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Prova 1 - HisEcoBrasileira 2019

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Prova: História da Economia Brasileira – 1º semestre de 2019
Prof. Dr. Francisco Luiz Corsi
Discente: Erivaldo Santos Silva – Noturno
1- Segundo Celso Furtado, no que consiste o processo de industrialização via substituição de importações? Quais as condições econômicas que permitiram o desencadeamento desse processo na década de 1930?
A década de 1930 foi marcada por grandes turbulências no cenário econômico mundial que trará efeitos à política e à economia interna do Brasil.
Após a primeira guerra mundial os países europeus estavam com suas economias fortemente abaladas. A grande maioria dos países, a exemplo da Inglaterra, França e Alemanha, deixaram as suas condições de países credores e passaram a ser devedores. Nesse contexto, o Estados Unidos passa a ser o principal credor dos países europeus. Através do Plano Marshall, o Estados Unidos emprestava dinheiro para ajudar na recuperação econômica da Europa. Ademais, o Estados Unidos era fornecedor, também, de produtos industrializados, o que o torna uma grande potência mundial. Desenvolve-se nesse país uma sociedade consumista, com consumo em massa, produção de eletrodomésticos, além de ser um grande produtor de alimentos.
A situação saudável da economia norte-americana começa a se alterar a partir do final da década de 1920, a concentração de renda, os salários achatados e a estabilização econômica da Europa contribuem à queda da taxa de lucros de determinados setores produtivos. Nesse sentido, passa a ocorrer uma migração de investimentos para bolsa de valores. Empresários pegarão empréstimos em bancos para comprar ações, o que levará a uma grande especulação financeira.
A partir de outubro de 1929 um movimento de venda de ações se inicia, o que leva a uma queda abrupta no valor das ações, como consequência uma onda de falências de empresas e bancos se inicia, caracterizando a Grande Depressão de 1929, a qual trará efeitos em escala mundial.
No Brasil, quando é deflagrada a crise de 1929, o país era um grande exportador de café que teve seu preço desvalorizado no mercado internacional. Quem estava no poder do governo federal era Washington Luís, a reação do presidente à crise foi a adoção de austeridade, ou seja, não emitiu moeda para socorrer a burguesia cafeeira. Com isso, Washington Luís rompe com a sua base eleitoral – os fazendeiros de café. Outra atitude que gera ainda mais desconforto entre o presidente e os cafeeiros é a indicação, por parte de Washington Luís, de Júlio Prestes (paulista) às eleições. O presidente rompe com a política do “café com leite”, na qual teria que indicar um mineiro às eleições.
Com a burguesia cafeeira entregue à própria sorte e o desconforto gerado com os mineiros, será formada às condições essenciais à “Revolução” de 1930.
Com Getúlio Vargas no poder, será tomada uma série de medidas para superar a crise do café, entre elas: intervenção estatal, o Estado compra e incinera o café, com isso, procurou-se equilibrar oferta e demanda.
A crise do café vai gerar uma queda acentuada do valor da moeda nacional, tal fato levará a um encarecimento significativo dos produtos importados. Com isso, haverá uma demanda crescente por produtos manufaturados nacionais, o que estimulará a atividade industrial.
Sendo assim, a medida adotada para defesa do café, além de amenizar o efeito da crise, contribuiu à alteração do modelo econômico do Brasil que passa de um país agrário-exportador para urbano-industrial.
A industrialização no Brasil vai se dá a partir da substituição de importados, motivado pela desvalorização da moeda, que fará aumentar a demanda por produtos manufaturados nacionais. Além disso, com o café em crise os produtores passam a investir em outros produtos, o que leva também a uma diversificação do setor agrícola.
2- Segundo Sérgio Silva, em que sentido podemos afirmar que a economia cafeeira era o motor do desenvolvimento capitalista na Primeira República? De acordo com esse autor, qual era a natureza da relação entre café e indústria nesse período?
O café passou a ser um produto de destaque nacional no Brasil a partir da segunda metade do século XIX, sobretudo a partir das décadas de 1860 e 1870, a sua produção trouxe profundas alterações ao conjunto da sociedade brasileira.
Para Silva (1981), a atividade cafeeira será o motor de desenvolvimento capitalista da Primeira República, pois o desenvolvimento desta atividade será o responsável pela introdução do trabalho assalariado no Brasil, a mecanização da produção, mesmo que parcial, a instalação de estradas de ferro e a fundação de um sistema comercial formado pelas casas de exportação e rede bancária.
