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Módulo DRAMA - Problema 2 - Neurocisticercose e Teníase Ciclo de Vida, Fisiopatologia, Diagnóstico e Tratamento

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Thaís Pires
2
Problema 2
1. Discutir a etiopatogenia e o diagnóstico da neurocisticercose e da teníase;
Teníase
Etiopatogenia – Taenia solium e Taenia saginata – são vermes CESTODA da classe PLATELMINTOS, que têm como característica apresentar escólex (tipo cabeça), pescoço (origina as proglótides) e estróbilo (onde ficam as proglótides, unidade reprodutiva do verme - hermafrodita) – de proximal para distal, as proglótides vão de imaturas (pescoço), maduras (porção média) e grávidas (distal) o parasita se fixa à mucosa intestinal pelas VENTOSAS e, no caso da solium, pelo ROSTELO provido de ganchos / o número de proglótides determina o tamanho do verme, sendo o SOLIUM 2-3m e a SAGINATA 4-6m
Ciclo Evolutivo – o ciclo das duas Taenias é semelhante, tendo o ser humano como o HOSPEDEIRO DEFINITIVO; quanto ao hospedeiro INTERMEDIÁRIO (aquele que se desenvolvem as larvas), há controvérsias, adotando-se GADO SUÍNO – SOLIUM e GADO BOVINO – SAGINATA vale destacar que, eventualmente, o HOMEM pode ser o hospedeiro intermediário da T. SOLIUM, local de desenvolvimento das LARVAS Cysticercus cellulosae, causando, nesse caso, a CISTICERCOSE!!!
	Obs: somente a SOLIUM consegue utilizar o humano como hospedeiro intermediário, causando a cisticercose – a SAGINATA não consegue desenvolver a larva no homem!
Homem (hospedeiro definitivo) contaminado com a Taenia no intestino delgado proglótides grávidas (distais) são eliminadas nas fezes – na SOLIUM, a eliminação é de forma PASSIVA e INTERMITENTE, i.e., cerca de 2-6; na SAGINATA, a eliminação é de forma ATIVA E CONTÍNUA, i.e., uma por vez! no meio externo, as proglótides liberam os OVOS – HEXACANTO – ONCOSFERA (embrião) como os hospedeiros intermediários da solium e da saginata, respect. porco e boi, possuem hábito COPROFÁGICO, ingerem OU O OVO OU A PROGLÓTIDE GRÁVIDA alcançam o INTESTINO e liberam os embriões (oncosfera) que penetram na mucosa pelas espículas que possuem (6), chegando à CORRENTE SANGUÍNEA, VASOS LINFÁTICOS passam pelo fígado, coração direito, pulmões, coração esquerdo... se DISSEMINAM por vários órgãos e tecidos, especialmente no MÚSCULO ESQUELÉTICO E MIOCÁRDIO
Alojadas no tecido, as ONCOSFERAS (embriões) amadurecem para LARVAS/CISTICERCOS (0,5-2cm) que apresentam uma parede cística delimitando uma cavidade cheia de líquido com o escólex idêntico ao do verme adulto
A contaminação do homem ocorre quando ele ingere CARNE CRUA/MAL PASSADA de suínos (solium) ou de bovinos (saginata) – após a digestão, os cisticercos têm a PAREDE ROMPIDA pelo suco gástrico, libertando o ESCÓLEX, que se fixa à mucosa intestinal!!!
	Obs: Curiosamente, despois de desenvolvido o verme adulto, ele libera substâncias que não permitem a sobrevivência de outro verme SOLITÁRIA
Cisticercose – como visto anteriormente, a ingestão do CISTICERCO causa TENÍASE – A cisticercose, por ironia, é causada pela ingestão dos OVOS ou PROGLÓTIDES GRÁVIDAS da T. SOLIUM (é como se o humano fosse o suíno no ciclo anterior) os ovos são convertidos em ONCOSFERAS (embrião) pela ação do suco gástrico, que, por ser hexacanta, consegue penetrar a mucosa intestinal, se disseminando pela CORRENTE SANGUÍNEA para diversos órgãos onde irão se transformar em CISTICERCOS!!
