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Instituições Judiciárias & Ética Poder Judiciário Prof. Marco Barros Faculdade de Direito PLANO DE AULA PODER JUDICIÁRIO FUNÇÃO JURISDICIONAL: JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO REGRA DO “QUINTO CONSTITUCIONAL” EXERCÍCIOS O tribunal é uma importante organização para o funcionamento das sociedades. Isso foi observado historicamente a partir da sua diferenciação como um sistema parcial distinto de tomada de decisão, responsável pelo controle das expectativas normativas contrafáticas, por meio da aplicação de textos legais. Na Grécia Antiga, por exemplo, já existiam organizações decisórias da vida política/púbica � Pólis (cidade-Estado) � Rompimento com a genós � Processo de tomada de decisão nos espaços públicos � Ágora / Bulé / Eclésia � Democracia � Regime baseado na participação do cidadão (autodeterminação política) � Cidadania é o exercício dos direitos políticos � Forma participativa e direta na tomada das decisões PODER JUDICIÁRIO “o direito não é mero pensamento, mas sim força viva. Por isso, a Justiça segura, numa das mãos, a balança, com a qual pesa o direito, e na outra a espada, com a qual o defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a fraqueza do direito. Ambas se completam e o verdadeiro estado de direito só existe onde a força, com a qual a Justiça empunha a espada, usa a mesma destreza com que maneja a balança” (IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito. 4. ed. rev. da tradução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 27.) PODER JUDICIÁRIO Divindade grega que representa a Justiça, também conhecida como Diké. Filha de Zeus e Têmis, ela não usa vendas para julgar. Os gregos colocavam a balança com os dois pratos na mão esquerda da deusa Diké, mas sem o fiel no meio, e em sua mão direita estava uma espada e estando de pé com os olhos bem abertos declarava existir o justo quando os pratos estavam em equilíbrio. PODER JUDICIÁRIO Diante de uma visão institucionalista, a operação da estrutura do Judiciário apenas se justifica diante do desempenho da função jurisdicional É a função típica desempenhada pelo Poder Judiciário. Trata-se da solução obtida pela intervenção dos órgãos jurisdicionais (juízes e tribunais), substituindo a vontade das partes por uma decisão que aplique o direito ao caso concreto. A análise etimológica da expressão jurisdição indica a presença de duas palavras unidas: juris (direito) e dictio (dizer). PODER JUDICIÁRIO Fundamentos basilares da atuação do Judiciário são as garantias individuais de acesso à justiça, do direito de petição e do devido processo legal (due process) Artigo 5º, da CRFB/88: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Caso Prático � O rito dos juizados especiais é talhado para ampliar o acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB) mediante redução das formalidades e aceleração da marcha processual, não sendo outra a exegese do art. 98, I, da Carta Magna, que determina sejam adotados nos aludidos juizados "os procedimentos oral e sumariíssimo", devendo, portanto, ser apreciadas cum grano salis as interpretações que pugnem pela aplicação "subsidiária" de normas alheias ao microssistema dos juizados especiais que importem delongas ou incremento de solenidades. � [ARE 648.629, rel. min. Luiz Fux, j. 24-4-2013, P, DJE de 8-4-2014, Tema 549.] http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=TP&docID=5617757 Caso Prático � As garantias constitucionais do direito de petição e da inafastabilidade da apreciação do Poder Judiciário, quando se trata de lesão ou ameaça a direito, reclamam, para o seu exercício, a observância do que preceitua o direito processual (art. 5º, XXXIV, a, e XXXV, da CF/1988). � [Pet 4.556 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 25-6-2009, P, DJE de 21-8-2009.] http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp%3Fid=601149&idDocumento=&codigoClasse=535&numero=4556&siglaRecurso=AgR&classe=Pet PODER JUDICIÁRIO ATENÇÃO! Competência é a medida ou quantidade de jurisdição atribuída aos órgãos jurisdicionais. Trata- se da distribuição da jurisdição para a melhor administração da justiça. As regras de fixação de competência são estabelecidas por lei processual, inclusive na Constituição Federal. Exemplo: