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Instituições Judiciárias & Ética Poder Judiciário

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Instituições 
Judiciárias & Ética
Poder Judiciário
Prof. Marco Barros
Faculdade de Direito
PLANO
DE
AULA
PODER JUDICIÁRIO
FUNÇÃO JURISDICIONAL: JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E JURISDIÇÃO 
VOLUNTÁRIA
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO 
ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 
REGRA DO “QUINTO CONSTITUCIONAL” 
EXERCÍCIOS
O tribunal é uma importante organização para o
funcionamento das sociedades. Isso foi observado
historicamente a partir da sua diferenciação como um sistema
parcial distinto de tomada de decisão, responsável pelo
controle das expectativas normativas contrafáticas, por meio
da aplicação de textos legais.
Na Grécia Antiga, por exemplo, já existiam organizações
decisórias da vida política/púbica
� Pólis (cidade-Estado)
� Rompimento com a genós
� Processo de tomada de decisão nos espaços públicos
� Ágora / Bulé / Eclésia
� Democracia
� Regime baseado na participação do cidadão
(autodeterminação política)
� Cidadania é o exercício dos direitos políticos
� Forma participativa e direta na tomada das
decisões
PODER JUDICIÁRIO
“o direito não é mero pensamento, mas sim 
força viva. Por isso, a Justiça segura, numa das 
mãos, a balança, com a qual pesa o direito, e na 
outra a espada, com a qual o defende. A espada 
sem a balança é a força bruta, a balança sem a 
espada é a fraqueza do direito. Ambas se 
completam e o verdadeiro estado de direito só 
existe onde a força, com a qual a Justiça 
empunha a espada, usa a mesma destreza com 
que maneja a balança” (IHERING, Rudolf Von. A 
luta pelo direito. 4. ed. rev. da tradução. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 27.)
PODER 
JUDICIÁRIO
Divindade grega que representa 
a Justiça, também conhecida 
como Diké. Filha de Zeus e 
Têmis, ela não usa vendas para 
julgar. Os gregos colocavam a 
balança com os dois pratos na 
mão esquerda da deusa Diké, 
mas sem o fiel no meio, e em 
sua mão direita estava uma 
espada e estando de pé com os 
olhos bem abertos declarava 
existir o justo quando os pratos 
estavam em equilíbrio.
PODER 
JUDICIÁRIO
Diante de uma visão institucionalista, a operação da estrutura 
do Judiciário apenas se justifica diante do desempenho da 
função jurisdicional
É a função típica desempenhada pelo Poder Judiciário. Trata-se 
da solução obtida pela intervenção dos órgãos jurisdicionais 
(juízes e tribunais), substituindo a vontade das partes por uma 
decisão que aplique o direito ao caso concreto.
A análise etimológica da expressão jurisdição indica a presença 
de duas palavras unidas: juris (direito) e dictio (dizer). 
PODER JUDICIÁRIO
Fundamentos basilares da atuação do Judiciário são as garantias individuais de acesso à 
justiça, do direito de petição e do devido processo legal (due process)
Artigo 5º, da CRFB/88:
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de 
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Caso Prático
� O rito dos juizados especiais é talhado para ampliar o acesso à Justiça (art. 5º, 
XXXV, da CRFB) mediante redução das formalidades e aceleração da marcha 
processual, não sendo outra a exegese do art. 98, I, da Carta Magna, que 
determina sejam adotados nos aludidos juizados "os procedimentos oral e 
sumariíssimo", devendo, portanto, ser apreciadas cum grano salis as 
interpretações que pugnem pela aplicação "subsidiária" de normas alheias ao 
microssistema dos juizados especiais que importem delongas ou incremento de 
solenidades.
� [ARE 648.629, rel. min. Luiz Fux, j. 24-4-2013, P, DJE de 8-4-2014, Tema 549.]
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=TP&docID=5617757
Caso Prático
� As garantias constitucionais do direito de petição e da inafastabilidade da 
apreciação do Poder Judiciário, quando se trata de lesão ou ameaça a direito, 
reclamam, para o seu exercício, a observância do que preceitua o direito 
processual (art. 5º, XXXIV, a, e XXXV, da CF/1988).
� [Pet 4.556 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 25-6-2009, P, DJE de 21-8-2009.]
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp%3Fid=601149&idDocumento=&codigoClasse=535&numero=4556&siglaRecurso=AgR&classe=Pet
PODER 
JUDICIÁRIO
ATENÇÃO!
