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08 Abordagens sociocognitivas de aprendizagem

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PSICOLOGIA 
DA EDUCAÇÃO 
Gabriel Godoi
Abordagens sociocognitivas 
de aprendizagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar as abordagens sociocognitivas de aprendizagem e listar os 
principais aspectos da teoria sociocognitiva de Bandura.
 � Reconhecer os modelos de aprendizagem por observação, monito-
ramento e autorregulação.
 � Avaliar as abordagens sociocognitivas.
Introdução
Neste capítulo, você aprenderá a identificar as principais abordagens 
sociocognitivas da aprendizagem: a teoria cognitivo-comportamental e a 
teoria sociocognitiva de Albert Bandura. Essas abordagens são extrema-
mente importantes, pois geram grandes impactos dentro das instituições 
de ensino. Santrock (2009) explica que os principais conteúdos dessas 
teorias e a forma como compreendem a cognição em relação aos compor-
tamentos e o ambiente podem incrementar suas habilidades e fornecem 
estratégias para poder individualizar os conteúdos para que todos os 
estudantes de sua sala de aula possam desenvolver-se de forma ótima.
Você terá contato com os modelos de aprendizagem por observação, 
monitoramento e autorregulação, que estão dentro das abordagens 
sociocognitivas. Esses modelos de aprendizagem podem ser reprodu-
zidos dentro das escolas para que você possa propiciar um conjunto de 
estratégias que facilite o aprendizado das crianças.
Por fim, problematizaremos os principais conceitos das abordagens 
sociocognitivas, os seus impactos nas instituições de ensino por todo 
mundo e de que forma elas podem propiciar uma mudança nos formatos 
de escola que temos no Brasil. Você observará as críticas de outros pes-
quisadores acerca dessas abordagens e poderá formular um pensamento 
próprio para também avaliar essas teorias.
Abordagens da aprendizagem e teoria 
sociocognitiva de Bandura
Pensar sobre como se dá a aprendizagem dos seres humanos vem sendo um 
desafio para os mais diversos pesquisadores (LUÍS; ROLDÃO, 2016). Psi-
cologia, pedagogia, neurologia e biologia são apenas algumas áreas que já 
propuseram modelos teóricos sobre como os seres humanos pegam estímulos 
de seu ambiente, processam internamente e transformam essas experiências 
em ferramentas a serem utilizadas em outras situações. Assim, podemos 
compreender que o conceito de aprendizagem não é simples, nem concreto 
e, muito menos, consensual (SANTROCK, 2009). Entre os diversos modelos 
teóricos que se formaram, as abordagens sociocognitiva de Bandura (2006) e 
a teoria cognitivo-comportamental de Beck (1997) são as mais utilizadas por 
educadores e profissionais que trabalham com educação, principalmente por 
abarcarem uma complexidade suficiente para que boas estratégias possam ser 
pensadas a serem utilizadas nas salas de aula para incrementar o processo de 
aquisição de conhecimentos dos alunos.
As abordagens cognitivo-comportamentais partem do princípio do con-
dicionamento operante de Skinner (1954), mas inserem o campo cognitivo 
(pensamento, raciocínio, expectativas sociais) como um fator importante no au-
mento ou na diminuição dos comportamentos desejados. Assim, as abordagens 
cognitivo-comportamentais objetivam a mudança comportamental, fazendo 
com que o indivíduo monitore, maneje e regule seu próprio comportamento 
em vez de deixar que seja controlado por fatores externos (BECK, 1997). 
Santrock (2009) esclarece que as abordagens cognitivo-comportamentais se 
originaram da psicologia cognitiva, que enfatiza os efeitos dos pensamentos 
sobre o comportamento, e do behaviorismo, que enfatiza as técnicas de mudança 
do comportamento. As abordagens cognitivo-comportamentais procuram 
mudar conceitos errôneos, fortalecer habilidades de enfrentamento, aumentar 
seu autocontrole e estimular a autorreflexão construtiva (WATSON; THARP, 
2007). Métodos autoinstrucionais são técnicas cognitivo-comportamentais 
voltadas para ensinar os indivíduos a modificarem seu comportamento. Os 
métodos autoinstrucionais ajudam as pessoas a alterarem o que dizem para 
si mesmas.
