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FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA 2

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39
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Unidade II
3 SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO
Para Assaf Neto e Silva (2006), é através das participações de instituições financeiras que se cria o 
mercado financeiro. Assim, para eles, a instituição financeira coloca-se entre os agentes econômicos e 
aqueles que necessitam de recursos. A intermediação financeira tem como objetivo criar uma relação 
entre os superavitários e os deficitários. Nessa relação, o primeiro está voltado para a aplicação dos 
recursos, enquanto o segundo, para quem necessita tomar esses recursos emprestados. Essa ação pode 
acontecer de forma direta ou indireta:
• direta – bancos comerciais;
• indireta – em nome de terceiros.
Observe, na figura a seguir, como se dá essa relação.
Paga juros Spread Recebe juros
Agente
deficitário
Instituição 
financeira
Agente 
suprevitário 
poupador
Figura 1 – Relação entre instituições financeiras
A instituição financeira capta recurso no mercado e gerencia os recursos do agente superavitário, 
que recebe uma remuneração da instituição financeira pelos recursos que serão emprestados ao agente 
deficitário. Esse, por sua vez, pagará uma taxa de juros sobre o valor tomado como empréstimo. O spread 
deve ser suficiente para cobrir todas as despesas ocorridas na intermediação financeira.
 Observação
Spread é a diferença entre a taxa de juros cobrada pela instituição 
financeira e a aplicada no mercado.
Na atuação de forma indireta, segundo Assaf Neto e Silva (2006), a instituição atua orientando os 
tomadores e aplicadores na realização de negócios. A instituição atua como um fator de aproximação 
entre as partes, cobrando uma taxa por esse serviço. Um exemplo de atuação acontece em bolsas de 
valores, que envolve operações como emissão de títulos e dívida.
40
Unidade II
Instituição financeira 
comissão
Tomador:
paga juros
Poupador:
recebe juros
Figura 2 – Intermediação financeira
3.1 Mercado financeiro
O mercado financeiro foi criado para atuar a partir de 1964, quando se reformulou, através da Lei 
da Reforma Bancária (Lei nº 4595) todo o sistema financeiro nacional, que antes estava totalmente em 
função do banco comercial. A única opção que o investidor possuía para aplicar suas poupanças era 
depositar suas economias no Banco Comercial. Assim, a primeira providência do Governo, a partir de 1964, 
foi criar um sistema financeiro com instituições adequadas que operassem com títulos, onde as pessoas 
pudessem aplicar suas poupanças e, consequentemente, financiaria as empresas (setor produtivo). Para 
que isso fosse feito, era necessário criar uma legislação específica para o desenvolvimento do mercado 
e reformular todo o Sistema Financeiro. 
O SFN pode ser dividido em quatro grandes mercados, conforme especificado no quadro a seguir: 
Quadro 10 – Mercados de crédito, de capitais, cambial e monetário
Mercado de 
Crédito
Nele, acontecem as operações voltadas ao controle de oferta de 
moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a 
liquidez da economia. Destina-se ao financiamento de consumo 
para pessoas físicas e capital de giro para empresas através de 
intermediários financeiros bancários. O principal agente desse 
mercado é o Bacen, Banco Central do Brasil, que pratica a Política 
Monetária, usando, por exemplo, o controle da taxa Selic. 
Mercado de 
Capitais
É o conjunto de operações de prazo médio, longo ou indeterminado, 
cuja finalidade é movimentar recursos para agentes deficitários 
através das operações de compra e de venda de títulos e valores 
mobiliários efetuadas entre empresas, investidores e intermediários. 
Esse mercado tem como normatizador e fiscalizador a Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM).
Mercado de 
Câmbio
Nele, são realizadas operações que envolvem a necessidade de 
conversão de moedas nacionais e vice-versa. Crédito à exportação e 
financiamento à importação, tendo como controlador e fiscalizador o 
Bacen, por meio de sua Política Cambial.
Mercado 
Monetário
É através do mercado monetário que o governo controla os meios de 
pagamento (depósitos a vista nos bancos comerciais, mais o volume 
de papel moeda em poder do público).
 Observação
Taxa Selic é a taxa básica de juros. Seu papel é controlar a inflação.
41
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Ainda sobre mercado financeiro, é possível encontrar:
Quadro 11 – Outros mercados
Mercado 
Futuro
No qual são realizadas operações envolvendo lotes 
padronizados de commodities ou ativos financeiros, 
para liquidação em datas prefixadas.
Mercado 
Primário
É nele que ocorre a colocação de ações e outros títulos 
provenientes de novas emissões. As empresas recorrem 
ao mercado primário para completar os recursos de que 
necessitam, visando ao financiamento de seus projetos 
de expansão ou seu emprego em outras atividades.
Mercado 
Secundário
No qual ocorrem as negociações dos títulos adquiridos 
no mercado primário, proporcionando a liquidez 
necessária.
Mercado de 
bolsa
No qual acontecem as negociações de compra e venda 
de ações com auxílio de sistema informatizado.
Mercado de 
balcão
A negociação ocorre diretamente entre a instituição 
financeira e outra instituição financeira ou não 
financeira.
Alguns dos principais títulos públicos federais negociados no mercado financeiro nacional são 
apresentados abaixo:
Quadro 12 – Títulos públicos negociados no mercado financeiro nacional
Título Rendimento Forma de pagamento
LTN - Letras do Tesouro 
Nacional
Taxa prefixada, rentabilidade 
definida no momento da compra. No vencimento.
LFT - Letras Financeiras de 
Tesouro
Rentabilidade diária atrelada a taxa 
básica de juros da economia (Selic). No vencimento.
NTN-B - Notas do Tesouro 
Nacional (Série B)
Taxa de juros definida no momento 
da compra, acrescida de variação do 
IPCA.
Juros (semestralmente) e 
principal no vencimento.
NTN-C - Notas do Tesouro 
Nacional (Série C)
Taxa de juros definida no momento 
da compra, acrescida de variação do 
IGP-M.
Juros (semestralmente) e 
principal no vencimento.
NTN-F - Notas do Tesouro 
Nacional (Série F)
Rentabilidade prefixada. Taxa de 
juros definida no momento da 
compra.
Juros (semestralmente) e 
principal no vencimento.
3.2 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
O Sistema Financeiro Nacional pode ser entendido conforme apresentado por Assaf Neto na figura 
a seguir:
42
Unidade II
Sistema 
Financeiro 
Nacional
Instituições Não 
Financeiras
Instituições 
Financeiras 
Não Bancárias
Secretaria de 
Previdência 
Complementar
 Brasil 
Resseguros
(IRB)
Superintendência 
de Seguros 
Privados (Susep) 
Comissão de 
Valores Mobiliários 
(CVM)
Banco Central 
do Brasil 
(Bacen)
Instituições 
Financeiras 
Bancárias
Instituições 
Auxiliares
Sistema 
Brasileiro de 
Poupança e 
Empréstimo 
(SBPE)
Conselho 
de Gestão e 
Previdência
(CGPC)
Conselho 
Monetário 
Nacional
(CMN)
Conselho 
Nacional 
de Seguros 
Privados (CNSP)
Sistema de 
Intermediação
Sistema 
Normativo
Figura 3 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
• O Conselho Monetário Nacional 
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão supremo do sistema Financeiro Nacional. Sua 
função é definir as normas de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e formular a política 
de crédito e de moeda da economia. É composto pelo ministro da Fazenda, que exerce a função de 
presidente, pelo ministro do Planejamento e Orçamento e pelo presidente do Banco Central. O Banco 
Central e a Comissão de Valores Mobiliários são órgãos normativos e estão vinculados ao CMN.
• Conselho Nacional de Seguros Privados 
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) responsabiliza-se pelas diretrizes da política de 
seguros privativos no Brasil. Compõem esse conselho o ministro da Fazenda, que exerce o papel de 
presidente, representantes do Ministério da Justiça, da Previdência Social, do Bacen, da Superintendência 
de Seguros Privados e da CVM. A CNSP tem como papel regular e fiscalizar as ações dos que exercem 
atividades voltadas a contrato de seguro, previdênciaprivada, capitalização e operações de resseguro, 
bem como as diretrizes para as sociedades seguradoras e a atividades do profissional de corretagem de 
seguros.
• Conselho de Gestão de Previdência Complementar 
Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC) é um órgão colegiado que integra a 
estrutura do Ministério da Previdência Social e cuja competência é regular, coordenar as atividades das 
Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de pensão). Também cabe ao CGPC julgar, em 
última instância, os recursos interpostos contra as decisões da Secretaria de Previdência Complementar.
• Banco Central do Brasil
É responsável pela execução das leis que regulam o Sistema Financeiro Nacional com atribuições de 
atuar como banco dos bancos, executar a política monetária, atuar como banqueiro do governo. 
43
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
• Comissão de Valores Mobiliários 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é considerada uma entidade de apoio cuja ação está voltada a 
normativo do mercado de ações e debêntures, que são título de crédito ao portador que representa uma 
dívida, a juros, garantida pelo patrimônio do emitente. Outras entidades consideradas como entidades 
de apoio são:
• Banco do Brasil 
O Banco do Brasil também é um agente de política econômica no Sistema Financeiro Nacional. É 
responsável por algumas tarefas públicas, como a gestão da “Câmara de Compensação”, que é uma 
estrutura onde as instituições financeiras realizam trocas de instruções de pagamento. Um bom exemplo 
é a câmara de cheques e operações eletrônicas (DOC ou TED) nas quais valores são transferidos entre 
instituições financeiras. Assim, quando um usuário do sistema financeiro emite um cheque ou realiza 
uma transferência eletrônica, será na câmara de compensação que essa operação será interpretada, 
registrada e executada. 
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal, exercendo o papel 
de principal instituição financeira de fomento do Brasil por impulsionar o desenvolvimento econômico.
• Caixa Econômica Federal
Está voltada ao financiamento habitacional e ao saneamento básico.
