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AULA 01 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 – Empresa e empresário: 
 
O art. 966 do Código Civil traz a definição de empresário: “Art. 966. Considera-se empresário quem 
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços”. 
Extrai-se do texto da lei que empresa é a atividade econômica organizada, exercida pelo empresário, 
em caráter profissional, para a produção ou circulação de bens e serviços. 
Já quanto ao empresário, tal deve respeitar certos requisitos: 
1. Profissionalismo: envolve três aspectos – habitualidade ( não se considera profissional quem 
exerce a atividade em caráter eventual), pessoalidade (contratar mão de obra para auxiliá-lo 
na atividade empresarial) e monopólio de informações (deve ter conhecimento das técnicas 
de produção das mercadorias ou dos serviços prestados, da qualidade exigida pelo mercado, 
dos insumos empregados, dos defeitos de fabricação, do dever de informação ao consumidor); 
2. Atividade econômica: atividade empresarial é exercida com o intuito de obtenção de lucro; 
3. Organizada: empresário é quem articula os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos 
e tecnologia); 
4. Produção ou circulação de bens ou serviços: envolve qualquer atividade econômica; 
 
Conforme art. 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público 
de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Aquele que não registra os 
seus atos constitutivos na Junta Comercial é considerado empresário irregular. 
 
1.1 – Agentes econômicos excluídos do conceito de empresário: 
Existem agentes econômicos que apesar de exercerem atividades econômicas, não são considerados 
empresários (CC, art. 966, parágrafo único - Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, 
de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores). São eles: 
profissional intelectual (liberal), sociedade simples, exercente de atividade rural e a cooperativa. 
a)Profissionais intelectuais: Não são empresários, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa (atividade especial, organizada sob a forma de empresa). São os farmacêuticos, 
professores, médicos etc. Enquanto o profissional intelectual apenas exerce a sua atividade intelectual, ainda 
que com o intuito de lucro e mesmo contratando alguns auxiliares, ele não é empresário para os efeitos legais. 
b)Sociedades simples (sociedades uniprofissionais): Antes eram chamadas de sociedades civis, sendo 
a sociedade constituída por profissionais intelectuais cujo objeto social é justamente a exploração de suas 
profissões, p. ex. sociedade formada por médicos para prestação de serviços médicos, sociedade formada por 
professores para prestação de serviços de ensino. CC, art. 982 – é empresária a sociedade que tem por objeto 
o exercício de atividade própria de empresário, sujeito a registro, e simples as demais. Há apenas duas 
exceções: considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
c)Exercente de atividade econômica rural: CC, art. 971. São dispensados do registro na Junta 
Comercial, da sua atividade empresarial, nesse caso não se submete a Lei 11.101/2005 (trata da falência e 
recuperação judicial e extrajudicial). Caso queira se registrar, será considerado empresário para todos os 
efeitos legais. 
d)Sociedades cooperativas: É sempre uma sociedade simples, por expressa disposição legal. CC, art. 
982. 
 
1.2 – Empresário individual: 
É a pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens ou de serviços. 
CC, art. 972 - Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da 
capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 
Exceções que permitem que o incapaz exerça individualmente empresa (situações que permitem que 
o incapaz continue a exercer empresa, não engloba situações para que ele inicie a atividade empresarial): 
CC, Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a 
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 
§1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos 
da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, 
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos 
adquiridos por terceiros. 
§2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão 
ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder 
a autorização. 
§3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar 
contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma 
conjunta, os seguintes pressupostos: 
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado 
por seus representantes legais. 
Impedidos: servidor público federal; membro da magistratura; membro do MP; os condenados à pena 
que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos. 
CC, Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, 
responderá pelas obrigações contraídas. 
 
 
 
 
 
 
AULA 02 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
Continuação – Empresário individual: 
2.1 Empresário individual casado: 
CC, Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime 
de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. 
O empresário individual casado não depende da outorga conjugal do outro, desde que exista prévia 
averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de 
imóveis, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis. 
CC, Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens 
clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. 
CC, Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de 
reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas 
Mercantis. 
 
