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Aspectos psicológicos da morte e do morrer Prof. Dr. Izaildo Tavares Luna O aluno deverá ser capaz de: ✓Entender a importância do autoconhecimento para a vivência da morte; ✓Perceber o outro para a vivência da morte e do morrer; ✓Compreender que as mortes simbólicas são fundamentais para aprender a lidar com perdas e com a morte. Reflexão O ser do homem é um "ser que caminha para a morte”. Martin Heidegger Como vocês lidam com a morte? O autoconhecimento é fundamental para a vivência do processo de morte e morrer! ✓ Durante a vida, o ser humano passa por perdas naturais do desenvolvimento, que o preparam para a vivência de perda e finitude. ✓ Ao longo do processo de desenvolvimento, convive-se com os polos vida e morte. ✓ A passagem de cada fase de vida (infância, adolescência, idade adulta e velhice) caracteriza-se por um processo de morte simbólica ou morte em vida, à medida em que se perde características e atividades de uma fase para iniciar outra e atingir uma nova vida. Nosso crescimento não se origina do fato de percorrermos tais estágios, mas de nos deixarmos amar no ponto em que nos encontramos, de modo a curarmos todas as perdas, mágoas, ressentimentos, raiva s vivenciadas em cada processo de “morte” ao longo da vida. Desta forma, a criança que é poupada de frustrações terá mais dificuldade de viver perdas, lutos e a morte propriamente dita. Percepção de si e do outro Lidar com a morte é lidar com a noção do limite, de plenitude, de imortalidade. A noção de limite e de imortalidade O homem se angustia com a certeza da finitude e busca defender-se desse mal-estar projetando ideias de imortalidade: através de sua descendência, de suas obras, de grandes feitos. Mortes simbólicas Ao longo da vida, lidamos com vários fins ou com várias mortes. Morte real x morte simbólica Quando acontece a morte de uma pessoa amada ou algo concreto (privação do que foi perdido). Há uma ausência física, são perdas tangíveis. Por exemplo: além da morte, perda de um membro ou parte do corpo por amputação ou trauma, separação, divórcio, perda de emprego ou uma posição importante. São perdas de natureza psicossocial Algumas experiências vivenciadas ao longo do desenvolvimento humano apresentam analogia com a ideia de morte Exemplo: velhice, gravidez e o nascimento do filho, final da infância, o final da adolescência, etc. ✓Ao longo do processo de desenvolvimento, convive-se com os polos vida e morte. ✓A passagem de cada fase de vida (infância, adolescência, vida adulta e velhice) caracteriza-se por um processo de morte simbólica ou morte em vida, na medida em que se perde características e atividades de uma fase para iniciar uma outra e atingir, assim, uma nova vida. (KÒVACS, 1996) Mortes simbólicas Segundo Kovács (2002), as mortes simbólicas são mortes em vida que ocorrem desde a mais tenra idade (por exemplo, a ausência da mãe para o bebê), passando pelas mudanças próprias de cada fase do desenvolvimento humano. Exemplos: ✓ O nascimento: a 1ª perda! - a do cordão umbilical; ✓ A morte do desmame; ✓ A morte do corpo infantil quando entramos na adolescência; ✓ A morte de um relacionamento quando alguém se separa de nós; ✓ A morte de um emprego quando somos despedidos etc. A doença também é um tipo de morte Em outras épocas, a doença teve uma fase glamourosa (por exemplo: a tuberculose): "a doença era vista como um refinamento, sofrimento dignificando o homem” (KOVÁCS, 1996, p. 21). ✓Atualmente, a doença é vista como fraqueza e punição, tendo em vista a interrupção à produção. ✓De qualquer forma, a doença coloca o indivíduo em contato com sua fragilidade e finitude; ou seja, ele é afastado das suas atividades rotineiras, pode sofrer paralisias, mutilações, enfrenta muitas vezes a dor ao longo do tratamento e percebe-se enquanto ser mortal (COMBINATO; QUEIROZ, 2006, p. 212). Viver essas mortes é vivenciar a frustração ✓Quanto melhor for a capacidade do sujeito em lidar com a frustração e quanto mais criativas forem suas respostas para os problemas que a vida lhe apresentar, mais saudável será a pessoa. ✓A vivência dessas mortes simbólicas nos prepara para a vivência da morte real, além de nos proporcionar melhor qualidade de vida consciência de nossas reais possibilidades. Referências GEOVANINI, F. C. M. Tanatologia. 1ª edição. Seses. Rio de Janeiro, 2018. KOVÁCS, M. J. (1996). A morte em vida. In.: BROMBERG, M. H. P. F., KOVÁCS, M. J.; CARVALHO, M. M. M. J.; CARVALHO, V. A. (Orgs.). Vida e morte: laços da existência (pp. 11-33). São Paulo: Casa do Psicólogo. KOVÁCS, M. J. (2002) Educação para a morte: desafio na formação de profissionais de Saúde e educação. Tese de Livre Docência – Instituto de Psicologia – Universidade de São Paulo.
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