Competência é a medida ou quantidade de jurisdição atribuída aos órgãos jurisdicionais. Trata-
se da distribuição da jurisdição para a melhor administração da justiça.
As regras de fixação de competência são estabelecidas por lei processual, inclusive na 
Constituição Federal.
Exemplo:
Art. 108, da CRFB/88: Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do 
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da 
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
MODALIDADES DE 
JURISDIÇÃO
� É possível separar a jurisdição contenciosa (onde há
pretensão resistida – interesses conflitantes - e
intervenção do juiz) e a jurisdição voluntária ou
graciosa (interesses comum e administração do juiz).
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
Lide Acordo de vontades
Partes Interessados
Decisão (sentença de mérito) Homologação
Função Jurisdicional Atribuição administrativa
Caso prático
Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou mãe brasileiros, que não
estivesse a serviço do Brasil: evolução constitucional e situação vigente. Na Constituição de 1946, até o
termo final do prazo de opção – de quatro anos, contados da maioridade –, o indivíduo, na hipótese
considerada, se considerava, para todos os efeitos, brasileiro nato sob a condição resolutiva de que não
optasse a tempo pela nacionalidade pátria. Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a opção "em
qualquer tempo" – antes e depois da EC de revisão 3/1994, que suprimiu também a exigência de que a
residência no País fosse fixada antes da maioridade, altera-se o status do indivíduo entre a maioridade e
a opção: essa, a opção – liberada do termo final ao qual anteriormente subordinada –, deixa de ter a
eficácia resolutiva que, antes, se lhe emprestava, para ganhar – desde que a maioridade a faça possível –
a eficácia de condição suspensiva da nacionalidade brasileira, sem prejuízo – como é próprio das
condições suspensivas –, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada. A opção pela nacionalidade, embora
potestativa, não é de forma livre: há de fazer-se em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda
com a sentença que homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez acertados os requisitos
objetivos e subjetivos dela. Antes que se complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo
brasileiro nato.
[AC 70 QO, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 25-9-2003, P, DJ de 12-3-2004.]
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp%3FPROCESSO=70&CLASSE=AC%252DQO&cod_classe=1249&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
Exemplos da 
Jurisdição 
Voluntária
Código de Processo Civil
Capítulo XV - Dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária
Seção I - Disposições Gerais – arts. 719 a 725
Seção II - Da Notificação e da Interpelação – arts. 726 a 729
Seção III - Da Alienação Judicial – art. 730
Seção IV - Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de 
União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio – arts. 731 a734
Seção V - Dos Testamentos e dos Codicilos – arts. 735 a 737
Seção VI - Da Herança Jacente – arts. 738 a 743
Seção VII - Dos Bens dos Ausentes – arts. 744 e 745
Seção VIII - Das Coisas Vagas – art. 746
Seção IX - Da Interdição – arts. 747 a 758
Seção X - Disposições Comuns à Tutela e à Curatela – arts. 759 a 763
Seção XI - Da Organização e da Fiscalização das Fundações – arts. 764 e 765
Seção XII - Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos 
Testemunháveis Formados a Bordo – arts. 766 a 770
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-719
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-726
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-730
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-731
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-735
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-738
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-744
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-746
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-747
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-759
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-764
https://juridmais.com.br/codigo-de-processo-civil---cpc-2015-766
Características 
da Jurisdição
SUBSTITUTIVIDADE: A jurisdição é 
uma atuação no lugar das partes e 
de maneira obrigatória
INEVITABILIDADE:A decisão é de 
cumprimento obrigatório, não 
podendo ser evitado pelas partes, 
sob pena de cumprimento 
coercitivo (tutela executiva)
INDECLINABILIDADE: Nenhuma 
lesão de direito deixará de ser 
apreciada pelo Poder Judiciário 
(art. 5º, XXXV, CF). O juiz tem que 
decidir.
INVESTIDURA:O Estado atua por 
meio de seus órgãos. E assim 
sendo, somente os agentes 
políticos investidos no poder 
estatal podem exercer a jurisdição.
INDELEGABILIDADE:A jurisdição 
não pode ser delegada pelo 
agente que a exerce com 
exclusividade.
INÉRCIA: Em regra a jurisdição não 
pode ser exercida de ofício pelo 
juiz ou tribunais, depende sempre 
da provocação das partes.