04 – Registro Do empresário 
É obrigação legal imposta a todo e qualquer empresário (individual ou sociedade empresária) se inscrever na 
Junta Comercial antes de iniciar a atividade, sob pena de começar a exercer a empresa irregularmente. 
CC, Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva 
sede, antes do início de sua atividade. 
O registro do empresário não é requisito para a sua caracterização e consequente submissão ao regime 
jurídico empresarial, caso o empresário não se registre antes do início das suas atividades será considerado irregular. 
O artigo 968 do CC traz formalidades legais para a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis: A 
inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, 
estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser 
substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua 
autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1 o do art. 4º da Lei Complementar n o 123, de 14 de dezembro 
de 2006 (tal incisotrata da dispensa do uso da firma, com a respectiva assinatura autografa no caso de microempresa 
e EPP); III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. 
CC, art. Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro 
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
Filial = sociedade empresária que atua sob a direção e administração de outra (matriz), mas mantém a sua 
personalidade jurídica e o seu patrimônio. Não tem poder executivo ou deliberativo. 
Agência = empresa especializada em prestação de serviços que atua especificamente como intermediária. 
Sucursal = ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal (opera em local diferente da matriz, mas 
também é dependente dela), responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado administrativamente. A 
sucursal tem mais autonomia na tomada de decisões administrativas, podendo contar com uma direção que auxilia 
nas negociações, operando com mais liberdade. 
O domicílio do empresário e da sociedade empresária é o local indicado em seus atos constitutivos, quando 
do registro na Junta Comercial. 
 
 
 
 
AULA 03 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
Continuação – Empresário individual: 
04 – Registro Do empresário 
4.1 Registro público do empresário e da sociedade empresária: 
São 3 os atos de registro de empresa praticados pela Junta Comercial: 
1. Matrícula: ato de inscrição dos chamados auxiliares do comércio: leiloeiros, tradutores públicos, 
intérpretes comerciais etc. 
2. Arquivamento: ato de inscrição do empresário individual bem como o ato de registro de constituição, 
alteração e dissolução das sociedades empresárias, grupos de sociedades, consórcios, empresas mercantis 
autorizadas a funcionar no País. Qualquer modificação na inscrição do empresário é feita através da averbação. 
3. Autenticação: ato de registro das escriturações (livros comerciais e fichas escriturais) das empresas 
mercantis e dos agentes auxiliares do comércio, conferindo regularidade ao documento. 
Obs.: Inatividade da empresa: empresário individual e sociedade empresária que não procedem a qualquer 
arquivamento na Junta Comercial no período de 10 anos e não comunicam ao órgão que ainda se encontram em 
atividade. Consequência: cancelamento do registro e perda da proteção do nome empresarial. 
 
05 – Nome empresarial: 
É o elemento de identificação do empresário e da sociedade empresária perante terceiros no exercício 
de sua atividade econômica. Não pode ser objeto de alienação. Pode ser de duas espécies: 
1. Firma (razão social): constituída pelo nome civil do empresário individual ou dos sócios da 
sociedade empresária. Além de identidade do empresário, é também sua assinatura. 
CC, Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, 
aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. 
Ex. Nome civil do empresário individual: Antônio de Souza. Pode usar como firma: “Antônio de Souza 
roupas e calçados”, “A.S. Roupas e calçados”, “Antônio de Souza”, etc. Sócios: Antônio de Souza, Fabiana 
de Melo e Pedro Siqueira. Pode usar como firma: “Antônio de Souza, Fabiana de Melo & Pedro Siqueira”, 
“Souza, Melo e Siqueira roupas e calçados”, “Antônio de Souza & Cia”, “A. Souza, F. Melo & P. Siqueira 
Roupas e Calçados”, etc. 
2. Denominação: constituída pelo nome civil dos sócios ou um elemento fantasia. Deverá indicar o 
objeto a ser explorado pela sociedade. É elemento de identificação do exercente da atividade empresarial. O 
representante legal da empresa assina com sua assinatura civil, não podendo assinar a denominação. Ex.: 
“Antônio de Souza, Fabiana de Melo & Pedro Siqueira Roupas e calçados Limitada” 
 
 
 
AULA 04 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
QUESTÕES DE REVISÃO 
01 - (auditor/Campinas SP/ 2019) Sobre a empresa e empresário, pode-se corretamente afirmar que: 
a)aquele cuja atividade rural constitua sua principal profissão pode, observadas as formalidades da lei e 
regular inscrição, ser equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
b)a atividade empresarial somente pode ser exercida por pessoas jurídicas regularmente inscritas no Registro 
Público de Pessoas Jurídicas. 
c)considera-se empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística com 
o concurso de auxiliares ou colaboradores, mesmo que o exercício da profissão não constitua elemento de 
empresa. 
d)o empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público 
de Pessoas Jurídicas neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. 
e)é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Pessoas Jurídicas da respectiva sede, antes 
do início de sua atividade. 
 
02 - Segundo o código civil artigo 966, sua redação diz quanto a ser ou não empresário: 
a)Quando tem firma registrada e em atividade regular. 
b)Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços. 
c)A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha o seu nome, nacionalidade. 
d)Quando empreender de forma organizada em sociedade mercantil com a finalidade de indústria. 
e)Empresário é o sócio de empreendimento ou empreendedor individual registrado como pessoa jurídica. 
 
