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FUNDAMENTOS E MÉTODOS DA GESTÃO ESCOLAR CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar – Profª. Ms. Célia Gaia. e Prof. Dr. Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira Meu nome é Célia Gaia. Sou mestre em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela USP-SP, bacharel em Letras e licenciada em Pedagogia. No mestrado, pesquisei sobre a representação estética no texto intersemiótico. Na área pública, exerci os cargos de supervisão escolar e direção de escola junto à Prefeitura Municipal de São Paulo e, no setor privado, atuei na assessoria educacional como monitora de cursos de Formação Permanente, subsidiando e orientando equipes escolares na elaboração e no desenvolvimento de projetos pedagógicos e projetos de área. Concomitantemente, lecionei Português em todas as séries do Ensino Fundamental e Médio e, atualmente, trabalho como tutora de EaD, no Centro Universitário Claretiano. e-mail: celia@claretiano.edu.br Meu nome é Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira. Sou graduado em Zootecnia pela Faculdade de Zootecnia de Uberaba (FAZU) e doutor em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Araraquara. Fiz complementação pedagógica pela Universidade Federal de Lavras MG, especialização em uso múltiplo de territórios e sistemas agro-silvo-pastoris pela Universidade de Córdoba (Espanha) e estágio em atividades administrativo-pedagógicas pela ENFA (Toulouse – França). Atualmente, sou reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IF – Triângulo), membro de diversas comissões de trabalho do Ministério da Educação, professor de Sociologia da Educação e Gestão da Educação e palestrante sobre educação e políticas públicas. e-mail: reitor@iftriangulo.edu.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS E MÉTODOS DA GESTÃO ESCOLAR Caderno de Referência de Conteúdo Célia Gaia Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 371.2 G131f Gaia, Célia Fundamentos e métodos da gestão escolar / Célia Gaia, Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 310 p. ISBN: 978-85-67425-97-9 1. Gestão escolar: conceitos, funções e princípios básicos. 2. A função administrativa da unidade escolar e do gestor: contextualização teórica e tendências atuais. 3. A dimensão pedagógica do cotidiano da escola e o papel do administrador escolar. 4. Levantamento e análise da realidade escolar: o projeto político pedagógico, o regimento escolar, o plano de direção, planejamento participativo e órgãos colegiados da escola. I. Fundamentos métodos da gestão escolar. II. Ferreira, Eurípedes Ronaldo Ananias. CDD 371.2 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERnO DE REFERênCIA DE COnTEúDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ..................................................................... 10 3 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ...................................................................... 26 4 E-REFERêNCIAS ................................................................................................ 26 UNIDADE 1 – DAS TEORIAS ADMINISTRATIvAS à GESTÃO EDUCACIONAl E ESCOlAR 1 OBJETIvOS ........................................................................................................ 27 2 CONTEúDOS .................................................................................................... 28 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 28 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE .............................................................................. 29 5 OS ANTECEDENTES DA GESTÃO: PRINCIPAIS ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO GERAl ................................................................................ 30 6 AS ABORDAGENS ADMINISTRATIvAS ............................................................. 33 7 O ENFOQUE CUlTURAl E AS CRÍTICAS àS ABORDAGENS CláSSICAS ........ 44 8 OS QUESTIONAMENTOS DE vÍTOR HENRIQUE PARO ................................... 49 9 GESTÃO DA EDUCAÇÃO: GêNESE E CONCEITUAÇÃO .................................... 51 10 GESTÃO ESCOlAR COMO PRáTICA CONSTRUTIvA DA CIDADANIA E O CONTEXTO SOCIOPOlÍTICO ............................................................................ 59 11 QUESTÕES AUTOAvAlIATIvAS ........................................................................ 63 12 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 63 13 E-REFERêNCIAS ................................................................................................ 65 14 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ..................................................................... 66 UNIDADE 2 – GESTÃO DA EDUCAÇÃO: GlOBAlIzAÇÃO, NOvAS TECNOlOGIAS, NOvOS PARADIGMAS 1 OBJETIvOS ........................................................................................................ 69 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 70 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 70 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ..............................................................................71 5 AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 1990 .............. 71 6 NOvAS TENDêNCIAS NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO: DESCENTRAlIzAÇÃO E GESTÃO lOCAl ................................................................................................. 82 7 GESTÃO DA EDUCAÇÃO: TENDêNCIAS E PARADIGMAS ................................ 91 8 DETERMINAÇÕES SOCIOCUlTURAIS DA GESTÃO: UM REEXAME DOS CONCEITOS ESTUDADOS ................................................................................. 96 9 QUESTÕES AUTOAvAlIATIvAS ........................................................................ 105 10 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 106 11 E- REFERêNCIAS ............................................................................................... 107 12 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ..................................................................... 108 UNIDADE 3 – GESTÃO ESCOlAR: PRINCÍPIOS, FUNÇÕES, ORGANIzAÇÃO E áREAS DE ATUAÇÃO 1 OBJETIvOS ........................................................................................................ 111 2 CONTEúDOS .................................................................................................... 112 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 112 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE .............................................................................. 112 5 GESTÃO DA EDUCAÇÃO E DA ESCOlA: SUPERANDO A vISÃO FRAGMENTADA PElA óPTICA SISTêMICA ..................................................... 113 6 PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO ESCOlAR .............................. 124 7 OBJETIvOS DA ESCOlA E PRáTICAS DE ORGANIzAÇÃO E GESTÃO .............. 131 8 CONCEPÇÕES DE ORGANIzAÇÃO E DE GESTÃO ESCOlAR ............................ 137 9 áREAS DE ATUAÇÃO DA ORGANIzAÇÃO E DA GESTÃO ESCOlAR ................ 146 10 QUESTÕES AUTOAvAlIATIvAS ........................................................................ 148 11 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 148 12 E-REFERêNCIAS ................................................................................................ 150 13 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ..................................................................... 150 UNIDADE 4 – lIDERANÇA E GESTÃO NA ESCOlA PARTICIPATIvA 1 OBJETIvOS ........................................................................................................ 153 2 CONTEúDO ....................................................................................................... 153 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 154 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE .............................................................................. 154 5 NOvAS CONCEPÇÕES DE GESTÃO E lIDERANÇA ........................................... 155 6 CONCEITUAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E DIMENSÕES DA lIDERANÇA ........... 161 7 O PAPEl DO lÍDER NAS DIFERENTES TEORIAS ............................................. 164 8 AS CONTINGêNCIAS E A lIDERANÇA SITUACIONAl...................................... 