Entre as estratégias cognitivo-comportamentais que os estudantes podem 
utilizar para autorregular seus comportamentos, chamamos a atenção para as 
estratégias de autofala. Meichenbaum, Turk e Burstein (1975) citam alguns 
pontos dessa estratégia, que ajudam alunos e educadores a lidarem com mais 
eficiência em situações de estresse. 
Abordagens sociocognitivas de aprendizagem2
a) Estar preparado para a ansiedade ou o estresse: “o que preciso fazer?”;
“vou desenvolver um plano para lidar com isso”; “vou simplesmente
pensar sobre o que preciso fazer”; “não vou me preocupar”; “ficar
preocupado não ajuda em nada”; “tenho várias estratégias diferentes
que posso usar”.
b) Confrontar ou lidar com ansiedade ou estresse: “posso encarar o de-
safio”; “vou continuar no ritmo um passo por vez”; “dou conta disso”;
“vou relaxar, respirar fundo e usar uma das estratégias”; “não vou
pensar sobre meu estresse”; “só vou pensar sobre o que tenho de fazer”.
c) Lidar com sentimentos nos momentos críticos: “o que é isso que tenho
de fazer?”; “eu sabia que minha ansiedade poderia aumentar”; “só
tenho de manter a mim mesmo sob controle”; “quando a ansiedade
chegar, irei apenas fazer uma pausa e continuar me concentrando no
que preciso realizar”.
d) Use autoafirmações reforçadoras: “ótimo, consegui”; “dei conta do
recado”; “eu sabia que conseguiria”; “espere até eu contar para os
outros como fiz!”.
Santrock (2009) comenta que, em muitas situações, a estratégia é subs-
tituir autoafirmações negativas por positivas. Por exemplo, uma estudante 
pode dizer para si mesma: “não vou conseguir nunca terminar esse trabalho 
para amanhã”. Isso pode ser substituído por autofala positiva, como: “vai 
ser difícil, mas acho que consigo terminar”, ou “vou encarar isso como um 
desafio e não como um estresse”, ou ainda “se eu trabalhar realmente duro, 
posso conseguir terminar”.
A abordagem cognitivo-comportamental sustenta que falar de maneira 
positiva consigo mesmo ajuda educadores e estudantes a atingirem todo o 
seu potencial (WATSON; THARP, 2007). Pensamentos negativos acabam 
virando uma profecia realizada. Você acha que não consegue fazer e, então, não 
consegue. Se o diálogo interior negativo é um problema para você, pergunte-
-se ocasionalmente ao longo do dia: “o que estou dizendo para mim mesmo
neste momento?”. Momentos que você acredita que serão potencialmente
estressantes são ocasiões excelentes para examinar sua autofala. Monitore,
também, a autofala de seus alunos. Se você ouvir alunos dizendo “não consigo 
fazer isso” ou “sou tão lerdo que nunca vou conseguir terminar isso,” dedique
algum tempo para ajudá-los a substituírem o diálogo interior negativo por um
positivo. Devido a isso, muitos cognitivistas comportamentais recomendam
que os estudantes melhorem seu desempenho por meio do monitoramento do
3Abordagens sociocognitivas de aprendizagem
próprio comportamento (ROCK, 2005). Isso pode requerer que os estudantes 
mantenham gráficos ou registros de seu próprio comportamento. 
A teoria sociocognitiva de Albert Bandura estabelece que os fatores sociais 
e cognitivos, assim como o comportamento verificável e privado, desempe-
nham funções importantes na aprendizagem. Santrock (2009) explica que os 
fatores cognitivos podem envolver as expectativas de sucesso dos estudantes. 
Os fatores sociais podem incluir a observação, por parte dos estudantes, do 
comportamento de realização de seus pais. Devido ao seu aporte teórico e, 
também, por englobar as diferentes dimensões do ser humano (relações com 
seu comportamento, pensamento e pressões sociais), a teoria sociocognitiva se 
tornou uma fonte cada vez mais importante de conhecimento teórico para os 
educadores e facilita a criação de diversas aplicações para sala de aula (CHOI, 
2005). Bandura (2006) é o principal arquiteto da teoria sociocognitiva. Ele 
diz que, quando os estudantes aprendem, podem representar ou transformar 
cognitivamente suas experiências. Assimcomo no condicionamento operante 
de Skinner (1954), as relações na teoria sociocognitiva somente ocorrem entre 
eventos ambientais e comportamento.