Art. 108, da CRFB/88: Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; MODALIDADES DE JURISDIÇÃO � É possível separar a jurisdição contenciosa (onde há pretensão resistida – interesses conflitantes - e intervenção do juiz) e a jurisdição voluntária ou graciosa (interesses comum e administração do juiz). JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA Lide Acordo de vontades Partes Interessados Decisão (sentença de mérito) Homologação Função Jurisdicional Atribuição administrativa Caso prático Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou mãe brasileiros, que não estivesse a serviço do Brasil: evolução constitucional e situação vigente. Na Constituição de 1946, até o termo final do prazo de opção – de quatro anos, contados da maioridade –, o indivíduo, na hipótese considerada, se considerava, para todos os efeitos, brasileiro nato sob a condição resolutiva de que não optasse a tempo pela nacionalidade pátria. Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a opção "em qualquer tempo" – antes e depois da EC de revisão 3/1994, que suprimiu também a exigência de que a residência no País fosse fixada antes da maioridade, altera-se o status do indivíduo entre a maioridade e a opção: essa, a opção – liberada do termo final ao qual anteriormente subordinada –, deixa de ter a eficácia resolutiva que, antes, se lhe emprestava, para ganhar – desde que a maioridade a faça possível – a eficácia de condição suspensiva da nacionalidade brasileira, sem prejuízo – como é próprio das condições suspensivas –, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada. A opção pela nacionalidade, embora potestativa, não é de forma livre: há de fazer-se em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. Antes que se complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo brasileiro nato. [AC 70 QO, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 25-9-2003, P, DJ de 12-3-2004.] http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp%3FPROCESSO=70&CLASSE=AC%252DQO&cod_classe=1249&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M Exemplos da Jurisdição Voluntária Código de Processo Civil Capítulo XV - Dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária Seção I - Disposições Gerais – arts. 719 a 725 Seção II - Da Notificação e da Interpelação – arts. 726 a 729 Seção III - Da Alienação Judicial – art. 730 Seção IV - Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio – arts. 731 a734 Seção V - Dos Testamentos e dos Codicilos – arts. 735 a 737 Seção VI - Da Herança Jacente – arts. 738 a 743 Seção VII - Dos Bens dos Ausentes – arts. 744 e 745 Seção VIII - Das Coisas Vagas – art. 746 Seção IX - Da Interdição – arts. 747 a 758 Seção X - Disposições Comuns à Tutela e à Curatela – arts. 759 a 763 Seção XI - Da Organização e da Fiscalização das Fundações – arts. 764 e 765 Seção XII - Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis Formados a Bordo – arts. 766 a 770 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-719 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-726 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-730 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-731 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-735 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-738 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-744 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-746 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-747 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-759 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-764 https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-766 Características da Jurisdição SUBSTITUTIVIDADE: A jurisdição é uma atuação no lugar das partes e de maneira obrigatória INEVITABILIDADE:A decisão é de cumprimento obrigatório, não podendo ser evitado pelas partes, sob pena de cumprimento coercitivo (tutela executiva) INDECLINABILIDADE: Nenhuma lesão de direito deixará de ser apreciada pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF). O juiz tem que decidir. INVESTIDURA:O Estado atua por meio de seus órgãos. E assim sendo, somente os agentes políticos investidos no poder estatal podem exercer a jurisdição. INDELEGABILIDADE:A jurisdição não pode ser delegada pelo agente que a exerce com