169 9 PAPEl DO lÍDER PARTICIPATIvO: CARACTERÍSTICAS, ESTRATÉGIAS, ATUAÇÃO .......................................................................................................... 171 10 GESTÃO E lIDERANÇA PARTICIPATIvA ........................................................... 182 11 O COTIDIANO ESCOlAR EM SUA DIMENSÃO PEDAGóGICA: O PAPEl DO ADMINISTRADOR ESCOlAR ............................................................................ 187 12 GESTÃO DEMOCRáTICA E UMA NOvA POSTURA DOCENTE ........................ 190 13 QUESTÕES AUTOAvAlIATIvAS ........................................................................ 193 14 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 193 15 E-REFERêNCIAS ................................................................................................ 195 16 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ..................................................................... 195 UNIDADE 5 – óRGÃOS COlEGIADOS: COPARTÍCIPES DA GESTÃO EDUCACIONAl E ESCOlAR 1 OBJETIvOS ........................................................................................................ 197 2 CONTEúDOS .................................................................................................... 198 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 198 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 199 5 CONTEXTO DA ORIGEM DOS CONSElHOS .................................................... 199 6 HISTóRICO DOS CONSElHOS .......................................................................... 204 7 PAPEl DOS CONSElHOS DE EDUCAÇÃO NA PERSPECTIvA DA GESTÃO DEMOCRáTICA ................................................................................... 211 8 CONSElHOS DE EDUCAÇÃO NO BRASIl: CNE, CEE, CME .............................. 217 9 CONSElHOS DE ESCOlA .................................................................................. 223 10 COlEGIADOS, GESTÃO DEMOCRáTICA E PARTICIPAÇÃO POPUlAR ............ 231 11 QUESTÕES AUTOAvAlIATIvAS ........................................................................ 240 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 241 13 E-REFERêNCIAS ............................................................................................... 242 14 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ...................................................................... 243 UNIDADE 6 – GESTÃO DOS PROCESSOS RElATIvOS AO PlANEJAMENTO EDUCACIONAl 1 OBJETIvOS ........................................................................................................ 245 2 CONTEúDOS .................................................................................................... 246 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 246 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 247 5 PlANEJAMENTO: CONCEPÇÕES E SIGNIFICADOS ........................................ 247 6 PlANEJAMENTO TRADICIONAl E PlANEJAMENTO ESTRATÉGICO .............. 254 7 O PlANEJAMENTO PARTICIPATIvO E O DIAlóGICO ...................................... 262 8 A GESTÃO DO SISTEMA: PlANO NACIONAl DE EDUCAÇÃO (PNE) .............. 266 9 A GESTÃO DA INSTITUIÇÃO: PlANO DE DESENvOlvIMENTO INSTITUCIONAl (PDI) ...................................................................................... 268 10 A GESTÃO DA ESCOlA: REFlEXÃO EM TORNO DO PPP ................................ 274 11 A METODOlOGIA DE CONSTRUÇÃO DO PPP PElO MÉTODO DIAlóGICO .. 291 12 A METODOlOGIA DE CONSTRUÇÃO DO PPP PElO MÉTODO PARTICIPATvO .................................................................................................. 298 13 O REGIMENTO ESCOlAR ................................................................................. 301 14 QUESTÕES AUTOAvAlIATIvAS ........................................................................ 302 15 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 303 16 E- REFERêNCIAS .............................................................................................. 304 17 REFERêNCIAS BIBlIOGRáFICAS ...................................................................... 304 ANEXO .......................................................................................................... 306 EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Gestão escolar: conceitos, funções e princípios básicos. A função administrativa da unidade escolar e do gestor: contextualização teórica e tendências atuais. A dimensão pedagógica do cotidiano da escola e o papel do administrador escolar. Levantamento e análise da realidade escolar: o projeto político pedagógico, o regimento escolar, o plano de direção, planejamento participativo e órgãos cole- giados da escola. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. InTRODUÇÃO O Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos e Mé- todos da Gestão Escolar oportuniza ao aluno a compreensão e a reflexão crítica acerca dos princípios e conceitos que fundam a gestão da educação na perspectiva do modelo democrático-par- ticipativo. A partir desse estudo, o aluno compreenderá a forma como a escola se organiza no contexto de uma sociedade globalizada. São apresentados pontos de relevância como o perfil do gestor na condição de líder, o papel dos órgãos colegiados no processo © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar10 de gestão escolar e a importância dos processos de planejamento como instrumento que proporciona um momento de reflexão, de organização e de crescimento da qualidade da educação. Após essa introdução aos principais conceitos deste Caderno de Referência de Conteúdo, apresentaremos, no tópico a seguir, algumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIEnTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu- dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis- são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi- lidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este Caderno de Referência de Conteúdo. Inicialmente, esclarecemos que as unidades deste material foram organizadas de forma a proporcionar a você, caro aluno, subsídios que contribuam para uma reflexão sobre as bases da gestão educacional e escolar e o papel do gestor, mas também so- bre os principais processos que permeiam seu trabalho na escola, tais como organização e concretização de conselhos e desenvolvi- mento de processos de planejamento. A gestão educacional, numa perspectiva geral, acontece no âmbito dos sistemas com a implementação de políticas educacio- nais e planos de educação, com a elaboração de normas e diretri- Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo zes para todas as modalidades de ensino, com propostas de avalia- ção da produtividade dos sistemas etc. No que tange à gestão, no âmbito específico da escola, buscou-se delinear os processos de gestão de pessoas, a lideran- ça participativa, as estratégias de compartilhamento do poder via conselhos e as opções de planejamento para a transformação da realidade. Na Unidade 1, foram apresentadas resumidamente as prin- cipais teorias da administração geral que influenciaram a adminis- tração escolar mais de perto e o contexto no qual se originou o termo gestão. O ideário das escolas administrativas foi disseminado e ado- tado nas organizações, e, em especial, nas instituições educativas com a preocupação de resolver problemas de eficiência, eficácia e efetividade da educação pública. Isso levou as administrações escolares à racionalização de processos administrativos, à adoção de aspectos organizativos centrados na racionalização e na divisão do trabalho em áreas específicas, à desconsideração de aspectos pedagógicos e de formação e à criação de estruturas hierárquicas de poder bastante rígidas. Em seguida, contrapondo-se ao exposto anteriormente, fo- ram delineadas as principais ideias e críticas de dois teóricos: Ben- no Sander, que propõe uma nova perspectiva para a eficiência da eficácia e da efetividade dentro de um enfoque cultural, explicitan- do a necessidade de que todos esses aspectos sejam redimensio- nados em um enfoque cultural e considerem as especificidades e os objetivos da escola na condição de organização social; e Vítor Henrique Paro, que critica mais acentuadamente as teorias admi- nistrativas, referindo-se ao posicionamento conservador de alguns administradores, destacando a importância da emancipação da classe trabalhadora e de uma administração capaz de viabilizar a formação para a cidadania. Mostrou-se, ainda, como o termo "ges- tão" surgiu num