambientes apropriados pelos escravos que fugiam e resistiam à escravidão, e a partir dos quais constituam espaços e modos de vida próprios. O mais conhecido desses quilombos no Brasil foi o de Palmares, situado na região de Alagoas. Há diversas territorialidades quilombolas, em condições muito distintas, social e culturalmente, o que nos permite afirmar que se trata de uma “multiterritorialidade quilombola” no Brasil. Em geral, não se caracterizam por uma ocupação por lotes individuais, mas de uso comum, obedecendo às características existentes nas formas e modos de vida e produção, seja agrícola, extrativista ou outro meio de sobrevivência. O modo de vida e as relações socioculturais se baseiam principalmente em laços de vizinhança e parentesco. O Decreto n.º 4.887/2003 define os quilombolas como grupos étnico-raciais segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada à resistência à opressão histórica sofrida. Cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do governo federal, identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e dar o título de terras quilombolas no Brasil, cabendo aos interessados buscar evidenciar suas situações. A maioria desses territórios quilombolas situa-se no Maranhão, Bahia, Pará, Minas Gerais e Pernambuco. QUESTÕES PERGUNTA 1 Na Amazônia os povos tradicionais não indígenas possuem um modo de vida baseado na atividade extrativista, seja ela aquática ou florestal, vivendo grande parte nas margens de rios, igarapés, várzeas e lagos (NASCIMENTO et al., 2013). Considerando o fragmento de texto acima apresentado, assinale a alternativa INCORRETA: A) O rio constitui a base de sobrevivência dos ribeirinhos, fonte de alimento e via de transporte, graças, sobretudo, às terras mais férteis de suas margens. B) Esses povos possuem estreita relação com os rios nos quais tem muito mais que o alimento, tem todo um complexo cultural forjado nas suas múltiplas relações que com ele estabeleceram ao longo da ocupação de suas margens como localização estratégica e da consolidação das comunidades como forma de organização social. C) São povos que aprenderam por meio do uso dos recursos naturais e das relações sociais a conviver com o rio, a floresta, fazendo destes, elementos de representações de sua própria vida, as identidades coletivas. D) O ribeirinho também está inserido entre os povos tradicionais da Amazônia, cujo termo refere-se àquele que anda pelos rios. E) Os povos tradicionais amazônidas são exclusivamente os ribeirinhos, que vivem do extrativismo – da caça, pesca e coleta de vegetais da floresta. PERGUNTA 2 Considerando que na história brasileira, originalmente, a palavra quilombo se referia aos ambientes apropriados pelos escravos que fugiam e resistiam à escravidão, e a partir dos quais constituam espaços e modos de vida próprios, assinale a alternativa INCORRETA: A) Muitas vezes eram territórios móveis, pois à medida que tais espaços eram descobertos, eram buscados novos locais para se viver. O mais conhecido desses quilombos no Brasil foi o de Palmares, situado na região de Alagoas. B) Há territórios quilombolas até mesmo em propriedades cujos donos as abandonaram parcialmente, situações comuns, por exemplo, com a produção do algodão no sertão nordestino. C) Os quilombolas são territórios exclusivamente onde viveram escravos ou seus descendentes em terras públicas. D) Há também casos de terras onde esses se situam e que foram desapropriadas dos antigos jesuítas, por doação ou concessão de terras de antigos proprietários rurais. E) O termo quilombola, expressão usada para terras onde negros oriundos de antigas famílias de escravos ainda vivem atualmente, não tem relação direta somente com as antigas localidades de fugas de escravos do passado. PERGUNTA 3 Considerando que, apesar dos inúmeros conflitos existentes e com perdas territoriais de diversos grupos indígenas no Brasil, há alguns aspectos positivos ocorridos nas últimas décadas, leia atentamente as seguintes afirmações, pontuando V para VERDADEIRO ou F para FALSO: I Um dos quais se refere à legislação da educação brasileira que, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) n.º 9.394/96 e das diretrizes curriculares nacionais da educação escolar indígena(1999), instituiu especificidades na educação escolar indígena. VERDADEIRO II A educação escolar indígena poderá ser em português e também na língua nativa de cada povo, tornando-se uma educação bilíngue; uma educação que fortaleça a memória e a cultura dos povos indígenas. VERDADEIRO III Um dos aspectos é a definição da delimitação das terras indígenas e a obrigação desses grupos estudarem somente em português. FALSO IV A educação indígena poderá ser bilíngue, mas tal tarefa não é simples, pois há situações bastante variadas de crianças indígenas que são monolíngues – falantes de um idioma, apenas –, mas não da língua portuguesa, ocorrendo eventualmente também o contrário. VERDADEIRO As afirmativas I, II, III e IV são, RESPECTIVAMENTE: R: V,V,F,V PERGUNTA 4 É um ramo da Antropologia que busca descrever as tradições e culturas dos povos, mediante coleta de dados, análises e interpretações, principalmente a partir de trabalho de campo feito por um antropólogo. Não se deve considerá-la como descrição de raças ou da cor da pele. Desse modo, não existe cultura do negro e do branco, pois cor da pele e/ou raça não é a mesma coisa que cultura. Trata-se da RESPOSTA: Etnografia.
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