O modelo desenvolvido por Bandura (2006) é embasado no pensamento 
de determinismo recíproco, ou seja, as interações entre indivíduo e ambiente 
determinarão quais serão as atitudes, os pensamentos e as consequências 
futuras. Os pensadores que seguem a ideia de determinismo não entendem 
que seja possível prever o que acontecerá futuramente, pois as variações de 
combinações entre comportamento e respostas ambientais são demasiadamente 
grandes para se fazer uma estimativa minimamente válida. Mesmo assim, 
esses pensadores entendem que todos os comportamentos e pensamentos 
derivam de interações comportamentais passadas. Dessa forma, não existiria 
livre-arbítrio real ou escolhas ao acaso — tudo é determinado pelas trocas 
entre comportamentos e reforços ou punições ambientais que aumentam ou 
diminuem a frequência desse comportamento.
O determinismo recíproco de Bandura (2006) consiste em três fatores 
principais: comportamento, cognição e ambiente — que podem interagir entre 
si para influenciar a aprendizagem. Essa influência se dá no comportamento 
humano, assim como o comportamento também o afeta o ambiente, formando 
uma intrínseca rede de troca entre indivíduo e meio, que vai formando os 
padrões comportamentais e psicológicos de cada um. Os pensadores discordam 
sobre a utilização da palavra “cognição” por Bandura (2006). Santrock (2009) 
faz uma crítica ao conceito utilizado por Bandura, que usa a palavra “pessoa” 
ao invés de “cognição”. No entanto, Santrock (2009) entende que muitos dos 
fatores pessoais que ele descreve são cognitivos, sendo que os que não têm um 
Abordagens sociocognitivas de aprendizagem4
viés cognitivo são, principalmente, traços de personalidade e temperamento. 
Tais fatores podem incluir ser introvertido ou extrovertido, ativo ou inativo, 
calmo ou ansioso e amável ou hostil. Fatores cognitivos incluem expectativas, 
crenças, atitudes, estratégias, raciocínio, pensamento e inteligência.
Pensando no modelo como Bandura (2006) estruturou sua teoria sociocogni-
tiva, por meio dessa rede intrincada de influências que sobrepõem umas sobre 
as outras, Santrock (2009) utiliza um exemplo para podermos ilustrar como 
se dá a aprendizagem de estudantes pelo viés da teoria sociocognitiva. 
a) Cognição influencia comportamento — o estudante desenvolve 
estratégias cognitivas para pensar de maneira mais profunda e lógica 
sobre como resolver problemas. A estratégia cognitiva melhora seu 
comportamento de aquisição.
b) Comportamento influencia cognição — o estudo (comportamento) 
do estudante fez com que ele tirasse boas notas, o que, por sua vez, 
produz expectativas positivas sobre suas capacidades e lhe proporciona 
autoconfiança e autoeficácia (cognição).
c) Ambiente influencia comportamento — o colégio ao qual o estudante 
está vinculado desenvolveu um programa de habilidades de estudo para 
ajudar os estudantes a aprenderem como fazer anotações, gerenciar seu 
tempo e realizar provas com mais eficiência. O programa de habilidades 
de estudo melhora o comportamento de aquisição do estudante. 
d) Comportamento influencia ambiente — o programa de habilidades 
de estudo melhora o comportamento de aquisição de muitos alunos 
da classe do estudante. A melhora no comportamento de aquisição 
dos alunos estimula a escola a expandir o programa para que todos os 
estudantes do ensino médio possam participar.
e) Cognição influencia ambiente — as expectativas e o planejamento 
dos profissionais que trabalham o ensino sobre seus estudante foi o que 
propiciou a criação do programa de habilidades. Dessa forma, podemos 
ver que os modos como os profissionais e estudantes percebem o seu 
entorno pode facilitar ou dificultar a apreensão dos conteúdos. Se um 
estudante considera que a escola só serve para “prendê-lo” ou não tem 
autoeficácia suficiente para acreditar que pode aprender as matérias, é 
mais fácil que ele tenha maior dificuldade, realmente, na hora de estudar, 
o mesmo que ocorre com os profissionais do ensino (SATROCK, 2009).
f) Ambiente influencia cognição — o colégio utiliza seus recursos para 
montar uma biblioteca à qual os estudantes e pais podem ter acesso 
a diferentes livros e formas de aprofundar seus conhecimentos. Esse 
5Abordagens sociocognitivas de aprendizagem
centro de recursos também oferece serviços de tutoria de estudos aos 
estudantes, que, junto com seus cuidadores, aproveitam os recursos do 
centro e as tutorias. Esses recursos e serviços melhoram as habilidades 
de raciocínio do estudante.
