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Resenha - Tudo que é sólido desmancha no ar

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
História do Mundo Contemporâneo 
Ricardo Castro 
Aluna: Milena Guerrão Lourenço 
 
 
 
Resenha do livro Tudo que é sólido desmancha no ar 
 
​A dualidade da modernidade, seu caráter volúvel, instável, frágil, de 
desenraizamento. Marcada por constante movimento, transformação, destruição, 
reconstrução, pelo sentimento de perda e deriva, mas também pelo sentimento de 
entusiasmo e empolgação. A incerteza, a criatividade, a insegurança, a expectativa, 
a impotência. Aspectos tão facilmente constatáveis se voltarmos um olhar real para 
a sociedade atual, se colocarmos de lado o distanciamento psicoemocional da nossa 
realidade, nos deparamos com a verdade substancial da contemporaneidade: tudo 
que é sólido desmancha no ar. 
Esse fluxo de constante modificação, entretanto, pode ser concebido em 3 fases. 
Inicialmente, do século XVI ao fim do século XVIII, o sujeito não tinha total 
consciência desse processo, com a era das revoluções, principalmente a Revolução 
Francesa, no fim do século XVIII, as mudanças de conceitos, paisagens, 
configurações sociais, eram palpáveis, enquanto a fase final, no século XX, abrange 
uma torrente nunca antes vista de desenvolvimento, cientificismo, inovações e 
invenções. Posto isto, é relevante ressaltar que, na fase inicial, o sentimento 
moderno era, majoritariamente, de empolgação com o futuro e suas possibilidades, 
o sujeito, então, tinha o ímpeto de pensar as contradições de seu tempo buscando 
sempre a transcendência que levaria ao desenvolvimento. 
O turbilhão denominado modernização, processo que se constrói no âmbito político 
e econômico, é constituído por diversos fatores: desenvolvimento industrial, 
científico, estrutural, governamental. Os meios de produção, as invenções, 
marcantes no século XX, a burocratização do Estado, foram criados, 
primordialmente, para otimizar a vida humana, mas possuem caráter dúbio, ao 
passo que transformam positivamente o mundo, acarretam modificações muitas 
vezes abomináveis. O desenvolvimento de maquinário fabril, por exemplo, foi 
pensado para aperfeiçoar o trabalho humano, mas, contraditoriamente, se tornou 
fator que sobrecarregou os trabalhadores e, intrinsecamente, modificou 
profundamente as relações sociais. 
Marx, dissertando sobre a construção das classes, afirma que o sujeito se forma, 
então, como um produto dos tempos modernos. Sujeito este que, se adequando ao 
seu tempo, convive com as transformações constantes, estado que se tornou natural 
e normal na sociedade, ao contrário do sujeito da primeira fase da modernização, 
que via esse bombardeamento de novas experiências como algo fora de sua 
normalidade. Sendo assim, o sujeito moderno já não tem mais alteridade pois é 
constituído pela dinâmica do sistema social, suas questões, ideias, necessidades, 
são determinados pelo que é possível satisfazer na conjuntura em que se 
encontram. A capacidade de contemplação desses indivíduos acaba sendo 
adequada às respostas que podem ser encontradas em seu âmbito social. 
Sob essa luz, surgiram algumas tendências do que seria a natureza do 
modernismo, este que pode ser entendido como o campo cultural da era moderna, 
como o modernismo ausente, aquele que procura colocar a arte, a literatura, fora da 
circunstância da modernização, tentando, ao máximo, fazer com que o caráter 
frenético da modernização não afetasse a produção artística, ou o modernismo 
afirmativo, que buscava entrelaçar a arte e as demais atividades humanas, sem que 
houvesse qualquer separação ou negação de influências, e ainda o modernismo 
negativo, que prega a total destruição da tradição, o rompimento com todos os 
valores, e se preocupa pouco em reconstruir o mundo que coloca abaixo. 
Em contraponto, Foucault compreende o sujeito moderno como prisioneiro de seu 
próprio tempo, sem possibilidade de mobilidade, de repensar a si mesmo, de 
produzir intelectualidade, pois sua consciência seria um apêndice da modernidade, 
sua cosmovisão seria administrada pela conjuntura no qual ele se encontra, o que 
também foi percebido por Marx, como já citado anteriormente. 
Assim, Marshall Berman em sua presente obra se propõe à incitar a retomada do 
caráter modernista, admitindo que perdemos o controle sobre nossas questões e 
contradições. Em suma, o ponto é, apropriando-se das modernidades de ontem, 
assumir a profundidade da vida moderna que vivemos.

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