exclusividade. INÉRCIA: Em regra a jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo juiz ou tribunais, depende sempre da provocação das partes. UNICIDADE: Muito embora se fale em jurisdição civil e penal, Justiça Federal e Estadual, na realidade a jurisdição é indivisível, as divisões só têm relevância para o aspecto de funcionalidade da justiça. Casos práticos � Conforme sedimentada jurisprudência deste Supremo Tribunal, a vigente ordem constitucional não mais tolera a transferência ou o aproveitamento como formas de investidura que importem no ingresso de cargo ou emprego público sem a devida realização de concurso público de provas ou de provas e títulos. � [ADI 2.689, rel. min. Ellen Gracie, j. 9-10-2003, P, DJ de 21-11-2003.] � Não caracteriza constrangimento ilegal o excesso de prazo que não decorra de inércia ou desídia do Poder Judiciário. � [HC 91.480, rel. min. Cezar Peluso, j. 25-9-2007, 2ª T, DJ de 30-11-2007.] http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp%3Fid=266886&idDocumento=&codigoClasse=504&numero=2689&siglaRecurso=&classe=ADI http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp%3Fid=497494&idDocumento=&codigoClasse=349&numero=91480&siglaRecurso=&classe=HC Duplo grau de jurisdição � Em regra, toda decisão comporta um recurso. Trata-se do reexame por instância superior, provocado por recurso da parte possivelmente prejudicada com o ato processual. É um princípio geral de processo civil, extraído implicitamente do art. 5º, LV, da CF, que visa prevenir o ordenamento de decisões injustas, por meio da sua reanálise por juízes mais experientes, geralmente de maneira colegiada, diminuindo-se assim a possibilidade de erro judiciário. Duplo grau de jurisdição �art. 5º, LV, da CRFB/88: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Caso prático � O acesso à instância recursal superior consubstancia direito que se encontra incorporado ao sistema pátrio de direitos e garantias fundamentais. Ainda que não se empreste dignidade constitucional ao duplo grau de jurisdição, trata-se de garantia prevista na Convenção Interamericana de Direitos Humanos, cuja ratificação pelo Brasil deu-se em 1992, data posterior à promulgação do CPP. A incorporação posterior ao ordenamento brasileiro de regra prevista em tratado internacional tem o condão de modificar a legislação ordinária que lhe é anterior. � [HC 88.420, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 17-4-2007, 1ª T, DJ de 8-6-2007.] http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp%3FSEQ=462858&PROCESSO=88420&CLASSE=HC&cod_classe=349&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2279 Caso prático � Não compete ao CNMP ou ao Colégio de Procuradores de Justiça "revisar ato do procurador-geral, no âmbito de seu dever-poder de gestão e administração de sua unidade ministerial, que não desborde os limites da legalidade, proporcionalidade e moralidade". Inexistência de garantia constitucional ao duplo grau de jurisdição na seara administrativa. (...) Não há obrigatoriedade de previsão de recurso administrativo para revisão de decisão de autoridade, máxime quando se trata de decisão prolatada no exercício de competência discricionária e exclusiva do agente público. Não há previsão de recurso administrativo para a hipótese na LC 72/2008, que institui a Lei Orgânica e o Estatuto do Ministério Público do Estado do Ceará. [MS 34.472 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 6-10-2017, 2ª T, DJE de 26-10-2017.] http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=TP&docID=13935930 Revisando... Explique a distinção entre os conceitos de jurisdição e de competência. O que é a jurisdição voluntária? Explique o conceito de duplo grau de jurisdição Organograma do Poder Judiciário no Brasil DO PODER JUDICIÁRIO Seção I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc92.