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MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA
SEMINÁRIO VI - REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA
Aluno: AMANDA DUARTE DE LIMA
Questões
1. Que é regra-matriz de incidência tributária? Qual sua funcionalidade operacional no
direito positivo?
Ao adentrar acerca do assunto em questão (Regra-matriz de incidência tributária),
em um de seus ensinamentos1 o Professor Paulo de Barros Carvalho denota a
importância do estudo da matéria na Teoria Geral e da Filosofia do Direito, uma vez que
é com a sua utilização (RMIT) que vemos a aplicação (subsunção) da teoria com o a
prática do direito.
Ainda, importante ressaltar que é de grande utilidade para a compreensão do
fenômeno jurídico, pois a RMIT,serve como base primordial para o analista do fato
concreto, conforme denota ainda o Professor, in verbis:
(...) ”Além de oferecer ao analista um ponto de partida rigorosamente
correto, sob o ângulo formal, favorece o trabalho subsequente de
ingresso nos planos semântico e pragmático, tendo em vista a
substituição de suas variáveis lógicas pelos conteúdos da linguagem do
direito positivo.
(...)
Assentemos a premissa, reconhecida unanimamente no seio da Filosofia
do Direito, segundo a qual toda norma jurídica tem estrutura lógica de um
juízo hipotético, em que o legislador (sentido amplo) enlaça uma
conseqüência jurídica (relação deôntica entre dois ou mais sujeitos), desde
que acontecido o fato previsto no antecedente.”
Assim, de maneira singela, podemos concluir que a RMIT será interpretada como
1 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª Ed. São Paulo, 2018. Item 2.9 (A
regra-matriz de incidência) do Capítulo 2. Fls. 146
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uma norma de conduta que dispõe acerca das relações entre o Estado com os sujeitos
destino daquela norma (contribuintes).
Acerca ainda do tema, Lucas Galvão de Britto, nos relembra a importância de todos
os aspectos trazidos na RMIT, relembrando ainda famosa frase do professor Paulo de
Barros – “Expressão mínima irredutível de manifestação do deôntico”2:
“ É mínima e irredutível porque, faltando algum de seus elementos, não se
conhecerá do comando prescrito em sua totalidade e, assim, não se saberá
quando tem lugar a norma nem quem está obrigado ou quê deve ser feito.
Em outras palavras, diz-se assim porque a norma, para que possa cumprir
sua função de ordenar condutas, deve corresponder ao conjunto formado
por todas as partes de significação que possam orientar os destinatários no
desenvolvimento de suas ações, de acordo com a mensagem juridicamente
prescrita.”
2. Que é hipótese de incidência tributária? Qual sua função na composição RMIT? Há
necessidade de um critério pessoal compor a hipótese da RMIT? Por quê?
De maneira prática acerca da questão em tela, Regina Helena Costa3 resume:
“Entende-se por hipótese de incidência tributária a descrição legislativa de
um fato que, uma vez acontecido, enseja o nascimento da obrigação
tributária principal. Trata-se, portanto, de uma situação fática, apontada pela
lei, como apta a deflagrar o surgimento da obrigação de pagar tributo.
(...)
A hipótese de incidência tributária desdobra-se em antecedente e
conseqüente. No antecedente, descreve o fato, apontando as coordenadas
2 BRITTO, Lucas Galvão de. O lugar e o tributo: ensaio sobre competência e definição do critério espacial na
regra matriz de incidência tributária. São Paulo: Noeses, 2014. Capítulo I, item 10.
3 COSTA, Regina Helena. Curso de direito Tributário – 7ª ed. – São Paulo: Sairava, 2017. In 5.3 A hipótese de
incidência tributária e seus aspectos. Fls. 213
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de espaço e tempo de sua ocorrência. No conseqüente, prescreve uma
relação jurídica dela decorrente, indicando seus sujeitos, bem como seu
objeto.
Para efeitos didáticos a hipótese de incidência pode ser cindida em cinco
aspectos ou critérios: no antecedente, figuram os aspectos material,
espacial e temporal; no conseqüente, os critérios pessoais e quantitativos.”
Hipótese de incidência tributária será composta por Critério Material (verbo e
complemento), Critério Espacial e Critério Temporal.
Quando falamos em critério material estamos diante do comportamento previsto
para com a pessoa física (ou jurídica).