 
03 - Assinale a alternativa correta sobre a capacidade para ser empresário nos termos do código civil 
brasileiro. 
a)Toda pessoa com mais de 16 anos de idade pode exercer a atividade de empresário, desde que não tenha 
impedimento de outra ordem. 
b)Toda pessoa com mais de 18 anos de idade pode exercer a atividade de empresário, desde que não tenha 
impedimento de outra ordem. 
c)Toda pessoa com pleno gozo da capacidade civil pode exercer a atividade de empresário, desde que não 
tenha impedimento de outra ordem. 
d)Toda pessoa com mais de 18 anos de idade pode exercer a atividade de empresário, mesmo que tenha 
impedimento de outra ordem. 
e)Toda pessoa com pleno gozo da capacidade civil pode exercer a atividade de empresário, mesmo que tenha 
impedimento de outra ordem. 
 
04 - Considerando as disposições do código civil brasileiro sobre a capacidade para ser empresário, assinale 
a alternativa correta. 
a)A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não responderá 
pelas obrigações contraídas. 
b)Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida 
por ele enquanto capaz independentemente de autorização judicial. 
c)Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da 
interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a 
autorização. 
d)O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou 
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, bastando que o sócio incapaz não exerça a 
administração da sociedade. 
 
 
 
AULA 05 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
Refere-se ao complexo de bens, materiais e imateriais, que constituem o instrumento utilizado pelo 
empresário para a exploração da sua atividade empresarial. É chamado de patrimônio de afetação. 
CC, Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da 
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
O local onde o empresário exerce suas atividades (ponto de negócio) é apenas um dos elementos que 
compõem o estabelecimento empresarial, sendocomposto também por outros bens materiais (equipamento, 
máquinas etc) e até mesmo bens imateriais (marca, patente de invenção etc). 
Obs.: ESTABELECIMENTO ≠ EMPRESA (corresponde a atividade) 
 ESTABELECIMENTO ≠ EMPRESÁRIO (PF ou PJ que explora as atividades empresariais e é titular 
de direitos e obrigações decorrentes da atividade empresarial) 
ESTABELECIMENTO ≠ PATRIMÔNIO (compreende as relações jurídicas – direitos e obrigações – do seu 
titular). 
 
02 CONTRATO DE TRESPASSE 
Trespasse refere-se ao contrato oneroso de transferência do estabelecimento empresarial. 
CC, Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, 
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. 
Significa que o estabelecimento pode ser negociado como um todo unitário (universalidade de fato). 
CC, Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do 
empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na 
imprensa oficial. 
Portanto, é condição de eficácia perante terceiros, o registro do contrato de trespasse na Junta 
Comercial e a sua posterior publicação. 
CC, Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da 
alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de 
modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 
Para a Lei 11.101/2005 (lei de falência), caso o art. 1145 não seja respeitado pode ser decretado o 
trespasse irregular e consequentemente a decretação da quebra do empresário. De acordo com a III Jornada 
de Direito Civil - Enunciado 234: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação 
do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. 
 
03 SUCESSÃO EMPRESARIAL 
CC, Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo (ALIENANTE) 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, 
quanto aos outros, da data do vencimento. (CHAMA-SE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO 
ALIENANTE) 
O prazo de 1 ano é contado de maneira distinta: 
 1º - Tratando-se de dívida já vencida – conta-se o prazo a partir da publicação do contrato de 
trespasse. 
 2º - Tratando-se de dívida vincenda – conta-se o prazo do dia de seu vencimento. 
Obs1.: O art. 1146 do CC só se aplica as dívidas negociais do empresário, aquelas decorrentes de relações 
travadas em consequência do exercício da empresa (ex. dívidas com fornecedores ou financiamentos 
bancários), não se aplicando, portanto, as dívidas tributárias e trabalhistas, pois estas possuem seu regramento 
jurídico previsto no CTN (Código Tributário Nacional) e na CLT (Consolidação das leis Trabalhistas). 
Obs 2.: A alienação do estabelecimento empresarial feita em processo de falência ou de recuperação judicial 
não acarreta, para o adquirente do estabelecimento, nenhum ônus, isto é, o adquirente não responde pelas 
dívidas anteriores do alienante, inclusive as tributárias e trabalhistas. 
 
04 CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA 
É conhecida como cláusula de não restabelecimento ou cláusula de interdição da concorrência. 
CC, Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer 
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de 
arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do 
contrato. 
 
QUAL SERIA O LIMITE GEOGRÁFICO DE ATUAÇÃO DO ALIENANTE? Poderia o 
alienante se restabelecer em outro Estado? Cabe ao julgador (Poder Judiciário), analisando as 
circunstâncias fáticas do caso concreto, verificar se o eventual restabelecimento do alienante configura, 
de fato, concorrência ao adquirente; e, ainda, se essa concorrência está, de fato, provocando um desvio 
de clientela prejudicial ao adquirente. 
 