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm Organograma do Poder Judiciário no Brasil � Muito embora o art. 92, I-A, da CF estabeleça ser o Conselho Nacional de Justiça órgão do Poder Judiciário, na medida em que não é dotado de qualquer competência jurisdicional, ele é apenas um órgão administrativo do Poder Judiciário – controla a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e fiscaliza o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes (art. 103-B, § 4º) CNJ Para refletir! � Existe uma simetria entre a estrutura do Poder Judiciário e a hierarquia das normas jurídicas no ordenamento jurídico? CNJ Caso prático (...) a Constituição não arrola as turmas recursais entre os órgãos do Poder Judiciário, os quais são por ela discriminados, em numerus clausus, no art. 92. Apenas lhes outorga, no art. 98, I, a incumbência de julgar os recursos provenientes dos juizados especiais. Vê-se, assim, que a Carta Magna não conferiu às turmas recursais, sabidamente integradas por juízes de primeiro grau, a natureza de órgãos autárquicos do Poder Judiciário, nem tampouco a qualidadede tribunais, como também não lhes outorgou qualquer autonomia com relação aos TRFs. É por essa razão que, contra suas decisões, não cabe recurso especial ao STJ, a teor da Súmula 203 daquela Corte, mas tão somente recurso extraordinário ao STF, nos termos de sua Súmula 640. Isso ocorre, insisto, porque elas constituem órgãos recursais ordinários de última instância relativamente às decisões dos juizados especiais, mas não tribunais, requisito essencial para que se instaure a competência especial do STJ. [RE 590.409, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 26-8-2009, P, DJE de 29-10-2009, Tema 128.] http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp%3Fs1=640.NUME.%2520NAO%2520S.FLSV.&base=baseSumulas http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=AC&docID=605201 Caso prático � (...) esta Suprema Corte em distintas ocasiões já afirmou que o CNJ não é dotado de competência jurisdicional, sendo mero órgão administrativo. Assim sendo, a Resolução 135, ao classificar o CNJ e o CJF de "tribunal", (...) simplesmente disse – até porque mais não poderia dizer – que as normas que nela se contêm aplicam-se também aos referidos órgãos. � [ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto do min. Ricardo Lewandowski, j. 8-2-2012, P, DJE de 30-10-2014.] http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=TP&docID=7081184 Caso prático � Ressalvadas as hipóteses previstas em tratados, convenções e regras de direito internacional, os órgãos integrantes do Poder Judiciário brasileiro acham-se delimitados, quanto ao exercício da atividade jurisdicional, pelo conceito – que é eminentemente jurídico – de território. É que a prática da jurisdição, por efeito de autolimitação imposta pelo próprio legislador doméstico de cada Estado nacional, submete-se, em regra, ao âmbito de validade espacial do ordenamento positivo interno. O conceito de jurisdição encerra não só a ideia de potestas, mas supõe, também, a noção de imperium, a evidenciar que não há jurisdição onde o Estado-juiz não dispõe de capacidade para impor, em caráter compulsório, a observância de seus comandos ou determinações. Nulla jurisdictio sine imperio. Falece poder, ao STF, para impor, a qualquer legação diplomática estrangeira sediada em nosso país, o cumprimento de determinações emanadas desta Corte, tendo em vista a relevantíssima circunstância de que – ressalvadas situações específicas (...) – não estão elas sujeitas, em regra, à jurisdição do Estado brasileiro. A questão do exercício, por juízes e tribunais nacionais, do poder jurisdicional: a jurisdição, embora teoricamente ilimitável no âmbito espacial, há de ser exercida, em regra, nos limites territoriais do Estado brasileiro, em consideração aos princípios da efetividade e da submissão. � [HC 102.041, rel. min. Celso de Mello, j. 20-4-2010, 2ª T, DJE de 20-8- 2010.] http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp%3FdocTP=AC&docID=613578 Estrutura do Poder Judiciário As regras do Poder Judiciário vêm previstas nos artigos 92 a 126 da Constituição Federal. Existem dois tipos de divisão: por órgão e por justiça. Há uma organização hierárquica estabelecida pela Constituição Federal: órgãos de convergência, órgãos de superposição, órgãos recursais (2ª instancia) e órgãos ordinários (1ª instância). � Órgãos de convergência: São os tribunais superiores de cada uma das Justiças especiais (Trabalhista, Eleitoral e Militar), que é o responsável pela última decisão nas causas de competência dessa Justiça. Quanto às causas processadas na Justiça Federal ou nas locais, em matéria infraconstitucional a convergência conduz ao Superior Tribunal de Justiça