• Instituições financeiras 
São atores que atendem de maneira ampla a demanda por créditos em que estão envolvidos os 
superavitários e os deficitários. Os bancos comerciais são os principais representantes desses atores.
• Bancos comerciais
 São intermediários financeiros que gerenciam a movimentação dos recursos entre os agentes 
superavitários e os agentes deficitários. Os bancos comerciais atuam descontando títulos, abertura de 
crédito simples, câmbio e comércio internacional, captação de depósitos etc. Muitos bancos comerciais 
juntam-se para melhor ganhar espaço no mercado, o que tem acontecido na última década, como o 
Banco do Brasil, na aquisição da Nossa Caixa, e o Banco Santander, na fusão com o Banco Real. No caso 
da fusão, o principal problema que os bancos enfrentam é a adaptação do sistema de um com o outro, 
fase anterior à do ganho da escala. 
• Cooperativas de crédito
 Equiparando-se às instituições financeiras, são formadas entre os funcionários das empresas. No 
setor primário, permitem uma melhor comercialização dos produtos rurais e criam facilidades para o 
44
Unidade II
escoamento das safras agrícolas para os consumidores. No interior das empresas em geral, as cooperativas 
oferecem possibilidades de crédito aos funcionários, que contribuem mensalmente para a sobrevivência 
e crescimento da cooperativa. Todas as operações facultadas às cooperativas são exclusivas apenas aos 
cooperados.
• Bancos de investimentos
 Têm característica de atuação em longo prazo. Esse tipo de banco capta recursos através de emissão 
de CDB e RDB, de captação e repasse de recursos e de venda de cotas de fundos de investimentos. Esses 
recursos são direcionados a empréstimos e financiamentos específicos à aquisição de bens de capital 
pelas empresas ou subscrição de ações e debêntures, também oferecendo vários tipos de serviços como 
avais, custódias, fianças, gestão de fundos de investimentos etc.
 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre CDB e RDB no site do Banco do Brasil, 
disponível em:
<http://www.bancodobrasil.com.br>.
O texto reproduzido a seguir mostra que nem sempre a aquisição de um banco por outro traz 
benefícios. Se o processo não for cuidadosamente calculado, o desempenho pode não ser bom e frustrar 
os investidores, além dos clientes.
O que está acontecendo com o Santander? 
Troca de executivos e problemas na integração levantam dúvidas sobre os rumos dos 
espanhóis no Brasil. A sucessão de mudanças no banco Santander vem deixando o mercado 
financeiro intrigado. Pouco depois de concluir uma integração de sistemas do antigo Real 
que apresentou problemas, o banco anunciou uma profunda reestruturação em seu primeiro 
escalão. [...]. A movimentação na cúpula provocou rumores de que o banco estaria insatisfeito 
com os resultados do varejo no país, algo negado com veemência espanhola. A versão oficial 
é de que o objetivo da dança de cadeiras é manter o Santander na rota de um “crescimento 
determinado e sustentável”. Alguns observadores dizem que Berenguer, com a nova missão 
no varejo, seria a estrela em ascensão ligada ao antigo presidente, Barbosa, o que reforçaria 
a tese de continuidade da gestão. Declarações do gênero costumam ser padrão em qualquer 
mudança nos altos escalões. O que há de concreto em meio às especulações?
Há quatro anos, a fusão Real-Santander parecia ser a senha para dias de glória dos 
espanhóis no país. Na ocasião, Emilio Botin anunciou que a meta era ser maior banco 
privado brasileiro. O Santander ocupava então o terceiro lugar no ranking, onde continua 
até hoje, para desgosto de Botin. A compra do Real também marcou uma atitude diferente 
45
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
do banco espanhol em relação a outras aquisições com valorização do time anterior, como 
foi o caso de Barbosa, escolhido para a presidência. Mas o processo acabou sendo mais 
moroso do que se esperava. Não que seja fácil integrar duas instituições muito grandes 
no varejo. Entretanto, Itaú e o Unibanco, que acertaram sua fusão em novembro de 2008, 
14 meses depois que o Santander comprou o Real, andaram mais rápido na unificação 
das operações. Em meados de fevereiro, uma onda de reclamações sobre problemas da 
migração das contas correntes atingiu o Santander. No ranking de reclamações do Banco 
Central (BC), que mede o grau de irritação dos clientes, o Santander saltou do quinto lugar, 
e em dezembro, para o segundo lugar em janeiro. Além do BC, as entidades relacionadas 
aos direitos do consumidor também registraram os efeitos dos problemas na integração. “O 
número de reclamações dos nossos associados subiu muito em fevereiro e especialmente 
durante os dias que se seguiram à migração”, disse Ione Amorim, economista do Instituto 
de Defesa do Consumidor (Idec). “Começamos a detectar a insatisfação dos clientes desde o 
início da fusão, mas esse indicador disparou nos últimos dias”.
Apesar de toda a atenção dedicada às marcas, o ponto mais sensível de qualquer fusão 
bancária é a integração do sistema tecnológico. Além da tarefa excepcionalmente delicada 
de preservar milhões de dados individuais e sigilosos, o processo força uma multidão de 
clientes a mudar de hábito. “Mudança é algo que só agrada as empresas de transporte de 
móveis”, diz um executivo familiarizado com a vida interna do Santander. “Para a maioria 
dos clientes, mudar representa um transtorno, e ninguém fica satisfeito”. O banco reconhece 
que o processo não transcorreu exatamente às mil maravilhas. “Ocorreram alguns problemas 
pontuais”, admite Angel Agallano, vice-presidente executivo do Santander. Mesmo assim, 
ele disse estar orgulhoso do resultado. “Resolvemos todos os problemas em menos de 48 
horas”. Para Agallano, os percalços já foram superados: “Registramos um pico de atividade 
na véspera do Carnavale tudo funcionou perfeitamente”, disse ele. Uma das possíveis 
explicações para as falhas ocorridas em fevereiro é a grande diferença entre os sistemas do 
Real e o do Santander, que acabou acarretando trabalho dobrado na migração.
A percepção de que o Santander não conseguiu crescer rápido após comprar o Real 
também está afetando seu desempenho nas bolsas. Desde a abertura de capital da subsidiária 
brasileira, em outubro de 2009, os papéis do banco caíram 7,7%. No mesmo período, o índice 
de ações de empresas financeiras valorizou-se 10,3%. “O Santander não entregou um bom 
desempenho em 2010, o que acabou frustrando os investidores”, diz Luciana Leocadio, da 
Ativa Corretora. O Santander tem sido criticado pelos analistas por ser pouco agressivo na 
concessão de crédito, incomodando pouco a concorrência. “O banco ainda não transformou 
os recursos do lançamento de ações na expansão dos empréstimos”, diz Daniel Malheiros, 
da Spinelli Corretora. Mas o que é visto como um desempenho fraco pelos analistas daqui é 
considerado um sucesso na reunião de acionistas em Santander. O Brasil superou a Espanha 
em 2010, pela primeira vez como maior fonte de lucros do grupo. Enquanto o resultado 
global caiu 8,5% no ano passado, os lucros no Brasil cresceram 31%. Talvez por isso Botin 
esteja olhando com lupa a estratégia no país daqui para frente. 
SOBRAL, 2011, p. 76-78.
46
Unidade II
Para análise:
O texto anterior expressa a recente ação no Brasil do Banco Santander. Desconsiderando 
a ambição dos executivos do banco em torná-lo o principal banco privado do país, em um 
grande esforço, o banco está ou estaria atendendo as necessidades dos clientes brasileiros 
e integrado ao Sistema Financeiro Nacional?
Quadro 13 – Instituições financeiras
Sociedade de Crédito, 
Financiamento e 
Investimentos (SCFI)
Captam recursos através de letras de câmbio, financiando bens de consumo 
duráveis aos consumidores finais (crediário). Tratando-se de uma atividade 
de alto risco, seu passivo é limitado a 12 vezes seu capital mais reservas.
Sociedade Corretoras
Operam com títulos e valores mobiliários por conta de terceiros e dependem 
do Bacen para constituírem-se e da CVM para o exercício de suas atividades. 
As “corretoras” podem efetuar lançamentos de ações, administrar carteiras, 
fundos de investimentos e intermediar operações de câmbio.
Sociedades 
Distribuidoras
Não têm acesso às bolsas como as Sociedades Corretoras. Suas principais 
funções são a subscrição de emissão de títulos e ações, intermediação e 
operações no mercado aberto.
Sociedade de 
Arrendamento 
Mercantil
Lidam com operações de leasing (locação de bens) de forma que, no final 
do contrato, o locatário pode renovar o contrato, adquirir o bem por um 
valor residencial ou devolver o bem locado à sociedade. As Sociedades de 
Arrendamento Mercantil captam recursos através da emissão de debêntures, 
com características de longo prazo.
Associações de 
Poupança e Empréstimo
Os associados têm direito à participação nos resultados. A captação de 
recursos ocorre através de caderneta de poupança.
Sociedades de Crédito 
Imobiliário
Atuam no financiamento imobiliário. Ao contrário das Caixas Econômicas, 
essas sociedades são voltadas ao público de maior renda. A captação ocorre 
através de Letras Imobiliárias, depósitos de poupança e repasses de CEF. 
Esses recursos são destinados, principalmente, ao financiamento imobiliário 
direto ou indireto.
3.2.1 Investidores institucionais
Os principais investidores institucionais são: Fundos Mútuos de Investimentos, Entidades Fechadas 
de Previdência Privada, Seguradoras, Companhias Hipotecárias, Agências de Fomento, Bancos Múltiplos, 
Bancos Cooperativos. O quadro a seguir apresenta suas principais características:
Quadro 14 – Instituições financeiras
Fundos Mútuos de 
Investimentos
Conhecidos como condomínios abertos, aplicam seus recursos em títulos 
e valores mobiliários com o objetivo de oferecer aos condomínios maiores 
retornos e menores riscos.
