Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE VEIGA DE AMEIDA 
CURSO BACHAREL EM DIREITO 
 
 
 
 
 
RENATA CRISTINA DA SILVA RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
RECEITA PÚBLICA 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina Direito 
Tributário, no curso de Direito da 
Universidade Veiga de Almeida. 
Orientado pelo professor: Carlos Eduardo 
Annechino Moreira Miguel. 
 
 
 
 
CABO FRIO 
OUTUBRO/2020 
RECEITA PÚBLICA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho, intitulado Receitas Públicas, tem como objetivo iniciar o 
processo que permite reunir todos os conceitos, regras e procedimentos visando a 
harmonização, por meio do estabelecimento de padrões a serem observados pela 
Administração Pública, no que se refere à Receita Pública, sua classificação, 
destinação e registro para permitir a evidenciação e a consolidação das contas 
públicas nacionais. 
A Receita Pública assume, na Administração Pública, fundamental 
importância por estar envolvida em situações singulares como a sua distribuição e 
destinação entre as esferas governamentais, o estabelecimento de limites legais 
impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal permitindo estudos e análises da 
carga tributária suportada pelos diversos segmentos da sociedade. 
É notável a relevância da Receita Pública no processo orçamentário, cuja 
previsão dimensiona a capacidade governamental em fixar a Despesa Pública e, no 
momento da sua arrecadação, torna-se instrumento condicionante da execução 
orçamentária da despesa. 
Desta forma, o conhecimento das Receitas Públicas, principalmente em 
face à Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade 
Fiscal, é de suma importância, contribuindo para a transparência das contas 
públicas e para o fornecimento de informações de melhor qualidade aos diversos 
usuários, bem como permitir estudos comportamentais no tempo e no espaço. 
 
CONCEITO DE RECEITA GERAL 
 
Receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para 
evidenciar a variação ativa resultante do aumento de ativos e/ou da redução de 
passivos de uma entidade, aumentando a situação líquida patrimonial qualquer 
que seja o proprietário. 
A receita é a expressão monetária resultante do poder de tributar e/ou do 
agregado de bens e/ou serviços da entidade, validada pelo mercado em um 
determinado período de tempo e que provoca um acréscimo concomitante no ativo 
ou uma redução do passivo, com um acréscimo correspondente no patrimônio 
líquido, abstraindo-se do esforço de produzir tal receita representado pela redução 
(despesa) do ativo ou acréscimo do passivo e correspondente redução do 
patrimônio líquido. 
 
CONCEITO DE RECEITA PÚBLICA 
 
Receitas Públicas são todos os ingressos de caráter não devolutivo 
auferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e 
cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário 
constitui uma receita pública, pois tem como finalidade atender às despesas 
públicas. 
É importante deixar claro que o conceito de receita pública não se 
confunde com o de entrada. Todo ingresso de dinheiro aos cofres públicos 
caracteriza uma entrada. Contudo, nem todo ingresso corresponde a uma receita 
pública. Realmente, existem ingressos que representam meras entradas de caixa, 
como cauções em dinheiro, fianças, depósitos para garantia de instâncias, etc., que 
são representativos de entradas provisórias que devem ser, oportunamente, 
devolvidas. 
Assim, Aliomar Baleeiro conceitua receita pública como uma “entrada que, 
integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou 
correspondência no passivo, vem acrescentar o seu vulto como elemento novo e 
positivo”. Essa conceituação, contudo, deixa de lado as receitas oriundas das 
operações de créditos que passam a se constituir em fonte regular de 
abastecimento de cofres públicos. 
Por essa razão, prefere-se conceituar as receitas públicas como ingressos 
de dinheiros aos cofres do Estado para atendimento de suas finalidades mediante 
aplicação desses recursos pelo regime da despesa pública, isto é, aplicação dos 
recursos financeiros ingressados de conformidade com as diversas dotações 
fixadas na Lei Orçamentária Anual. Dessa forma, essa definição atende as 
prescrições da Lei nº 4.320/1964 que traça as normas gerais de Direito Financeiro 
para elaboração e controle de orçamentos públicos, cujo §2º, do art. 11, classifica 
como receitas de capital os recursos financeiros oriundos da constituição de 
dívidas. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS 
 