e em matéria constitucional, converge diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Por fim, todos os tribunais superiores convergem unicamente ao STF, como órgão máximo da Justiça brasileira e responsável final pelo controle de constitucionalidade de leis, atos normativos e decisões judiciárias. Estrutura do Poder Judiciário As regras do Poder Judiciário vêm previstas nos artigos 92 a 126 da Constituição Federal. Existem dois tipos de divisão: por órgão e por justiça. Há uma organização hierárquica estabelecida pela Constituição Federal: órgãos de convergência, órgãos de superposição, órgãos recursais (2ª instancia) e órgãos ordinários (1ª instância). � Órgãos de superposição: STF e STJ não só são órgão de convergência, como também são órgão de superposição. Isso porque, embora não pertençam a nenhuma Justiça em particular, as suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas por qualquer órgão inferior das Justiças comum e especial. As decisões do STJ se sobrepõem àquelas da Justiça Federal comum, da Estadual e daquela do Distrito Federal, ao passo que as decisões do STF se sobrepõem a todo as as Justiças. Atenção! É em razão de serem órgãos de superposição que STF e STJ possuem a missão de uniformizar os entendimentos jurisprudenciais do Poder Judiciário. Um dos mecanismos de uniformização é a súmula vinculante. Estrutura do Poder Judiciário As regras do Poder Judiciário vêm previstas nos artigos 92 a 126 da Constituição Federal. Existem dois tipos de divisão: por órgão e por justiça. Há uma organização hierárquica estabelecida pela Constituição Federal: órgãos de convergência, órgãos de superposição, órgãos recursais (2ª instancia) e órgãos ordinários (1ª instância). � Órgãos de superposição: STF e STJ não só são órgão de convergência, como também são órgão de superposição. Isso porque, embora não pertençam a nenhuma Justiça em particular, as suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas por qualquer órgão inferior das Justiças comum e especial. As decisões do STJ se sobrepõem àquelas da Justiça Federal comum, da Estadual e daquela do Distrito Federal, ao passo que as decisões do STF se sobrepõem a todo as as Justiças. Atenção! É em razão de serem órgãos de superposição que STF e STJ possuem a missão de uniformizar os entendimentos jurisprudenciais do Poder Judiciário. Um dos mecanismos de uniformização é a súmula vinculante. Estrutura do Poder Judiciário Justiça Federal Comum: � Justiça Federal (Tribunais Regionais Federais, Juízes e Juizados Federais – arts. 106-110, CF) � Justiça do Distrito Federal e Territórios � Justiça estadual comum – ordinária e residual (Tribunais, juízes e juizados estaduais – art. 125, CF) Pela competência, podemos falar em Juizados Especiais Cíveis, Criminais e da Fazenda Pública. As regras de distribuição de competência estão no Código de Processo Civil. Em se tratando de Juizados Especiais, de acordo com a lei n. 9.099/95, o segundo grau de jurisdição é exercido pelas Turmas de Colégios Recursais, compostas por três juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição. Não são tribunais, mas órgãos colegiados de primeiro grau. Estrutura do Poder Judiciário Justiça Especial: � Justiça do Trabalho (Tribunal Superior do Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juízes do Trabalho – arts. 111-116, CF) � Justiça Eleitoral (Tribunal Superior Eleitoral, Tribunais Regionais Eleitorais, Juízes e Juntas Eleitorais – arts. 118-121, CF) � Justiça Militar da União (Superior Tribunal Militar e Conselhos de Justiça e Auditorias Militares – arts. 122-124, CF) � Justiça Militar dos Estados Dentre todas as Justiças mencionadas, somente a Justiça do Trabalho não tem competência penal. As demais, Federal, Eleitoral, Estaduais e a do Distrito Federal, têm tanto competência penal como civil. Regra do Quinto Constitucional Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidasas indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Regra do Quinto Constitucional A regra do “quinto constitucional” representa uma exceção ao princípio do concurso público. Apesar de não estar previsto no art. 94, aplica-se a regra do quinto constitucional para os tribunais do trabalho (arts. 111-A e 115,I) e também para o STJ (art. 104, parágrafo único, CF), porém neste último caso os