 
 
AULA 06 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
CC, art. 1148 – Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente 
nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal podendo os 
terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, e ocorrer justa causa, 
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. 
Obs.: Os contratos de prestação de serviço, por terem caráter pessoal, não se transmitem automaticamente. 
CC, art. 1149 – A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzira efeitos em 
relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará 
exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. 
Obs.: Da mesma forma que o adquirente assume as dívidas contabilizadas do alienante, também assume todo 
o ativo contabilizado. 
 
02 – PROTEÇÃO AO PONTO DE NEGÓCIO (locação empresarial) 
O ponto de negócio é o local em que o empresário exerce sua atividade e se encontra com sua 
clientela. Não se deve entender o ponto de negócio apenas como o local físico, em virtude da proliferação 
dos negócios via internet. 
A lei confere ao locatário, quando preenchidos certos requisitos, o direito à renovação compulsória 
do contrato de aluguel (Lei 8.245/1991). Esse direito é chamado de direito de inerência ao ponto, ou seja, 
a prerrogativa de permanecer naquele local mesmo na hipótese de o locador não pretender mais a renovação 
do contrato locatício. 
O empresário pode requerer por meio de ação própria (ação renovatória), a renovação compulsória 
do contrato de locação, sendo tal direito assegurado ao empresário que realmente agregou valor ao local onde 
exerce as suas atividades. 
Lei 8.245 - Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a 
renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: 
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; 
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos 
seja de cinco anos; 
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto 
de três anos. 
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no 
máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. 
Para o STJ, a renovação deve ser feita pelo mesmo prazo do último contrato e o prazo máximo de 
renovação é de 5 anos. 
Lei 8.245, Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: 
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua 
radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da 
propriedade; 
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente 
há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. 
Lei 8.245, Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará 
adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte: 
I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei; 
II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, 
excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar; 
III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores; 
IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52). 
 
 
 
AULA 07 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 AVIAMENTOE CLIENTELA 
→Aviamento = aptidão que um determinado estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente 
da empresa. É uma qualidade ou atributo do estabelecimento empresarial. 
Está relacionado ao local do ponto de negócio e, até mesmo, às qualidades pessoais do empresário. 
É em função do aviamento, que se calcula o valor de um estabelecimento empresarial. Por muitas 
vezes, determinado estabelecimento é vendido por preço muito superior ao seu valor patrimonial. 
→Clientela = conjunto de pessoas que mantém com o empresário ou sociedade empresária relações 
jurídicas constantes. Também é considerada parte do aviamento. 
 
02 – AUXILIARES E COLABORADORES DO EMPRESÁRIO 
O empresário, seja ele individual ou sociedade empresária, jamais conseguiria atuar de forma 
competitiva no mercado atual se não contasse com importantes auxiliares e colaboradores, chamados pelo 
Código Civil de prepostos. São eles: gerentes, contabilistas e demais auxiliares do empresário. 
CC, Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da 
preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele 
contraídas. 
Para tal artigo o preposto não pode transferir os poderes que lhe foram dados (através do mandato de 
preposição) para outra pessoa, sem a prévia autorização do proponente (aquele que deu os poderes ao 
preposto). P. ex. se determinado contador foi contratado para prestar serviços à empresa X, tal contador não 
poderá entregar o “serviço” para um amigo, também contador, sem a autorização expressa da empresa X. 
Caso tal fato aconteça, o contador que transferiu seus poderes responde pelos atos e obrigações contraídas 
pelo seu amigo. 
CC, Art. 1.178. Os preponentes (empresário/sociedade empresária) são responsáveis pelos atos de 
quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda 
que não autorizados por escrito. 
 
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o 
preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela 
certidão ou cópia autêntica do seu teor. 
 
QUESTÃO DE REVISÃO: A seguir são apresentados o preâmbulo de um hipotético Contrato Social e os 
artigos do Código Civil referentes à capacidade para exercício de atividade de empresário. 
 José XYZ, brasileiro, casado em regime de comunhão parcial de bens, empresário, portador da cédula 
de identidade nº. 011.022 SSP/EV, inscrito no CPF/MF sob o nº 001.002.003-04, residente e 
domiciliado na Rua das Flores, nº 19, Cidade do Bosque, no Estado do Verde; 
 Joana XYZ, brasileira, casada em regime de comunhão parcial de bens, empresária, portadora da 
cédula de identidade nº 033.044 SSP/EV, inscrita no CPF/MF sob o nº 004.003.004-05, residente e 
domiciliada na Rua das Flores, nº 19, Cidade do Bosque, no Estado do Verde; 
 José XYZ Júnior, brasileiro, solteiro, empresário, portador da cédula de identidade nº 044.055 
SSP/EV, inscrito no CPF/MF sob o nº 006.007.008.-09, residente e domiciliado na Rua das Flores, 
nº 19, Cidade do Bosque, no Estado do Verde, nascido em 15/05/2002, tendo dezessete anos nesta 
data, emancipado por concessão dos pais, conforme escritura devidamente averbada no Cartório de 
Registro Civil da Comarca da Cidade do Bosque, resolvem constituir uma sociedade limitada, o 
fazem sob as condições seguintes: [...] 
Artigo 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos 
os atos da vida civil. Parágrafo único: Cessará para os menores a incapacidade: [...] 
Artigo 972. Podem exercer atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e 
não forem legalmente impedidos. (BRASIL. Código Civil, 2002.) 
Considerando o preâmbulo e as hipóteses de cessão da menoridade previstas no Código Civil, pode-se 
afirmar que a sociedade: 
a)Poderá ser iniciada somente quando José XYZ Júnior se casar. 
b)Só poderá ser iniciada quando José XYZ Júnior completar 18 anos. 
c)Poderá ser iniciada se José XYZ Júnior já houver concluído o ensino médio. 
d)Poderá ser iniciada, pois José XYZ Júnior foi emancipado por concessão dos pais. 
 
