Buscar

A gestão de projetos nasceu da percepção de que todo o negócio

Prévia do material em texto

A gestão de projetos nasceu da percepção de que todo o negócio, incluindo a maioria das atividades rotineiras, podem ser entendidas como uma série de projetos, assim, gerencia-se o negócio por meio de projetos. A partir desta percepção, elabora-se um plano estratégico para execução de uma série de projetos que são avaliados de acordo com orçamento, cronograma, escopo, qualidade, ou, ainda, pela geração de valor potencial (KEZNER, 2017).
Segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), a qualidade é almejada por autores que se concentram na área das edificações desde a antiguidade, cuja grandiosidade das obras só foi possível graças à profunda capacidade de organizar milhares de trabalhadores em atividades ordenadas. Imhotep (Faraó), por exemplo, teve atuação marcante devido à construção da primeira pirâmide egípcia na forma de degraus. Para execução de tal obra, ele projetou um sistema de normas de extração, corte e polimento de pedras que, mesmo fabricadas longe do local de montagem, eram cortadas com precisão, numeradas e identificadas de acordo com o local da montagem. 
No âmbito da construção, o primeiro trabalho de ordenamento da cadeia produtiva brasileira foi o Subprograma Setorial da Qualidade e Produtividade da Industria da Construção Civil, elaborado em 1992.
Nesse programa, observou-se a efetiva mobilização do poder de compra do estado buscando, para isso, o desenvolvimento da qualidade e a produtividade da indústria da construção civil (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Atualmente, todas as etapas de construção das edificações brasileira devem estar em conformidade com normas específicas da ABNT. Os projetos estruturais, por exemplo, são elaborados em softwares que possibilitam a verificação do atendimento às normas específicas agregando, assim, confiabilidade e segurança (MÜLLER, 2003). Nota-se que algumas empresas preconizam a implementação do sistema de gestão ISO e buscam a certificação no sentido de agregar valor aos projetos e construções elaboradas. Os sistemas de gestão ISO são de implementação opcional e concernem ações no âmbito administrativo das empresas. 
A elaboração dos projetos, bem como a execução das obras, entretanto, não podem ser colocadas em prática sem atender aos requisitos normativos nacionais preconizados nas normas da ABNT, que, geralmente, estão em consonância com as normas internacionais (HARTONO, 2014). Nota-se que a engenharia, na prática, compreende o atendimento aos requisitos de qualidade que asseguram o bem-estar que deve ser proporcionado. Desde as primeiras construções que marcam o surgimento da engenharia, o diferencial reside em possibilitar o planejamento, a organização da mão de obra, a seleção e padronização de materiais, o projeto e otimização da execução de estruturas e o controle de qualidade de forma a assegurar a segurança, durabilidade e significância do projeto (TAVARES, 2014). O advento do uso de softwares específicos contribuiu para a eficiência, atendimento às normas e implementação de sistemas de qualidade, mas o senso crítico e a fundamentação teórica do engenheiro civil são, ainda, indispensáveis.
Conforme exposto, a implementação de um sistema de gestão com foco na qualidade total e na melhoria contínua é importante para colocar em vigor um planejamento estratégico a longo prazo, inclusive nas empresas de engenharia. No sistema de gestão com foco na qualidade total, pode-se elencar uma série de etapas, como a gestão de projetos, de planejamento, orçamentária, financeira, de compras, de pessoas e de materiais. Todas as fases são essenciais para implementação do sistema (PRADO, 2000). A primeira fase compreende a gestão de projetos que evoluiu de um conjunto de processos considerados essenciais para a sobrevivência de uma empresa. A gestão de planejamento, por outro lado, engloba o procedimento sistemático voltado para o futuro, no qual são estabelecidas metas de longo prazo, sendo que a programação e elaboração de orçamentos à longo prazo se baseiam em situação anteriores (MÜLLER, 2003). A importância de gerir bem o orçamento de uma empresa é indiscutível, principalmente as empresas inseridas no setor da construção. 
A gestão orçamentária busca estruturar o plano de atividades à realidade da empresa. O processo de gestão orçamentária das organizações compreende as principais funções da gestão que são planejamento, organização, motivação, coordenação e controle. Assim, a gestão embasada no orçamento alinhada à divisão da empresa em centros de responsabilidade é proposta para apoiar a tomada de decisão e avaliação, a análise e a gestão dos recursos, de maneira articulada com as metas propostas (TAVARES, 2014). 
Outro aspecto importante da gestão de empresas do segmento da construção civil é o gerenciamento de materiais, pois, na maioria dos empreendimentos, o planejamento dos materiais e atividades da obra não são integrados, as requisições são externas e não se percebe uma correlação com a sequência de operação (TAVARES, 2014). Essa falta de integração prejudica o gerenciamento geral dos empreendimentos. Trata-se de um processo de significativa complexidade devido ao elevado número de materiais e a diversidade de fornecedores. É necessário, então, encontrar uma maneira de atender, de maneira diferenciada, a determinados itens, adotando-se critérios que permitem distinguir a importância de cada insumo. A consideração dos critérios qualitativos e quantitativos dos estoques em consonância com o cronograma, orçamento e escopo dos empreendimentos a partir de modelos matemáticos compreende a gestão de materiais (MÜLLER, 2003).
REFERÊNCIAS em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/gestao-de-projetos> acesso em 01 de novembro de 2020
HARTONO, B. et al. Project risk: Theoretical concepts and stakeholders’ perspectives. International Journal of Project Management, [S. l.], v. 32, n. 3, p. 400-411, 2014.
KEZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
MÜLLER, C. J.; Modelo de gestão integrando planejamento estratégico, sistemas de avaliação de desempenho e gerenciamento de processos (MEIO – Modelo de Estratégia, Indicadores e Operação). 2003. 292 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
PINHEIRO, A. C.; CRIVELARO, M. B. Qualidade na construção civil. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.
PRADO, D. Gerenciamento de Projetos nas organizações. Desenvolvimento Gerencial. Belo Horizonte, 2000.
TAVARES, C.A. A gestão orçamental como instrumento de avaliação do desempenho organizacional e apoio à decisão – o caso da Associação WAVEC. 2014. 106 f. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Lisboa, 2014.

Continue navegando