Entidades Fechadas de 
Previdência Privada
Instituições mantidas por contribuições de um grupo de trabalhadores e 
da mantenedora. Por determinação legal, parte de seus recursos deve ser 
destinada ao mercado acionário.
Seguradoras
São enquadradas como instituições financeiras segundo determinação legal. O 
Bacen orienta o percentual limite a ser destinado aos mercados de renda fixa e 
variável.
47
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Companhias Hipotecárias Tem objetivos de financiamento imobiliário, administração de crédito hipotecário e de fundos de investimento imobiliário, entre outros.
Agências de Fomento
Captam recursos através dos orçamentos públicos e de linhas de créditos de LP 
de bancos de desenvolvimento, destinando-os a financiamentos privados de 
capital fixo e de giro.
Bancos Múltiplos
Possuem pelo menos duas das seguintes carteiras: comercial, de investimento, 
de crédito imobiliário, de aceite, de desenvolvimento e de leasing. A vantagem 
é o ganho de escala que tais bancos alcançam.
Bancos Cooperativos
Bancos comerciais surgidos a partir de cooperativas de crédito. Sua principal 
restrição é limitar suas operações em apenas uma UF, o que garante a 
permanência dos recursos onde são gerados, impulsionando o desenvolvimento 
local.
3.2.2 Valores mobiliários
Nos valores mobiliários, são predominantemente ações de debêntures e quotas de fundos de 
investimento. Porém, Assaf Neto (2010) relata que existe outro tipo de valores imobiliários:
O artigo 2º da Lei nº 6385/76, com alterações feitas pela Lei nº 10.303/01, 
define como valores mobiliários os bônus de subscrição, os cupons diretos 
recibos de subscrição de certificados de desdobramentos relativos aos valores 
mobiliários ou certificados de depósito de valores mobiliários, as cédulas de 
debêntures, os contratos futuros de opções e outros derivativos. Nenhuma 
emissão pública de valores mobiliários poderá ser distribuída no mercado 
sem prévio registro da CVM, entendendo-se por ato de distribuição a venda, 
promessa de venda, oferta à venda ou subscrição, a aceitação de pedido de 
venda ou subscrição de valores mobiliários (ASSAF NETO, 2010, p. 44).
Não fazem parte do mercado de valores mobiliários os títulos de dívida pública federal, estadual ou 
municipal e os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, desde que não sejam as 
debêntures.
 Lembrete
Debênture: título de crédito ao portador que representa uma dívida, 
a juros, garantida pelo patrimônio do emitente; obrigação ao portador 
(HOUAISS, 2009).
3.2.3 Ativos financeiros
Os ativos financeiros negociados no mercado podem ser classificados com relação à renda, prazo e 
emissão. Quanto à renda, pode ser de renda fixa, quando todos os rendimentos oferecidos ao seu titular 
são conhecidos previamente no momento da aplicação. Mesmo sendo de renda fixa, os rendimentos dos 
títulos podem ser:
48
Unidade II
• Prefixados: quando os juros totais são definidos por todo o período da operação 
independentemente do comportamento da economia.
• Pós-fixados: quando somente uma parcela dos juros é fixa, sendo outra parte definida com 
base num indexador de preços contratado (IGP-M, INPC, TR etc.).
Um dos problemas é referente aos riscos existentes tanto nos títulos prefixados que nos títulos 
pós–fixados:
o risco da inflação é maior nos títulos prefixados cujos rendimentos não 
costumam acompanhar as flutuações dos preços. Nos títulos pós-fixados, o 
risco de perda de poder aquisitivo inexiste desde que o indexador selecionado 
reflita a efetiva taxa de inflação da economia. Dessa forma, pode-se concluir 
que o rendimento fixado representa a taxa nominal de juros da operação 
o ganho real dependerá do acompanhamento da inflação no período de 
emissão do título (ASSAF NETO, 2010, p. 49).
Os ganhos nos papéis de renda fixa estão sujeitos também às oscilações nas taxas de juros. Uma 
eventual elevação da taxa básica de juros da economia não proporciona equivalente aumento dos 
ganhos dos títulosemitidos. O investidor mantém-se atrelado à taxa de juros contratada no título por 
toda a sua duração independentemente de sua flutuação no mercado.
Quanto aos prazos os títulos, segundo Assaf Neto (2010), podem ser de prazo definido ou indeterminado. 
Os títulos de prazos definidos podem ser caracterizados de curto, médio e longo prazo. Um título de prazo de 
vencimento indeterminado não possui data marcada para seu resgate, podendo ser convertido em dinheiro 
a qualquer momento desejado pelo seu titular de acordo com a liquidez de mercado. Quanto à natureza da 
emissão os títulos, podem ser públicos ou particulares. Um título de emissão pública origina-se do governo 
federal, estadual ou municipal, cujo objetivo é financiar necessidades orçamentárias, investimentos públicos 
ou ainda a execução da política monetária do governo.
 Saiba mais
Os sites indicados a seguir podem propiciar uma inter-relação com os 
conteúdos da unidade:
<http://www.acionista.com.br>. 
Possui informações para o mercado acionário brasileiro.
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br>. 
Trata do sistema financeiro nacional e traz informações para investidores, 
instituições educacionais e jurídicas.
49
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
O texto reproduzido a seguir mostra como investidores de sucesso enfrentam momentos de 
instabilidade financeira. A escolha entre movimentos de longo ou curto prazo, em que setores investir, 
entre outras escolhas, devem ser profundamente analisadas.
Viagem sem bússola
 O carnaval de 2011 já passou, mas 2010 não parece ter terminado. A instabilidade do 
final do ano passado continua e tira o sono dos administradores de fundos de investimentos. 
Especialmente os de renda variável, que têm rebolado para garantir ganhos. Até o princípio 
de março, o índice Bovespa amargou uma queda de 1,86%. O mercado oscila sem o norte 
definido, deixando os gestores numa navegação às cegas. Nos dois primeiros meses do ano, 
os fundos de ações abertos perderam cerca de 2,62%, segundo dados da Economática. Os 
fundos multimercados, que teoricamente ganham com as oscilações dos preços, também 
não vêm apresentando um desempenho brilhante. Neste ano, eles renderam 1,42%, abaixo 
dos 1,88% do certificado de depósito interbancário (CDI), uma referência para aplicações 
de renda fixa. Casas menores e independentes vêm confirmando seu diferencial na gestão, 
o que não quer dizer que o trabalho delas seja mais fácil. As carteiras de valor menor 
permitem que essas administradoras, ainda que numa escala menor do que a dos anos 
anteriores, sejam mais ágeis para alterar seu portfólio de investimentos e multiplicar o 
dinheiro de seus clientes. Gestor das independentes, como Duna, G5 Advisors e Mcap, vêm 
mantendo uma trajetória diferente da maioria. Seja qual for o porte do gestor, todos sabem 
que enfrentarão um ano cheio de incertezas. Os desdobramentos da crise financeira na 
Europa e a turbulência política no Oriente Médio afastam os investidores estrangeiros, 
impedindo que as ações apresentem uma trajetória sustentável de valorização por aqui. No 
mercado doméstico, a inflação em alta e o crescimento econômico menor do que o previsto 
também podem pesar.
A imprevisibilidade deverá se manter nos próximos meses. “O foco deve ser o longo 
prazo”, diz Luciano Judgar, que controla a Duna Asset Management, com os sócios Inácio 
Ponchet e Julio Simões. “A liquidez dos ativos e a avaliação setorial são fundamentais”, 
reforça Ponchet. Com preferência por setores considerados mais seguros, como bancos e 
telecomunicações, o fundo Duna Long Short rendeu 1,99% nos dois primeiros meses do 
ano. “O mercado eufórico não é bom para a gente”, diz Simões.
Egressos do Credit Suisse, o trio fundou a Duna em 2008. Ponchet e seus sócios 
dão preferência para empresas com um potencial de crescimento e alta liquidez. 
“Procuramos conforto nas empresas com grande geração de caixa livre”, diz Ponchet 
[...]. Foi com estratégias de curto prazo que Vincent Carvalho, um dos sócios da Mcap, 
garantiu rentabilidade para os cotistas do Mcap Mach, um multimercado macro. 
“Temos agilidade”, diz o canadense Carvalho, filho de portugueses, que até 2009 
trabalhava na tesouraria do Citigroup, em Nova York. “As estratégias de curto prazo 
ajudam no momento em que a tendência do mercado muda”. Fundada naquele ano, 
a Mcap, além de Carvalho, tem outros cinco sócios e o investidor Luiz Alves Paes de 
Barros no Conselho. Com três fundos abertos e outros seis exclusivos, o objetivo é 
50
Unidade II
entregar pelo menos 150% do CDI a seus clientes. “As correlações entre os ativos 
brasileiros são muito instáveis”, afirma Carvalho. “Precisamos escolher a ação certa, 
a commodity certa e a moeda certa”. Entre janeiro e fevereiro, o Mach conseguiu um 
ganho de 2,09%.
Outros gestores até estão otimistas com a bolsa, mas só no longo prazo. Juan Morales, 
da G5 Advisor, prefere setores voltados ao mercado doméstico, como construção civil, varejo 
e infraestrutura. Por outro lado, aposta que ações de empresas mais expostas ao mercado 
internacional, como siderúrgicas, companhia de papel, de celulose e frigoríficos, vão cair e, 
por isso, montou posições vendidas. Juntou com André Zylberberg, que teve passagem pelo 
banco Pactual, Morales administra o G5 Total Return, um fundo long short que subiu 1,8% 
nos dois primeiros meses de 2011.
Qualquer que seja a opinião dos gestores sobre a bolsa de 2011, o trabalho será duro. 
Será necessário escolher as empresas com mais critério e fazer análises mais profundas. 
Também há chances de lucro nos movimentos de curto prazo. Para isso, vale a pena usar 
a análise técnica (que indica recomendações de compra ou venda de acordo com padrões 
históricos de oscilação e volume negociado), diz Carvalho, da Mcap. “A atitude dos gestores 
deve ser limitada pelos investidores. Mais do que nunca é necessário observar o histórico de 
rendimento e de risco dos fundos de ações. Lembre-se que, num cenário de alta discreta da 
bolsa, taxas de administração altas eliminam os ganhos”. 