	Essa ingestão de ovos pode ser por HETEROINFESTAÇÃO (consumo de água ou alimentos contaminados com os ovos de outra pessoa) ou por AUTOINFESTAÇÃO (indivíduo ingere os ovos provenientes da própria T. solium – não lava as mãos) existe uma teoria de que possa haver a AUTOINFESTAÇÃO INTERNA, na qual os ovos ou proglótides grávidas são regurgitados para o ESTÔMAGO oncosfera sangue órgãos / Quando os cisticercos se alojam no CÉREBRO = NEUROCISTICERCOSE!
Há a forma DISSEMINADA (com localização nas vísceras, pele e músculos), a OFTALMOCISTICERCOSE (nos olhos e órbita), a NEUROCISTICERCOSE (no sistema nervoso central) e, finalmente, a FORMA MISTA com mais de uma das localizações acima citadas A neurocisticercose ainda pode ser classificada topograficamente em ESPINHAL E CEREBRAL
 
Quadro Clínico Teníase – a maioria dos indivíduos infectados por taenia é ASSINTOMÁTICA, porém alguns indivíduos apresentam sintomas decorrentes da INFLAMAÇÃO DA MUCOSA (relativo à fixação do escólex), HIPO OU HIPERSECREÇÃO DE MUCO, ALTERAÇÕES DA MOTILIDADE INTESTINAL, DESVIO NUTRICIONAL DO VERME, FENÔMENOS TÓXICOS-ALÉRGICOS A DISTÂNCIA / a teníase por SAGINATA costuma ser mais sintomática do que a SOLIUM, uma vez que é relativamente maior a sensação de eliminação ativa de proglótides pela saginata pode causar DESCONFORTO PERIANAL
	Manifestações – tontura, fraqueza, insônia, cefaleia, irritabilidade, anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, dor abdominal – uma queixa comum é a de ter visualizado algo SE MEXENDO nas fezes ou na roupa de cama, que seriam as proglótides recém eliminadas
	Diagnóstico – É clínico, epidemiológico e laboratorial - raramente é dado pelo exame de fezes, pois os ovos da taenia não costuma ser visualizados nesse exame – na verdade, o diagnóstico quase sempre vem do encontro das PROGLÓTIDES pelo método de TAMIZAÇÃO FECAL (peneirar as fezes – T. solium) – a T. saginata, por possuir sistema de liberação ativo das proglótides, pode ser pressentido pela pessoa infectada um CORPO MÓVEL, VISCOSO, SERPENTEANDO NO PERÍNEO, podendo ser coletado em peças íntimas do vestuário!!! Depois de coletada, a proglótides deve ser visualizada em microscopia após desidratação com ácido acético para a correta identificação da ESPÉCIE
Há o método para a procura por ovos na região perianal, chamado de MÉTODO DE GRAHAM OU HALL, entretanto não consegue diferenciar as espécies
Quadro Clínico Neurocisticercose – é a principal forma de apresentação da cisticercose – deve-se sempre suspeitar dela em pcts adultos com início de QUADRO DE EPILEPSIA, pois a formação do foco irritativo do cisticerco ao se degenerar ativa UMA REAÇÃO IMUNE LOCAL / as crises podem ser tanto generalizadas quanto focais, porém o mais comum é que seja FOCAL COM GENERALIZAÇÃO SECUNDÁRIA / Pode apresentar HIDROCEFALIA pela obstrução da circulação liquórica, levando a HIPERTENSÃO CRANIANA com cefaleia, náuseas, vômitos, borramento de visão, papiledema e rebaixamento do nível de consciência
	Diagnóstico - É clínico, epidemiológico e laboratorial - Os achados no exame de imagem (RNM e TC) que sugerem neurocisticercose são: lesões císticas com ou sem reforço anelar; uma ou mais calcificação nodular; lesão com reforço focal / O diagnóstico pode ser reforçado pela detecção de ANTICORPOS ESPECÍFICOS CONTRA O CISTICERCO
Diagnóstico diferencial - distúrbios psiquiátricos e neurológicos (principalmente epilepsia por outras causas)
2. Descrever a epidemiologia do complexo teníase/cisticercose;
Epidemiologia – cerca de 77 milhões de pessoas infectadas pela SAGINATA e 2,5 milhões pela SOLIUM
A América Latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência elevada de neurocisticercose, que está presente em 18 países desta área, com uma estimativa de 350.000 pacientes. O ABATE CLANDESTINO DESTES ANIMAIS, sem inspeção e controle sanitário, é muito elevado na maioria dos países da América Latina e Caribe, sendo a causa fundamental a falta de notificação. 