UNICIDADE: Muito embora se fale 
em jurisdição civil e penal, Justiça 
Federal e Estadual, na realidade a 
jurisdição é indivisível, as divisões 
só têm relevância para o aspecto 
de funcionalidade da justiça.
Casos práticos
� Conforme sedimentada jurisprudência deste Supremo Tribunal, a vigente ordem 
constitucional não mais tolera a transferência ou o aproveitamento como formas 
de investidura que importem no ingresso de cargo ou emprego público sem a 
devida realização de concurso público de provas ou de provas e títulos.
� [ADI 2.689, rel. min. Ellen Gracie, j. 9-10-2003, P, DJ de 21-11-2003.]
� Não caracteriza constrangimento ilegal o excesso de prazo que não decorra de 
inércia ou desídia do Poder Judiciário.
� [HC 91.480, rel. min. Cezar Peluso, j. 25-9-2007, 2ª T, DJ de 30-11-2007.]
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp%3Fid=266886&idDocumento=&codigoClasse=504&numero=2689&siglaRecurso=&classe=ADI
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp%3Fid=497494&idDocumento=&codigoClasse=349&numero=91480&siglaRecurso=&classe=HC
Duplo grau de jurisdição
� Em regra, toda decisão comporta um recurso. Trata-se do 
reexame por instância superior, provocado por recurso da 
parte possivelmente prejudicada com o ato processual. É 
um princípio geral de processo civil, extraído 
implicitamente do art. 5º, LV, da CF, que visa prevenir o 
ordenamento de decisões injustas, por meio da sua 
reanálise por juízes mais experientes, geralmente de 
maneira colegiada, diminuindo-se assim a possibilidade 
de erro judiciário.
Duplo grau de jurisdição
�art. 5º, LV, da CRFB/88: aos
litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
Caso prático
� O acesso à instância recursal superior consubstancia direito que se encontra 
incorporado ao sistema pátrio de direitos e garantias fundamentais. Ainda que não 
se empreste dignidade constitucional ao duplo grau de jurisdição, trata-se de 
garantia prevista na Convenção Interamericana de Direitos Humanos, cuja 
ratificação pelo Brasil deu-se em 1992, data posterior à promulgação do CPP. A 
incorporação posterior ao ordenamento brasileiro de regra prevista em tratado 
internacional tem o condão de modificar a legislação ordinária que lhe é anterior.
� [HC 88.420, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 17-4-2007, 1ª T, DJ de 8-6-2007.]
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp%3FSEQ=462858&PROCESSO=88420&CLASSE=HC&cod_classe=349&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2279
Caso prático
� Não compete ao CNMP ou ao Colégio de Procuradores de Justiça "revisar ato do 
procurador-geral, no âmbito de seu dever-poder de gestão e administração de sua 
unidade ministerial, que não desborde os limites da legalidade, proporcionalidade 
e moralidade". Inexistência de garantia constitucional ao duplo grau de jurisdição 
na seara administrativa. (...) Não há obrigatoriedade de previsão de recurso 
administrativo para revisão de decisão de autoridade, máxime quando se trata de 
decisão prolatada no exercício de competência discricionária e exclusiva do agente 
público. Não há previsão de recurso administrativo para a hipótese na LC 72/2008, 
que institui a Lei Orgânica e o Estatuto do Ministério Público do Estado do Ceará.
[MS 34.472 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 6-10-2017, 2ª T, DJE de 26-10-2017.]
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=TP&docID=13935930
Revisando...
Explique a distinção entre os conceitos 
de jurisdição e de competência.
O que é a jurisdição voluntária?
Explique o conceito de duplo grau de 
jurisdição
Organograma 
do Poder 
Judiciário no 
Brasil
DO PODER JUDICIÁRIO
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 92. São órgãos do Poder 
Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de 
Justiça; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do 
Trabalho; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 92, de 
2016)
III - os Tribunais Regionais Federais 
e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do 
Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos 
Estados e do Distrito Federal e 
Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o 
Conselho Nacional de Justiça e os 
Tribunais Superiores têm sede na 
Capital Federal. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 
2004)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e 
os Tribunais Superiores têm 
jurisdição em todo o território 
nacional.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc92.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
Organograma do Poder 
Judiciário no Brasil
� Muito embora o art. 92, I-A, da CF estabeleça ser o Conselho 
Nacional de Justiça órgão do Poder Judiciário, na medida em 
que não é dotado de qualquer competência jurisdicional, ele 
é apenas um órgão administrativo do Poder Judiciário –
controla a atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário e fiscaliza o cumprimento dos deveres funcionais 
dos juízes (art. 103-B, § 4º)
CNJ
Para refletir!