SCHINCARIOL, 2011, p. 80-82. 
Para análise: 
O texto comenta que: “Casas menores e independentes vêm confirmando seu diferencial 
na gestão, o que não quer dizer que o trabalho delas seja mais fácil. As carteiras de valor 
menor permitem que essas administradoras, ainda que numa escala menor do que a dos 
anos anteriores, sejam mais ágeis para alterar seu portfólio de investimentos e multiplicar 
o dinheiro de seus clientes.” 
Você concorda com essa afirmação, de que as administradoras pequenas sejam mais 
ágeis? Por quê? 
4 MERCADO DE AÇÕES
De acordo com Abreu (2012), tudo começa quando empreendedores decidem organizar uma 
companhia para explorar comercial ou industrialmente uma ideia ou um ramo de atividade com o 
objetivo de obter lucro. No caso de mais de uma pessoa, cada qual decide que quantia vai arriscar 
no negócio. O capital necessário para dar início às operações sociais é dividido em ações com 
valor nominal definido de comum acordo. A quantidade que cada sócio subscreve determina seu 
percentual de participação e o nível de influência nos negócios. A sociedade se chama, portanto, 
por ações.
51
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
 Observação
Ação é a parcela mínima do capital. Equivale à escritura de um título de 
propriedade da parte ideal da empresa.
Ainda de acordo com o exemplo de Abreu (2012), vamos supor que, após começar a funcionar, a 
organização seja aceita pelo mercado, preenchendo uma necessidade dos consumidores. Ao crescer, 
precisa de mais capital. Novas subscrições são requeridas dos sócios. Se continuar o crescimento, há 
uma hora em que se esgota a capacidade dos sócios originais de aportarem mais capital. Desse modo, 
pela primeira vez, eles decidem admitir na sociedade pessoas de fora. Ações são oferecidas ao público, 
ficando, assim, prontas para negociação nos pregões da Bolsa de Valores. Qualquer pessoa, por menor 
que seja o seu capital, desde que suficiente para comprar uma só ação, pode tornar-seacionista de 
empresa com ações na Bolsa. Como acionista, participará dos seus lucros, e cada parcela dos lucros 
distribuída chama-se dividendos.
Quando a empresa torna-se pública, suas responsabilidades assumem outra dimensão. Os 
novos investidores só esperam que a companhia produza lucros e os distribua entre os sócios, 
para que seus capitais sejam remunerados. Não pretendem ser donos da empresa. Basta-lhes 
que ela gere lucros e distribua o mínimo legal. Os sócios só querem que esse compromisso seja 
respeitado. Assim, distribuir lucros regularmente é maneira de reter acionistas. Se a empresa 
não gera e, portanto, não distribui lucros, os acionistas decepcionam-se e vendem suas ações a 
terceiros. Para a empresa, é ruim perder acionistas porque ficará difícil chamar novas subscrições 
e recolher o capital que lhe permitiria prosseguir com seus planos de expansão. Por isso, é de 
toda conveniência que a companhia agrade aos sócios e dê-lhes o mínimo que eles desejam para 
permanecerem na sociedade.
Os sócios precisam ser informados de tudo o que acontece com a companhia. Eles não querem 
ser vítimas de mentiras, omissões e deslealdades; não gostam de ser enganados. Se a empresa for 
mentirosa, omissa e desleal, os sócios retiram-se. Têm obrigação moral de fazê-lo, para prioritariamente 
defender seu patrimônio. Além do mais, dar as costas a administradores ruins, que façam negócios 
obscuros e não zelem pelos interesses da empresa mais do que pelos interesses próprios, fará com que 
outros administradores sejam compelidos a respeitar o mercado e os investidores.
4.1 O valor de uma organização
Segundo Abreu (2012), na fixação do preço de mercadorias, entram em conta fatores como custos 
da produção, transporte, lucros do produtor e do revendedor e, naturalmente, impostos. O comprador 
precisa ter interesse no produto, além do dinheiro para comprá-lo. O interesse é determinado pela 
possibilidade de uso objetivo da mercadoria. Na Bolsa, há muitos papéis que subiram demais e atingiram 
preços de colecionador. As ações da Bolsa, do ponto de vista de quem pretende fazer investimentos, não 
especular, podem ser divididas em dois grupos: as que têm utilidade prática, por produzirem dinheiro 
(dividendos) e as que são guardadas em cofre, como reserva de valor, para que atinjam preço ainda mais 
52
Unidade II
alto, a fim de que possam ser vendidas mais tarde por uma fortuna, mas que no momento não produzem 
rendimento proporcional ao preço. No primeiro caso, o valor é objetivo; no segundo, subjetivo, sem 
quantificação matemática possível.
Quando se levanta a questão do preço justo da ação, impõe-se, inicialmente, a pergunta: “Qual é o 
preço justo da organização?” Aqui, muitas variáveis influem, como a qualidade da companhia e da sua 
administração, sua capacidade de gerar lucros, a aceitação dos seus produtos, sua posição no mercado, 
o conceito de que desfruta junto ao público, a bancos e a fornecedores. Se a empresa estiver sendo 
cogitada para venda, deve considerar também a motivação do proprietário para vendê-la e o grau de 
interesse de quem deseja comprá-la.
Aplicar na compra de ações com base no retorno em dividendos só foi possível a partir de dezembro 
de 1976, no advento da Lei das S.A., que obrigou as empresas a pagar dividendos mínimos de 25% 
do lucro líquido. Antes da lei, cada empresa pagava o que queria, quando pagava. O dividendo era 
calculado como percentagem do capital, com ou sem lucro. A adaptação das empresas às novas normas 
foi gradual.
4.1.1 Quanto vale a ação
Como determinar o preço de uma ação? O que se deve considerar? Existe um modo prático de 
determinar o preço das ações? Vamos analisar o exemplo proposto por Abreu (2012).
Se a taxa básica de 6% para remuneração de título de renda fixa é universalmente aceita, 
vamos admitir, então, que seja 6% a taxa básica de remuneração das ações. A remuneração das 
ações, como foi visto, são dividendos, que não poderão ser menores do que 6% ao ano para serem 
remunerativos.
Se aplicarmos o valor 100 num título de renda fixa, receberemos 6 de juros. O capital é igual a 16,67 
vezes o seu rendimento:
100 / 6 = 16,67
Por essa lógica, o preço da ação deverá ser no máximo 16,67 vezes maior do que os dividendos, que 
constituem a sua remuneração. 
Todo aquele que compra ação para ser remunerado pelos dividendos não deverá pagar mais do 
que 16,67 vezes o valor dos dividendos. Acima dessa proporção, obterá resultado financeiro melhor se 
comprar títulos de renda fixa.
Além de serem adquiridas simplesmente pelos dividendos, as ações podem ser adquiridas 
por objetivo de especulação, em que o comprador atua adquirindo e vendendo para tentar 
ganhar em curto prazo, como reserva de valor como garantia contra a desvalorização da 
moeda, para melhorar a posição na empresa, para quem já é acionista ou para comprar o 
controle da empresa.
53
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Aquele que especula, segundo Abreu (2012), é orientado pelo preço que estiver vigorando no pregão. 
O único referencial para ele é o nome da empresa. Quem adquire ações para conservar o valor do seu 
capital também não pensa em preço justo. Quem já é acionista e compra ações para reforçar sua posição 
na empresa, orienta-se pela representação patrimonial da ação, que reflete o valor de cada unidade da 
corporação. Aquele que visa a controlar a organização cuida para o custo da aquisição não ser maior do 
que a despesa incorrida se fosse instalar uma companhia igual à que ele quer comprar. Ele também usa 
o valor patrimonial como indicador. Esse tipo de investidor não se orienta pela remuneração imediata, 
mas sim futura, pois os benefícios futuros são proveitosos. 
4.1.2 Espécies de ações
Quanto à espécie, as ações podem ser classificadas como ordinárias e preferenciais. Cada ação 
ordinária dá direito a apenas um voto nas assembleias gerais. O pagamento de dividendos depende 
do conselho de diretoria, mas diversas organizações efetuam o pagamento trimestralmente, em ações, 
mercadorias ou dinheiro, que é o mais comum. O acionista comum recebe o pagamento de acordo 
com o padrão histórico de dividendos da empresa, satisfazendo às reivindicações de todos os credores, 
do governo e dos acionistas preferenciais antes do pagamento dos dividendos. Já o possuidor de ação 
ordinária não tem nenhuma garantia de receber qualquer distribuição periódica do lucro na forma de 
dividendos, nem de ficar com quaisquer ativos, em caso de liquidação.
O acionista comum provavelmente não receberá nada como resultado do processo legal da falência, 
a não ser o valor pago a mais do valor nominal da ação, ou seja, ele não poderá perder mais do que 
investiu na organização. O acionista comum pode receber retornos ilimitados, tanto pela distribuição 
do lucro quanto pela valorização de suas ações. Enfim, para o acionista comum nada é garantido em 
termos do pagamento do dividendo, porém ele pode receber possíveis premiações pelo fato de haver 
fornecido capital de risco.
• Ações ordinárias
De acordo com Oliveira Jr. (2012), ações ordinárias são ações que dão direito ao voto, possibilitando 
aos acionistas participarem da gestão da corporação. Os acionistas são conhecidos como proprietários 
residuais, pois recebem o que restar após terem sido atendidas todas as obrigações sobre o lucro e ativos 
da organização. 
As ações ordinárias podem ser possuídas por um único indivíduo, por um grupo de pessoas, como 
uma família, ou ser propriedade de um número amplo de pessoas não relacionadas entre si e investidores 
institucionais. De forma geral, as pequenas empresas são propriedade de um único indivíduo ou de um 
grupo restrito de pessoas e, caso suas ações sejam negociadas, isso ocorre através de arranjos pessoais 
ou no mercado de balcão. Cada ação ordinária dá direito a um voto na eleição de diretores ou em outras 
eleições especiais a seu possuidor. Os votos são assinados e devem ser depositados na assembleia geral 
ordinária.
