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ARGUMENTAÇÃO-tipos de argumento

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ARGUMENTAÇÃO
ARGUMENTAR é a arte de convencer e persuadir.
CONVENCER
É saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa VENCER JUNTO COM O OUTRO (com = vencer) e não CONTRA o outro.
PERSUADIR
É saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. A origem dessa palavra está ligada à preposição PER, “por meio de” e a SUADA, deusa romana da persuasão. Significa “fazer algo por meio do auxílio divino”. 
DIFERENÇA ENTRE CONVENCER E PERSUADIR
CONVENCER é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. 
PERSUADIR é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize.
MANIPULAÇÃO
De acordo com o Dicionário Aurélio, manipular deriva do latim manipulare e significa dar formato a algo, produzir, forjar, maquinar, fazer funcionar; pôr em movimento; acionar, controlar, dominar. 
Manipulação é “um conjunto de ações desonestas altamente agressivas, destinadas a fazer com que alguém mude sua crença ou seu comportamento para beneficiar o manipulador.” (ZUKER, 1993, p. 10). 
Muitas vezes, conseguimos convencer as pessoas, mas não conseguimos persuadi-las. Podemos convencer um filho de que o estudo é importante e, apesar disso, ele continuar negligenciando suas tarefas escolares. Podemos convencer um fumante de que o cigarro faz mal à saúde, e, apesar disso, ele continuar fumando. Algumas vezes, uma pessoa já está persuadida a fazer alguma coisa e precisa apenas ser convencida. Precisa de um empurrãozinho racional de sua própria consciência ou da de outra pessoa, para fazer o que deseja. É o caso de um amigo que quer comprar um carro de luxo, tem dinheiro para isso, mas hesita em fazê-lo, por achar mera vaidade. Precisamos apenas dar-lhe uma “boa razão” para que ele faça o negócio. Às vezes, uma pessoa pode ser persuadida a fazer alguma coisa, sem estar convencida. É o caso de alguém que consulta uma cartomante ou vai a um curandeiro, apesar de, racionalmente, não acreditar em nada disso.
ARGUMENTAR É, POIS, A ARTE DE, GERENCIANDO INFORMAÇÃO, CONVENCER O OUTRO DE ALGUMA COISA NO PLANO DAS IDEIAS E DE, GERENCIANDO RELAÇÃO, PERSUADI-LO, NO PLANO DAS EMOÇÕES, A FAZER ALGUMA COISA QUE NÓS DESEJAMOS QUE ELE FAÇA. 
A RETÓRICA
A retórica, ou arte de convencer e persuadir, surgiu em Atenas, na Grécia antiga, por volta de 427 a. C., quando os atenienses estavam vivendo a primeira experiência de democracia. Nesse novo estado de coisas, era importante que os cidadãos conseguissem dominar a arte de bem falar e de argumentar com as pessoas, nas assembleias populares e nos tribunais. 
ATENAS
Para satisfazer essa necessidade, afluíram a Atenas, grandes mestres itinerantes que tinham competência para ensinar essa arte. Eles se autodenominavam SOFISTAS, sábios, aqueles que professam a sabedoria. Como eram mestres itinerantes, conheciam diversos usos e costumes, o que lhes dava uma visão de mundo mais abrangente que a dos atenienses.
A retórica professada por Sócrates e Platão trabalhava com a teoria dos pontos de vista ou paradigmas, aplicados sobre os objetos de seu estudo.
SENSO COMUM
Tudo aquilo que pensamos e fazemos é fruto dos discursos que nos constroem, enquanto seres psicossociais. Entre todos os discursos que nos governam, o mais significativo deles é o DISCURSO DO SENSO COMUM. Trata-se de um discurso que permeia todas as classes sociais, formando a chamada opinião pública. Uma fonte desse discurso são os ditos populares, como: “Devagar se vai ao longe.” Esse discurso tem um poder enorme de dar sentido à vida cotidiana, porém tende a ser, retrógrado e maniqueísta.
PARADOXO E MARAVILHAMENTO
Os atenienses costumavam criar paradoxos (opiniões contrárias) contra o discurso do senso comum, levando seus ouvintes a experimentar uma espécie de maravilhamento, que é a capacidade de se surpreender com aquilo que o hábito vai tornando comum. Uma das técnicas do paradoxo era criar discursos a partir de um antimodelo. Escolhia-se um tema sobre o qual já houvesse uma opinião formada pelo senso comum e escrevia-se um texto contrariando essa opinião. Era o antimodelo.
Condições da Argumentação
1ª condição: definir uma tese e saber para que tipo de problema essa tese é resposta. Se queremos vender um produto, nossa tese é o próprio produto. Mas, além disso, é preciso saber qual a necessidade que o produto vai satisfazer.