� Existe uma simetria entre a estrutura do 
Poder Judiciário e a hierarquia das 
normas jurídicas no ordenamento 
jurídico?
CNJ
Caso prático
(...) a Constituição não arrola as turmas recursais entre os órgãos do 
Poder Judiciário, os quais são por ela discriminados, em numerus
clausus, no art. 92. Apenas lhes outorga, no art. 98, I, a incumbência 
de julgar os recursos provenientes dos juizados especiais. Vê-se, 
assim, que a Carta Magna não conferiu às turmas recursais, 
sabidamente integradas por juízes de primeiro grau, a natureza de 
órgãos autárquicos do Poder Judiciário, nem tampouco a qualidadede tribunais, como também não lhes outorgou qualquer autonomia 
com relação aos TRFs. É por essa razão que, contra suas decisões, 
não cabe recurso especial ao STJ, a teor da Súmula 203 daquela 
Corte, mas tão somente recurso extraordinário ao STF, nos termos 
de sua Súmula 640. Isso ocorre, insisto, porque elas constituem 
órgãos recursais ordinários de última instância relativamente às 
decisões dos juizados especiais, mas não tribunais, requisito 
essencial para que se instaure a competência especial do STJ.
[RE 590.409, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 26-8-2009, 
P, DJE de 29-10-2009, Tema 128.]
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp%3Fs1=640.NUME.%2520NAO%2520S.FLSV.&base=baseSumulas
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=AC&docID=605201
Caso prático
� (...) esta Suprema Corte em distintas ocasiões já afirmou que o 
CNJ não é dotado de competência jurisdicional, sendo mero órgão 
administrativo. Assim sendo, a Resolução 135, ao classificar o CNJ 
e o CJF de "tribunal", (...) simplesmente disse – até porque mais 
não poderia dizer – que as normas que nela se contêm aplicam-se 
também aos referidos órgãos.
� [ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto do min. Ricardo 
Lewandowski, j. 8-2-2012, P, DJE de 30-10-2014.]
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp%3FdocTP=TP&docID=7081184
Caso prático
� Ressalvadas as hipóteses previstas em tratados, convenções e regras 
de direito internacional, os órgãos integrantes do Poder Judiciário 
brasileiro acham-se delimitados, quanto ao exercício da atividade 
jurisdicional, pelo conceito – que é eminentemente jurídico – de 
território. É que a prática da jurisdição, por efeito de autolimitação 
imposta pelo próprio legislador doméstico de cada Estado nacional, 
submete-se, em regra, ao âmbito de validade espacial do 
ordenamento positivo interno. O conceito de jurisdição encerra não 
só a ideia de potestas, mas supõe, também, a noção de imperium, a 
evidenciar que não há jurisdição onde o Estado-juiz não dispõe de 
capacidade para impor, em caráter compulsório, a observância de 
seus comandos ou determinações. Nulla jurisdictio sine imperio. Falece 
poder, ao STF, para impor, a qualquer legação diplomática estrangeira 
sediada em nosso país, o cumprimento de determinações emanadas 
desta Corte, tendo em vista a relevantíssima circunstância de que –
ressalvadas situações específicas (...) – não estão elas sujeitas, em 
regra, à jurisdição do Estado brasileiro. A questão do exercício, por 
juízes e tribunais nacionais, do poder jurisdicional: a jurisdição, 
embora teoricamente ilimitável no âmbito espacial, há de ser 
exercida, em regra, nos limites territoriais do Estado brasileiro, em 
consideração aos princípios da efetividade e da submissão.
� [HC 102.041, rel. min. Celso de Mello, j. 20-4-2010, 2ª T, DJE de 20-8-
2010.]
http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp%3FdocTP=AC&docID=613578
Estrutura do 
Poder 
Judiciário
As regras do Poder Judiciário vêm previstas nos artigos 92 a 126 da 
Constituição Federal. Existem dois tipos de divisão: por órgão e por 
justiça.
Há uma organização hierárquica estabelecida pela Constituição 
Federal: órgãos de convergência, órgãos de superposição, órgãos 
recursais (2ª instancia) e órgãos ordinários (1ª instância).