O pagamento de dividendos depende do conselhode diretoria e muitas empresas pagam 
trimestralmente, em dinheiro, ações ou mercadorias, e o mais comum são os dividendos em dinheiro. 
54
Unidade II
O acionista comum não tem certeza de receber um dividendo, mas espera certos pagamentos 
segundo o padrão histórico de dividendos da empresa, satisfazendo às reivindicações de todos 
os credores, do governo e dos acionistas preferenciais antes do pagamento dos dividendos. Já 
o possuidor de ação ordinária não possui nenhuma garantia de receber qualquer distribuição 
periódica do lucro na forma de dividendos, nem de ficar com quaisquer ativos em caso de 
liquidação. O acionista comum provavelmente nada receba como resultado do processo legal da 
falência, mas, se tiver pagado mais do que o valor nominal pela ação, não poderá perder mais do 
que investiu na empresa. 
 Lembrete
O acionista comum pode receber retornos ilimitados, tanto pela 
distribuição do lucro como pela valorização de suas ações. Para ele, nada 
é garantido; entretanto, podem ser enormes os possíveis prêmios pelo 
fornecimento de capital de risco.
• Ações preferenciais
Segundo Oliveira Jr. (2012), ações preferenciais são ações que não dão direito a voto, mas 
possuem preferência no recebimento dos lucros, ou seja, no caso de a empresa falir, serão as 
primeiras ações a receberem. Esses tipos de ação dão a seus possuidores certos privilégios que lhes 
conferem direitos preferenciais em relação aos acionistas comuns. Geralmente não é emitida em 
grandes quantidades. Os acionistas preferenciais têm um retorno periódico fixo, que é estipulado 
como porcentagem ou em dinheiro. A ação preferencial é frequentemente emitida por empresas 
públicas para aumentar sua alavancagem financeira enquanto aumentam o capital próprio e 
evitam o risco mais alto associado a empréstimos por empresas adquirentes de fusão ou por 
empresas que estejam sofrendo perdas e precisem de financiamento extra. A ação preferencial 
é usada em conexão com fusões, para dar aos acionistas da empresa adquirida um título de 
renda fixa que, quando trocado por suas ações, resulta em certas vantagens tributárias. A ação 
preferencial é usada frequentemente para levantar os fundos necessários por empresas que 
estejam tendo prejuízos. Essas empresas podem vender mais facilmente ações preferenciais do 
que ações ordinárias por darem ao acionista preferencial um direito que é prioritário ao dos 
acionistas ordinários e, assim sendo, têm menos risco que a ação ordinária. 
As ações preferenciais diferem das ações ordinárias por causa de sua preferência no pagamento 
de dividendos e na distribuição dos ativos da sociedade, na eventualidade de liquidação. A palavra 
preferência significa apenas que os titulares de ações preferenciais devem receber um dividendo antes 
que os titulares das ações ordinárias recebam qualquer coisa. Enfim, do ponto de vista legal e fiscal, a 
ação preferencial é uma forma de capital próprio. O que é importante, porém, é que os titulares de ações 
preferenciais às vezes não possuem direito de voto.
55
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Quadro 15 – Vantagens das ações preferenciais
Capacidade de 
aumentar a 
alavancagem 
financeira
A ação preferencial obriga a empresa a pagar somente dividendos fixos 
aos seus portadores, sua presença ajuda a aumentar a alavancagem 
financeira da empresa. A alavancagem financeira crescente ampliará os 
efeitos dos lucros crescentes sobre os lucros dos acionistas ordinários.
Flexibilidade 
proporcionada pela 
ação preferencial
Embora a ação preferencial acarrete maior alavancagem financeira 
da mesma forma que um título privado, ela difere dele porque o 
emitente pode falhar no pagamento de um dividendo sem sofrer as 
consequências que resultam quando falha num pagamento de juros. 
A ação preferencial permite que o emitente mantenha sua posição 
alavancada, sem correr um risco tão grande a ponto de ser forçado 
a abandonar o negócio num ano de “vacas magras”, como poderia 
acontecer se falhasse no pagamento de juros.
Uso em 
reestruturação 
corporativa
Muitas vezes, a ação preferencial é trocada pela ação ordinária de uma 
empresa adquirida, sendo o dividendo preferencial determinado a um 
nível equivalente ao dividendo histórico da empresa adquirida. Isso faz 
com que a empresa adquirente defina, na época da aquisição, que será 
pago somente um dividendo fixo. Todos os outros lucros poderão ser 
reinvestidos para perpetuar o crescimento do novo empreendimento. 
Além do mais, essa abordagem permite aos proprietários da empresa 
adquirida seguirem um fluxo contínuo de dividendos equivalente àquele 
obtido antes da reestruturação.
Quadro 16 – Desvantagens das ações preferenciais
Propriedade 
nos direitos 
dos acionistas 
preferenciais
Uma vez que os portadores de ações preferenciais têm prioridade sobre 
os acionistas comuns em relação à distribuição de lucros e ativos, em 
certo sentido a presença da ação preferencial compromete os retornos 
aos acionistas comuns. Se o lucro da empresa após o imposto de 
renda for bastante variável, poderá ser seriamente prejudicada a sua 
capacidade de pagar, pelo menos dividendos simbólicos a seus acionistas 
comuns.
Custo do 
financiamento
O custo de financiamento da ação preferencial é geralmente maior do 
que o custo do financiamento através de empréstimo. Isso porque o 
pagamento de dividendos a acionistas preferenciais não é garantido, 
ao contrário do pagamento de juros sobre títulos privados. Já que 
os acionistas preferenciais estão dispostos a aceitar o maior risco de 
comprar ação preferencial em vez de títulos de dívida de longo prazo, 
eles precisam ter a compensação com um retorno mais elevado. Outro 
fator que leva o custo da ação preferencial a ser significativamente 
superior ao do empréstimo de longo prazo é que os juros sobre ele 
são dedutíveis para fins fiscais, enquanto que o dividendo preferencial 
precisa ser pago do lucro após o imposto de renda.
Dificuldade de 
venda
A ação preferencial é difícil de ser vendida. A maioria dos investidores 
não vê atrativos na ação preferencial, em comparação com os títulos 
privados (pois o emitente pode decidir não pagar os dividendos) e com a 
ação ordinária (devido ao seu retorno limitado).
 Saiba mais
Acesse o site <http://www.petrobras.com.br> e acompanhe as 
informações sobre ações.
56
Unidade II
Já vimos que ação é um título negociável, que representa a menor parcela em que se divide o capital 
de uma sociedade anônima. O quadro a seguir apresenta as várias tipologias de ações.
Quadro 17 – Tipos de ações
Ação cheia (com) Ação cujos direitos (dividendos, bonificação, subscrição) ainda não foram exercidos.
Ação com valor 
nominal
Ação que tem um valor impresso, estabelecido pelo estatuto da 
companhia que a emitiu.
Ação escritural
Ação nominativa sem a emissão de certificadas, mantida em 
conta de depósito de seu titular, na instituição depositária que 
for designada.
Ação listada em 
Bolsa Ação negociada no pregão em uma bolsa de valores.
Ação nominativa Ação que identifica o nome do seu proprietário, que é registrado no Livro de Registro de Ações Nominativas da Empresa.
Ação-objeto Valor mobiliário a que se refere uma opção.
Ação ordinária
Ação que proporciona participação nos resultados econômicos 
de uma empresa; concede a seu titular o direito de voto em 
assembleia.
Ação preferencial
Ação que oferece a seu detentor prioridade no recebimento de 
dividendos ou, no caso de dissolução da empresa, no reembolso 
de capital. Em geral não concede direito de voto em assembleia.
Ação sem valor 
nominal
Ação para a qual não se convenciona valor de emissão, 
prevalecendo o preço de mercado por ocasião do lançamento.
Ação vazia (ex) Ação cujos direitos (dividendo, bonificação, subscrição) já foram exercidos.
4.1.3 Tipos de acionistas
• Acionista majoritário 
Aquele que detém uma quantidade tal de ações com direito a voto que lhe permite manter o controle 
acionário de uma empresa.
• Acionista minoritário 
Aquele que é detentorde uma quantidade não expressiva (em termos de controle acionário) de 
ações com direito a voto.
 Lembrete
Informalmente falando, uma ação nada mais é do que um pedacinho 
de uma empresa; assim, quando alguém compra uma ação, se torna sócio. 
Num conceito mais formal: ações são títulos nominativos negociáveis, a 
menor fração do capital social de uma companhia.
57
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
4.2 Bolsa de Valores
Segundo o Dicionário Financeiro da Homebroker Spinelli (2012), Bolsa de Valores é uma associação 
civil sem fins lucrativos, cujos objetivos básicos são, entre outros, manter o local ou o sistema de 
negociação eletrônico adequado a realização, entre seus membros, de transações de compra e venda de 
títulos e valores mobiliários; preservar elevados padrões éticos de negociação e divulgar as operações 
executadas com rapidez, amplitudes e detalhes.
De acordo com Silva (2012), as ações são negociadas (compradas e vendidas) na Bolsa de Valores, 
instituição existente no Brasil desde 23 de agosto de 1890, época do ciclo do café. Até março de 2000, 
vários Estados do país (Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco etc.) tinham suas respectivas 
bolsas. Porém, naquele mês, foi acordada a fusão de todas em apenas uma: a Bovespa (Bolsa de Valores 
de São Paulo) por causa da concentração de riqueza: nada menos do que 60% da riqueza do Brasil é 
produzida em São Paulo. Desde então, a Bovespa é o único centro de negociações de títulos emitidos 
por companhias abertas, que disponibilizam seus papéis durante os pregões.