O complexo teníase-cisticercose tem distribuição cosmopolita, constituindo um sério problema de saúde pública em países onde existem PRECÁRIAS CONDIÇÕES SANITÁRIAS, SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS, que contribuem para a sua transmissão. Essa zoonose causa ainda prejuízos econômicos, principalmente em áreas de produção animal, porque as carcaças infectadas são condenadas no abate com base na inspeção sanitária, além de limitar a possibilidade de exportação de carnes
No Brasil, a cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, tanto em serviços de neurologia e neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos. A baixa ocorrência de cisticercose em algumas áreas, como por exemplo nas regiões Norte e Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento é realizado emgrandes centros, o que dificulta a identificação da procedência do local da infecção. O Ministério da Saúde registrou um total de 937 óbitos por cisticercose no período de 1980 a 1989. Até o momento não existem dados disponíveis para que se possa definir a letalidade do agravo.
Na América Latina, calcula-se que a taxa de prevalência por neurocisticercose é de 100 casos por 100.000 habitantes
O homem adquire cisticercose através da ingestão de alimentos contaminados (frutas e verduras) com
ovos de tênia, através do uso de água de irrigação contaminada com água de esgoto, ou ainda pela utilização de fezes humanas como adubo. Também pode ocorrer a ingestão de ovos através de água contaminada. Uma outra fonte importante de contaminação são os manipuladores de alimento, que contaminam os alimentos através de maus hábitos higiênicos. O próprio portador de teníase, através de maus hábitos de higiene, também pode se autocontamina
A enfermidade mostrou-se mais frequente em idades mais avançadas e os pacientes do sexo feminino são acometidos em maior proporção. A enfermidade está ligada a hábitos alimentares, sendo mais frequente em pacientes com maior contato com o meio rural
3. Indicar as formas de tratamento da teníase e da cisticercose;
Tratamento 
	Neurocisticercose 
	1ª Escolha – Praziquantel 50-60mg/kg/dia, 21 dias
	2ª Escolha – Albendazol 15mg/kg/dia, 21 dias
	Associar Dexametasona altas doses, 21 dias – para diminuir a reação inflamatória
	Associar anti-convulsionantes
Teníase
	1ª Escolha – Praziquantel, 5-10mg/kg (máx. 600mg) VO, dose única
	2ª Escolha – Niclosamida, VO, dose única
 2g - adultos e crianças > 8 anos
 1g - crianças 2-8 anos
 0,5g - crianças < 2 anos
	3ª Escolha – Mebendazol, 200mg, VO 2x dia, 4 dias
	4ª Escolha – Albendazol 10 mg/kg/dia (máx. 400mg), VO, 3 dias
4. Conhecer os aspectos sociais que levam à alta prevalência das verminoses.
Diferentes fatores podem contribuir para esse quadro, tais como água contaminada, ausência de políticas públicas voltadas para o fortalecimento de mudança de hábitos culturais através da educação sanitária e em saúde, bem como melhoria nas condições socioeconômicas da população
Manaus, capital do estado do Amazonas, vivenciou crescimento populacional acelerado, caracterizado principalmente por migrantes da zona rural e de outros estados, instalando-se de maneira DESORDENADA NA PERIFERIA DA CIDADE, formando bairros sem estrutura, com deficiência de saneamento básico e baixa qualidade de vida
Dentre os fatores determinantes para a alta frequência de parasitoses intestinais estão a baixa renda familiar e as condições precárias de higiene. A AGREGAÇÃO FAMILIAR é uma variável que interfere na distribuição dos helmintos!!
É importante destacar a prevalência de poliparasitismo em mulheres domésticas e em menores. As mulheres desenvolvem no quotidiano diversas tarefas domésticas, que podem favorecer a contaminação, principalmente por geohelmintos, especialmente em áreas contaminadas por dejeto

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