Por sua vez, o critério espacial trata-se de onde exatamente a ação prevista deverá
acontecer para ocorrer a hipótese.
Por fim, o critério temporal oferece os elementos para que se saiba em que instante
ocorre o fato descrito.
Paulo de Barros Carvalho, denota a RIMT4 como: o mínimo de sentido deôntico
completo
• CRITÉRIO MATERIAL: também podemos chama-lo de núcleo pois este será o
epicentro que mencionará os demais critérios a serem analisados. Ensina ainda:
“Ao individualizar o critério material não se pode abarcar elementos
estranhos que teriam o condão de emprestar-lhe feição definitiva, como
previsão de um evento. E é tarefa sumamente difícil a ele referir sem
tocarmos, mesmo que levemente, nas circunstâncias de tempo e lugar que
lhe sejam atinentes.
4 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed.São Paulo: Noeses, 2018, Item
2.5 (Conceitos gerais do antecedente da regra-matriz de incidência tributária), Capítulo 2.
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Para obviarmos tal empecilho é preciso fazer abstração absoluta dos
demais critérios (o que só é possível no plano lógico-abstrato) e procurar
extrair não o próprio fato, mas um outro evento que, uma vez condicionado
no tempo e no espaço, venha a transformar-se no fato hipoteticamente
descrito...”
Assim, o critério matéria da hipótese tributária poderá ser entendido como o
comportamento de alguém, seja ela física ou jurídica (neste momento, indifere para fins
de explanação), bem como a sua ação (ser, dar, fazer, ter) obtida através de abstração
da hipótese prevista.
• CRITÉRIO ESPACIAL: aqui, tratamos das circunstâncias de onde, de forma
delimitada, acontecerá o fato jurídico. Acrescenta ainda em seu livro, o
Professor:
“... o critério espacial das normas jurídicas de um modo geral e,
particularmente, das regras-matrizes de incidência tributária, pode conter
outros elementos mais específicos que venham em complemento daquele
dado genérico, no sentido de possibilitar o reconhecimento do condicionante
temporal do comportamento abstraído da hipótese. Pondere-se, outrossim,
que esta especificidade pode dar-se tanto de norma restritiva do âmbito
espacial da legislação produzida pelo ente político em face da sua
territorialidade; quanto de modo extensivo, e, nesta medida, em caráter
extraterritorial, quando for objeto de acordos e consecutivas estipulações
por meio de convênios.”
Assim, de acordo com o exposto acima, chegamos à conclusão que o critério
espacial tem como diretriz geral, a condição da norma vigorar no domínio espacial do
território da entidade tributante, valendo-se apenas de sua extraterritorialidade quandohouverem convênios que assim denotem.
• CRITÉRIO TEMPORAL: condição pela qual nos permite observar qual o limite
temporal para que se possa falar sobre a incidência do fato previsto na norma.
Eluciada ainda Paulo de Barros Carvalho:
“... Basta dizer que define o momento em que nasce aquele vínculo jurídico
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disciplinador de comportamentos humanos. Seu exati conhecimento importa
determinar,com precisão, em que átimo surge o direito subjetivo público de
o Estado exigir de alguém prestações pecuniárias, por força do
acontecimento de um fato lícito, que não um concerto de vontades.”
Destaca ainda que nem todas as normas vêm em seu escopo o critério temporal,
onde seja possível a previsão ou não do momento certo para a realização do fato
descrito. Podendo ele ser implícito ou explicito. Assim, o professor continua em seu
raciocínio, definindo as hipóteses tributárias no tempo em duas, sendo a primeira, aquela
que define (explicita ou implicitamente) o momento da ocorrência do fato jurídico, e a
segunda, que seriam aquelas que não definem a exatidão do momento, podendo ocorrer
a qualquer momento, como por exemplo o ICMS.
Ao falarmos acerca de um critério pessoal para comporta a hipótese de regra matriz
de incidência tributária, o Professor5:
“Efetuadas as devidas abstrações lógicas, identificaremos, no descritor da
norma, um critério material (comportamento de uma pessoa, representado
por verbo pessoal e de predicação incompleta, seguido pelo
complemento), condicionado no tempo (critério temporal) e no espaço
(critério espacial). Já na consequência, observaremos um critério pessoal
(sujeito ativo e sujeito passivo) e um critério quantitativo (base de cálculo e
alíquota).” (sem grifos no original).