 
 
 
AULA 08 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 Continuação - AUXILIARES E COLABORADORES DO EMPRESÁRIO 
1.1 O contabilista: 
Trata do contador, profissional legalmente habilitado, com formação especializada, encarregado de 
zelar pela contabilidade do empresário. 
CC, Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174 (arquivamento e averbação no instrumento 
de registro público da nomeação do preposto), a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista 
legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. 
 
CC, Art. 1.177 - Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos 
encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como 
se o fossem por aquele. 
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante 
os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos 
dolosos. 
→ Para o artigo 1.177 quando de autoria de um preposto especificamente designado, os 
assentamentos se consideram elaborados pelo próprio empresário preponente. Presente o ânimo de prejudicar 
(má-fé) e, portanto, elaborado, intencionalmente, um lançamento incorreto ou indevido, não é alcançada a 
equiparação proposta. A má-fé do preposto implica sejam seus atos apartados e distinguidos, não produzindo 
efeitos perante o empresário-preponente. 
 
1.2 O gerente: 
Aquele ao qual o empresário confia poderes de chefia do seu negócio. Nem sempre o empresário 
conta com a figura do gerente, ex. pequeno negócio no qual basta a figura do próprio empresário ou dos 
sócios da sociedade empresária para o bom desenvolvimento do empreendimento. 
CC, Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a 
praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados. 
Parágrafo único. Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários os poderes conferidos a 
dois ou mais gerentes. 
Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a terceiros, dependem 
do arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado 
serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente. 
Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou revogação do 
mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas Mercantis. 
Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que este pratique em seu próprio nome, 
mas à conta daquele. 
Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do 
exercício da sua função. 
 
 
 
 
 
 
AULA 09 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 - MEI – Microempreendedor individual 
 
Microeemprendedor Individual, ou seja, um profissional autônomo. Quando você se 
cadastra como um, você passa a ter CNPJ, ou seja, tem facilidades com a abertura de conta 
bancária, no pedido de empréstimos e na emissão de notas fiscais, além de ter obrigações e 
direitos de uma pessoa jurídica. Confira abaixo tudo o que você precisa saber para se tornar um 
MEI. 
Para ser registrado como Microempreendedor Individual, a área de atuação do profissional 
precisa estar na lista oficial da categoria, já que o MEI foi criado com o objetivo de regularizar a 
situação de profissionais informais. Para ser MEI, é necessário: 
 
O microempreendedor individual terá como despesas apenas o pagamento mensal do 
Simples Nacional. 
Valores 
 
 
Comércio ou Indústria 
R$53,25 
Prestação de Serviços 
R$ 57,25 
Comércio e Serviços 
juntos 
R$ 58,25 
 
O cálculo correspondea 5% do limite mensal do salário mínimo e mais R$ 1,00 (um real), 
a título de ICMS, caso seja contribuinte desse imposto e/ou R$ 5,00 (cinco reais), a título de ISS, 
caso seja contribuinte desse imposto. 
O pagamento pode ser feito por meio de débito automático, online ou emissão do 
Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). 
Benefícios e direitos de ser um MEI: 
Você tem direito a auxílio-maternidade; 
 
Direito a afastamento remunerado por problemas de saúde; 
 
Aposentadoria; 
 
Sendo MEI, você é enquadrado no Simples Nacional e ficará isento 
dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL); 
Com CNPJ, pode abrir conta em banco e tem acesso a crédito com 
juros mais baratos. Pode ter endereço fixo para facilitar a conquista de novos 
clientes; 
Conta com cobertura da Previdência Social para você e sua família. 
Conta também com o apoio técnico do Sebrae para aprender a negociar e 
obter preços e condições nas compras de mercadorias para revenda, obter 
melhor prazo junto aos atacadistas e melhor margem de lucro. 
 