Vemos que a principal diferença entre o modelo sociocognitivo de Ban-
dura (2006) e o modelo comportamental de Skinner (1954) está no fato de 
Bandura (2006) considerar a cognição como um pilar que influencia tanto o 
ambiente como o comportamento de forma equivalente a esses dois planos. 
Esse novo eixo de influência permite com que a teoria sociocognitiva acesse 
uma complexidade superior nos estudos da aprendizagem. A cognição se torna 
passível de estudo, e é preciso que os pesquisadores a entendam para poder 
melhorar suas capacidades de ensinar. Porém, o fator pessoal/cognitivo que 
Bandura (2006) mais enfatizou nos últimos anos foi a autoeficácia, a crença 
de que uma pessoa consegue dominar uma situação e produzir resultados 
positivos. Bandura diz que a autoeficácia tem influência poderosa sobre o 
comportamento (SANTROCK, 2009). 
Pudemos observar que tanto a abordagem sociocognitiva quanto a cogni-
tivo-comportamental têm a cognição como um dos pilares fundamentais, por 
onde estruturar-se-ão todas as estratégias. Não por acaso essas são as duas 
abordagens mais utilizadas atualmente dentro das instituições de ensino (CHOI, 
2005). Dessa forma, percebemos que não há como pensarmos o processo de 
aquisição de informações sem levarmos em conta a forma como os alunos 
formulam seu pensamento, como este é regulado pelas expectativas sociais e 
como seus comportamentos influenciam as expectativas que a sociedade terá 
sobre determinado estudante e como isso impactará seus pensamento sobre 
si mesmo e sobre suas capacidades (autoeficácia). 
Aprendizagem por observação, 
monitoramento e autorregulação
A aprendizagem por observação é uma forma de aquisição de conhecimentos 
que envolve adquirir habilidades, estratégias e crenças ao observar outros 
indivíduos realizando ações semelhantes e as consequências que essas atitudes 
tiveram (SANTROCK, 2009). Bandura (2006) explica que a aprendizagem por 
observação envolve a imitação, mas não está limitada a ela. O que é tipicamente 
aprendido não é uma cópia completa do modelo observado, mas uma forma 
geral ou estratégia que o observador aplica de maneira criativa, adicionando 
Abordagens sociocognitivas de aprendizagem6
ou retirando etapas de acordo com suas vivências. A capacidade de aprender 
padrões de comportamento por meio da observação elimina a necessidade de 
aprendizagem por tentativa e erro, pois essa é muito mais difícil e demorada 
para dar algum resultado efetivo. Assim, na maioria das ocasiões, a aprendiza-
gem por observação exige menos tempo do que o condicionamento operante.
Desde seus primeiros experimentos, Bandura (1986) se concentrou 
na exploração de processos específicos envolvidos na aprendizagem por 
observação, que incluem atenção, retenção, produção e motivação. Santrock 
(2009) explica um pouco mais sobre cada uma dessas etapas. 
a) Atenção — antes que qualquer indivíduo possa imitar as ações de um 
modelo, ele precisa prestar atenção no que este está fazendo ou dizendo. 
A atenção ao modelo é influenciada por diversas características. Os 
seres humanos estão mais propensos a prestarem atenção em modelos 
com status social/hierárquico mais elevado, sendo que, na maioria dos 
casos do ensino fundamental, os professores e educadores são modelo 
ótimos de aprendizagem por observação.
b) Retenção — para reproduziras ações do modelo, os indivíduos de-
vem codificar a informação e armazená-la na memória para que possa 
ser recuperada. A retenção de informações dos estudantes pode ser 
aprimorada se os educadores usarem demonstrações vívidas, lógicas 
e claras do que querem ensinar, como exemplos contextualizados do 
cotidiano dos alunos.
c) Produção — as crianças podem prestar atenção ao modelo e codificar 
na memória o que viram, mas, devido às limitações em sua capacidade 
motora, não são capazes de reproduzir o comportamento do modelo. 
