Buscar

A responsabilidade dos produtos pelo fornecedor2 (1)

Prévia do material em texto

Abner Douglas Crivoi Pinto
Josiel Barbosa dos Santos
A RESPONSABILIDADE DOS PRODUTOS PELO FORNECEDOR
Trabalho apresentado a Professora: Janaina Guimarães Mansilia, da disciplina de Interesses Difusos, Coletivos e Individual Homogênio II, do 5º ano, noturno, do curso de Direito. 
 
 
 
Santa Fé do Sul - SP
2020
1 INTODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988, no tocante dos Direitos e Garantias Fundamentais, estabeleceu no seu Art. 5º, no inciso XXXII, que "o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor". No tocante do Art. 48, do Ato das disposições Transitórias, traz a seguinte determinação: "O Congresso Nacional, dentro de 120(cento e vinte) dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do Consumidor" A codificação ocorreu depois de decorridos quase 2(dois) anos. Dessa forma o Código foi votado e aprovado na Lei n. º 8.078, de 11 de setembro de 1990.
A introdução do Código de Defesa do Consumidor, representou uma conquista jurídico-constitucional das mais elevadas para os seus destinatários principais, os consumidores, possibilitando o amparo jurídico nas relações de consumo, as quais não possuíam uma lei especifica que trouxesse benefícios, direitos e responsabilidades na relação consumidor e fornecedor. A partir desse momento o mercado consumista passou para uma nova fase na qual possibilitou a introdução de diversas categorias de comerciantes, os quais possuíam receio de efetuar suas compras pois não possuía direitos próprios e o fornecedor não tinha a responsabilidade civil sobre o produto fornecido.
É importante ressaltar que o, Código de Defesa do Consumidor tem como objeto o interesse e direitos individuais e coletivos. A resolução pelos conflitos coletivos é a dinâmica do CDC, de forma contraria dos tradicionais estatutos já existentes, como os Código Civil, Comercial e Processo Civil.
Além das novas categorias incluídas, o comerciante passou a desenvolver uma segurança para realizar as suas compras, pois possuía direitos como consumidor e garantia sobre os produtos que adquiria.
O tema que será abordo está elencado na Lei nº 8.078, de 11 de novembro de 1990 (Código de Defesa do consumidor), o qual dispões sobre a proteção do consumidor e dá outras providencias. Na qual a figura do fornecedor de produtos e serviços tem a responsabilidade pelos produtos e serviços que são objetos de sua atividade nas relações de consumo.
1.1 CONCEITO DE CONSUMIDOR
Com o objetivo de facilitar a compreensão do tema acima, é necessária uma breve conceituação da figura de consumidor e de fornecedor, pois ambas exercem papeis diferentes na relação de consumo. 
Na figura de consumidor, podendo ser pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, pública ou privada, individual ou coletiva (direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos) e neste rol, também os consumidores equiparados. A determinação legal do sujeito como consumidor se dá de forma expressiva pelo " Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Conforme o artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor,é evidente que o consumidor tem o papel de consumerista, sendo aquele que efetua a compra de um produto ou serviço como destinatário final fático e econômico. 
É importante salientar que uma vez caracterizado o sujeito como consumidor, o mesmo, passa a ser tratado como vulnerável de forma absoluta, desse modo todas as garantias protetivas da codificação. No caso da hipossuficiência (desequilíbrio econômico, financeiro, político, social, técnico ou informacional) deve ser provada pelo consumidor com o objetivo de garantir o benefício da inversão do ônus da prova, a qual possui regulamentação legal no art. 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor.
Em relação ao destinatário final fático e econômico, ambas possuem diferenças. O consumidor fático é aquele que é o último na cadeia de consumo, ou seja, depois dele o produto não será passado adiante. Na destinação final econômica o consumidor não utiliza o produto ou serviço com a finalidade de obter lucro.