contexto de mobilização social nos anos 1980 e © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar12 que, embora esse termo também seja oriundo das empresas, am- pliou os conceitos de administração e direção escolar, abarcando- -os como dimensões de um processo mais amplo. Na Unidade 2, a abordagem foi sobre o processo de globa- lização e a revolução científico-técnico-informacional que impôs novos desafios à educação, numa mudança de paradigmas de en- sino e aprendizagens e, também, de gestão. Num contexto de transformações rápidas, as empresas pas- saram a procurar um trabalhador polivalente, com maior nível de escolaridade, capaz de atuar em equipe e em diversos setores e a navegar nas conexões em rede. A educação, por sua vez, passou a ser cobrada para prepa- rar um trabalhador com capacidade de lidar com os imprevistos e adaptar-se a novas situações, com competência para inovar e criar diante de situações diversas. No contexto atual, há um paradoxo que exige uma gestão democrática com a descentralização das responsabilidades para as autoridades locais e, ao mesmo tempo, com o controle e a pressão das instâncias superiores por índices e aumentos do patamar de competências e habilidades dos alunos. Dentro dessa perspectiva contraditória, cabe ao gestor ado- tar um comportamento proativo a fim de assegurar o passaporte para a cidadania e o mundo do trabalho. No entanto, a gestão da educação nos tempos atuais não escapa de uma reflexão sobre o que seria a cidadania numa cultura globalizada. Realizar o processo de hominização que se exige da educa- ção significa "aprender com cada ‘mundo’ diferenciado que se co- loca, suas razões e lógica, seus costumes e valores que devem ser respeitados, por se constituírem valores, suas contribuições que são produção humana" (FERREIRA, 2004, p. 1241). Isso implica a adoção de uma ética e uma gestão comprometidas com a forma- ção menos excludente e mais democrática. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo Na Unidade 3, tratou-se dos princípios, conceitos e funções da gestão escolar, relacionando as concepções de gestão da edu- cação com a perspectiva da escola enquanto organização social. Foram discutidos os processos de descentralização e partici- pação e suas implicações na gestão escolar e, assim, a importân- cia dos gestores escolares atuarem conjuntamente com as demais equipes e comunidade, superando o autoritarismo e a centrali- zação. Tratou-se também da gestão como prática política para a construção da cidadania. Em seguida, focou-se a organização da escola e nas áreas de atuação do gestor escolar. A gestão é uma atividade que coloca em ação um sistema organizacional de acordo com uma concepção de educação, assumida implícita ou explicitamente pelo gestor ou equipe gestora. Salientou-se, em seguida, os processos organiza- cionais que ocorrem em uma lógica neoliberal e os que podem evi- denciar uma visão sociocrítica. Abordou-se também a necessidadede o gestor analisar e transformar o espaço escolar,caminhando a partir da cultura organizacional que desvela nos fazeres e relações consolidados. Na Unidade 4, o tema foi a liderança como um fator de de- senvolvimento da participação e do alcance dos objetivos da es- cola. A liderança é uma dimensão importante da gestão escolar, pois, sem ela, adota-se uma tendência de viabilizar um trabalho de continuidade para o que já está estabelecido. É ela que traz a mobilização e a criatividade para a resolução dos problemas e a transformação do espaço escolar. Tratou-se não só dos estilos e estratégias de liderança, mas também da necessidade de o gestor considerar as contingências do cotidiano na adoção de uma postu- ra mais diretiva ou de delegação. Conceituou-se "liderança compartilhada" como aquela em que a decisão é disseminada pelos participantes da comunidade escolar e seus representantes diante de objetivos definidos cole- tivamente. A coliderança é a repartição do poder com a própria © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar14 equipe gestora, ora um ora outro membro assumindo papéis e funções de líder. Enfim, buscou-se mostrar que a liderança é um fator impor- tante para a transformação e a superação da tendência reproduti- vista que limita a criação de novas práticas. A liderança abre novos horizontes. Na Unidade 5, focou-se o papel que órgãos colegiados de- vem desempenhar no processo da gestão na perspectiva da de- mocratização dos processos decisórios e da participação popular. Buscou-se mostrar o processo histórico de criação dos conselhos em seus diversos níveis (federal, estadual, municipal e escolar), a fim de que a gestão da escola possa perceber a ligação das atuais determinações legais e a relação dialética entre as diversas instân- cias de poder. Tratou-se mais especificamente do conselho escolar, obser- vando-se as dificuldades que os diversos segmentos ainda encon- tram para uma participação igualitária e justa. Na Unidade 6, os processos de gestão relativos ao planeja- mento da educação foram tratados sem, no entanto, esgotar o es- tudo. Planejar a educação no âmbito de sistemas e redes de ensi- no implica a tomada de decisões, bem como a implementação de ações que compõem a esfera da política educacional por meio dos planos nacionais, estaduais e municipais de educação. O planejamento das instituições escolares busca a unidade entre teoria e prática e se institui como momento privilegiado de tomada de decisões acerca das finalidades diante de um contexto específico e mais próximo da realidade do aluno. Configura-se no PDI nas instituições universitárias e no PPP nas escolas da educa- ção básica. Enfim, esperamos que os temas tratados possam auxiliar os futuros gestores a desencadear os necessários processos para a transformação dos espaços escolares em comunidades aprenden- tes de conhecimento, saberes e democracia. Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi- da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co- nhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Con- teúdo Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Automação: "sistema automático de controle pelo qual os mecanismos verificam seu próprio funcionamento, efetuando medições e introduzindo correções, sem a interferência do homem" (NOvO DICIONáRIO AURÉlIO: s.d., p. 163). No contexto escolar, a automação qua- se não se faz presente, na medida em que a gestão da aprendizagem se processa mais por interações. No en- tanto, repercute em padronização de processos adminis- trativos, sobretudo da secretaria. 2) Colegiado: o termo "colegiado" refere-se a uma forma de gestão na qual a direção é compartilhada com grupos de representantes dos diversos segmentos da comunida- de escolar, podendo se concretizar em conselhos, asso- ciações, grupos etc., com funções consultivas, delibera- tivas ou fiscalizadoras. Indicam a adoção de uma gestão participativa e democrática na escola, mas suas decisões são tomadas dentro dos limites da legislação em vigor e das diretrizes emanadas das secretarias de educação e outros órgãos hierárquicos dos sistemas educativos. A criação de colegiados gestores é utilizada em vários se- tores, públicos e privados, como ferramenta de gestão com objetivo de realizar mudanças. O Conselho Escolar é um dos colegiados da escola. 3) Conselhos: os conselhos são espaços de compartilha- mento do poder e sua realização produtiva depende das possibilidades culturais dos participantes ou represen- tantes. Werle (2003, p. 12) os considera como espaços não só de aprendizagem conceitual e teórica de demo- cracia, mas como "local de fazer democracia" e, ainda como "espaço de discordar ou propor pontos de vista, sem constrangimentos ou passividade". Conforme Cury © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar16 (2001, p. 50), um conselho é, então, o lugar onde "a ra- zão se aproxima do bom senso e ambos do diálogo pú- blico, reconhecendo que todos são intelectuais, ainda que nem todos façam do intelecto uma função perma- nente". 4) Conselhos escolares: constituem-se em mecanismos de gestão nos quais são discutidos um conjunto de ques- tões da escola, que vão de assuntos financeiros a aspec- tos pedagógicos e administrativos. 