02 – Empresário Individual 
O Empresário Individual tem um faturamento anual máximo podendo chegar até a R$ 360 
mil sendo considerado ME (Microempresa) ou até 4,8 milhões sendo EPP (Empresa de Pequeno 
Porte), isso se enquadrando no regime do Simples Nacional. Ainda há a possibilidade de estar 
no Lucro Presumido, e aí o limite sobe para R$ 78 milhões. 
2.1 Microempresa 
Empreendimento que tem receita bruta anual inferior ou igual a R$ 360 mil. Para 
formalização, é necessário optar entre uma das formas de tributação (Simples Nacional, Lucro 
Real ou Lucro Presumido) e realizar o registro em uma Junta Comercial. 
Nessa modalidade, não há restrições para o desempenho de serviços, no entanto, é 
importante ter o controle do faturamento a partir do registro correto do fluxo de caixa (que deve 
ser realizado em toda empresa). Se o lucro ultrapassar o limite para ME, o contrato social deve 
ser revisto, alterando também o regime tributário do empreendimento. 
A Micro Empresa pode ser dividida em quatro categorias: sociedade simples, EIRELI, 
sociedade empresária e empresário. 
 
2.2 EIRELI: 
Eireli é a sigla de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, um novo modelo de 
empreendimento criado em 2011. A Eireli permite a separação do patrimônio pessoal do 
patrimônio da empresa, pois existe a garantia do negócio por um capital mínimo de 100 vezes o 
valor do salário mínimo, disponibilizado no ato do registro. No caso do empresário individual, as 
dívidas contraídas podem ser garantidas também pelo patrimônio pessoal. 
 
2.3 EPP 
Negócios com limite de faturamento anual de R$ 4,8 milhões podem ser enquadrados 
como EPP. Da mesma forma que a ME, o titular de uma Empresa de Pequeno Porte deve 
formalizar o negócio em uma Junta Comercial, optando por um dos regimes tributários (Simples 
Nacional, Lucro Real ou Lucro Presumido). 
 
03 – Sociedade Limitada Unipessoal (SLU): 
Formada por apenas um sócio. Foi criada com a Lei 13874/19. 
 
 
 
 
 
 
AULA 10 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 - Sociedade simples X sociedade empresária: 
Para o art. 966 do Código Civil, empresário é aquele que exerce a atividade econômica 
organizada para a circulação de bens ou serviços. Porém, nem toda atividade econômica 
configura atividade empresarial, já que nesta é imprescindível o elemento de organização dos 
fatores de produção. 
As sociedades podem ser de duas categorias: 
1. Sociedades simples: exploram atividade econômica não empresarial, ex. sociedades 
uniprofissionais. 
2. Sociedades empresárias: exploram atividade empresarial, ou seja, exercem 
profissionalmente atividade econômica organizada para a circulação de mercadorias ou serviços. 
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por 
objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro ( art. 967 ); e, simples, 
as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade 
por ações; e, simples, a cooperativa. 
→ O que define uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto social, se este for 
explorado com profissionalismo e organização dos fatores de produção, trata-se de sociedade 
empresária. EXCEÇÕES À REGRA: a sociedade por ações é SEMPRE empresária (ainda que 
não tenha por objeto o exercício da empresa) e a sociedade cooperativa é SEMPRE simples. 
 
02 – Tipos de sociedade: 
Conforme art. 983 do CC, A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos 
regulados nos arts. 1.039 a 1.092 ; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com 
um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. 
A sociedade empresária pode organizar-se das seguintes formas: 
1. Sociedade em nome coletivo; 
2. Sociedade em comandita simples; 
3. Sociedade limitada; 
4. Sociedade anônima; 
5. Sociedade em comandita por ações. 
 
A sociedade simples pode organizar-se das seguintes formas: 
1. Sociedade simples pura ou simples simples; 
2. Sociedade em nome coletivo; 
3. Sociedade em comandita simples; 
4. Sociedade limitada. 
 
03 – Sociedade nacional 
Não é importante para tal sociedade a nacionalidade dos sócios, o local de residência deles 
ou a origem do capital social. 
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que 
tenha no País a sede de sua administração. 
Art. 1.127. Não haverá mudança de nacionalidade de sociedade brasileira sem o 
consentimento unânime dos sócios ou acionistas. 
 
04 – Sociedade estrangeira: 
Tal sociedade é aquela que não possui sede no Brasil e sua organização não é feita de 
acordo com as leis brasileiras. 
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem 
autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos 
subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de 
sociedade anônima brasileira. 
Art. 1.136. A sociedade autorizada não pode iniciar sua atividade antes de inscrita no 
registro próprio do lugar em que se deva estabelecer. 
Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aos 
tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil. 
Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, 
permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões 
e receber citação judicial pela sociedade. 
Parágrafo único. O representante somente pode agir perante terceiros depois de arquivado 
e averbado o instrumento de sua nomeação. 
Art. 1.141. Mediante autorização do Poder Executivo, a sociedade estrangeira admitida a 
funcionar no País pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil. 
Parágrafo único. A sociedade estrangeira funcionará no território nacional com o nome que 
tiver em seu país de origem, podendo acrescentar as palavras "do Brasil" ou "para o Brasil". 
 