Assim, podemos finalizar e resumir com a seguinte fórmula:
D { [ Cm ( v . c ) . Ct . Ce ] → [ Cp ( Sa . Sp ) . Cq ( bc . al ) ] }
Em que: D representa a cópula deôntica; Cm é o critério material, composto por um
verbo v e um complemento c; Ct é o critério temporal; Ce é o critério espacial; Cp
significa o critério pessoal, formado pela indicação de um sujeito ativo Sa e um sujeito
passivo Sp; Cq é o critério quantitativo integrado por uma base de cálculo e uma alíquota.
5 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 2018, Item
3.1.1 (A fórmula abstrata da regra matriz de incidência) fls. 606
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Desta forma, observamos a desnecessidade de um critério pessoal na composição
RMIT, uma vez que o RMIT está no critério antecedente e o critério pessoal está no
conseqüente.
3. Que é incidência? Descrever, com suas palavras, a fenomenologia da incidência
tributária, diferenciando, se possível, incidência de aplicação do direito.
Aos falarmos tecnicamente a despeito da Incidência, podemos concluir que, esta
requer por um lado uma norma jurídica válida e vigente e por outro, a realização do
fenômeno previsto na norma.
Para o Professor Paulo de Barros Carvalho6, aquilo que convencionou-se a chamar de
“incidência” é, na realidade, uma operação entre a norma geral e abstrata com a norma
individual e concreta (subsunção). Finaliza ainda a importância dos dois pólos da
relação para que a o evento “incidência” ocorra:
“... Tecnicamente, interessa sublinhar que a incidência requer, por um lado,
a norma jurídica válida e vigente; por outro, a realização do evento
juridicamente vertido em linguagem, que o sistema indique como própria e
adequada.”
Podemos dizer que, é possibilidade de determinado sujeito enquadrar-se
exatamente na norma tipificada no texto, como por exemplo, ao auferir renda devemos
pagar determinado imposto sobre este valor.
Simplificando o fenômeno da incidência tributária com o acontecimento do caso
previsto na norma (hipótese tributária) competente para tanto, de forma que será possível
instaurar os efeitos jurídicos nela previstos. Assim, o agente, na qualidade do sujeito ativo
será investido de poderes de exigir da outra, denominada aqui de sujeito passivo o
cumprimento de terminação prestação pecuniária (tributo). Já, quando falando de
incidência no mundo do direito, é uma situação qualquer (não necessariamente tributária)
que ocorre no mundo jurídico.
6 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 2018. Item
2.9. (A regra-matriz de incidência) do Capítulo 2. Fls. 152
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4. Que é evento? E fato? E fato jurídico? Qual a relação entre fato jurídico e teoria das provas?
O evento puramente dito,pode ser entendido como qualquer acontecimento no
mundo, que não ocorre no mundo jurídico.
O evento, na visão ontológica, no sentido de realidade social concreta, para vestir o
caráter jurídico precisa ser transcrito em linguagem competente, ou seja, aquela
linguagem juridicamente admitida como capaz para constituir o antecedente normativo
e estabelecer o vínculo relacional entre agentes do direito no plano concreto e
individual. Acrescentemos que o fato bruto, o suporte fáctico, é plurilateral; o fato
jurídico é que é, todo ele e exclusivamente, jurídico7.
Temos como FATO todas as construções de linguagens e estas são
representações do próprio evento8. Cada fato, e que gramaticalidade própria, sendo
jurídica, quando constituinte de fato jurídico, contábil, dentre outras..
Ao falarmos de fato jurídico, ensina Paulo de Barros:
“...Posto isso, perceberemos que a construção do fato jurídico nada mais é
que a constituição de um fraseado normativo de uma norma individual e
concreta, dentro das regras sintáticas ditadas pela gramática do direito,
assim como de acordo com os limes semânticos arquitetados pela hipótese
da norma geral e abstrata.
(...)
Na constituição do fato jurídico,a análise relacional entre a linguagem social
e a linguagem jurídica, redutora da primeira, sobrepõe-se a esse
conhecimento sinzético, obtendo como resultado um novo signo,
individualizado no tempo e no espaço do direito e recebendo qualificação
jurídica: eis o fato jurídico.”