A introdução do trabalho assalariado no Brasil está associada a um fator limitante da atividade cafeeira que era a escassez da mão de obra. Com a assinatura da Lei Euzébio de Queirós, em 1851, que efetivou o fim do tráfico negreiro, reduziram as chances de se encontrar força de trabalho no país. Por um curto período pode ser observado o tráfico inter-regional de escravos, o que era pouco viável pelo alto preço do escravo. Assim, a imigração europeia foi vista pelos “pioneiros” do café como uma saída ao problema da mão de obra.
As primeiras experiências de imigração não foram bem-sucedidas. Para trazer o imigrante o Brasil escolheu o sistema de parceiragem, segundo a qual o fazendeiro arcava com todas as despesas para trazer o imigrante ao país, todavia o fazendeiro cobrava os encargos do imigrante, que chegava ao Brasil já endividado e preso à dívida, desta maneira o imigrante ficava em uma situação próxima à escravidão. Tal sistema não foi capaz de provocar uma imigração massiva, que era uma condição para o crescimento rápido das plantações. Além disso, as condições as quais os imigrantes europeus estavam submetidos no Brasil, logo foi conhecida na Europa, que entravou a imigração.
O desejo por acúmulo de capital e a escassez da mão de obra fez com que os fazendeiros de café, sem ter outra saída, abandonassem seus métodos e oferecerem aos trabalhadores condições de trabalho baseadas em contratos salariais, facilitando assim a imigração.
O surgimento do trabalho livre e assalariado possibilitou a formação de um mercado consumidor, portanto, não apenas os fazendeiros de café se beneficiaram com esses trabalhadores imigrados, mas também os primeiros industriais brasileiros.
 A mecanização da produção do café também foi um processo importante à acumulação do capital, embora limitada às operações de beneficiamento, ela possibilitou o estabelecimento de plantações a distâncias muito grandes do porto de embarque, além de contribuir para que os produtos fossem tratados e ensacados nas fazendas. Deste modo, fez surgir no país uma indústria cafeeira.
Outro fator que levará à expansão cafeeira e por conseguinte a acumulação do capital é a fundação das estradas de ferro. A construção das ferrovias foi favorecida por incentivos estatais que sempre garantiu 7% de lucro para investimentos no setor.
O maior destaque no período é a Estrada de Ferros Santos-Jundiaí, construída pela São Paulo Railway Company, “...os trabalhos começaram em 1860, e em 1867, a linha principal (Santos - São Paulo) entrava em serviço” (SILVA, 1981, p. 51).
A Estrada de Ferro Santos-Jundiaí abriu precedentes à abertura de novas companhias férreas para, a partir de São Paulo, servir todo o planalto, com destaque às companhias Paulista, Sorocabana e Mogiana. É importante destacar que estas estradas de ferro foram organizadas pelo capital cafeeiro brasileiro e os principais acionistas eram os próprios fazendeiros.
A atividade cafeeira gerou um sistema comercial complexo, formado por diferentes agentes e instituições, entre eles estão os fazendeiros, corretores, comissários, ensacadores e as casas de exportação. Tal fato nos permite afirmar que o ciclo do café contribuiu à diversificação dos setores econômicos e que os burgueses do café formaram uma nova elite brasileira – os barões do café, que por sua vez não era uma burguesia estritamente agrária, pois atuavam em diferentes ramos econômicos.
No quetange a relação entre café e indústria, Silva (1981) afirma que a indústria se desenvolve muito desigualmente nas diferentes regiões do Brasil, porém concentra-se na região do café, sobretudo no antigo Distrito Federal (a cidade do Rio de Janeiro e sua periferia) e no estado de São Paulo.
Segundo Silva (1981), a economia cafeeira se tornou um centro de rápida acumulação de capital baseada no trabalho assalariado, sobretudo de imigrantes europeus, nesse contexto, a indústria nasce como base integrante dessa acumulação de capital.
O café contribuiu à introdução da mão de obra livre e assalariada no país, o que vai gerar um mercado consumidor interno, além de possibilitar a diversificação de setores econômicos e a própria expansão urbana do país. Tão logo, atividades típicas do espaço urbano (bancos, serviços, comércio) passam a se desenvolver.
Essa força de trabalho estrangeira será essencial, pois formará o mercado de trabalho necessário ao desenvolvimento industrial. Assim, podemos chamar a atenção para o fato de que o nascimento da indústria se dá a partir de uma relação capitalista, cujo centro é a economia cafeeira.

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