05 – Sociedade entre cônjuges: 
Conforme art. 977 do CC, faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com 
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da 
separação obrigatória. 
 Para o STJ, a regra vale tanto para a sociedade empresária quanto para a sociedade 
simples. 
No regime da comunhão universal há bens que não se comunicam com o outro cônjuge, 
são eles: 
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: 
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados 
em seu lugar; 
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de 
realizada a condição suspensiva; 
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus 
aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de 
incomunicabilidade;V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 (bens de uso pessoal, os livros e 
instrumentos de profissão; proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; pensões, meios-soldos 
e outras rendas semelhantes). 
 
06 – Classificação das sociedades empresárias: 
Há três classificações importantes para as sociedades empresárias. 
1. Quanto à responsabilidade dos sócios: Responsabilidade relacionada a limitação ou 
ilimitação de sua responsabilidade pessoal por dívidas societárias. Podendo ser: 
RESPONSABILIDADE LIMITADA (o patrimônio pessoal dos sócios , em princípio, não é utilizado 
para satisfazer os débitos sociais; é possível executar os patrimônios pessoais, eventualmente), 
RESPONSABILIDADE ILIMITADA (esgotado o patrimônio societário, os credores poderão 
executar todo o restante da dívida social no patrimônio pessoal dos sócios) OU MISTA. 
2. Quanto ao regime de constituição e dissolução: CONTRATUAIS (constituídas por um 
contrato social e dissolvidas segundo as regras do CC) ou INSTITUCIONAIS (constituídas por um 
ato institucional ou estatutário e dissolvidas segundo as regras previstas na Lei das sociedades 
por ações). 
3. Quanto à composição: PESSOAS (a figura pessoal do sócio tem uma importância muito 
grande – affectio societatis -, a entrada de estranhos ao quadro social depende do consentimento 
dos demais sócios) ou CAPITAL (o importante é tão somente o capital investido pelo sócio, sendo 
a entrada de pessoas estranhas ao quadro social independente do consentimento dos demais 
sócios). 
 
 
 
AULA 11 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
01 - Sociedades não personificadas: 
Trata da sociedade que não possui personalidade jurídica (para o Código Civil a 
personalidade jurídica inicia-se com o registro). As sociedades no Código Civil dividem-se em 
sociedades personificadas (sociedade limitada; sociedade ilimitada; sociedade anônima; 
sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade em comandita por 
ações) e sociedades não personificadas (sociedade em comum; sociedade em conta de 
participação). 
 
1.1 Sociedade em comum: 
Chamada de sociedade irregular ou sociedade de fato. Trata da sociedade que não 
inscreveu os seus atos constitutivos no órgão de registro competente: Junta Comercial (quando 
se trata de sociedade empresária) ou Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (quando se 
trata de sociedade simples). 
CC, Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a 
sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, 
observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as 
normas da sociedade simples. 
CC, Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por 
escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem 
prová-la de qualquer modo. 
→ Os terceiros, nas demandas judiciais que eventualmente necessitarem propor contra essa 
sociedade, podem prová-la por qualquer meio de prova. Se quem necessita provar a existência 
da sociedade são os seus próprios sócios (buscando, p. ex. discutir a partilha dos investimentos), 
só se admite a prova por escrito, ou seja, a apresentação do instrumento contratual ou, pelo 
menos, um documento que comprove que o terceiro sabia estar negociando com a “sociedade”, 
e não com o sócio. 
CC, art. 990 - Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, 
aquele que contratou pela sociedade. 
→ CC, art. 1024 – Primeiro usa os bens sociais para cumprir (executar) as obrigações e depois 
usa os bens particulares dos sócios. 
→ Responsabilidade solidária = todos os sócios são chamados ao mesmo tempo para cumprir a 
obrigação. 
→ Responsabilidade ilimitada = os bens particulares dos sócios são atingidos para cumprir 
obrigações da sociedade. 
CC, Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do 
qual os sócios são titulares em comum. 
→ O patrimônio social da sociedade em comum, segundo o art. 988 do Código Civil, é formado 
por todos os bens que estão diretamente afetados ao exercício da atividade constitutiva do objeto 
social. 
 