Quando se fala em companhias abertas, a referência é seu capital, pois a empresa é aberta à 
participação das pessoas através da venda de ações. Para se tornar uma empresa aberta, é preciso seguir 
uma série de regras determinadas pelas leis da S.A. (as Sociedades Anônimas) e pela Comissão de Valores 
Monetários (CVM), como a publicação periódica de balanços, além de se submeter a uma auditoria 
externa para que se verifique a saúde de suas contas. A abertura do capital é importante porque, com a 
venda de ações, as empresas conseguem dinheiro de forma rápida, fácil e barata. 
Quadro 18 – Oscilações da Bolsa
Bolsa em alta Quando o índice de fechamento de determinado pregão é superior ao índice de fechamento anterior.
Bolsa em baixa Quando o índice de fechamento de determinado pregão inferior ao índice de fechamento anterior.
Bolsa estável Quando o índice de fechamento de determinado pregão está no mesmo nível do índice de fechamento anterior.
 Lembrete
Uma Bolsa de Valores é, por definição, uma instituição civil sem fins 
lucrativos gerida por um conselho de administração eleito e supervisionada 
por órgãos específicos. 
É importante ressaltar alguns conceitos que já vimos para fixar esse conteúdo, pois, para 
compreender o mundo das ações e da Bolsa, não podem haver dúvidas sobre alguns itens. Entenda 
a diferença entre sociedade corretora, sociedade anônima e sociedade distribuidora. Sociedade 
corretora é uma instituição auxiliar do sistema financeiro, que opera no mercado de capitais, 
com títulos e valores da imobiliária, em especial no mercado de ações. É a intermediária entre os 
58
Unidade II
investidores nas transações em bolsas de valores. Administra carteiras de ações, fundos mútuos e 
clubes de investimentos, entre outras atribuições. Sociedade Anônima é a empresa que tem capital 
dividido em ações, com a responsabilidade de seus acionistas limitada proporcionalmente ao valor 
de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Já a sociedade distribuidora é uma instituição 
auxiliar do sistema financeiro que participa do sistema de intermediação e de ações e outros 
títulos no mercado primário, colocando-os à venda para o público.
Quadro 19 – Mercados da Bolsa de Valores
Mercado à vista
A liquidação física (entrega de títulos vendidos) acontece no segundo 
dia útil após a realização do negócio em Bolsa e a liquidação financeira 
(pagamento e recebimento do valor da operação) se dá no terceiro dia 
útil posterior à negociação e somente mediante a efetiva liquidação 
física.
Mercado a termo
Operações com prazos de liquidação diferidos, em geral de 30, 60 ou 
90 dias. Para aplicações no mercado a termo, são requeridos, além 
do registro na Bolsa de Valores, um limite mínimo para a transação 
de posse de valores; tem tanto pelo vendedor como pelo comprador, 
utilizados com margem de garantia da operação. Contrato a termo 
pode, ainda, ser liquidado antes de seu vencimento.
Mercado de opções
São negociados direitos de compra ou venda de um lote de valores 
mobiliários, com preços e prazos de exercícios preestabelecidos 
contratualmente. Por esses direitos, o titular de uma opção de compra 
paga um prêmio, podendo exercê-lo até a data de vencimento ou 
revendê-lo no mercado. 
Mercado de ações
Segmento do mercado de capitais que compreende a colocação 
primária em mercado de ações novas emitidas pelas empresas e a 
negociação secundária (em bolsa de valores e no mercado de balcão) 
das ações já colocadas em circulação.
Mercado de balcão
Mercado de títulos sem lugar físico determinado para as transações, 
as quais são realizadas por telefone entre instituições financeiras. São 
negociadas ações da empresa não registradas em bolsas de valores e 
outras espécies de títulos.
Mercado de balcão 
organizado
Sistema organizado de negociação de títulos e valores mobiliários de 
renda variável administrado por entidade autorizado pela Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM).
Mercado de 
capitais
Conjunto de operações de transferência de recursos financeiros de 
prazo médio, longo ou indefinido, efetuadas entre agentes poupadores 
e investidores, por meio de intermediários financeiros.
Mercado financeiro
Mercado voltado para transferência de recursos entre os agentes 
econômicos. No mercado financeiro, são efetuadas transações com 
títulos de prazos médios, longo e indeterminado, geralmente dirigidos 
ao financiamento dos capitais de giro e fixo.
Mercado futuro No qual são realizadas operações envolvendo lotes padronizados de commodities ou ativos financeiros para liquidação em datas prefixadas.
Mercado primário
É nele que ocorre a colocação de ações e outros títulos provenientes 
de novas emissões. As empresas recorrem ao mercado primário para 
completar os recursos de que necessitam, visando ao financiamento de 
seus projetos de expansão ou seu emprego em outras atividades.
Mercado 
secundário
No qual ocorre a negociação dos títulos adquiridos no mercado 
primário, proporcionando a liquidez necessária.
De acordo com Thatiane Pinheiro da Silva (2012), há muitas dúvidas quando o assunto é ações. 
Entretanto, antes de descobrir as respostas, é preciso ressaltar: engana-se quem pensa que investir em 
59
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
renda variável, mais especificamente em ações é algo para “peixe grande”. Uma prova: há cerca de dez 
anos a fatia de pessoas físicas que investiam em ações não passava de um dígito; porém, em fevereiro de 
2003, a taxa chegou a quase 29%, perdendo apenas para os investimentos de instituições. O percentual 
é o mesmo referente aos investidores estrangeiros que veem o Brasil como um bom negócio. Na prática, 
quem tem R$ 50 ou R$ 100 pode se tornar um investidor. E como isso funciona? Mesmo quem nunca 
cogitou investir já ouviu falar em ações. Nem que tenha sido nos filmes ou novelas — no famoso clichê 
em que herdeiros querem dar um jeito de ficar com o patrimônio do pai e, para isso, precisam comprar 
a parte (as ações) de outro acionista (o detentor das ações, também chamadas de papéis).
4.2.1 Negociação pelo pregão
O nome dado ao dia de trabalho na Bovespa é chamado de pregão. Os funcionários das empresas 
corretoras fazem a intermediação dos negócios entre os investidores (corretores) compram e vendem 
ações cotidianamente. 
Duas formas de negociação com ações são presentes em bolsas de valores:
• Viva Voz: os representantes das corretoras anunciam suas ofertas de viva voz, mencionando o 
nome dacompanhia, a quantidade e preço de compra ou de venda e o tipo da ação. No pregão de Viva 
Voz, são negociadas apenas as ações de maior rentabilidade.
• Sistema Eletrônico de Negociação: é um software que dá condições às empresas corretoras de 
cumprirem as ordens de clientes diretamente de seus escritórios, pois a oferta de compra ou venda 
pelo Sistema Eletrônico de Negociação é feita através de terminais de computador. O fechamento 
de negócios e o encontro das ofertas são realizados automaticamente pelos computadores da bolsa de 
valores.
Atualmente, a compra e a venda de papéis no pregão eletrônico acontece por meio de um software 
que cruza dados e realiza as negociações. Assim, a corretora recebe uma ordem do investidor, entra no 
software da Bolsa com uma senha e informa que alguém quer comprar determinada ação. O programa 
vai procurar alguém que esteja querendo vender e coloca as partes em contato. 
Existem dois caminhos para se entrar nas bolsas de valores: o primeiro é por meio da montagem 
de um clube de investimento; o segundo é individualmente. Para ambos os casos, existem profissionais 
qualificados para o assessoramento, atuando de acordo com os interesses dos investidores.
 Saiba mais
Entenda como funciona o clube de investimento pelo site <http://www.
bmfbovespa.com.br>.
60
Unidade II
4.2.2 Formação de preços
De acordo com Silva (2012), a formação dos preços em pregão se dá pela dinâmica das forças de 
oferta e demanda de cada papel, o que torna a cotação praticada um indicador garantido do valor que 
o mercado confere às diversidades de ações. A maior ou menor oferta e procura por determinado papel 
está relacionada diretamente ao comportamento histórico dos preços e, sobretudo, às perspectivas 
futuras da companhia responsável pela emissão, incluindo sua política de dividendos, prenúncio de 
crescimento dos seus lucros e de seu mercado, influência da política econômica sobre as atividades da 
organização etc.
No mercado à vista, a concretização de negócios requer a intermediação de uma sociedade corretora 
que está habilitada a realizar, em pregão, a ordem de compra ou venda de seu cliente por meio de um 
operador. É possível seguir o andamento das operações à vista, por todo o pregão, por meio da rede 
de terminais da Bolsa de Valores. Do mesmo modo, após o encerramento das negociações, é possível 
encontrar as informações referentes aos negócios a vista no BDI-Boletim Diário de Informações Bolsa 
de Valores e nos jornais de grande circulação.
4.2.3 Tipos de ordem de compra ou venda
O quadro a seguir apresenta os tipos de ordem de compra e venda de ações na Bolsa de Valores.
Quadro 20 – Tipos de ordem
Ordem a mercado
O investidor especifica somente a quantidade e as características dos 
valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender. A corretora 
deverá executar a ordem a partir do momento que recebê-la.
Ordem 
administrada
O investidor especifica somente a quantidade e as características dos 
valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender. A execução 
da ordem ficará a critério da corretora.
Ordem 
discricionária
Pessoa física ou jurídica que administra carteira de títulos e valores 
mobiliários ou um representante de mais de um cliente estabelecem as 
condições de execução da ordem.
Ordem limitada A operação será executada por um preço igual ou melhor que o indicado pelo investidor.
Ordem casada
O investidor define a ordem de venda de um valor mobiliário ou direito 
de compra de outro, escolhendo qual operação deseja ver executada em 
primeiro lugar. Os negócios somente serão efetivados se executadas as 
duas ordens.
Ordem de 
financiamento
O investidor determina uma ordem de compra ou venda de um valor 
mobiliário ou direito em determinado mercado e, simultaneamente, a 
venda ou compra do mesmo valor mobiliário ou direito no mesmo ou em 
outro mercado, com prazo de vencimento distinto.