Contudo, a aplicação da teoria finalista não é absoluta, pois em diversas situações a sua aplicação acontece sem ponderação ocasionando em latente injustiça, como nos casos das pequenas empresas, empresários individuais e profissionais liberais, que apesar de utilizarem o produto ou serviço com o objetivo de lucro, os mesmos, não perdem o caráter vulnerável e muitas vezes hipossuficiente em relação ao fornecedor, isto por conta do desequilíbrio econômico, financeiro, político, social, técnico ou informacional.
Do outro lado temos a figura do fornecedor, a qual possui a sua conceituação legal de forma expressa no:
Conforme o art. 3º do Código de Defesa do Consumidor disciplina a figura de fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, publica, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produto ou prestação de serviços. (Brasil,1990, não paginado).
Após feita a conceituação e diferenciação de ambas figuras, consumidor e fornecedor, pode-se observar que possuem em comum a relação de consumo, tornando mais fácil a compreensão acerca da responsabilidade dos produtos pelo fornecedor.
2. A RESPONSABILIDADE DOS PRODUTOS PELO FORNECEDOR
A introdução do Código de Defesa do Consumidor, no ordenamento jurídico possibilitou um amparo jurídico para o consumidor, o qual foi possível a realização das suas compras de forma segura e respeitando os limites legais. O artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor elenca todos os direitos básicos que o consumidor possui.
Porém apenas possuir direitos como consumidor, não é o suficiente dentro da relação de consumo, pois se faz necessário que haja um responsável pelos produtos que serão vendidos. Sendo assim tal responsabilidade cabe ao fornecedor, pois o mesmo, sabe da qualidade do produto eu ele está fornecendo e a melhor forma para que a entrega chegue intacta para o consumidor e não cause transtornos futuros para o consumidor.
Dessa forma o Código de Defesa do Consumidor elenca no seu artigo 12, as responsabilidades pertinentes ao fornecedor, devendo o mesmo, respeitar e exercer as suas atividades conforme a lei estabelece, para que dessa forma possa haver uma relação de consumo na qual o consumidor possa ter os seus direitos e o fornecedor ser responsável pelos produtos vendidos.
3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR
3.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA PELO FATO DO PRODUTO
Trata o Código de Defesa do Consumidor relativamente à obrigação de indenizar do fornecedor tendo como consolidação entre a existência do defeito, o dano gerado e o nexo causal, entre o defeito do produto e o ato lesivo. Mais especificamente pela a parte fornecedora responde pelos produtos e serviço prestado independentemente de culpa como bem preceitua em seu artigo 12, respondendo pela reparação dos danos causados ao consumidor. Vejamos:
O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, formulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (BRASIL, 1990, não paginado).
Denotasse que o referido artigo consagra a objetividade, não se preocupando com a existência de culpa tornando-se irrelevante, pelo fato de que leva-se em consideração a demonstração do dano causado ao consumidor por defeitos, insuficiência e inadequação das informações de produtos e defeitos disponíveis no mercado. Em suma, concentra-se nos produtos e serviços.
Adota no código a responsabilidade objetiva decorrente da teoria do risco criado onde os fornecedores são os responsáveis legais para ressarcir danospela mera colocação no mercado de consumo produtos e serviços que deveriam adequarse aos princípios norteadores do CDC, principalmente quanto a saúde, segurança e bem-estar do consumidor. 
Como bem preceitua o ilustre doutrinador João Batista de Almeida:
“...como regra, é o fornecedor o responsável pelo fato do produto ou do serviço (CDC, art.12), pelo simples fato de que o fabricante, o produtor, o construtor e o importador são os autores da colocação no mercado do produto defeituoso, sendo natural, portanto, que assumam os riscos dessa conduta e arquem com os encargos decorrentes da reparação de danos das atividades que lhes são próprias, como projeto, fabricação, construção, montagem, manipulação ou acondicionamento, além daquelas decorrentes de insuficiência ou inadequação de informações sobre utilização e riscos os produtos e serviços. Em todos os casos a responsabilidade se mostra clara e evidente, tendo em vista o elo entre o fornecedor e o produto ou serviço.” (ALMEIDA, 2015, pag. 86-87).