5) Cultura organizacional: constitui-se num conjunto de comportamentos, normas e valores sociais que uma em- presa ou escola toma como referência e que influenciam a forma como as pessoas agem. É, portanto, um conjun- to de características únicas que fazem a identidade de um grupo. Essa identidade é formada ao longo da exis- tência da escola. Acontece por meio da interação de três dimensões: "(1) os regulamentos, os valores, as políticas administrativas e a forma como se exerce o poder; (2) o conjunto de processos utilizados para o desenvolvimen- to das atividades na escola, levando em conta a divisão das tarefas, a estrutura das funções, as metodologias utilizadas etc; (3) o conjunto de traços particulares, o modo de ser da equipe escolar. Essas três dimensões são interdependentes" (UFRJ, 2006, s/p.). Por exemplo, uma escola pode valorizar mais os aspectos técnico-científi- cos do que os aspectos culturais porque historicamen- te teve professores dinâmicos nessa área, espaço físico que comportava vários laboratórios e sua localização em meio a um conglomerado de indústrias. Esse aspecto pode tornar-se a identidade da escola. 6) Estado mínimo: é defendido pelo Estado Liberal, que concebe sua existência apenas para garantir os direitos individuais de segurança, vida e propriedade. A ideia de Estado Mínimo pressupõe uma descentralização das atribuições do Estado para a sociedade civil. Há um prin- cípio de não intervenção e um afastamento estatal a fa- vor da liberdade, tanto individual quanto dos mercados. Assim, o Estado abre mão de toda e qualquer forma de Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo atuação econômica direta, fazendo, por exemplo, a pri- vatização das empresas estatais. 7) Estratégia: de acordo com Maximiano (2006, p. 329), é "a seleção dos meios para realizar objetivos", sendo um conceito herdado dos gregos e fazendo referência aos meios de vencer uma batalha na guerra. Prevê a aná- lise da realidade em suas fragilidades e possibilidades e a adoção de procedimentos para a construção de um futuro. 8) Fordismo: termo baseado nos princípios criados pelo norte-americano Henry Ford, que introduziu as linhas de montagem, nas quais cada operário realizava uma tarefa específica, enquanto o automóvel (produto fabricado) se deslocavapelo interior da fábrica em uma espécie de esteira. As máquinas determinavam o ritmo do trabalho. O objetivo é gerar uma grande produção em massa, se- gundo determinada padronização. 9) Gestão: De acordo com lück (2008, p. 21), a gestão é uma área-meio e não um fim em si mesma, pois "cons- titui-se num processo de mobilização da competência e da energia de pessoas coletivamente organizadas" para que "promovam a realização, o mais plenamente possí- vel, dos objetivos de sua unidade de trabalho, no caso, os objetivos educacionais". É um processo cooperativo de pessoas para a análise de situações e tomada de deci- sões sobre o que deve ser realizado para que se atinjam objetivos construídos em conjunto com a participação de todos. Há a gestão mais ampla do sistema educacio- nal e a gestão mais específica da escola. 10) Globalização: o termo "globalização" surgiu ao final dos anos 1980 para sugerir a ideia de unificação e transfor- mação do mundo como uma aldeia global, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. As principais ideias que impulsionaram essa revolução acompanharam o neoliberalismo, com o livre- -comércio entre as nações e o desenvolvimento das tec- nologias informacionais que permitiram ao mundo uma rápida comunicação. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar18 11) Liderança: Segundo lück (2010, p. 20), é a capacidade de "influenciar a atuação de pessoas (professores, fun- cionários, alunos, pais) para a efetivação dos objetivos educacionais propostos pela escola". A liderança é uma característica da gestão que deve mobilizar pessoas e or- ganizar talentos. 12) Hominização: o processo evolutivo pelo qual a espécie humana se constituiu, tomando as características físi- cas, fisiológicas e psíquicas que a distinguem dos demais primatas (Dicionário Aurélio eletrônico). Em educação, o termo ganha um sentido mais amplo, visando a uma articulação mais integrada entre o ser humano e sua atuação no mundo. Assim, a educação deve pautar suas ações num papel ao mesmo tempo humanizador e so- cializador e que atenda aos propósitos de sua evolução. A educação é um "fazer humano". 13) Organizações: são unidades sociais, constituídas de pes- soas que trabalham juntas para alcançar determinados objetivos, que podem ser tanto o lucro e as transações comerciais quanto o ensino, a prestação de serviços, o voluntariado, o lazer etc. "Nossas vidas estão intimamen- te ligadas às organizações, porque tudo o que fazemos é feito dentro de organizações" (CHIAvENATO, 1989, p. 3 apud lIBÂNEO, 2005, p. 316). A escola se constitui numa organização cuja base são as interações com o objetivo de realizar a formação humana, e, portanto, diferen- ciam-se das empresas. 14) Planejamento: "ato ou efeito de planejar; trabalho de preparação para qualquer empreendimento segundo roteiro e métodos determinados; planificação elabora- da, por etapas, com bases técnicas (especialmente no campo econômico), de planos e programas com objeti- vos definidos; planificação" (NOvO DICIONáRIO AURÉ- lIO, s/d., p. 1097). Na educação, temos três níveis bási- cos de planejamento: o PNE, PDI e o PPP. 15) Plano nacional de Educação (PnE): plano com duração de dez anos no qual devem ser fixadas metas e estraté- gias de implementação de forma que a sociedade civil possa acompanhar e cobrar a execução das mesmas pe- Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo las autoridades do poder público. Para que esse plano não fique como uma carta de intenções, é preciso que a sociedade civil se mobilize. 16) Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI): consiste num documento em que se definem a missão da insti- tuição de Ensino Superior e as estratégias para atingir suas metas e objetivos para um período de cinco anos. Deve conter: cronograma, metodologia de implementa- ção dos objetivos, metas e ações, quadro com indicado- res atuais e futuros, com vistas ao desenvolvimento da instituição. 17) Projeto Político-Pedagógico (PPP): é o documento que registra as intenções da escola com vistas a objetivos futuros, o que exige transformações no presente. Sua dimensão política refere-se ao fato de a escola ter de cumprir sua finalidade de educar. Sua dimensão peda- gógica refere-se às ações educativas a serem tomadas para viabilizar a aprendizagem. São duas dimensões in- dissociáveis. 18) Sinergia: "ato ou esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função. Associação simultânea de vários fatores que contribuem para uma ação coordena- da" (NOvO DICIONáRIO AURÉlIO, s/d. p. 1305). 19) Stakeholder: é qualquer pessoa, de fonte interna ou ex- terna, grupo ou outra organização, que possa reivindicar a atenção, os recursos ou os produtos da organização, e/ ou é afetado por esses produtos. 20) Taylorismo: termo referente às ciências da adminis- tração do início do século 20, baseado na proposta de Taylor. Este, com objetivo de acabar com o desperdício, a ociosidade e a morosidade operária, analisou e contro- lou a ação do operário e das máquinas. Assim, criou uma metodologia racional que divide o trabalho em tarefas específicas. No taylorismo, o trabalhador é monitorado e tem de cumprir sua tarefa no menor tempo possível, o que chamamos de "dar produção". São premiados aque- les que se sobressaem, o que provoca a exploração do trabalhador que tem de se "desdobrar" para cumprir o tempo cronometrado. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar20 21) Unesco: sigla para Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. A Unesco foi fundada após o fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de contribuir para a paz e a segurança no mundo por meio da educação, da ciência, da cultura e das comuni- cações. Sua sede fica em Paris, e sua atuação se estende por 112 países, colaborando com a formação de profes- sores, a construção de escolas, a doação de equipamen- tos e livros e a promoção de atividades de valorização do patrimônio cultural. Em 1999, solicitou ao filósofo Edgar Morin, nascido na França, em 1921 e um dos maiores expoentes da cultura francesa no século 20, a sistemati- zação de um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século 21. Daí surgiu seu livro sobre os sete saberes. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú- do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican- do as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com- plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or- denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- -se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co- nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe- dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novosconceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimen- to sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site dis- ponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapasconceituais/ utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 set. 2012). Como poderá observar, esse Esquema oferecerá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transi- tar entre os principais conceitos deste Caderno de Referência de Conteúdo e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar22 te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo Cultura Organizacional Globalização e Educação Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar Gestão Democrático Participativa: Pressuposto Teórico Conceituais Gestão Educacional: Concepções Lógica: Neoliberal Concepções de Organização e de Gestão Escolar: Áreas de Atuação da Gestão A escola como instituição social Lógica: Sociocrítica Novos Paradigmas para a educação na perspectiva de Edgar Morin Estilos de liderança O cotidiano escolar em sua dimensão pedagógica Os conselhos de educação e a gestão democrática Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) Projeto Político Pedagógico Gestão Democrático Participativa: um modelo em construção Resultados da Pesquisa Atividades Teórico Práticas Paradigmas da escola cidadã O gestor e o seu papel de líder O Regimento Escolar Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar24 Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati- vas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do gestor pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de ques- tões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in- tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilus- trativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos do Caderno de Referência de Conteúdo, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui- lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce- bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno do curso de Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar na modalidade EaD e futuro profissional da educa- ção, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar26 Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. REFERênCIAS BIBLIOGRÁFICAS CURY, C. J. O conselho de educação e a gestão dos sistemas. In: FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. S. Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2001. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. lIBÂNEO, J. C.; OlIvEIRA, J.F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005. LÜCK, H. A gestão participativa na escola. Rio de Janeiro: vozes, 2008. (Série Cadernos de Gestão). ______. Liderança em gestão escolar. Rio de Janeiro: vozes, 2010. (Série Cadernos de Gestão). MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. São Paulo: Atlas, 2006. WERlE, F. O. C. Conselhos escolares: implicações na gestão da escola básica. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. 4. E-REFERÊNCIAS FERREIRA, N. S. C. Repensando e ressignificandoa gestão democrática da educação na "cultura globalizada". Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22619. pdf>. Acesso em: 9 jul. 2012. UFRJ. Programa de Apoio à Melhoria de Ensino Municipal. Relações da qualidade do ensino com a vida formal e informal de uma escola. Disponível em: <http://www.race. nuca.ie.ufrj.br/ceae/m3/complementar3.htm.>. Acesso em: 9 jul. 2012. 1 EA D 1 Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 1. OBJETIVOS • Identificar e compreender as principais abordagens e teo- rias da administração em geral que formaram as bases da administração escolar no Brasil. • Compreender o contexto no qual se constrói a crítica ao modelo tradicional de administração escolar e no qual se originam os princípios da gestão escolar. • Compreender e identificar os fundamentos, princípios, conceitos e funções da gestão da educação. • Compreender as diferentes concepções e abordagens da administração capitalista e a especificidade da gestão educacional. • Caracterizar a gestão escolar como uma prática social e constituinte da cidadania. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar28 2. COnTEúDOS • Trajetória das principais abordagens da administração ge- ral e suas influências no contexto educacional. • Relações entre os princípios e os métodos da administra- ção geral com a administração escolar. • O contexto que deu origem à gestão da educação. • Conceito, princípios e funções da gestão da educação. • A gestão democrático-participativa. 3. ORIEnTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UnIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Preocupe-se em entender os conceitos fundamentais de cada teoria da administração em geral, sem, no entanto, se fixar em nomes de representantes. Os nomes servem para identificar os estudiosos de cada teoria. 2) Procure entender o contexto no qual se originou a ges- tão educacional, identificando os conceitos e os princí- pios a partir dos quais se deve orientar a práxis da gestão escolar na perspectiva do modelo da gestão democráti- co-participativa. É importante a compreensão crítica das diferentes concepções da organização e gestão da esco- la para que você entenda como acontece o exercício da gestão no cotidiano escolar. 3) Além da compreensão da base teórico-conceitual, é im- portante o reconhecimento das dimensões desse mode- lo e a maneira pela qual é organizada a gestão da unida- de escolar. Caso tenha vivência no espaço escolar, reflita sobre como se dá a organização e a gestão desse espaço. Se ainda não exerce a profissão de educador, converse com os colegas. 4) Relacione os termos desconhecidos e procure no dicio- nário os seus significados. Assim, você facilitará a con- textualização dos mesmos. Claretiano - Centro Universitário 29© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 5) Discuta e troque opiniões com os colegas sobre o tema em questão. Os seus estudos não devem se limitar às referências bibliográficas elencadas para a unidade. Ex- plore outras fontes de pesquisa para aprofundar seus conhecimentos, tais como internet e referências biblio- gráficas indicadas por seu tutor. 6) Caso queira se aprofundar um pouco mais, acesse a bi- blioteca Pearson e leia o primeiro capítulo do livro Ges- tão Educacional, de Helena leomir de Souza Bartinik. 4. InTRODUÇÃO à UnIDADE Você está iniciando o estudo da primeira unidade de Funda- mentos e Métodos da Gestão Escolar. O objetivo geral desta unidade é identificar e compreender os fundamentos, os princípios, os conceitos e as funções da gestão educacional democrático-participativa. É importante compreender essa forma de gestão como um instrumento de promoção humana e como processo social que pode favorecer a formação ética e cidadã. Você será capaz de con- ceber a escola como uma instituição social cuja existência tem a fi- nalidade de atingir objetivos que atendam à aprendizagem escolar e favoreçam a formação da cidadania. Para que você chegue a essa compreensão, refletiremos sobre como a administração da educação passou por um longo processo de absorção e aplicação de conceitos da administração geral, sem levar em consideração a validade destes diante das es- pecificidades educativas. Dessa forma, a administração escolar se restringiu aos aspectos puramente administrativos, burocráticos e instrumentais, distanciando-se das discussões pedagógicas. No entanto, nas décadas de 1980 e 1990, vários autores con- frontaram esses princípios, abrindo espaço para a crítica diante do novo cenário político-social. Esses educadores analisaram e apre- sentaram questionamentos e propostas que mostram a importân- © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar30 cia de uma ressignificação conceitual em relação à administração escolar. Assim, após esse estudo, você será capaz de "ler além das linhas e ater-se às entrelinhas". Você compreenderá que a gestão educacional vai muito além de conceitos e teorias, visto que se trata de ação, de responsabilidade pela direção e pela garantia da qualidade do processo educacional nos diversos níveis do ensino. 