2ª condição: ter uma “linguagem comum” com o auditório. Somos nós que temos de nos adaptar às condições intelectuais e sociais daqueles que nos ouvem, e não o contrário.
3ª condição: ter contato positivo com o auditório, com o outro. Nunca diga, por exemplo, que vai usar cinco minutos de alguém, se vai precisar de vinte minutos. É preferível dizer que vai usar meia hora. Não falar muito, saber ouvir para criar “audiência empática”, ou seja, ouvir dentro do sentimento do outro.
4ª condição: agir de forma ética. Devemos argumentar com o outro de forma honesta e transparente. Com isso, conferimos ao processo argumentativo a CREDIBILIDADE. 
 O AUDITÓRIO
Auditório é o conjunto de pessoas que queremos convencer e persuadir. Pode ser do tamanho de um país, durante uma comunicação em rede nacional de rádio e televisão e pode ser um pequeno grupo, dentro de uma empresa, mas pode ser uma única pessoa: um amigo, um cliente, ou um namorado ou namorada.
TIPOS DE AUDITÓRIO
AUDITÓRIO UNIVERSAL
 É o conjunto de pessoas sobre as quais não temos controle de variáveis. São homens e mulheres de todas as classes sociais, de idades diferentes, diferentes regiões do país e variadas profissões.
AUDITÓRIO PARTICULAR
 É um conjunto de pessoas que controlamos, como uma turma de alunas de uma escola de segundo grau. Trata-se de pessoas jovens, do sexo feminino e mesmo nível de escolaridade.
ARGUMENTOS FUNDAMENTADOS
 NA ESTRUTURA DO REAL
1. Argumento de Autoridade: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese. 	Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas. Veja:
O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” - a famosa frase-conceito do diretor Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado.
			 (Adaptado de Época, 14/04/2004)
2. Argumento por 
Causa e Consequência: 
Para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos). Observe:
Ao se desesperar num congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. 
São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como é inevitável a implantação de perigos. 
			(Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)
3. Argumento pelo exemplo ou Ilustração: 
A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos. Veja o exemplo a seguir:
A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos.
Somos mesmo?
Um rápido olhar sobre nossas práticascotidianas registra a amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades. Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comercial [...] 
(Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf.. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)
4. Argumento de Provas Concretas ou Princípio: 
Ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).
São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes.
			 (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)
5- Argumentação pelo modelo 
É uma variação da argumentação pelo exemplo. 
Os americanos costumam tomar George Washington e Abraham Lincoln como modelos de homens públicos. Aqui no Brasil, falamos em Oswaldo Cruz, Santos Dumont, mas também em Albert Einstein. Podemos dizer a um garoto que ele não deve acanhar-se de ter problemas em matemática (tese principal), pois até mesmo Einstein tinha problemas em matemática (tese de adesão inicial).
6- Argumentação pelo antimodelo 
Fala naquilo que devemos evitar. Segundo Montaigne, o antimodelo é mais eficaz que o modelo. Dizia ele, citando o estadista romano Catão, que “os sensatos têm mais que aprender com os loucos (antimodelo)do que os loucos com os sensatos”.
Contava também a história de um professor de lira que costumava fazer seus discípulos ouvirem um mau músico que morava em frente da sua casa, para que aprendessem a odiar as desafinações.
Um caso comum de antimodelo é o do pai alcoólatra. Raramente pais alcoólatras têm filhos alcoólatras. O horror ao antimodelo é tamanho que, muitas vezes, os filhos de alcoólatras acabam tornando-se completamente abstêmios.
7- Argumento do desperdício
Esse argumento consiste em dizer que, uma vez iniciado um trabalho, é preciso ir até o fim para não perder o tempo e o investimento. É o argumento utilizado, por exemplo, por um pai que quer demover o filho da ideia de abandonar um curso superior em andamento. Bossuet, grande orador sacro, bispo da cidade francesa de Meaux, utilizava esse argumento, ao dizer que os pecadores que não se arrependem e, dessa maneira, não conseguem salvar suas almas, estão desperdiçando o sacrifício feito pelo Cristo que, afinal, morreu para nos salvar.
Recurso de presença
O recurso de presença são procedimentos que têm por objetivo ilustrar a tese que queremos defender.
O melhor recurso de presença são as histórias.
Por isso, um argumento ilustrado por um recurso de presença tem efeito redobrado sobre o auditório. Então, procure sempre agregar histórias aos seus argumentos, assim eles ficarão mais sedutores. 
Persuadindo as pessoas
Persuadir é conseguir que as pessoas façam alguma coisa que queremos e, para isso, precisamos gerenciar de forma positiva nosso relacionamento com elas.