Uma pessoa sem condicionamento físico, ao observar os movimentos 
de um nadador olímpico, certamente não conseguirá reproduzi-los 
fielmente sem um longo treino.
d) Motivação — frequentemente, as crianças prestam atenção no que o 
modelo diz ou faz, retêm a informação na memória e têm as habilida-
des motoras para desempenhar a ação, mas não estão motivadas para 
desempenhar o comportamento do modelo. Quando os estudantes são 
punidos ao imitar o comportamento do modelo, este diminuirá sua 
ocorrência.
Psicólogos educacionais defendem cada vez mais a importância da apren-
dizagem autorreguladora (SCHUNK; ZIMMERMAN, 2006), que consiste na 
autogeração e no automonitoramento dos pensamentos, sentimentos e com-
7Abordagens sociocognitivas de aprendizagem
portamentos, a fim de atingir um objetivo, que pode ser acadêmico (melhorar 
a interpretação em leitura, escrever de maneira mais organizada, aprender a 
multiplicar, fazer perguntas relevantes) ou socioemocional (controlar a raiva, 
relacionar-se melhor com os colegas). Winne (2005) lista algumas caracterís-
ticas de alunos autorregulados:
 � definem objetivos para ampliar seu conhecimento e manter sua 
motivação; 
 � conhecem seu perfil emocional e têm estratégias para controlar suas 
emoções;
 � monitoram periodicamente seu progresso em relação a um objetivo;
 � ajustam ou reveem suas estratégias com base no progresso que estão 
fazendo; 
 � avaliam os obstáculos que podem surgir e fazem as adaptações 
necessárias.
Entendemos como funciona o processo de aprendizagem por observação 
e quais os meios que podem influenciar para que esse comportamento não 
se mantenha, mas, também, existem diversas estratégias que podem incre-
mentar a forma como esses comportamentos aparecerão — uma delas é o 
automonitoramento, que consiste em uma estratégia excelente para melhorar 
a aprendizagem, pois permite que você ajude os estudantes a aprenderem a 
fazer com eficiência (WATSON; THARP, 2007).
O desenvolvimento da autorregulação é influenciado por muitos fatores, 
entre eles a modelação e a autoeficácia (SCHUNK; ZIMMERMAN, 2006). Os 
modelos são fontes importantes para transmitir habilidades de autorregulação, 
dentre as quais estão o planejamento e o gerenciamento eficiente do tempo, a 
atenção e a concentração, a organização e a interpretação de informações de 
maneira estratégica, o estabelecimento de um ambiente de trabalho produtivo 
e a utilização de recursos sociais. Zimmerman e Schunk (2004) ilustram 
os conceitos de autorregulação e monitoramento por meio do caso de uma 
estudante que está com baixo desempenho em história. A seguir, mostramos 
o passo a passo que consiste no modelo de autorregulação.
 � Passo 1 — Ela autoavalia seu estudo e a preparação para as provas, 
mantendo um registro detalhado disso. O educador também fornece 
algumas diretrizes sobre como fazer esse registro. Após várias sema-
nas, a aluna entrega o registro e relaciona seu baixo desempenho nas 
Abordagens sociocognitivas de aprendizagem8
provas à sua baixa compreensão dos materiais de leitura e a certo nível 
de dificuldade.
 � Passo 2 — A estudante define um objetivo, para o caso de melhorar 
sua compreensão de leitura, e planeja como atingir essa meta. O pro-
fessor também ajuda a aluna a dividir o objetivo em componentes, 
como identificar as principais ideias e definir objetivos específicos 
para entender uma série de parágrafos do livro. O papel do educador 
é fornecer estratégias, como concentrar-se inicialmente na primeira 
sentença de cada parágrafo e, em seguida, examinar as demais como 
meio de identificar as ideias principais. 
 � Passo 3 — A aluna coloca o plano em prática e começa a monitorar 
seu progresso. Inicialmente, ela pode precisar da ajuda do educador 
para identificar as principais ideias do texto. Esse feedback tem como 
objetivo fazer com que a estudante monitore sozinha sua interpretação 
de texto com mais eficiência.