7 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª Ed. São Paulo: Noeses, 2018, Item
2.9 (A regra-matriz de incidência) do Capítulo 2. Fls. 148
8 CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de direito tributário, 30 ed. São Paulo:Saraiva, 2019, Capítulo IX. Fls.
315
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Assim, será correto dizer que Fato Jurídico é uma subcategoria do fato, uma vez
que trata-se de fenômeno próprio do ramo do Direito, onde há um sistema próprio e tão
somente a ele faz sentido. Desta forma, um mesmo fenômeno pode-se construir tanto um
fato jurídico, como também um fato contábil ou filosófico, entretanto, apenas as
significações jurídicas que valerão no momento implicação do conseqüente normativo.
Ainda, após o estudo e designação jurídica do fato, este não será apenas visto do
ponto de vista do mundo do direito, como também a relações alheias,entretanto, não terá
como qualitativo o termo “jurídico” ou seja, não se enquadrará mais nas regras previstas
no ramo do direito mas agora sim, no ordenamento de interpretação advinda dela,como
por exemplo a interpretação de um mesmo fato sob a ótica econômica ou filosófica. “São
categorias que tomam o mesmo universo, mas que não se intercruzam. Ou seja, de um
mesmo evento pode-se construir um fato jurídico ou um fato contábil;”
5. Por que a expressão “fato gerador” é equívoca? Analisar os arts. 4º; 16, 105, 113, §1º, 114
e 144 do CTN e o AREsp 215273 (vide anexo I), explicando o sentido em que o termo
“fato gerador” foi empregado em cada uma de suas aparições.
Muito se tem discutido acerca do termo “fato gerador” pois este pode causar grande
confusão àqueles que lêem. Paulo de Barros denota os dois sentidos pelo qual podem
ser interpretados o fato gerador:9
“Consultando-se as preferências dos autores de cada país, as citadas
elocuções foram-se radicando, com maior ou menor intensidade, mas
invariavelmente acompanhadas de um vício muito grave, qual seja a de
aludirem, a um só tempo, a duas realidades essencialmente distintas: a) a
descrição legislativa do fato que faz nascer a relação jurídica tributária; e b)
o próprio acontecimento relatado no antecedente da norma individual e
concreta do ato de aplicação”.
Desta forma, apenas seria possível falar em fato gerador no momento exato em
9 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019, Capítulo IX.
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que estiver completa a figura do tipo, ou seja, a previsão em lei. Exemplifica ainda o
professor em seu livro Direito Tributário, linguagem e método que, “Se for constituído,
digamos, por 100 elementos e apenas 99 ocorrerem, nada existirá de relevante para o
direito..” Em sua visa, caso isso ocorra, para o mundo do direito, nada terá ocorrido uma
vez que o fato não se consumou.
Com este mesmo pensamento de equívoco, eluciada também Regina Helena
Costa10:
“ Outra expressão ensejadora de divergência é fato gerador.
Diversos autores a têm rechaçado, em razão de sua equivocidade, uma vez
que tanto traduz a situação hipotética, estampada da norma legal, quanto a
concretização dessa situação, hábil a fazer surgir a obrigação tributária.
Vale dizer o legislador emprega a mesma expressão para designar
realidade distinta.
Assim, ao mencionar-se a expressão “fato gerador”, faz-se necessário
esclarecer em que sentido se a está empregando,especificando-o: o fato
gerador in abstracto, para a hipótese normativa, ou fato gerador in concreto,
para situação efetivamente ocorrida.
“Daí por que boa parte da doutrina utiliza outras expressões para
designar tais situações.”
Enquanto ainda previsto (fato imponível) ainda não pode ser considerado como
“fato gerador” e apenas após a incidência no previsto na norma que teremos o fato
gerador.
• ART. 4º11. - fato gerador empregado no sentido de necessidade de
ocorrência de hipótese prevista em lei (válida) para a cobrança tributária (hipótese
10 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário - 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, Parte III – O CTN e
Suas Normas Gerais in Fato Gerador fls. 206.