Isso só é possível se conseguirmos saber O QUE O OUTRO TEM A GANHAR, fazendo o que queremos. 
Aquilo que queremos deve ficar em segundo plano. 
O que temos a ganhar, quando conseguimos persuadir um filho a estudar ou consolar um amigo por uma perda, senão a satisfação de ter conseguido esses objetivos?
 
Nossa primeira lição de persuasão é: educar nossa sensibilidade para os valores do outro: os VALORES ÉTICOS.
 
Diante de neonazistas, seria persuasivo concordar com seus desejos de eliminar os judeus. Mas seria ético?
VALORES E EMOÇÕES
O senso comum diz que o homem é um ser racional. Porém, pesquisas recentes revelam que somos seres principalmente emocionais.
O que há de racional, quando seres humanos da mesma fé são capazes de se matar por diferenças insignificantes?
As emoções estão ligadas aos sentimentos de: amor, raiva, alegria, tristeza, etc.
VALORES E EMOÇÕES
Raiva, medo e tristeza são emoções disfóricas.
Amor e alegria, eufóricas. 
Nossos valores estão ligados às emoções eufóricas.
No arquivo das nossas emoções eufóricas, existem valores ligados ao ÚTIL e outros ligados aos SENSÍVEL.
Dinheiro, automóvel, comida: valores ligados ao útil. 
Torcer para um time de futebol, ouvir música, fazer turismo, possuir joias ou automóveis sofisticados: valores ligados ao sensível.
Valores podem ser concretos, como os citados, ou abstratos, como justiça, amizade e honestidade. 
Hierarquia de valores
A hierarquia de valores varia de pessoa para pessoa, em função da cultura, das ideologias e da própria história pessoal.
Em um processo persuasivo, é mortal rejeitar um valor do auditório. Imagine alguém diante de uma assembleia de corinthianos, dizer que o Corinthians não tem condições de ganhar o campeonato. Imagine alguém em um convento de freiras dizer que a castidade é uma tolice. 
RE-HIERARQUIZAÇÃO DE VALORES
Como descobrir a hierarquia de valores do outro?
Pela intensidade de adesão a eles, isto é, a intensidade de valores diferentes sinaliza uma escolha hierárquica. 
Se perguntarmos a uma garota como idealiza o homem com quem gostaria de se casar, ela nos citará valores como beleza, riqueza, cultura, fidelidade, etc. 
Se perguntarmos a ela se preferiria casar-se com um homem extremamente belo e rico, mas infiel ou com um menos rico e bonito, mas extremamente fiel e sua adesão à segunda opção for maior, teremos aí uma hierarquia estabelecida.
Fatores culturais, históricos e ideológicos influem na elaboração dos valores e hierarquias. 
A Idade Média foi caracterizada pelo teocentrismo, cujo valor hierarquizante dominante era Deus.
O Renascimento foi caracterizado pelo antropocentrismo, cujo valor hierarquizante era o homem.
AS PALAVRAS
As palavras são como fios, com as quais vamos tecendo nossas ideias, em forma de texto.
Quando usamos uma palavra, estamos fazendo uma escolha de como representar alguma coisa.
As palavras que escolhemos têm enorme influência em nossa argumentação. 
Exemplo: história do cego e do publicitário. O que o publicitário fez foi apresentar o fato aos transeuntes, de um outro ponto de vista, por meio das palavras.
Além disso, as palavras não se encontram organizadas em nossa memória, mas em relações associativas.
Para sermos criativos na escolha das palavras-chave que pretendemos usar em nossa argumentação, precisamos silenciar nosso pensamento lógico e divagar por entre sentidos e sons, anotando as palavras que vão surgindo por livre associação para só então fazer escolhas.
A eficácia das palavras certas
Havia um cego sentado numa calçada em Paris. A seus pés, um boné e um cartaz em madeira escrito com giz branco gritava: “Por favor, ajude-me. Sou cego”. Um publicitário da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz e com o giz escreveu outro conceito. Colocou o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.
Ao cair da tarde, o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Seu boné, agora, estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pegadas do publicitário e perguntou se havia sido ele quem reescrevera o cartaz, sobretudo querendo saber o que ele havia escrito.
O publicitário respondeu: “Nada que não esteja deacordo com o conceito original, mas com outras palavras”. E, sorrindo, continuou o seu caminho. O cego nunca soube o que estava escrito, mas seu novo cartaz dizia: “Hoje é primavera em Paris e eu não posso vê-la”.
              (Maria Luíza M. Abaurre e Maria Bernadete M. Abaurre)
FIGURAS RETÓRICAS
São recursos linguísticos usados a serviço da persuasão.