5. OS AnTECEDEnTES DA GESTÃO: PRInCIPAIS ABOR- DAGEnS DA ADMInISTRAÇÃO GERAL Vivenciamos em nossas escolas, diariamente, complexos as- pectos organizativos dos quais pouco nos damos conta. Organização de horários e calendários, aproveitamento e arrumação de espaços físicos, controle de portões de entrada e saída, divisão de departa- mentos, organização curricular em ciclos/anos, pautas de reuniões, períodos de planejamento, atribuições de cargos e funções que con- figuram o cotidiano escolar. Todos esses aspectos indicam a adoção, consciente ou inconscientemente, de concepções pedagógicas ou de teorias de administração ou gestão educacional. Podemos nos perguntar: o que leva uma escola a se organizar dessa ou daquela maneira? Seria uma prática administrativa tradi- cional que vem se reproduzindo sem uma necessária reflexão? Neste tópico, vamos estudar como algumas formas de or- ganização da educação e das escolas são decorrentes de teorias e tendências administrativas – nem sempre oriundas do contexto educacional. Para melhor entender o que se propõe para a gestão da educação de hoje, é preciso discutir o conceito de administração em geral e compreender a sua evolução histórica e as influências que elas exerceram sobre a gestão da educação. Transformações decorrentes de fatores econômicos e tecnológicos interferem nas práticas de estruturação e organização educacionais. Claretiano - Centro Universitário 31© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar Nas últimas décadas, as transformações sociais redimensio- naram os paradigmas da educação e o papel da escola no Brasil. Vivenciamos um processo acelerado de mudanças decorrentes da revolução tecnológica e informacional que, por sua vez, gerou a globalização política, econômica e social, com uma forte repercus- são no campo do trabalho e da educação. Em um contexto de contínuas e rápidas transformações das estruturas sociais, as políticas educacionais evidenciam uma ur- gente necessidade de mudanças nos processos de organização e gestão da escola. No entanto, observamos que as orientações tra- zem, de forma explícita ou implícita, uma forte tendência de regu- lação dos procedimentos educacionais, tomando como referência ações gerenciais pragmatistas, oriundas do contexto industrial e empresarial. Esses novos paradigmas não surgiram aleatoriamente, assim como também não é aleatória a mudança de denominações. Como nos alerta Tomás Tadeu Silva (1996), as palavras ganham novos sig- nificados em qualquer projeto de transformação. Os discursos não são vazios de significação. Assim, podemos nos perguntar: Direção,Administração ou Gestão? Que concepções impli- cam o uso de um ou outro termo? Um longo percurso histórico demonstra a evolução das te- orias administrativas empresariais e a estreita relação destas com a administração escolar. libâneo (2007, p. 10), ao analisar a legis- lação e os conteúdos dos cursos de Pedagogia no Brasil, mostra que, até pelo menos os anos 1960, as disciplinas de Administração Escolar "seguiram pari passu os estudos da Administração Geral, mesmo considerando-se as peculiaridades de funcionamento de uma instituição escolar". Para iniciar a reflexão, é interessante pensarmos: • Que influência tiveram (ou ainda têm) os princípios e mé- todos propostos pela administração empresarial na admi- nistração escolar? © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar32 • Que contexto fez com que surgisse o termo gestão em detrimento do termo administração escolar? Na tentativa de estabelecer as relações entre escolas e em- presas no que tange à forma de administrá-las, buscaremos en- tender o conceito de administração e faremos um retrospecto das teorias administrativas clássicas mais significativas do século 20. O que é administração? O conceito de administração não pode ser entendido de ma- neira estática, pois vem se aprimorando há muito tempo, desde quando determinado grupo humano buscou a solução de um pro- blema ou situação. Vários autores definem a palavra administra- ção. Alguns dentro de teorias mais atuais, outros dentro de teorias mais clássicas. Segundo o dicionário Aurélio (s.d., p. 38), Administração é um conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim ordenar os fatores de produção e controlar a sua pro- dutividade e eficiência, para se obter determinado resultado. De acordo com Martins (1991 p. 22), administração é um "processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais visando à reali- zação de objetivos". Chiavenato (2000, p. 6-7) resume esses conceitos como: A palavra administração vem do latim ad (direção, tendências para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que rea- liza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração so- freu uma radical transformação em seu significado original. A tare- fa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada à situ- ação. Assim, a administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos. Claretiano - Centro Universitário 33© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar Se observarmos essas definições, veremos que elas expres- sam uma ação direcionada para o alcance de um objetivo, realiza- do por meio de pessoas. Outras definições ressaltam o aspecto de processo de planejamento, organização, direção e controle do uso de recursos (físicos, materiais e humanos) para determinados fins. O que inferimos das diferentes definições é que "administrar" diferencia-se de "executar". Para um executor, são necessárias ha- bilidades operatórias para o cumprimento de rotinas e a realização de atividades mecânicas (planos, organogramas, calendários, re- gistros, documentos, balancetes, normas, cotações, etc.). Já o ad- ministrador deve possuir habilidade para analisar, avaliar, mudar, inovar estrategicamente diante de uma situação diagnosticada. Em todas as definições, vemos também que o conceito de administrar implica a ideia de atingir determinados objetivos, conseguir determinados fins. Seriam os fins (objetivos últimos) da educação idênticos aos da empresa? Entendemos que não. Logo, a administração escolar distingue-se, ou deveria dis- tinguir-se, da administração empresarial. Se na empresa o fim é o lucro, na escola é a formação humana. Isso deveria fazer grande diferença no perfil do administrador, nas estratégias a serem utili- zadas e no contexto situacional. Mas será que isso ocorre? O que vamos observar nesse retrospecto são as intercone- xões das teorias organizacionais administrativas com o campo da educação. Isso porque a expansão da rede educacional deu-se em paralelo com a expansão industrial, o que fez com que a escola se tornasse a principal instituição de preparação para o trabalho. 6. AS ABORDAGEnS ADMInISTRATIVAS Sob uma ótica empresarial, essas abordagens costumam ser resumidas em escola clássica e/ou científica, escola das relações humanas ou humanista, escola comportamental ou behaviorista, escola estruturalista e, mais recentemente, a escola de enfoque cultural. Vejamos sinteticamente cada uma delas. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar34 A escola clássica e/ou escola científica Esse ramo tem como principais representantes Fayol e Taylor, que buscaram uma racionalização dos procedimentos industriais. Conforme Chiavenato (2003), apesar da utilização das caracteri- zações clássica (de Fayol) e científica (de Taylor) como sinônimos, existem pontos divergentes entre as duas teorias. Taylor destacou mais a tarefa, enquanto Fayol enfatizou a estrutura. Taylor se preocupou mais com a Organização Racional do Tra- balho (ORT), propondo as linhas de montagem das empresas com o objetivo de aproveitar ao máximo o tempo, os recursos humanos e materiais. A ação humana ficou "parcelizada" em várias etapas, com a padronização dos métodos e a especialização em uma etapa do trabalho. São as famosas linhas de produção das empresas. Fayol enfatizou a estrutura, dividindo a organização em seis funções (técnica, comercial, financeira, de segurança, contábil e administrativa), definindo princípios gerais de administração. No entanto, há que se ressaltar o ponto de convergência en- tre as duas teorias: a concepção de homo economicus, segundo a qual a vantagem financeira é o único fator motivador para a obten- ção da máxima eficiência. Assim, as empresas são organizadas dentro dos seguintes princípios: divisão do trabalho com o objetivo de eficiência, orga- nização de tarefas semelhantes em departamentos, centralização de decisões, foco nas tarefas em detrimento do humano e do pes- soal, recusa da criatividade e instauração da lógica da cadência, do ritmo e da repetição. O objetivo é organizar e controlar a atividade dos subordina- dos com vistas a obter o máximo de produtividade e lucro. Há um investimento em "treinamento", "especialização" e "supervisão. No filme Tempos Modernos, de Chaplin, podemos ver bem essa "parcelização" do trabalho e a "supervisão" que controla o traba- lho humano. Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar Um dos primeiros autores a buscar parâmetros para a admi- nistração escolar nas teorias clássica e científica foi José Querino Ribeiro, com duas obras fundamentais para o estudo da adminis- tração no Brasil: Fayolismo na administração das escolas públicas (1938) e Ensaio de uma teoria de administração escolar (1952). Esse educador considerava que a administração escolar de- veria tomar por base os estudos da administração geral. Observe o que ele afirma no fragmento a seguir: O Estado e as empresas privadas encontraram nos estudos de ad- ministração os elementos para remover suas dificuldades decor- rentes do "progresso" social e a escola não precisou mais do que inspirar-se neles para resolver as suas. Acresce ainda que, sendo evidente a semelhança dos fatores que criam a necessidade dos estudos de administração pública ou privada, a escola teve apenas de adaptá-los a sua realidade.Assim, a ADMINISTRAÇÃO ESCOlAR encontra seu último fundamento nos estudos gerais de administra- ção (RIBEIRO, 1952, p. 78, apud PARO, 2009, p. 455). Ele ainda complementa que: A administração escolar é uma das aplicações da administração ge- ral; naquela como nesta os aspectos, tipos, processos, meios e ob- jetivos são semelhantes (RIBEIRO, 1952, p. 113 apud PARO, 2009, p. 455). Paro (2009) critica esse posicionamento. Segundo ele, há um paradoxo na obra de Ribeiro quando ele afirma que a administra- ção escolar tem como finalidade a mediação para a realização de objetivos educacionais (a formação de sujeitos autônomos). Paro ressalta ainda que José Querino Ribeiro se contradiz ao considerar que é possível atingir os objetivos educacionais com a metodolo- gia da administração geral cujo objetivo é a produção. Como a educação é entendida nessa abordagem? Segundo Corrêa e Pimenta (in: OlIvEIRA, 2005, p. 26-27) "como um con- junto de funções, onde planejamento, organização, coordenação, avaliação e controle são elementos constitutivos." As pessoas não são valorizadas, pois o que importa é a sincronia dos papéis. A au- tora considera também que há uma educação massificada e uma administração simplificada. O fluxo de comunicação é centraliza- © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar36 do, de cima para baixo, de forma autoritária e monocrática (o po- der na mão de uma só pessoa). Controlando a escola, temos uma série de órgãos superio- res que controlam a ação do diretor escolar. Dentro das escolas, temos a figura do diretor centralizando as decisões e, na sala de aula, o professor com o controle dos alunos. O processo de direção é centralizado no diretor e o processo de ensino é centralizado no professor. Para Corrêa e Pimenta (apud OlIvEIRA, 2005, p. 26), os pro- fessores-massa acatam as ordens da direção cada um em sua sala de aula e os alunos-massa executam suas tarefas isolados em car- teiras, da mesma forma que o trabalhador industrial. Hierarquia absoluta e divisão do trabalho. A escola das relações humanas A escola das relações humanas é uma abordagem que surgiu em oposição à Teoria Clássica de Administração, buscando corri- gir a tendência à desumanização do trabalho criada pela divisão e pela rotinização da ação do trabalhador. Seu principal represen- tante, Mayo, observou a necessidade de participação e autorreali- zação dos grupos de trabalhadores. O foco dessa escola desloca-se da organização formal das empresas para a observação dos grupos informais e dos proble- mas psicológicos apresentados nos relacionamentos. O indivíduo deixa de ser visto como uma extensão da máquina e passa a ser visto como um ser humano, com objetivos e necessidades indivi- duais de inserção social. Segundo Chiavenato (2003, p. 105), essa teoria entendia que: Quanto maior a integração social no grupo de trabalho, tanto maior a disposição de produzir. Se o empregado apresentar excelentes condições físicas e fisiológicas para o trabalho e não estiver social- mente integrado, sua eficiência sofrerá a influência de seu desajus- te social. Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar No entanto, essa teoria desconsiderou a estrutura organiza- cional e sua influência no ambiente, propondo soluções ingênuas, como a simples satisfação no trabalho para a consecução da efici- ência. Os teóricos das relações humanas estudaram questões como a importância da satisfação no trabalho para uma maior produti- vidade, mostrando que o indivíduo é movido por necessidades de segurança, de aprovação social, de prestígio e de autorrealização. Considerou-se que, para atingir os objetivos organizacionais, deveriam ser levados em conta os sentimentos, as atitudes e as relações interpessoais. Esses aspectos fizeram com que surgisse a importância de uma liderança que facilitasse a relação das pessoas no grupo e que se concentrasse nas necessidades pessoais. Corrêa e Pimenta (apud OlIvEIRA, 2005, p. 28) destacam que essa escola "ocupa-se da seleção, do treinamento, do adestra- mento, da pacificação e ajustamento da mão de obra para adaptá- -la aos processos de trabalho organizados". O que depreendemos dessa abordagem é que ela disfarça a luta de classes e reforça a perspectiva da dádiva e do compor- tamento dependente, desenvolvidos pela dimensão humana com vistas à produtividade. A dominação não se faz mais pelo autorita- rismo explícito, mas pela liderança centrada na influência psicoló- gica com o ajuste do trabalhador aos processos produtivos. Você já observou esse tipo de liderança nas escolas? Um dos educadores a considerar essas "novas" ideias na educação foi lourenço Filho (1976), entendendo-as como comple- mentares às teorias clássicas. Para ele, a organização e a administração escolar precisam tanto de atividades de planejamento, coordenação, controle e avaliação quanto da valorização das relações humanas que acon- tecem no espaço escolar. O autor afirma que organizar refere-se a "bem organizar elementos (coisas e pessoas) dentro de condições © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar38 operativas (modos de fazer), que conduzam a fins determinados" (lOURENÇO FIlHO, 1976, p. 46). No entanto, as novas teorias não trazem para a educação uma nova forma de administrar; simplesmente agregam um novo elemento, ou seja, trazem a importância de considerar as relações humanas nos processos de organização e administração escolar. Os mecanismos de divisão racional do trabalho continuam: os alunos devem aprender e acatar as orientações do mestre, os mestres devem organizar e administrar o trabalho dos alunos, os diretores devem exercer a autoridade sobre os demais segmentos e cumprir as determinações dos órgãos superiores. A direção, responsável direta pela administração da escola, deve levar os sujeitos que participam do processo educativo a se tornarem solidários, participativos e compromissados com o tra- balho planejado, embora não tenham participado da elaboração do planejamento dessas ações. Cabe aos docentes e aos diretores cumprirem planos elaborados por órgãos técnicos. A escola comportamental ou behaviorista A teoria comportamental desenvolveu-se com base nas ciên- cias comportamentais e na Psicologia Social. De acordo com Chia- venato (2003), a escola comportamental veio como uma crítica tanto à teoria clássica, com seu foco nas tarefas e seu posiciona- mento rígido e mecânico, quanto à teoria das relações humanas, com o foco nas pessoas e prescrições ingênuas e românticas. Conforme Motta (1997), os teóricos comportamentalistas não aceitavam, por exemplo, a ideia de que é suficiente apenas a satisfação no trabalho para gerar a eficiência. Os principais representantes dessa escola (Herbert Simon, Chester Bernard, Elliot Jacques e Chris Argyris) preocupavam-se principalmente com problemas ligados à eficiência, buscando no- vas variáveis para a solução desses problemas, tais como: motiva- ção, tensão social e necessidades individuais. Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar Embora a teoria comportamental seja decorrente da Teoria das Relações Humanas e enfatize o comportamento humano, leva em consideração o contexto organizacional de forma mais ampla, abrangendo a influência desse comportamento na organização como um todo, e as perspectivas das pessoas diante das organiza- ções. A liberdade deve ser complementada com responsabilidade. Corrêa e Pimenta (apud OlIvEIRA, 2005, p. 30) destacam que "a organização é entendida como uma rede de tomada de decisões que depende de seus entrelaçamentos, articulados estes últimos por diversos elementos estruturais e comportamentais". Tendo como ênfase as pessoas, busca soluções mais democráticase flexíveis para os problemas da gestão. A teoria comportamental procura demonstrar uma varieda- de de estilos administrativos utilizados nas organizações, na medi- da em que o comportamento das pessoas tem relação direta com as convicções e os estilos utilizados pelos administradores. Por exemplo, McGregor desenvolveu as teorias X e Y sobre os estilos de administração. Na teoria X, temos os que não acreditam na potencialidade humana e, portanto, desenvolvem um estilo administrativo de fis- calização e controle rígido. Esse estilo tem como consequência a limitação da capacidade de participação e do desenvolvimento de habilidades das pessoas. Na teoria Y, o administrador deve agir de forma a liberar o potencial das pessoas para o autodesenvolvimento. Assim, esse administrador deve descentralizar as decisões, ampliar as respon- sabilidades dos cargos para maior motivação e significado do tra- balho, possibilitar a participação nas decisões mais altas e realizar uma administração consultiva, proporcionando a autoavaliação do desempenho. Segundo a Escola Comportamental, os princípios administra- tivos adotados nas empresas podem ser empregados em qualquer © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar40 tipo de organização e os problemas administrativos devem ser tra- tados com objetividade. Na educação, o que observamos é que essa teoria, com base em novas proposições em relação à motivação humana, prega que o administrador domine os mecanismos motivacionais e adote determinado perfil de administrador para poder dirigir adequada- mente as pessoas. A escola estruturalista: a teoria burocrática e a teoria estruturalista Tanto a teoria da burocracia quanto a teoria estruturalista fazem parte da abordagem estruturalista mais ampla. Seus princi- pais representantes são Max Weber, Robert Merton, Alvin Gould- ner e Amitai Etzioni. Como o próprio nome diz, essa abordagem baseia-se no con- ceito de estrutura, que é entendida como um todo, e não como simples soma de partes. A totalidade, a interdependência das par- tes e o fato de o todo ser maior do que a soma das partes são as características do estruturalismo. Destacamos, a seguir, a Teoria Burocrática de Weber, base para a abordagem estruturalista – e que faz interessantes cone- xões com as queixas do papel burocrático que os administradores da educação assumem e do qual não conseguem se desvencilhar. Segundo Chiavenato (2003), Weber foi o primeiro teórico dessa abordagem e acreditava que a burocracia era a organização por excelência e que, pela organização e pela previsibilidade do seu funcionamento, seria possível obter a maior eficiência da ins- tituição. Ainda de acordo com Chiavenato (2003), a burocracia descri- ta por Weber entende como vantagens: racionalidade dos meios para se atingir metas; cargos com responsabilidades bem defini- das; decisões rápidas via tramitação de ordens e papéis; uniformi- dade de rotinas e regulamentos que colaboram para a redução de Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar erros e custos; critérios de seleção profissional apenas por com- petência técnica (aspecto que garante a continuidade do sistema burocrático e evita o nepotismo). O trabalho é profissionalizado: assim, os funcionários são treinados e especializados pelo seu mérito, trazendo benefícios para as organizações. A mediação dos conflitos é feita por meio de normas racionais, escritas e exaustivas, que procuram envolver todos os aspectos de uma organização. No entanto, Chiavenato (2003) considera também que exis- tem pontos negativos na burocracia de Weber, e os chama de dis- funções. O autor esclarece que normas e regulamentos tendem a se tornar sagrados, absolutos e prioritários, desvinculando-se dos objetivos e metas. Isso faz com que os profissionais burocra- tas tornem-se "especialistas", não por conhecerem suas funções, mas, sim, por saberem lidar com o enorme "papelório" das orga- nizações. Outro ponto negativo da escola burocrática é a rotinização e a padronização dos procedimentos que fazem com que o fun- cionário se torne um mero executor, sem nenhuma flexibilidade à mudança. Ele fica habituado a cumprir o que está prescrito, pois tem pouca margem para a criação. Realiza ações sem pensar no objetivo das mesmas. Uma consequência desse aspecto é o atendimento padroni- zado dado aos clientes, que lhes causa irritação porque eles não se sentem atendidos em suas particularidades. Basta ligar para um telefone "0800" para saber o que é um atendimento padronizado. O autor destaca ainda a despersonalização das relações, pois as pessoas são tratadas como simples ocupantes de cargos. Elas passam a ser conhecidas pelos seus cargos e não pelos seus no- mes (por exemplo, "o delegado de ensino", a "senhora diretora" ou "dona professora") ou pelos números de registro funcional. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar42 Além disso, por prever uma estrutura hierárquica, o poder de decisão está sempre no nível mais alto, mesmo que este desco- nheça o problema a ser resolvido. Sobre isso, Chiavenato (2003, p. 270) destaca: O efeito da estrutura burocrática sobre a personalidade dos indiví- duos é tão forte que leva à "incapacidade treinada" (no conceito de Veblen), ou à "deformação profissional" (no conceito de Warnotte), ou, ainda, a "psicose ocupacional" (segundo Dewey): o funcionário burocrata trabalha em função dos regulamentos e rotinas, e não em função dos objetivos organizacionais que foram realmente es- tabelecidos. Esses aspectos de acentuada hierarquia são visíveis na gran- de utilização de símbolos que deixam claro o status e a posição hierárquica do funcionário na empresa. Dentre esses símbolos, o autor cita o uniforme, a localização da sala, do banheiro, do esta- cionamento, do refeitório, o tipo de mesa etc. No entanto, outro autor da teoria estruturalista, Robert Mer- ton (apud Chiavenato, 2003), mostra que a burocracia sofre mu- danças quando operada pelo homem. A burocracia não tem exis- tência sem o ser humano, o que compromete todos os esquemas preestabelecidos e a previsibilidade burocrática de Weber. Corrêa e Pimenta (apud OlIvEIRA, 2005) descrevem a re- percussão dessa escola na prática da administração escolar, des- tacando que a escola é vista como uma organização normativa. Os órgãos diretivos (secretarias, superintendências, diretorias, dele- gacias etc) utilizam-se de controles normativos e coercitivos. Segundo Corrêa e Pimenta (apud OlIvEIRA, 2005, p. 32): Um outro aspecto importante é o fato da organização burocrática e seus elementos se constituírem no centro da gestão das esco- las, impactando diretamente a sua administração. A administração escolar enfatiza a sua dimensão sóciotécnica, conferindo-lhe um caráter "neutro". O que observamos é que nessa visão sobra pouca autono- mia para os educadores, os quais sempre estão cumprindo o que leis, decretos, portarias, circulares, memorandos e outros instru- Claretiano - Centro Universitário 43© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar mentos normativos determinam em relação ao funcionamento da educação e da escola. A burocracia escolar torna-se um fim em si mesma, confun- dindo negativamente a ideia de "administrar" com "controlar a pa- pelada". Paro (2008, p. 4) alerta que: Essa constatação permite aos educadores escolares perceberem que o que há de irracional (e até odioso) nos processos de controle e nas exigências escriturais (a chamada "papelada") do diretor, da secretaria da escola e dos órgãos superiores, não são esses proces- sos e exigências em si – posto que muitos são necessários para o bom funcionamento da escola – mas precisamente a característica burocrática de boa parte deles, ao se erigirem em fins em
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