 � Passo 4 — A aluna monitora seu aprimoramento em compreensão de 
leitura, avaliando se o processo teve algum impacto em seus resultados 
de aprendizagem. Mais importante, saber se esse aprimoramento em 
interpretação de texto resultou em melhor desempenho nas provas de 
história.
Podemos compreender que a estratégia de autoavaliação é uma boa forma 
de medir a evolução do aluno e, também, promover a ideia ao estudante de 
que ele está constantemente evoluindo em seus estudos e aprofundando seus 
conhecimentos. No entanto, Schunk e Zimmerman (2006) salientam que as 
autoavaliações revelaram que a estratégia de encontrar as principais ideias 
melhoraram apenas parcialmente a compreensão da aluna e somente quando 
a primeira sentença continha a principal ideia do parágrafo — portanto, os 
autores recomendam que os educadores utilizem estratégias adicionais para 
auxiliar todas as crianças.
A autoeficácia também pode influenciar a escolha das tarefas, o esforço 
despendido, a persistência e o rendimento do estudante (SCHUNK; ZIMMER-
MAN, 2006). Comparados aos estudantes que duvidam de suas capacidades 
de aprendizagem, aqueles com autoeficácia alta para adquirir uma habilidade 
ou desempenhar uma tarefa participam mais prontamente, trabalham com 
mais afinco, persistem mais quando se deparam com uma dificuldade e apre-
sentam maior rendimento (SANTROCK, 2009). Devido a esses mecanismos, 
é muito importante que os professores estimulem os estudantes a usarem a 
autorregulação. Essa estimulação transmite a mensagem de que os próprios 
9Abordagens sociocognitivas de aprendizagem
estudantes são responsáveis por seu comportamento, por se tornarem instruídos 
e por serem cidadãos que contribuem com a sociedade (LAJOIE; AZEVEDO, 
2006). Outra mensagem que também pode ser transmitida pela aprendizagem 
autorreguladora é que a aprendizagem é uma experiência pessoal que requer 
uma participação ativa e dedicada do estudante (ZIMMERMAN; BONNER; 
KOVACH, 1996), além de que os alunos conseguem enxergar melhor seus 
avanços na matéria em questão, percebendo que são eficazes e capazes de 
aprender o conteúdo.
Consequências das abordagens sociocognitivas
É inegável que as abordagens sociocognitivas fizeram contribuições impor-
tantes para a educação em geral. Enquanto mantiveram o perfil científico dos 
behavioristas e a ênfase na observação cuidadosa, elas expandiram signifi-
cativamente a ênfase da aprendizagem para incluir fatores sociocognitivos 
(SANTROCK, 2009). Uma aprendizagem considerável ocorre ao se observar 
e ouvir modelos competentes e, depois, imitar o que eles fazem. A ênfase 
da abordagem cognitivo-comportamental na autofala e na aprendizagem 
autorreguladora proporciona uma mudança importante da aprendizagem 
controlada pelos outros para a responsabilidade por sua própria aprendizagem 
(WATSON; THARP, 2007). Essas estratégias autorrealizáveis podem melhorar 
consideravelmente a aprendizagem do estudante.
A teoria cognitivo-comportamental e a teoria sociocognitiva iniciaram 
dentro dos campos acadêmicos da psicologia, mas sua amplitude se deu de tal 
forma que se estendeu para diversos outros campos, como o direito, o esporte 
e a educação. Se pensarmos no modelo escolar antigo, no qual o educador 
ensinava de forma rígida e havia uma crença de que a hierarquia na qual o 
professor manda e os estudantes obedecem, havia a crença de que pudesse 
fazer com que as crianças aprendessem bem (LOURO, 2000). Além disso, o 
modelo anterior de escola não levava em conta as individualidadesde cada 
estudante. Pelo contrário, as escolas pretendiam a homogeneização de todos 
os alunos para “facilitar” a aquisição dos conteúdos. Muitos estudantes foram 
preteridos e marginalizados devido a isso. Não entender que os estudantes não 
são iguais e não aprendem da mesma maneira fez com que o Brasil tivesse um 
aumento enorme da evasão escolar, que só foi estancada mediante diversas 
políticas públicas iniciadas no início do século XXI.