Ordem on-stop O investidor determina o preço mínimo pelo qual a ordem deve ser executada.
1. ordem on-stop 
de compra
Será executada quando, em uma alta de preços, ocorrer um negócio a 
preço igual ou maior que o preço determinado.
2. ordem on-stop 
de venda
Será executada quando, em uma baixa de preços, ocorrer um negócio a 
um preço igual ou menor que o preço determinado.
61
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
4.2.4 Liquidação, direitos e proventos
De acordo com Silva (2012), a liquidação é o processo de transferência da propriedade dos títulos e 
o pagamento ou recebimento do recurso financeiro envolvido. A liquidação abrange duas etapas:
• Primeira etapa: disponibilização dos títulos que implica na sua entrega à Bolsa de Valores pela 
sociedade corretora intermediária do vendedor. Este tipo de operação ocorre sempre no segundo 
dia útil (D2) logo após a realização do negócio em pregão (D0). Assim, as ações ficam disponíveis 
ao comprador após a liquidação financeira.
• Segunda etapa: liquidação financeira, que compreende o fluxo de pagamento do valor total da 
operação pelo comprador, o recebimento pelo vendedor e a efetivação da transferência das ações 
para o comprador. Este tipo de operação ocorre no terceiro dia útil (D3) após a realização do 
negócio em pregão.
Quanto aos proventos, as empresas propiciam benefícios a seus acionistas, sob a forma de 
dividendos e bonificações (proventos) ou de subscrição, que é o direito de preferência na aquisição de 
ações. Bonificação é ação nova, proveniente de aumento de capital por incorporação de reservas, que é 
distribuída, gratuitamente, aos acionistas, na proporção das originalmente possuídas. Eventualmente, a 
empresa pode optar por distribuir essas reservas, ou parte delas, em dinheiro, gerando o que se denomina 
bonificação em dinheiro. Já o direito de subscrição é a preferência de que goza o acionista para adquirir 
ações novas - lançadas para venda pela empresa, com a finalidade de obter recursos para elevar seu 
capital social -, na quantidade proporcional às já possuídas. O acionista poderá transferir o direito de 
subscrição a terceiros, através de venda desse direito em pregão.
4.2.5 Tributação e custo de transação 
A tributação que incide sobre o ganho líquido obtido pelo investidor no mercado a vista é 15%, 
como ganho de renda variável. O ganho de renda variável é calculado da seguinte forma:
Ganho de renda variável = (Preço de venda - Preço de compra) - custos de transação
Os custos de transações sobre as operações realizadas no mercado à vista incidem na taxa de 
corretagem pela intermediação, calculada por faixas sobre o movimento financeiro total (compras mais 
vendas) das ordens realizadas em nome do investidor, por uma mesma corretora e em um mesmo 
pregão, emolumentos, Aviso de Negociações com Ações (ANA), cobrado por pregão em que tenham 
ocorrido negócios por ordem do investidor, independentemente do número de transações em seu nome.
 Observação
É possível compensar prejuízo obtido nos mercados (ex: opções) no 
mesmo período, exceto operações iniciadas e encerradas no mesmo dia 
(day-trade), que somente poderão ser compensadas com ganhos em 
operações da mesma espécie (day-trade).
62
Unidade II
O mercado de ações como instrumento para capitalizar as organizações permite que elas aumentem 
sua produção e os empregos que oferecem, sem onerar seus custos, sem dívidas, sem alimentar a 
inflação. Neste caso, as Bolsas de Valores são indispensáveis para a existência de um mercado de ações 
capaz de viabilizar a capitalização das companhias.
 Saiba mais
Assista ao filme Wall Street: poder e cobiça, 1987, direção de Oliver 
Stone. Jovem e ambicioso corretor de ações torna-se amigo de milionário 
experiente nos segredos da Bolsa de Valores. A princípio mestre e aluno, 
eles serão perigosos rivais no mercado de ações e na disputa pela mesma 
mulher. Assista-o considerando o que motivava o jovem em sua escalada 
corporativa, as medidas de desempenho consideradas e o papel do salário.
4.3 Índices de avaliação de ações
Para as organizações que são constituídasno formato de sociedade por ações, assim como para as 
que possuem esses ativos cotados em bolsas de valores, é indispensável o acompanhamento do valor 
das ações. Normalmente, esses indicadores são mais utilizados por pessoas externas à companhia, mas 
é fundamental um acompanhamento do gestor para observar a visão que o mercado tem da empresa. 
Pode tornar-se um termômetro para futuras tomadas de recursos do mercado, através de debêntures 
conversíveis em ações ou subscrição de ações.
Para esse acompanhamento, o gestor pode lançar mão da análise do Valor Patrimonial da Ação 
(VPA), que tem por objetivo atribuir um valor para cada ação. Nesse caso, o valor vem representado por 
uma avaliação a valores contábeis.
Patrimônio Líquido
Quantidade de ações do capital social
Esse índice normalmente é comparado com o valor de:
a) aquisição das ações: para avaliar o rendimento do investimento;
b) mercado: para averiguar se o VPA é maior ou menor. 
O valor de mercado menor pode significar que a empresa tem uma avaliação efetuada pelo mercado 
que não equivale com o valor registrado pela contabilidade ou a empresa tem perspectiva de pouco 
rendimento futuro. Se o mercado conta com valor maior, significa que ele entende que os valores 
patrimoniais estão subavaliando a companhia ou que as perspectivas de rentabilidade futura são 
positivas.
63
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Outro índice que pode ser utilizado é o Lucro por Ação (LPA), que deve ser obrigatoriamente 
apresentado pelas Sociedades por Ações após o Lucro Líquido no Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE). O objetivo desse índice é averiguar quanto cada ação ganhou no exercício analisado. Esse 
indicador será utilizado na composição da fórmula da relação preço/lucro. Em termos de rentabilidade, 
o LPA possui o mesmo significado que a rentabilidade do Capital Próprio.
Lucro Líquido
Quantidade de ações do capital social
Comparando com outras propostas de investimentos, as comparações realizadas pelo investidor são 
as mesmas utilizadas para a análise da rentabilidade do Patrimônio Líquido Final.
O Dividendo por Ação (DPA) indica realmente o lucro que a ação rendeu em termos financeiros 
para o investidor. A diferença entre o LPA e o DPA é que esse último representa o LPA não distribuído, 
retido na companhia. O LPA mede o resultado econômico do investimento.
Dividendos propostos
Quantidade de ações do capital social
O DPA é um parâmetro importante na avaliação do valor de mercado das ações. Como grande parte 
dos investidores espera disponibilidade de rendimentos financeiros, ações que não pagam dividendos 
continuamente ou em valores reduzidos correm o risco de perder atratividade no mercado. 
A Relação Preço/Lucro (P/L) é um indicador utilizado para mostrar em quanto tempo ocorrerá 
o retorno do capital sobre o valor patrimonial da ação. Dependendo da inconstância da economia, os 
prazos de retorno esperados são ainda reduzidos. Economias estáveis pedem maiores prazos.
Valor Patrimonial da Ação (VPA)
Lucro por Ação (LPA)
A relação entre o preço e o lucro das ações pode ser calculada utilizando também componentes 
diversificados. Uma alternativa comum, exercida por investidores interessados somente em fluxo de 
rendimentos financeiros por meio de dividendos distribuídos, é:
Valor de Mercado da Ação
Dividendos por Ação
Outra análise da relação entre o preço e o lucro é a que indica em quanto tempo o retorno do capital 
investido na aquisição de ações aconteceria para o investidor, caso fosse mantido o LPA apurado no 
último exercício:
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Unidade II
Valor da Cotação por Ação
Lucro por Ação (LPA)
Para entendermos melhor o funcionamento do mercado de ações, vamos analisar alguns estudos de 
caso. Neles, você vai perceber a influência que o governo tem no controle desse mercado. 
4.3.1 Estudo de caso: País pode lançar este ano no mercado externo títulos da dívida em real, 
diz secretário do Tesouro
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, não quis anunciar uma data, porque, segundo ele, 
ao contrário dos leilões de títulos no mercado interno, não há um cronograma para a negociação de 
papéis no mercado externo. Agustin voltou a dizer que o governo pode lançar, no mercado financeiro 
internacional, títulos da dívida externa em reais, e não em moeda estrangeira, ainda em 2011. Mas, 
segundo ele, tudo dependerá das condições da economia mundial. “A nossa política, no que concerne 
à dívida externa, permanece a mesma. São emissões qualitativas e feitas quando entendemos que as 
condições de mercado [internacional] são favoráveis”, disse. 
Arno Augustin não quis anunciar uma data, porque, segundo ele, ao contrário dos leilões de títulos 
no mercado interno, não há um cronograma para a negociação de papéis no mercado externo. “Nada 
impede o lançamento de novos títulos da dívida externa. Nós poderemos vir a fazer lançamentos 
de títulos novamente ao longo deste ano, mas não há previsão de data. Não há nenhuma novidade 
sobre datas ou lançamentos previstos”, informou. O secretário apresentou, na Comissão de Finanças 
e Tributação da Câmara dos Deputados, os números relativos ao resultado do Tesouro Nacional e à 
evolução das transferências constitucionais feitas por meio dos fundos de Participação dos Estados, dos 
Municípios, e do Distrito Federal. Ao lançar títulos no mercado internacional, o Brasil nem sempre tem a 
intenção de captar recursos. Às vezes, as operações servem para avaliar a receptividade dos investidores 
em relação aos papéis brasileiros e criar parâmetros para novas emissões do governo e de empresas. 
LIMA, 2011 (adaptado).
Para análise:
A economia mundial é exemplo a ser seguido após a crise financeira?