As receitas públicas são classificadas em extraordinárias e ordinárias, 
segundo o critério de regularidade ou relativa periodicidade. 
As extraordinárias são aquelas auferidas em caráter excepcional e 
temporário, em função de determinada conjuntura. No que tange a essas receitas, a 
União pode lançar mão de empréstimo compulsório, sempre que houver 
necessidade, para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência (art. 148, II, da CRFB). 
As receitas ordinárias são aquelas que ingressam com regularidade, por 
meio do normal desenvolvimento da atividade financeira do Estado. Constituem 
fonte regular e permanente de recursos financeiros necessários ao atendimento 
das despesas públicas. 
Quanto a origem, as receitas públicas podem ser classificadas em 
originária e derivada. 
Originárias são as receitas que advém da exploração, pelo Estado, da 
atividade econômica. Já as receitas derivadas, são caracterizadas por 
constrangimento legal para sua arrecadação. São os tributos, as penas pecuniárias, 
o confisco e as reparações de guerra. 
Por fim, existe a classificação que decorre da Lei nº 4.320/64, em razão da 
natureza: orçamentária e extraorçamentária. 
Receita orçamentária está inserida na Lei Orçamentária Anual. Receita 
extraorçamentária encontra-se fora do orçamento, e que, por isso mesmo, para sua 
movimentação não exige a prévia autorização legislativa. O art. 11 da Lei nº 
4.320/64 classificou a receita pública orçamentária em duas categorias 
econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. 
Receitas Correntes abarcam as decorrentes do poder impositivo do Estado 
(tributos em geral), bem como aquelas decorrentes da exploração de seu 
patrimônio e as resultantes de exploração de atividades econômicas, conforme o 
§1º do citado art. 11. Essas receitas são subdivididas da seguinte forma: 
Receita Tributária: São os ingressos provenientes da arrecadação de impostos, 
taxas e contribuições de melhoria. Dessa forma, é uma receita privativa das 
entidades investidas do poder de tributar: União, Estados, Distrito Federal e os 
Municípios. Algumas peculiaridades do poder de tributar devem ser consideradas 
nesta classificação. 
Receita de Contribuições: É o ingresso proveniente de contribuições sociais, de 
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou 
econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. 
Receita Patrimonial: É o ingresso proveniente de rendimentos sobre 
investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em opções 
de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes. 
Receita Agropecuária: É o ingresso proveniente da atividade ou da exploração 
agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nesta classificação as 
receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária 
(criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das 
atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários em 
instalações existentes nos próprios estabelecimentos. 
Receita Industrial: É o ingresso proveniente da atividade industrial de extração 
mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das atividades 
industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística – IBGE.Receita de Serviços: É o ingresso proveniente da prestação de serviços de 
transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e 
fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de mercadorias e 
produtos inerentes à atividade da entidade e outros serviços. 
Transferência Corrente: É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, 
referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou 
entidade transferidora, efetivados mediante condições preestabelecidas ou mesmo 
sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas 
correntes. 
Outras Receitas Correntes: São os ingressos provenientes de outras origens não 
classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores. (redação alterada 
conforme retificação publicada no Diário Oficial da União – 29.06.2004). 
As receitas de capital, por sua vez, compreendem: as provenientes de 
realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; as oriundas 
de conversão em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras 
pessoas de direito público ou privado destinados a atender a despesas de capital e, 
ainda, o superávit do orçamento corrente (§2º, art. 11). Vejamos as subdivisões 
dessa receita: 
Operações de Crédito: É o ingresso proveniente da colocação de títulos públicos 
ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades 
estatais ou privadas. 
Alienação de Bens: É o ingresso proveniente da alienação de componentes do 
ativo permanente. 
Amortização de Empréstimos: É o ingresso proveniente da amortização, ou seja, 
parcela referente ao recebimento de parcelas de empréstimos ou financiamentos 
concedidos em títulos ou contratos. 
Transferências de Capital: É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades 
referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou 
entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo 
sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de 
capital. 
Outras Receitas de Capital: São os ingressos provenientes de outras origens não 
classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores. (redação alterada 
conforme retificação publicada no Diário Oficial da União – 29.06.2004). 
 Podemos citar ainda as classificações referente ao poder de tributar e 
quanto a afetação patrimonial, vejamos: 
Classifica as receitas segundo o poder de tributar que compete a cada ente 
da Federação, considerando e distribuindo as receitas obtidas como pertencentes 
aos respectivos entes, quais sejam: Governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e 
Municipal. 
 A receita pública quanto à afetação patrimonial, se subdivide em efetivas e 
por mutações patrimoniais. 
 As efetivas são aquelas que contribuem para o aumento do patrimônio 
líquido. Consistem em fato contábil modificativo aumentativo. 
As receitas por mutações patrimoniais não acrescem o patrimônio líquido, 
constituindo um fato contábil permutativo. 
 