� Órgãos de convergência: São os tribunais superiores de cada uma 
das Justiças especiais (Trabalhista, Eleitoral e Militar), que é o 
responsável pela última decisão nas causas de competência dessa 
Justiça. Quanto às causas processadas na Justiça Federal ou nas 
locais, em matéria infraconstitucional a convergência conduz ao 
Superior Tribunal de Justiça e em matéria constitucional, converge 
diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Por fim, todos os 
tribunais superiores convergem unicamente ao STF, como órgão 
máximo da Justiça brasileira e responsável final pelo controle de 
constitucionalidade de leis, atos normativos e decisões judiciárias.
Estrutura do 
Poder 
Judiciário
As regras do Poder Judiciário vêm previstas nos artigos 92 a 126 da 
Constituição Federal. Existem dois tipos de divisão: por órgão e por 
justiça.
Há uma organização hierárquica estabelecida pela Constituição 
Federal: órgãos de convergência, órgãos de superposição, órgãos 
recursais (2ª instancia) e órgãos ordinários (1ª instância).
� Órgãos de superposição: STF e STJ não só são órgão de 
convergência, como também são órgão de superposição. Isso 
porque, embora não pertençam a nenhuma Justiça em particular, 
as suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas por 
qualquer órgão inferior das Justiças comum e especial. As decisões 
do STJ se sobrepõem àquelas da Justiça Federal comum, da 
Estadual e daquela do Distrito Federal, ao passo que as decisões 
do STF se sobrepõem a todo as as Justiças.
Atenção! É em razão de serem órgãos de superposição que STF e
STJ possuem a missão de uniformizar os entendimentos
jurisprudenciais do Poder Judiciário. Um dos mecanismos de
uniformização é a súmula vinculante.
Estrutura do 
Poder 
Judiciário
As regras do Poder Judiciário vêm previstas nos artigos 92 a 126 da 
Constituição Federal. Existem dois tipos de divisão: por órgão e por 
justiça.
Há uma organização hierárquica estabelecida pela Constituição 
Federal: órgãos de convergência, órgãos de superposição, órgãos 
recursais (2ª instancia) e órgãos ordinários (1ª instância).
� Órgãos de superposição: STF e STJ não só são órgão de 
convergência, como também são órgão de superposição. Isso 
porque, embora não pertençam a nenhuma Justiça em particular, 
as suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas por 
qualquer órgão inferior das Justiças comum e especial. As decisões 
do STJ se sobrepõem àquelas da Justiça Federal comum, da 
Estadual e daquela do Distrito Federal, ao passo que as decisões 
do STF se sobrepõem a todo as as Justiças.
Atenção! É em razão de serem órgãos de superposição que STF e
STJ possuem a missão de uniformizar os entendimentos
jurisprudenciais do Poder Judiciário. Um dos mecanismos de
uniformização é a súmula vinculante.
Estrutura do 
Poder 
Judiciário
Justiça Federal Comum:
� Justiça Federal (Tribunais Regionais Federais, Juízes e Juizados 
Federais – arts. 106-110, CF)
� Justiça do Distrito Federal e Territórios
� Justiça estadual comum – ordinária e residual (Tribunais, juízes e 
juizados estaduais – art. 125, CF)
Pela competência, podemos falar em Juizados Especiais Cíveis, 
Criminais e da Fazenda Pública. As regras de distribuição de 
competência estão no Código de Processo Civil.
Em se tratando de Juizados Especiais, de acordo com a lei n. 
9.099/95, o segundo grau de jurisdição é exercido pelas Turmas 
de Colégios Recursais, compostas por três juízes togados, em 
exercício no primeiro grau de jurisdição. Não são tribunais, mas 
órgãos colegiados de primeiro grau.
Estrutura do 
Poder 
Judiciário
Justiça Especial:
� Justiça do Trabalho (Tribunal Superior do Trabalho, Tribunais 
Regionais do Trabalho e Juízes do Trabalho – arts. 111-116, CF)
� Justiça Eleitoral (Tribunal Superior Eleitoral, Tribunais Regionais 
Eleitorais, Juízes e Juntas Eleitorais – arts. 118-121, CF)
� Justiça Militar da União (Superior Tribunal Militar e Conselhos de 
Justiça e Auditorias Militares – arts. 122-124, CF)
� Justiça Militar dos Estados
Dentre todas as Justiças mencionadas, somente a Justiça do
Trabalho não tem competência penal. As demais, Federal,
Eleitoral, Estaduais e a do Distrito Federal, têm tanto
competência penal como civil.