1.2 Sociedade em conta de participação: 
É conhecida como sociedade secreta. Não se trata, propriamente, de uma sociedade, mas 
de um contrato especial de investimento. Não possui personalidade jurídica. 
Apresenta duas categorias distintas de sócios: o sócio ostensivo e os sócios participantes 
(também chamados de sócios ocultos). 
É uma sociedade que só existe internamente, ou seja, entre os sócios. Externamente, isto 
é, perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o qual exerce, em seu nome individual, a 
atividade empresarial, e responde sozinho pelas obrigações contraídas. 
Os demais sócios (sócios participantes), não aparecem nas relações com terceiros – por 
isso são também chamados de sócios ocultos –, apenas participando dos resultados “sociais”, 
conforme definido quando da elaboração do ato de constituição da “sociedade”. 
É uma sociedade bastante informal, razão pela qual a sua constituição, de acordo com o 
art. 992 do Código Civil, “independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios 
de direito”. Isso, todavia, não significa que conta de participação não possua um contrato. Este 
existe, sim, mas não precisa sequer ser escrito. 
Como a conta de participação não tem personalidade jurídica, mesmo que seu contrato 
seja escrito e inscrito em algum órgão de registro, conforme prevê o art. 993 do Código Civil: “o 
contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento 
em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade”. 
CC, art. 993, Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão 
dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações 
do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com 
este pelas obrigações em que intervier. 
A responsabilidade do sócio participante é limitada à sua contribuição ao patrimônio 
especial e adicionalmente ao que dispuser o contrato social, sem prejuízo do seu direito de 
fiscalizar a gestão dos negócios sociais. Portanto, em caso de danos causados a terceiros em 
decorrência de atividade empresarial exercida em sociedade em conta de participação, o sócio 
ostensivo responderá individual e exclusivamente perante terceiros, mas poderá pleitear 
contribuição proporcional do sócio participante, se assim pactuado no contrato social. 
É constituída para a realização de empreendimentos temporários ou até mesmo para a 
realização de determinado negócio específico, extinguindo-se posteriormente. 
Não possui um patrimônio social, mas um patrimônio especial(bens que estão diretamente 
afetados ao exercício da atividade constitutiva do objeto social), assim como a sociedade em 
comum. 
CC, Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio 
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos 
negócios sociais. 
Perante terceiros quem responde é o próprio sócio ostensivo, cabendo a ele, pois, utilizar 
esse patrimônio especial para o cumprimento da obrigação. 
CC, art. 994, § 2º - “A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da 
sociedade (...)” 
CC, Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode 
admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. 
 
 
 
 
 
 
AULA 12 – DIREITO EMPRESARIAL – 2020.2 
 
→QUESTÕES DE REVISÃO 
 
01 – É uma forma societária não personificada: 
a)Sociedade em conta de participação. 
b)Sociedade simples. 
c)Sociedade em comandita simples. 
d)Sociedade em nome coletivo. 
 
02 - As sociedades que visam uma finalidade lucrativa mediante o exercício de atividade 
não empresária denominam-se 
a)entes despersonalizados. 
b)fundações. 
c)sociedades empresárias. 
d)associações. 
e)sociedadessimples. 
 
03 – Indique se as assertivas encontram-se Verdadeiras ou Falsas: 
Na sociedade em conta de participação o contrato social produz efeito somente entre os sócios, 
porém, a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro confere personalidade 
jurídica à sociedade. 
( ) Sim ( ) não 
 
Na sociedade em conta de participação, como regra o sócio ostensivo pode admitir livremente 
novo sócio sem anuência expressa dos demais, por ser quem exerce a atividade constitutiva do 
objeto social. 
( ) Sim ( ) Não 
 
 
 
 
01 - Sociedades personificadas: 
São aquelas dotadas de personalidade jurídica (registro no órgão competente). São as: 
Sociedade limitada; sociedade anônima; sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita 
simples; sociedade em comandita por ações. 
 
1.1 Sociedade em nome coletivo: 
Prevista nos artigos 1039 a 1044 do Código Civil. Os sócios são obrigatoriamente pessoas 
físicas (não admite sócio pessoa jurídica) e todos respondem, de forma subsidiária, solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais. 
A limitação de responsabilidade que os sócios podem estabelecer produz efeitos somente 
entre eles, e não a terceiros. Perante os credores da sociedade (que são os terceiros), a 
responsabilidade dos sócios de uma sociedade em nome coletivo é sempre ilimitada. 
→RESPONSABILIDADE ILIMITADA = esgotado o patrimônio da sociedade em nome 
coletivo, seus credores podem executar o restante das dívidas sociais no patrimônio pessoal dos 
sócios. 
Tal sociedade deve usar a firma social como nome empresarial (nome completo ou 
abreviado dos sócios). Não se admite a participação de incapazes. 
Os sócios têm ampla liberdade para disciplinar as suas relações sociais, desde que não 
desnaturem o tipo societário escolhido. Como é uma sociedade de pessoas, a entrada de 
estranhos ao quadro social, depende de consentimento dos demais sócios. 
A sua administração compete aos próprios sócios, não se admitindo a designação de não 
sócio para o desempenho de tal função.