ESTÁGIOS DA RECEITA 
 
Estágio da receita orçamentária é cada passo identificado que evidencia o 
comportamento da receita e facilita o conhecimento e a gestão dos ingressos de 
recursos. Os estágios da receita orçamentária são os seguintes: 
Lançamento: É o ato da repartição competente, que verifica a procedência do 
crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta. 
Arrecadação: Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro pelos 
contribuintes ou devedores, por meio de agentes arrecadadores ou instituições 
financeiras autorizadas pelo ente. 
Recolhimento: É a transferência dos valores arrecadados à conta específica do 
Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e programação 
financeira, observando-se o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa. 
 
DESTINAÇÃO DA RECEITA PÚBLICA 
 
Destinação da Receita Pública é o processo pelo qual os recursos públicos 
são vinculados a uma despesa específica ou a qualquer que seja a aplicação de 
recursos desde a previsão até o efetivo pagamento das despesas constantes dos 
programas e ações governamentais. A destinação de Receita Pública, para fins de 
aplicação, é dividida em ordinária e vinculada. 
Destinação Vinculada: é o processo de vinculação de fonte na aplicação de 
recursos em atendimento às finalidades específicas estabelecidas pela legislação 
vigente; 
Destinação Ordinária: é o processo de alocação livre de fonte parcial ou 
totalmente não vinculada, à aplicação de recursos para atender às finalidades 
gerais do ente. 
O argumento utilizado na criação de vinculações para as receitas é o de 
garantir a despesa correspondente, seja para funções essenciais, seja para entes, 
órgãos, entidades e fundos. Outro tipo de vinculação é aquela derivada de 
convênios e contratos de empréstimos e financiamentos, cujos recursos são 
obtidos com finalidade específica. 
O mecanismo utilizado para controle dessas destinações é a codificação 
denominada: DESTINAÇÃO DE RECURSOS (DR). Ela identifica se os recursos são 
vinculados ou não e no caso daqueles vinculados indica a sua finalidade. Identifica 
também se o recurso é originário do Tesouro (Nacional, Estadual ou Municipal), se 
pertence ao exercício corrente ou a exercícios anteriores e ainda, se é 
correspondente a contrapartidas de empréstimos e financiamentos. As destinações 
estão divididas ainda em Destinações Primárias ou Não-Primárias, conceito 
importante na elaboração do Demonstrativo do Resultado Primário, parte 
integrante do Relatório Resumido da Execução Orçamentária, instituído pela Lei de 
Responsabilidade Fiscal. 
Destinação Primária: é a fonte primária ou vinculada derivada de natureza de 
receita que não tenha características de endividamento ou de desmobilização. 
Destinação Não-Primária: é a fonte vinculada derivada de natureza de receita 
que tenha características de endividamento ou de desmobilização. 
A metodologia de controle por Destinação de Recursos deve ser utilizada 
por todos os Entes da Federação, haja vista a existência de vinculações para todos 
eles. Para cada um existem vinculações próprias devendo existir especificações de 
fontes para essas destinações. 
 
REFERÊNCIAS: 
 
Receitas Públicas: manual de procedimentos. Brasília: Secretaria do Tesouro 
Nacional, 2004 – Anual. Disponível em: 
 http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/ManualReceita.pdf 
 
Harada, Kiyoshi. Direito Financeiro e tributário. Kiyoshi Harada. – 23 ed. – São 
Paulo: Atlas, 2014. 
 
Jund, S. (2008). Administração, Orçamento e Contabilidade Pública (3rd ed.). Rio 
de Janeiro: Elsevier. 
http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/ManualReceita.pdf

Mais conteúdos dessa disciplina