Regra do 
Quinto 
Constitucional
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
Territórios será composto de membros, do Ministério
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidasas indicações, o tribunal
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que,
nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus
integrantes para nomeação.
Regra do 
Quinto 
Constitucional
A regra do “quinto constitucional” representa uma exceção ao 
princípio do concurso público.
Apesar de não estar previsto no art. 94, aplica-se a regra do 
quinto constitucional para os tribunais do trabalho (arts. 111-A e 
115,I) e também para o STJ (art. 104, parágrafo único, CF), porém 
neste último caso os advogados e membros do Ministério Público 
representam 1/3 (e não 1/5)!
Atenção! Nem todos os tribunais observam a regra do quinto
constitucional, trata-se de uma regra constitucional específica
para alguns tribunais.
Regra do 
Quinto 
Constitucional
Procedimento: a escolha pelo órgão de classe de 6 nomes que 
preencham os requisitos constitucionais (lista sêxtupla); formação 
de lista tríplice pelo tribunal (Judiciário) e, dentre os 3, escolha de 1 
pelo Executivo para nomeação (em se tratando de TJ, Governador 
do Estado; em se tratando de TJ DF e TRFs, Presidente da 
República). Não há sabatina pelo Legislativo!
Obs. Se a lista sêxtupla contiver nomes que não preenchem os 
requisitos constitucionais, a solução é a recusa pelo tribunal e a 
devolução para que o órgão de classe refaça.
Caso Prático
Mandado de segurança: processo de escolha de candidatos a cinco vagas de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, correspondente à cota no "quinto constitucional" da advocacia: composição
de lista sêxtupla pelo Tribunal de Justiça que, desprezando a lista sêxtupla específica organizada pelo Conselho Seccional da OAB para a primeira das vagas, substituiu os seus integrantes por nomes
remanescentes das listas indicadas para as vagas subsequentes e, dentre eles, elaborou a lista tríplice: contrariedade ao art. 94 e seu parágrafo único da CF: declaração de nulidade de ambas as listas, sem
prejuízo da eventual devolução pelo Tribunal de Justiça à OAB da lista sêxtupla apresentada para a vaga, se fundada em razões objetivas de carência, por um ou mais dos indicados, dos requisitos
constitucionais, para a investidura e do controle jurisdicional dessa recusa, acaso rejeitada pela Ordem. O "quinto constitucional" na ordem judiciária constitucional brasileira: fórmula tradicional, a partir de
1934 – de livre composição pelos tribunais da lista de advogados ou de membros do Ministério Público – e a fórmula de compartilhamento de poderes entre as entidades corporativas e os órgãos judiciários
na seleção dos candidatos ao "quinto constitucional" adotada pela Constituição vigente (CF, art. 94 e parágrafo único). Na vigente Constituição da República – em relação aos textos constitucionais
anteriores – a seleção originária dos candidatos ao "quinto" se transferiu dos tribunais para "os órgãos de representação do Ministério Público e da advocacia" –, incumbidos da composição das listas
sêxtuplas – restando àqueles, os tribunais, o poder de reduzir a três os seis indicados pelo Ministério Público ou pela OAB, para submetê-los à escolha final do chefe do Poder Executivo. À corporação do
Ministério Público ou da advocacia, conforme o caso, é que a Constituição atribuiu o primeiro juízo de valor positivo atinente à qualificação dos seis nomes que indica para o ofício da judicatura de cujo
provimento se cogita. Pode o tribunal recusar-se a compor a lista tríplice dentre os seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos eles, as qualificações pessoais reclamadas
pelo art. 94 da Constituição (v.g., mais de dez anos de carreira no Ministério Público ou de efetiva atividade profissional na advocacia). A questão é mais delicada se a objeção do tribunal fundar-se na
carência dos atributos de "notório saber jurídico" ou de "reputação ilibada": a respeito de ambos esses requisitos constitucionais, o poder de emitir juízo negativo ou positivo se transferiu, por força do art. 94
da Constituição, dos tribunais de cuja composição se trate para a entidade de classe correspondente. Essa transferência de poder não elide, porém, a possibilidade de o tribunal recusar a indicação de um ou
mais dos componentes da lista sêxtupla, à falta de requisito constitucional para a investidura, desde que fundada a recusa em razões objetivas, declinadas na motivação da deliberação do órgão competente
do colegiado judiciário. Nessa hipótese ao Tribunal envolvido jamais se há de reconhecer o poder de substituir a lista sêxtupla encaminhada pela respectiva entidade de classe por outra lista sêxtupla que o
próprio órgão judicial componha, ainda que constituída por advogados componentes de sextetos eleitos pela Ordem para vagas diferentes. A solução harmônica à Constituição é a devolução motivada da
lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para que a refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados: dissentindo a entidade de classe, a ela restará questionar em juízo,
na via processual adequada, a rejeição parcial ou total do tribunal competente às suas indicações. [MS 25.624, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 6-9-2006, P, DJ de 19-12-2006.]