Assim sendo, não é adequado o réu alegar em sua defesa a inexistência de culpa ou dolo, por tratar-se de responsabilidade objetiva, devendo antenar em demonstrar que: a) não colocou o produto no mercado; b) que embora tenha disponibilizado, o defeito inexiste; c) a culpa é exclusiva do consumidor ou do terceiro.
3.2 A RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
O Código de Defesa do Consumidor, logo após a disciplina concernente à responsabilidade por fato do produto e do serviço, ou seja, responsabilidade decorrente dos acidentes de consumo, regulamenta os chamados vícios dos produtos e dos serviços, tratados nos artigos 18 a 25 do CDC.
Segundo Rizzato Nunes (2014, pag. 235), define que o vício de qualidade é aquele em que o produto se torna impróprio ou inadequado para o fim que se destina, ou ainda que diminua o valor do produto ou, por fim, que esteja em desacordo com o contido nas informações prestadas pelo fornecedor.
Em resumo o vício voltado a qualidade de dá quando o produto não funciona de maneira eficaz, não se adequando as necessidades a que se destinava.
Em relação ao vício de quantidade, diz respeito ao produto que não respeita a quantidade liquida informada em sua embalagem ou recipiente, conforme regulamentação do artigo 19º do CDC. 
Quanto ao vício direcionado ao serviço, esses estão previstos no artigo 20º, caput, do CDC, onde diz que o responsável “fornecedor”, o termo é utilizado no singular, se referindo ao fornecedor direito, ou seja, ao prestador de serviços. No entanto deve-se ressaltar que mesmo que se estabeleça a responsabilidade do fornecedor direito, não deixará de existir a solidariedade, vez que há normas expressas a respeito e em muitos casos e tipos de serviços prestados o fornecedor utiliza serviços e produtos de terceiros.
4 CONCLUSÃO
Como exposto por este trabalho, é certo que o aumento das necessidades dos indivíduos e de produtos e serviços que atendessem a essa demanda, desenvolveu-se as produções em massa e a colocação no mercado de consumo, aumentando-se consequentemente defeitos e vícios dos produtos e serviços disponibilizados, mesmo com todo o controle na fabricação e prestação destes. Assim, o Código de Defesa do Consumidor, surgiu com o intuito principal de equilibrar as relações jurídicas de consumo, trazendo direitos e deveres para ambas as partes, e quanto aos defeitos e vícios dos produtos e serviços, em especial, a responsabilidade civil dos fornecedores, tendo como escopo oferecer maior efetivação a lei, no caso, os direitos dos consumidores. 
Como visto por todo o exposto, podemos concluir que o Código de Defesa do Consumidor é fundamental ao desenvolvimento social e econômico dos ser humano quanto indivíduo e coletividade, haja vista a facilidade do indivíduo consumidor em ter acesso a eventuais reparações dos danos causados por meio do tema em tela, tendo como premissa o dever de disponibilizar produtos e prestar serviços de qualidade que não venham causar riscos à saúde e segurança do consumidor.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Batista de Almeida. Manual de Direito do Consumidor. São
Paulo: Saraiva, 2015.
BRASIL. Lei 8.078/90, 11 de setembro de 1990. Institui o Código de Defesa do Consumidor. Diário Oficial da União. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ Leis/L8078.htm. Acesso em 29 de setembro de 2020.
JUNIOR, Manoel Martins. A Responsabilidade Civil do fornecedor pelo fato do produto no Código de Defesa do Consumidor.sedep.2008. Disponivel em<https://www.sedep.com.br/artigos/a-responsabilidade-civil-do-fornecedor-pelo-fato-do-produto-no-codigo-de-defesa-do-consumidor/> Acesso em : 29 de setembro de 2020.
RODRIGUES, Marcel André. A responsabilidade Civil e o Código de Defesa do Consumidor. Jusbrasil. 2014. Disponível em: <https://tecnoblog.net/247956/referencia-site-abnt-artigos/>Acesso em : 30 de setembro de 2020.

Continue navegando