Se dissermos que uma criança precisa apenas brincar e não aprender a ler aos três anos de idade, contrariamente a algumas teorias recentes, estaremos simplesmente enunciando uma tese, tendo por objetivo convencer alguém. Entretanto, se dissermos que uma criança precisa aprender a ler aos três anos, tanto quanto um peixe precisa aprender a andar de bicicleta, isso já tem um efeito persuasivo, pelo confronto de ideias.
FIGURAS DE RETÓRICA
As figuras Retóricas se dividem em:
FIGURAS DE SOM
FIGURAS DE PALAVRA
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
FIGURAS DE PENSAMENTO
FIGURAS DE SOM
Essas figuras estão ligadas à seleção por sua sonoridade. Exemplos:
Pense FORTE, pense FORD! 
Devemos fazer isso depressa, mas não às pressas.
FIGURAS DE PALAVRA
 METÁFORA E METONÍMIA
METONÍMIA: a parte pelo todo.
 Nos versos de Vinícius de Moraes: 
 Os meus braços precisam dos teus / Teus abraços precisam dos meus.
 o uso de parte das pessoas (braços) ou de suas ações (abraços) tem o efeito de tornar concreto o sentimento de necessidade de afeto do outro.
METÁFORA: transferência do sentido próprio para o figurado. 
 Metáfora da restauração (médica)
O governo criou a QUIMIOTERAPIA do real para estirpar o CÂNCER da inflação, mas as taxas de juro estão impedindo recuperação completa da economia.
 Metáfora da limpeza
A poluição afeta o organismo, principalmente no inverno. Como não há remédio para o problema – é impossível varrer carros e indústrias do planeta –, o melhor é aprender a conviver com o mal.
 Metáforas criativas (de construção)
Toda a vida não é mais que uma união. Uma união de pedras é edifício; uma união de tábuas é navio; uma união de homens é exército.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
Pleonasmo, hipálage, anáfora, epístrofe e concatenação
PLEONASMO: repetição daquilo que está óbvio.
Nos Sermões de Vieira, logo em seguida à exposição de um argumento, é comum a sua repetição com palavras bíblicas. 
Observe no trecho do: “Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda” o que ele diz a Deus:
 Sei eu, Legislador supremo, que nos casos de ira, posto que justificada, nos manda vossa santíssima Lei que não passe de um dia, e que antes de se pôr o Sol tenhamos perdoado: “Que o Sol não se ponha sobre a vossa ira” .
(no original em latim: Sol non occidat super iracundiam vestram) (epístola de São Paulo aos Efésios, IV: 26)
A tese principal de Vieira é que Deus, caso esteja irado contra o povo da Bahia, e, por esse motivo o pretenda castigar, cesse a ira e o perdoe, defendendo-o do ataque holandês.
Hipálage
Transferência de uma qualidade humana para entidades não humanas. 
 Conheço essa estrada genocida no começo da Rio-Petrópolis.
Note-se que o adjetivo “genocida”, aplicáveis a humanos, são atribuídos, nesse trecho, a uma estrada. 
Anáfora, epístrofe e concatenação
Anáfora: é a repetição de mesma palavra no início de frases sucessivas ou de palavras sucessivas na mesma frase. A função da anáfora é manter o fluxo de atenção do interlocutor sobre um conceito, durante uma exposição. 
Epístrofe: é a repetição de palavras no final de frases sucessivas.
Concatenação: consiste em iniciar uma frase com uma palavra do final da frase anterior. “Fecha-te, mas sem bater com a porta, na tua torre de marfim. E a tua torre de marfim és tu próprio.”
A anáfora, a epístrofe e a concatenação são recursos de gerenciamento de informação em um processo argumentativo. O enunciador mantém um fluxo de atenção de seus ouvintes concentrado em conceitos que para ele são importantes na construção de um argumento. 
FIGURAS DE PENSAMENTO
PARADOXO E ALUSÃO
PARADOXO: ideias contraditórias dentro de uma mesma frase. Exemplo:
Olha ao seu redor – as pessoas que você acha boas, quase sempre são fracas. A bondade delas não vem da força, vem da fraqueza. Elas são boas porque não ousam ser más. (B. S. Rajneesh, A semente de Mostarda)
ALUSÃO: é uma referência a um fato, a uma pessoa real ou fictícia, conhecida do interlocutor. Também conhecida como intertextualidade. Exemplo:
Será isto que é a alma, a ausência que mora em mim, e faz o meu corpo tremer. Não me canso de repetir esta coisa linda que disse Valéry: “Que seria de nós sem o auxílio das coisas que não existem?”

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