11 Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação,
sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
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tributária);
• ART. 1612 - neste caso, fato gerador foi empregado no sentido que para incidir
um imposto não haveria a necessidade de qualquer necessidade de atividade do
Estado, de forma que, dependerá da ocorrência do tipo previsto no mundo nos fatos;
• ART. 10513 - aqui, vemos que leva-se em consideração um critério temporal,
onde, resta claro que um tributo só poderá ser cobrado a partir de determinado
momento;
• ART. 113 § 1º14 - diferencia-se de obrigação principal e acessória, informando
a partir de quando o tributo poderá ser cobrado;
• ART. 11415 - aqui de fato temos o que é o fato gerador explicado pelos
doutrinadores aqui comentados;
• ART. 14416- fala-se no lançamento tributário, que ocorrerá após a ocorrência
do fato gerador (como visto na elucidação do art. 114);
• ARESP 215273 – aqui aplica-se o fato gerador pode ser entendido como a
ocorrência no mundo real facto de acordo com o previsto na legislação pertinente, de
forma que acarretará na obrigação “a partir de então”, ocorrerá com o
aperfeiçoamento do RMIT.
6. Diferençar: a data do fato jurídico tributário da data no fato jurídico tributário (vide
anexo II) e, os conceitos de erro de fato e erro de direito.
12 Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
13 Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim
entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
14 Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
15 Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência.
16 Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então
vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
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Primeiro, importante salientar que para que seja tido como fato jurídico tributário,
a ocorrência da vida real, descrita no suposto da norma individual e concreta expedida
pelo órgão competente, tem de satisfazer a todos os critérios identificadores tipificados na
hipótese da norma geral e abstrata.
Assim, a data NO fato jurídico (legislação material) decorre de acontecimento no
mundo, ou seja, está ligado a aplicação do conteúdo previsto na norma de acordo com o
tempo que ocorreu. Já DO fato jurídico (legislação processual) refere-se a matéria
aplicável àquele fato jurídico. Encontramos a diferença onde, enquanto este mostra-se a
aplicação da previsão legal (a exata norma) quanto áquele mostra em que momento
ocorreu aquele determinado fenômeno.
No RESP nº 964.151/PR entendeu que o fato gerador ocorreu no momento em que é
efetivado o registro de exportação (RE), ou seja, a data no fato.
No mundo do direito entedemos comu erro de fato, aquele liga a prova, ou seja um
equivoco nas provas que seriam capazes de comprovar se é possível ou não a aplicação
de detemerinada norma.
Já o erro de direito, é o limite da norma a ser aplicada no caso concreto, ou seja, há
um problema na subsunção, há um engano no enquadramento legal.
7. Identifique nos acórdãos abaixo qual foi o critério da regra matriz de incidência tributária
objeto da ação judicial:
a) Recurso Extraordinário. Tributário. 2. Não incide Imposto de Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA) sobre embarcações(Art. 155, III, CF/88 e Art. 23, III e § 13, CF/67
conforme EC 01/69 e EC 27/85). Precedentes. 3. Recurso extraordinário conhecido e
provido. (STF - RE: 379572 RJ, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento:
11/04/2007)
CRITÉRIO MATERIAL – já que este é possuir veículo automotor, excluindo-se assim, as
embarcações.
b) RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE
DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO
ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do
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ICMS tomando-se cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adota-se o
sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês,
considerando-se o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas
saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica
do princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155,
§ 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a
cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a
escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de
faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de
cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n.
9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido
integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a
transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento
da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da
contribuição ao PIS e da COFINS. (STF – RE 574706 / PR, Relatora: Min. Carmem Lucia)
CRITÉRIO TEMPORAL – Já que nas razões de decidir estão elencados o momento da
apuração do credito bem como de sua efetiva incidência.
c) “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ISS. ARRENDAMENTO
MERCANTIL. OPERAÇÃO DE LEASING FINANCEIRO. ARTIGO 156, III, DA CONSTITUIÇÃO
DO BRASIL. O arrendamento mercantil compreende três modalidades, [i] o leasing
operacional, [ii] o leasing financeiro e [iii] o chamado leaseback. No primeiro caso há
locação, nos outros dois, serviço. A lei complementar não define o que é serviço, apenas o
declara, para os fins do inciso III do artigo 156 da Constituição. Não o inventa,
simplesmente descobre o que é serviço para os efeitos do inciso III do artigo 156 da
Constituição. No arrendamento mercantil (leasing financeiro), contrato autônomo que
não é misto, o núcleo é o financiamento, não uma prestação de dar. E financiamento é
serviço, sobre o qual o ISS pode incidir, resultando irrelevante a existência de uma compra
nas hipóteses do leasing financeiro e do leaseback. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.”(RE 592905, Relator Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em
02/12/2009
CRITÉRIO MATERIAL – Discute-se sobre o que incidiria ou não o imposto sobre
serviço, não mencionando em momento algum em que momento ou onde será prestado
o serviço.
