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Gên Tex Poema I - O medo

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Gênero textual: Poema
Todos nós sentimos medo. Não há idade, origem, religião que nos torne uma pessoa tão corajosa a ponto de não sentirmos medo algum. Por meio da poesia, Carlos Drummond de Andrade retrata os conflitos sociais e os momentos emblemáticos vividos pelos jovens de determinada época.
O poema que você vai ler a seguir trata desse assunto. Ele faz parte do livro de poemas A rosa do povo, escrito em 1943 e 1945, no período em que o mundo enfrentava a Segunda Guerra Mundial e o Brasil era governado pelo regime do Estado Novo. 
O medo
Em verdade temos medo.
Nascemos escuro. As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
 Nosso destino, incompleto.
E fomos educados para o medo. 
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
Vadeamos
Somos apenas uns homens				Berçar: acolher, rodear.
E a natureza traiu-nos.					Vadear: atravessar (rio, brejo) a pé, 	
Há as árvores, as fábricas, 				pelos lugares menos profundos. 
Doenças galopantes, fomes.
Refugiamo-nos no amor,
Este célebre sentimento,
E o amor faltou: chovia,
Ventava, fazia frio em São Paulo.
Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa, 
Nos dissimula e nos berça.
[...]
		Carlos Drummond de Andrade. 
1. Releia os versos da primeira estrofe: 
Em verdade temos medo
Nascemos escuro
Esses versos apresentam uma construção que, aparentemente, tem um erro de concordância: “Nascemos escuro”. A palavra “escuro” não está no plural e, portanto, não concorda com o sujeito desinencial “nós”. Podemos concluir, então, que não se trata de um adjetivo que pode ser atribuído ao sujeito. A palavra “escuro” passa a ser um substantivo.
a) Que sentido pode ser atribuído ao verso? 
b) Qual é a consequência de “nascermos escuro”, segundo o poema? 
2. Nesse contexto, a que se restringem as escolhas do eu poético? 
3. Que relação podemos estabelecer entre o regime autoritário, a opressão da guerra e o verso “E fomos educados para o medo.”? 
4. No poema, o eu poético afirma que os homens, ao se sentirem traídos pela natureza, buscam refúgio no amor. Essa busca é recompensada de alguma forma? Justifique com um trecho do poema
5. Em um dos versos, o eu poético afirma que “[...] o amor faltou [...]”.
a) Em sua opinião, por que o eu poético faz essa afirmação? 
b) Indique qual seria a diferença de sentido se o eu poético tivesse usado o verbo “acabou” em vez de “faltou”.

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