4.3.2 Estudo de caso: Mercado rebaixa previsão de inflação
O mercado financeiro reduziu a projeção média para a inflação às famílias com renda entre um 
e 40 salários-mínimos na sexta-feira. Conforme o Boletim Focus de ontem, documento divulgado 
pelo BC (Banco Central) que reúne as expectativas das instituições financeiras e empresas de análises 
econômicas, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), apurado pelo IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística), atingirá 6,33%, ante 6,37% previstos na sexta-feira anterior. Na 
avaliação do economista da Gradual Investimento André Perfeito, a queda nas previsões da alta média 
dos preços não é proveniente do mercado interno. “É função direta da queda das commodities”, disse 
65
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
por nota. No entanto, as previsões indicam que neste mês o IPCA atingirá 0,45%. Este registro está 
acima das últimas previsões divulgadas no Focus, pois na semana passada os economistas aguardavam, 
na média, o índice em 0,43%. E há quatro semanas o documento apresentava 0,42%. Na sexta-feira, 
o IBGE divulgou o IPCA de abril, que acumulou alta em 12 meses de 6,51%. O resultado supera a meta 
de inflação estipulada pelo governo, que é de 4,5% no ano com margem de dois pontos percentuais, 
portanto limite de 6,5%.
Por outro lado, as expectativas para a taxa básica de juros (a Selic) ficaram estáveis em 12,5% ao ano. 
Em abril, a diretoria do BC decidiu elevar a Selic para 12% ao ano. Foi o terceiro aperto monetário no 
indicador neste ano, que iniciou com a Selic a 10,75%. A intenção do governo é conter a inflação, que se 
torna perigosa para o crescimento da economia quando está acima do centro da meta. Com a elevação 
da Selic, os juros às empresas e consumidores também sobem. Assim, o BC pretende desestimular o 
consumidor a comprar utilizando o crédito para que os preços parem de subir tanto, ou ao menos 
estabilizem. Segundo o IBGE, a inflação acumulada no ano é a maior dos últimos oito anos para o 
mesmo período.
SOUZA, 2011 (adaptado).
Para análise:
Veja a preocupação, nesse estudo de caso, quanto ao problema da inflação no Brasil, sendo que os 
executivos das esferas públicas e privadas demonstram forte apreensão quando surge a possibilidade da 
inflação subir. Por que a inflação é tão altano país? Procure pesquisar as suas causas. 
 Saiba mais
No site da TV Câmara, há um documentário muito interessante sobre as 
políticas econômicas que foram aplicadas no Brasil e que podem ajudá-lo 
na tarefa lançada acima. 
Acesse o documentário “Laboratório Brasil” no seguinte endereço: 
<http://www.camara.gov.br/internet/tvcamara/?lnk=BAIXE-E-USE&sel
ecao=BAIXEUSE&nome=baixeEconomiaDoc>.
4.3.3 Estudo de caso: Dar lucro aos acionistas não é a missão da empresa
Reportagem recente da revista Exame indica uma oposição entre as visões da população e de 
dirigentes empresariais sobre o papel das empresas. Para 93% dos brasileiros, a missão de uma empresa 
é “gerar empregos”. A última opção dos entrevistados foi “dar lucro aos acionistas”, com apenas 10% das 
preferências. Em contraste, presidentes de empresas colocaram o lucro em primeiro lugar, com 82% de 
citações. 
66
Unidade II
Para um dos autores da matéria, esses dados sugerem que a população estaria sofrendo de “miopia 
coletiva” por reduzir o lucro ao status de mal necessário. O jornalista apresenta vários argumentos para 
justificar o lucro e sustentar sua legitimidade, afirmando ser ele “motor do crescimento”, “elemento 
central do sistema capitalista”, e concluindo o texto com a afirmação de que “sem uma crença fortalecida 
nas vantagens do capitalismo” será difícil para o Brasil atrair investimentos e ganhar competitividade 
externa. 
A reportagem parece considerar que a população brasileira erra duas vezes: primeiro, ao colocar 
a geração de empregos como principal função da empresa; segundo, ao condenar o lucro, pois isso 
significa pôr em cheque o sistema capitalista. Essa visão que o povo tem do capitalismo seria uma das 
causas de nossos atuais problemas econômicos. As conclusões dos articulistas me deixaram em dúvida. 
Seria errado considerar a criação de empregos como missão das empresas? A opinião dos cidadãos 
significa efetivamente uma rejeição ao lucro e a condenação do capitalismo? Para responder a essas 
perguntas, pensei que seria bom esmiuçar um pouco mais o assunto. É o que faço a seguir. 
A ideia de que a missão de uma empresa é dar lucro aos investidores constitui o núcleo da “teoria 
do acionista” (stockholder theory), cujo defensor mais célebre é Milton Friedman, economista norte-
americano ultraliberal. Segundo essa teoria, os acionistas adquirem ações da empresa com a única 
finalidade de maximizar o retorno de seu investimento. Em tais condições, o principal dever dos gestores 
é maximizar o retorno financeiro dos investidores fazendo com que a companhia obtenha o maior lucro 
possível.
A teoria do acionista decorre do conceito de propriedade privada vigente na época do liberalismo 
clássico. O direito de propriedade era tido como absoluto e concebido sob uma óptica marcadamente 
individualista. O liberalismo econômico definia o direito de propriedade como o direito de usar e de 
dispor das coisas de maneira absoluta. O proprietário, por interesse ou por mero capricho, podia fazer o 
que quisesse com o bem, inclusive deixá-lo improdutivo, desperdiçá-lo ou mesmo destruí-lo. Essa visão, 
transposta para a atividade econômica, expressa-se pela doutrina de que a empresa “pertence” aos 
detentores de seu capital, os quais possuem direitos absolutos sobre o empreendimento, podendo fazer 
dele o que bem entenderem. Disso resulta que os dirigentes de uma companhia privada têm o dever de 
privilegiar a vontade e os interesses dos acionistas. 
O liberalismo, porém, foi sendo superado pela crescente intervenção do Estado na ordem econômica 
e social. Esse novo quadro trouxe, como consequência, uma mudança notável na concepção do direito 
de propriedade: este que, de início, era individual, adquiriu um caráter social; e sendo, a princípio, um 
direito, tornou-se um direito-dever. Surgiu, assim, o princípio da função social da propriedade, que busca 
estabelecer um equilíbrio entre a ordem liberal e a ordem socialista, mesclando elementos de ambas. 
Atualmente, prevalece a noção de que a propriedade não deve proporcionar benefícios apenas a seu 
titular, mas a toda a sociedade. A função social da propriedade limita os direitos do proprietário, que não 
pode mais usar e abusar do bem como lhe aprouver. O uso da propriedade privada deve compatibilizar-
se com o interesse social. Não mais se admite, por exemplo, a aquisição da propriedade com finalidades 
especulativas ou sua manutenção apenas como reserva de valor, pois estes são usos que contrariam os 
interesses da sociedade. A propriedade, agora, cria obrigações sociais para o proprietário. 
67
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
O princípio da função social da propriedade deu origem à doutrina da função social da empresa (não 
confundir com a chamada “responsabilidade social” da empresa). A função social da empresa implica 
que os bens de produção devem ter uma destinação compatível com os interesses da coletividade. A 
obrigação do proprietário desses bens é pô-los em uso para realizar a produção e a distribuição de bens 
úteis à comunidade, gerando riquezas e empregos. Uma empresa geradora de riqueza e de emprego 
cumpre sua função social. 
A afirmativa de que a missão precípua das organizações econômicas é dar lucro aos investidores 
expressa uma visão da empresa tão individualista quanto a antiga visão da propriedade. Seria como 
dizer que a sociedade autoriza a constituição de companhias porque os cidadãos teriam um suposto 
direito de enriquecer. Esta visão está superada. O princípio da função social da empresa derrubou a 
teoria do acionista. Hoje, o lucro, por si só, não é mais capaz de justificar a existência das organizações 
econômicas. A missão das companhias privadas não é fazer com que seus acionistas enriqueçam. 
A empresa é uma instituição social, é um agente da sociedade criado com a finalidade de satisfazer 
necessidades sociais. A sociedade concorda com a criação de empresas porque as considera benéficas 
ao corpo social. Esse é o fundamento moral da existência de organizações econômicas. E mais: as 
organizações econômicas são autorizadas a funcionar pela sociedade e operam sob formas permitidas 
pela sociedade. 
A razão de ser da empresa não é produzir lucros nem fazer com que seus acionistas enriqueçam. A 
missão da empresa é produzir e distribuir bens e serviços, bem como criar empregos. Essa é a função 
social das companhias privadas. O sistema que a sociedade definiu para a operação das organizações 
econômicas é o da livre iniciativa em regime de competição econômica. Quanto ao lucro, a sociedade 
considera-o legítimo, entendendo-o como a justa recompensa a ser recebida pelos investidores que 
aceitam correr o risco de aplicar seu capital em um empreendimento produtivo. Neste ponto, não posso 
deixar de ressaltar a notável coincidência que a filosofia de uma empresa como a Johnson & Johnson 
guarda com relação às teses aqui apresentadas. O documento da J & J denominado “Nosso Credo” 
estabelece que “Os negócios devem proporcionar lucros adequados” e que “Os acionistas devem receber 
justa recompensa”. 
FARAH, 2005 (adaptado).
Para análise:
O texto acima é muito profundo na análise de como as pessoas enxergam as empresas, o sistema 
financeiro e capitalista em geral. Leia esse texto novamente, porém, agora, imagine que você é o(a) feliz 
proprietário(a) de cerca de 6 milhões de reais em ações de diversas empresas no Brasil. Sob esse ponto 
de vista, você aceitaria receber uma quantia menor de lucro a que tem direito nas ações que comprou, 
se isso fosse necessário para melhorar as condições de conforto da população como um todo? Ou o 
melhor seria obter o maior lucro possível e, com o dinheiro, investir em outros negócios que tenham 
uma preocupação social?
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Unidade II
 Resumo
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) Brasileiro é o conjunto de 
instrumentos, mecanismos e instituições que operam na captação 
de recursos e a movimentação deles no mercado para os agentes 
econômicos. De um lado, agirão os superavitários (donos

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