d) PI – IMPORTAÇÃO – PESSOA NATURAL – AUTOMÓVEL – AUSÊNCIA DE ATIVIDADE
EMPRESARIAL DE VENDA – AFASTAMENTO PELO JUÍZO – INCIDÊNCIA DO TRIBUTO
RECONHECIDA NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL
CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da incidência do Imposto Sobre
Produtos Industrializados – IPI na importação de veículo automotor, quando o importador
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for pessoa natural e o fizer para uso próprio, considerados ainda os limites da lei
complementar na definição do sujeito passivo. (STF - RE 723651 RG / PR, Relator: Min. Marco
Aurélio)
CRITÉRIO TEMPORAL – discute-se acerca de quando incidirá o referido tributo, o que
neste caso, incide na ORIGEM.
e) TRIBUTÁRIO. FORNECIMENTO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR (SOFTWARE).
CONTRATO DE CESSÃO DE USO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PERSONALIZADOS. ISS.
INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE QUALQUER UM DOS VÍCIOS ELENCADOS NO ART.
535 DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE EFEITOS INFRINGENTES. 1. O entendimento de que a
jurisprudência desta Corte de Justiça firmou-se no sentido de que os programas de
computador desenvolvidos para clientes, de forma personalizada, geram incidência de
tributo do ISS não conflita com o conteúdo da Súmula Vinculante 31 do Supremo Tribunal
Federal, segundo a qual “é inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.”2. A embargante, inconformada,
busca, com a oposição destes embargos declaratórios, ver reexaminada e decidida a
controvérsia de acordo com sua tese.3. A inteligência do art. 535 do CPC é no sentido de que a
contradição, omissão ou obscuridade, porventura existentes, só ocorre entre os termos do
próprio acórdão, ou seja, entre a ementa eo voto, entre o voto e o relatório etc, o que não
ocorreu no presente caso. Embargos de declaração rejeitados. (STJ - EDcl no AgRg no AREsp:
32547 PR 2011/0101397-7, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS,
CRITÉRIO MATERIAL – Discute-se sobre o que incidiria ou não o imposto sobre
serviço, não mencionando em momento algum em que momento ou onde será prestado
o serviço.
8. O “princípio da universalidade da renda”, prescrito para as pessoas jurídicas no art. 25 da Lei
nº 9.249/1995 é prescrição que atua sobre qual(is) critério(s) da regra-matriz de incidência
tributária? Descreva, ainda, como o comando desse dispositivo se relaciona com o domínio
espacial de vigência.
No princípio da universalidade, o IR deve incidir sobre todas as rendas auferidas
pelos contribuintes no período-base, e, o referido principio refere-se ao critério temporal e
material.
Por tratar-se de tributo Federal, este deverá incidir sobre todos que estão sob a
guarda da União.
9. A Lei nº 13.296/2008 do Estado de São Paulo prevê, em seu art. 4º, que o IPVA deverá incidir
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“no local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo neste Estado”. Construa a
regra-matriz de incidência tributária do IPVA e, considerando os comandos dos arts. 109 e
110 do CTN examinem a licitude da legislação paulista.
• CRITÉRIO MATERIAL: proprietário de veículo automotor;
• CRITÉRIO ESPACIAL: local do domicílio ou da residência do proprietário do
veículo automotor no estado de São Paulo. g
• CRITÉRIO TEMPORAL: 1º de janeiro para veículos usados, a data da ocmpra
para veículos novos, ou, a data do desembaraço aduaneiro para veículos
importados.
Ao analisarmos o referido Art. 4º pode-se constatar que o Estado de São Paulo
trouxe para si inovação no entendimento acerca do termo domicilio, delineando
requisitos próprios não encontrada no código civil ou em qualquer outra norma,
confrontando diretamente o trazido no art. 110 do CTN17
•
17 Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas
de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos
Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios,para definir ou limitar competências
tributárias.