advogados e membros do Ministério Público representam 1/3 (e não 1/5)! Atenção! Nem todos os tribunais observam a regra do quinto constitucional, trata-se de uma regra constitucional específica para alguns tribunais. Regra do Quinto Constitucional Procedimento: a escolha pelo órgão de classe de 6 nomes que preencham os requisitos constitucionais (lista sêxtupla); formação de lista tríplice pelo tribunal (Judiciário) e, dentre os 3, escolha de 1 pelo Executivo para nomeação (em se tratando de TJ, Governador do Estado; em se tratando de TJ DF e TRFs, Presidente da República). Não há sabatina pelo Legislativo! Obs. Se a lista sêxtupla contiver nomes que não preenchem os requisitos constitucionais, a solução é a recusa pelo tribunal e a devolução para que o órgão de classe refaça. Caso Prático Mandado de segurança: processo de escolha de candidatos a cinco vagas de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, correspondente à cota no "quinto constitucional" da advocacia: composição de lista sêxtupla pelo Tribunal de Justiça que, desprezando a lista sêxtupla específica organizada pelo Conselho Seccional da OAB para a primeira das vagas, substituiu os seus integrantes por nomes remanescentes das listas indicadas para as vagas subsequentes e, dentre eles, elaborou a lista tríplice: contrariedade ao art. 94 e seu parágrafo único da CF: declaração de nulidade de ambas as listas, sem prejuízo da eventual devolução pelo Tribunal de Justiça à OAB da lista sêxtupla apresentada para a vaga, se fundada em razões objetivas de carência, por um ou mais dos indicados, dos requisitos constitucionais, para a investidura e do controle jurisdicional dessa recusa, acaso rejeitada pela Ordem. O "quinto constitucional" na ordem judiciária constitucional brasileira: fórmula tradicional, a partir de 1934 – de livre composição pelos tribunais da lista de advogados ou de membros do Ministério Público – e a fórmula de compartilhamento de poderes entre as entidades corporativas e os órgãos judiciários na seleção dos candidatos ao "quinto constitucional" adotada pela Constituição vigente (CF, art. 94 e parágrafo único). Na vigente Constituição da República – em relação aos textos constitucionais anteriores – a seleção originária dos candidatos ao "quinto" se transferiu dos tribunais para "os órgãos de representação do Ministério Público e da advocacia" –, incumbidos da composição das listas sêxtuplas – restando àqueles, os tribunais, o poder de reduzir a três os seis indicados pelo Ministério Público ou pela OAB, para submetê-los à escolha final do chefe do Poder Executivo. À corporação do Ministério Público ou da advocacia, conforme o caso, é que a Constituição atribuiu o primeiro juízo de valor positivo atinente à qualificação dos seis nomes que indica para o ofício da judicatura de cujo provimento se cogita. Pode o tribunal recusar-se a compor a lista tríplice dentre os seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos eles, as qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição (v.g., mais de dez anos de carreira no Ministério Público ou de efetiva atividade profissional na advocacia). A questão é mais delicada se a objeção do tribunal fundar-se na carência dos atributos de "notório saber jurídico" ou de "reputação ilibada": a respeito de ambos esses requisitos constitucionais, o poder de emitir juízo negativo ou positivo se transferiu, por força do art. 94 da Constituição, dos tribunais de cuja composição se trate para a entidade de classe correspondente. Essa transferência de poder não elide, porém, a possibilidade de o tribunal recusar a indicação de um ou mais dos componentes da lista sêxtupla, à falta de requisito constitucional para a investidura, desde que fundada a recusa em razões objetivas, declinadas na motivação da deliberação do órgão competente do colegiado judiciário. Nessa hipótese ao Tribunal envolvido jamais se há de reconhecer o poder de substituir a lista sêxtupla encaminhada pela respectiva entidade de classe por outra lista sêxtupla que o próprio órgão judicial componha, ainda que constituída por advogados componentes de sextetos eleitos pela Ordem para vagas diferentes. A solução harmônica à Constituição é a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para que a refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados: dissentindo a entidade de classe, a ela restará questionar em juízo, na via processual adequada, a rejeição parcial ou total do tribunal competente às suas indicações. [MS 25.624, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 6-9-2006, P, DJ de 19-12-2006.] http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp%3FSEQ=395418&PROCESSO=25624&CLASSE=MS&cod_classe=376&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2261 Exercícios Vamos aplicar alguns conceitos estudados na aula de hoje! Questão 1 O inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal estabelece como direito constitucional fundamental o acesso à justiça e a inafastabilidade do controle jurisdicional. A Reforma do Poder Judiciário pretendeu avançar no sentido de imprimir maior agilidade à prestação jurisdicional. Nesse sentido, a) havendo colidência entre o direito a um processo célere e o direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes deve prevalecer o primeiro, pois norma posterior de mesma hierarquia revoga anterior. b) a morosidade da atividade jurisdicional é inerente a uma Justiça que prima pela qualidade. Sacrifício que deve ser suportado pela coletividade a fim de se evitar os erros judiciários. c) a razoável duração do processo não se coaduna com o sistema recursal brasileiro que pode ser revisto até mesmo com prejuízo do contraditório e ampla defesa. d) entre os novos mecanismos estabelecidos merece destaque o novo direito constitucional fundamental que assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Questão 1 O inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal estabelece como direito constitucional fundamental o acesso à justiça e a inafastabilidade do controle jurisdicional. A Reforma do Poder Judiciário pretendeu avançar no sentido de imprimir maior agilidade à prestação jurisdicional. Nesse sentido, a) havendo colidência entre o direito a um processo célere e o direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes deve prevalecer o primeiro, pois norma posterior de mesma hierarquia revoga anterior. b) a morosidade da atividade jurisdicional é inerente a uma Justiça que prima pela qualidade. Sacrifício que deve ser suportado pela coletividade a fim de se evitar os erros judiciários. c) a razoável duração do processo não se coaduna com o sistema recursal brasileiro que pode ser revisto até mesmo com prejuízo do contraditório e ampla defesa. d) entre os novos mecanismos estabelecidos merece destaque o novo direito constitucional fundamental que assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Questão 2 Sobre o conceito de jurisdição, é possível afirmar que é: a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que regulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade. b) a estrutura pela qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o direito ao caso concreto, dirimindoos conflitos de interesses. c) a faculdade das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto. d) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória. Questão 2 Sobre o conceito de jurisdição, é possível afirmar que é: a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que regulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade. b) a estrutura pela qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses. c) a faculdade das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto. d) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória. Questão 3 Dentre os órgãos do Poder Judiciário não se incluem: a) Os Tribunais de Contas e os Tribunais Arbitrais. b) O Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Eleitorais. c) O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Militares. d) Os Tribunais Regionais do Trabalho e os Tribunais de Justiça. Questão 3 Dentre os órgãos do Poder Judiciário não se incluem: a) Os Tribunais de Contas e os Tribunais Arbitrais. b) O Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Eleitorais. c) O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Militares. d) Os Tribunais Regionais do Trabalho e os Tribunais de Justiça. Tarefa para a próxima aula Arbitragem é jurisdição? O que é a “Justiça Multiportas”? Pesquisar, anotar as respostas e as fontes utilizadas! Bons estudos!
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