Um dos grandes valores dessas abordagens da aprendizagem é poder 
mostrar, tanto aos estudantes quanto aos educadores, que todas as crianças 
Abordagens sociocognitivas de aprendizagem10
têm valor, são inteligentes e a individualidade é de fundamental importância 
para o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos. Assim, não cabe mais 
o pensamento de que determinado estudante não consegue aprender sem 
antes esgotar as estratégias individualizadas de aprendizagem. A educação 
mundial foi impactada no sentido de que, atualmente, as instituições de ensino 
conseguem possibilitar os estudantes se desenvolverem de forma muito mais 
propícia. Houve uma diminuição constante no número de analfabetos em todo 
o mundo, queda dos níveis de depressão nos níveis fundamental e médio em 
território nacional e, por fim, um decréscimo bastante acentuado da evasão 
escolar no Brasil e no mundo (LOURO, 2000; SANTROCK, 2006).
Experimentos de Albert Bandura sobre a aprendizagem social da violência (narrados 
por Bandura) podem ser encontrados no link a seguir.
https://goo.gl/U5ADVn
Críticas às abordagens sociocognitivas
No entanto, por mais que exista um acréscimo considerável no que entendemos 
atualmente acerca da aprendizagem e das estratégias para fortalecer esse 
processo, ainda é possível problematizar os preceitos pelos quais essas abor-
dagens trabalham. Críticos das abordagens sociocognitivas vêm de diversos 
campos (SANTROCK, 2009). Alguns teóricos da cognição acreditam que as 
abordagens ainda focam excessivamente no comportamento aberto e em fatores 
externos, e não o suficiente nos detalhes de como os processos cognitivos, 
como pensamento, memória e solução de problemas, de fato, ocorrem. Com 
certeza, a inserção do campo da cognição no entendimento do ser humano foi 
fundamental para que as teorias comportamentais pudessem ter base teórica 
para criar teorias e estratégias para a educação e o desenvolvimento intelectual 
dos seres humanos (LOURO, 2000).
Alguns dos desenvolvimentalistas também criticam as abordagens cogni-
tivo-comportamentais por não falarem sobre desenvolvimento no sentido que 
não especificam mudanças sequenciais relacionadas à idade na aprendizagem. 
Diversos autores, como Piaget (1982) e Winnicott (1970), têm estruturas teóricas 
11Abordagens sociocognitivas de aprendizagem
muito fortes e sólidas no campo do desenvolvimento humano. Piaget (1982), por 
exemplo, explica que o cérebro infantil evolui conforme vai crescendo. Dessa 
forma, não faria sentido ensinar conceitos abstratos (amor, valor do dinheiro, 
metáforas, entre outros) para crianças muito pequenas, pois elas ainda não 
têm a capacidade cerebral de compreender, limitando-se, ainda, a conteúdos 
muito concretos (o que é frio; o que é quente; o que é duro; o que é mole). 
Nesse sentido, se não levarmos em conta as questões desenvolvimentais, as 
abordagens sociocognitivas não se sustentariam por si só. Afinal, não importa 
o quanto as trocas entre comportamento, ambiente e cognição sejam favoráveis
ao aprendizado, as crianças muito jovens não conseguirão aprender conceitos
aos quais não estão cognitivamente preparadas.
É verdade que a teoria sociocognitiva não trata do desenvolvimento em 
grande profundidade, porque é principalmente uma teoria de aprendizagem 
e comportamento social. Mas também não há necessidade de rotular como 
uma abordagem que não fala sobre o desenvolvimento. Os teóricos do huma-
nismo também a condenam por não dar atenção suficiente à autoestima, ao 
afeto e a relacionamentos estimulantes. Todas essas críticas também podem 
ser aplicadas, e assim têm sido, às abordagens comportamentais, como o 
condicionamento operante de Skinner (1954).
BANDURA, A. Going global with social cognitive theory: from prospect to pay dirt. 
In: DONALDSON, S. I.; BERGER, D. E.; PEZDEK, K. (Ed.). The rise of applied psychology. 
Mahwah: Erlbaum, 2006.
BANDURA, A. Social foundations of thought and action. Englewood Cliffs: Prentice-
-Hall, 1986.
BECK, J. S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
CHOI, N. Self-efficacy and self-concept as predictors of college students’ academic 
performance. Psychology in the Schools, v. 42, n. 2, p. 197-205, Feb. 2005.
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13Abordagens sociocognitivas de aprendizagem

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