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp%3FSEQ=395418&PROCESSO=25624&CLASSE=MS&cod_classe=376&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2261
Exercícios
Vamos aplicar
alguns
conceitos
estudados na
aula de hoje!
Questão 1
O inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal estabelece como 
direito constitucional fundamental o acesso à justiça e a 
inafastabilidade do controle jurisdicional. A Reforma do Poder 
Judiciário pretendeu avançar no sentido de imprimir maior agilidade 
à prestação jurisdicional. Nesse sentido,
a) havendo colidência entre o direito a um processo célere e o 
direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes deve prevalecer o primeiro, pois norma posterior 
de mesma hierarquia revoga anterior.
b) a morosidade da atividade jurisdicional é inerente a uma Justiça 
que prima pela qualidade. Sacrifício que deve ser suportado pela 
coletividade a fim de se evitar os erros judiciários.
c) a razoável duração do processo não se coaduna com o sistema 
recursal brasileiro que pode ser revisto até mesmo com prejuízo 
do contraditório e ampla defesa.
d) entre os novos mecanismos estabelecidos merece destaque o 
novo direito constitucional fundamental que assegura a todos, 
no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação.
Questão 1
O inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal estabelece como 
direito constitucional fundamental o acesso à justiça e a 
inafastabilidade do controle jurisdicional. A Reforma do Poder 
Judiciário pretendeu avançar no sentido de imprimir maior agilidade 
à prestação jurisdicional. Nesse sentido,
a) havendo colidência entre o direito a um processo célere e o 
direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes deve prevalecer o primeiro, pois norma posterior 
de mesma hierarquia revoga anterior.
b) a morosidade da atividade jurisdicional é inerente a uma Justiça 
que prima pela qualidade. Sacrifício que deve ser suportado pela 
coletividade a fim de se evitar os erros judiciários.
c) a razoável duração do processo não se coaduna com o sistema 
recursal brasileiro que pode ser revisto até mesmo com prejuízo 
do contraditório e ampla defesa.
d) entre os novos mecanismos estabelecidos merece destaque o 
novo direito constitucional fundamental que assegura a todos, 
no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação.
Questão 2
Sobre o conceito de jurisdição, é possível afirmar que é:
a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e 
sancionar leis que regulamentem situações jurídicas 
ocorridas na vida em sociedade.
b) a estrutura pela qual o Estado procede à composição da lide, 
aplicando o direito ao caso concreto, dirimindoos conflitos 
de interesses.
c) a faculdade das autoridades judiciárias regularmente 
investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto.
d) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar 
a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras 
jurídicas de observância obrigatória.
Questão 2
Sobre o conceito de jurisdição, é possível afirmar que é:
a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e 
sancionar leis que regulamentem situações jurídicas 
ocorridas na vida em sociedade.
b) a estrutura pela qual o Estado procede à composição da lide, 
aplicando o direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos 
de interesses.
c) a faculdade das autoridades judiciárias regularmente 
investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto.
d) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar 
a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras 
jurídicas de observância obrigatória.
Questão 3
Dentre os órgãos do Poder Judiciário não se incluem:
a) Os Tribunais de Contas e os Tribunais Arbitrais.
b) O Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Eleitorais.
c) O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Militares.
d) Os Tribunais Regionais do Trabalho e os Tribunais de Justiça.
Questão 3
Dentre os órgãos do Poder Judiciário não se incluem:
a) Os Tribunais de Contas e os Tribunais Arbitrais.
b) O Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Eleitorais.
c) O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Militares.
d) Os Tribunais Regionais do Trabalho e os Tribunais de Justiça.
Tarefa para a próxima aula
Arbitragem é jurisdição?
O que é a “Justiça Multiportas”?
Pesquisar, anotar as respostas e as fontes utilizadas!
Bons estudos!

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