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Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE EIXOS 1 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Tipos de Eixos Eixos são elementos básicos e fundamentais em conjuntos mecânicos, sendo responsáveis pela ligação e transmissão de movimento entre diversos componentes. Eixo é um elemento rotativo ou estacionário que não está sujeito à esforços de torção. Eixo árvore é um elemento rotativo ou estacionário que tem montado sobre si outros componentes como polias, mancais, engrenagens, volantes, etc. e estão sujeitos à tensões de tração, compressão, flexão e torção atuando isoladamente ou de maneira combinada. Quando estas tensões atuam isoladamente, cálculos convencionais da mecânica dos sólidos podem ser usados no seu projeto. Quando as tensões atuam de forma combinada, deve-se considerar resistência à fadiga e a cargas estáticas como aspectos importantes de projeto. Eixo Árvore Maciço Roscado e Chavetado 2 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Tipos de Eixos Os eixos e árvores, geralmente tem seu formato com seção transversal circular, contando com variações dimensionais, entalhes, ressaltos, chanfros e arredondamentos de forma a acomodar os elementos por eles suportados. Quanto ao tipo, podem ser: • Maciço: são a maioria devido à facilidade de obtenção e fabricação; • Vazado: utilizados quando o peso é fator decisivo como em eixos de aviões; • Estriado: garantem boa concentricidade e transmitem torque com aplicações em barras de direção automotiva, por exemplo; • Ranhurado: úteis quando é necessária a transmissão de grandes torques; • Roscado: torna-o um elemento de transmissão ou eixo prolongador; • Cônico: garante boa concentricidade e auxilia no suporte a cargas axiais; • Flexível: suporta altas velocidades e cargas baixas (cabo de velocímetro). E ix o R a n h u ra d o 3 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Exemplos de Eixos Vazados 4 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Material de fabricação Os eixos e árvores são fabricados em aço ou ligas de aço devido às melhores propriedades mecânicas destes materiais em relação aos demais. • Eixos com baixa solicitação mecânica são fabricados em aço carbono (ABNT 1030 e 1045) • Eixos-árvore de máquinas e automóveis são fabricados em aço Ni- Mo (ABNT 4640) ou Ni-Cr-Mo (ABNT 8640) • Eixos-árvore para altas rotações ou em bombas e turbinas são fabricados em aço Cr-Ni (ABNT 3140 e 3150) • Eixos de locomotivas são fabricados em aço ao Manganês. E ix o C a rd a m 5 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Configurações Geométricas Típicas 6 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Configurações Geométricas Típicas Ressaltos Linhas de Forças 7 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Concentração de tensão em eixos com rasgos de chaveta 8 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento Os eixos-árvores podem ter seu projeto baseado em dois pontos de vista baseado em dois pontos de vista: • Deflexão e rigidez a) Deflexão flexional b) Deflexão torcional c) Inclinação em mancais e em elementos suportados do eixo d) Deflexão de cisalhamento decorrente de carregamento transversal de eixos curtos • Tensão e resistência a) Resistência estática b) Resistência de fadiga c) Confiabilidade Quando elementos montados no eixo requerem limites estreitos de deflexão o eixo deve ser dimensionado com base na deflexão. Nestes casos, a árvore será rígida o suficiente para manter as tensões abaixo dos limites aceitáveis. 9 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento – Carregamento Estático ou Quase Estático – Avaliação das Tensões O carregamento estático ou quase estático pode ocorrer em algumas aplicações ou ainda ser utilizado como primeira avaliação de dimensionamento de eixos. A tensão em um elemento localizado na superfície de um eixo sólido e redondo, de diâmetro d, sujeito à flexão, carregamento axial e torção, é: Com o uso do Círculo de Mohr é possível obter as tensões principais Estas podem ser combinadas para obter a tensão de von Mises Ou para obter a máxima tensão de cisalhamento 23 432 d F d M x 3 16 d T xy 2 2 22 , xy xx BA 2222 3' xyxBBAA 22 4 2 xyx BA máx 10 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento – Carregamento Estático ou Quase Estático – Avaliação das Tensões Fazendo as devidas substituições nas equações anteriores é possível obter as seguintes relações: Considerando um coeficiente de segurança n as equações acima ficam: Considerando que a força de tração F é desprezível e incluindo os fatores de concentração de tensão das tabelas de Peterson, as equações ficam: 22 3 488 4 ' TFdM d 22 3 648 2 TFdM d máx 3 22 488 4 TFdM S n d y 3 22 648 4 TFdM S n d sy 3 22 34 16 TKMK S n d tst y 3 22 16 TKMK S n d tst sy 11 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento - Carregamento Cíclico - Avaliação das Tensões A análise de eixos sob ação de fadiga é realizada utilizando basicamente dois modelos de falha, os quais são os mais representativos em relação aos resultados obtidos em ensaios com eixos: • DE-Gerber: utiliza o modelo de falha da Energia de Distorção com a curva parabólica de falha por fadiga de Gerber, juntamente com a curva de Langer. • DE-Elíptico: utiliza o modelo de falha da Energia de Distorção com a curva elíptica de falha por fadiga da ASME, juntamente com a curva de Langer. Tipicamente, eixos árvores rotativos estão sujeitos à ação de momentos fletores e torção estacionários. Neste caso, o eixo será tensionado em flexão completamente inversa e com tensões devido à torção, constantes. Expressando a componente média como a tensão normal de von Mises fica: 3 32 d M a a 3 16 d Tm xym xaa ' 3' xymm 12 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento – Critério DE-Gerber O critério de falha por fadiga de Gerber é definido por: Fazendo as devidas substituições, incluindo os coeficientes de concentração de tensão de fadiga e resolvendo para d e para n, fica: 1 '' 22 ut m e a ut m e a S n S n S S S S 3 2 311 16 utaf emfs e af SMK STK S MnK d 2 3 311 161 utaf emfs e af SMK STK Sd MK n mfs af m a TK MK r 3 2 ' ' 13 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T OS D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento – Critério DE-elíptico ASME O critério de falha por fadiga elíptico da ASME é definido por: Fazendo as devidas substituições, incluindo os coeficientes de concentração de tensão de fadiga e resolvendo para d e para n, fica: 1 '' 2222 y m e a y m e a S n S n S S S S 3 22 34 16 y mfs e af S TK S MKn d 22 3 34 161 y mfs e af S TK S MK dn mfs af m a TK MK r 3 2 ' ' 14 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento - Avaliação das Deformações Em corpos materiais, a distorção é inevitável sob carga. Busca-se controlá-la de modo a evitar comprometer a funcionalidade: • Máximas inclinações admissíveis (q) • Mancal de rolos cilíndricos: 0,001 rad • Mancal de rolos cônicos: 0,0005 rad • Mancal de esferas: 0,0087 rad • Engrenagens de dentes retos: 0,0005 rad • Máximas deflexões admissíveis (y) • Engrenagens de precisão: 0,13 mm O projetista dispõe de uma escolha entre projetar para resistência e verificar a distorção, ou projetar para distorção e verificar para resistência. Deflexões Inclinações 15 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento - Avaliação das Deformações Considerando como exemplo o carregamento do eixo abaixo ilustrado, com dois mancais de extremidade e uma força transversal, é possível utilizar a teoria da equação da linha elástica para determinar as deflexões e inclinações ao longo do eixo, ou recorrer a tabelas e ao método da superposição: Chamando de V, o plano vertical e de H, o plano horizontal e considerando que várias forças podem atuar ao mesmo tempo ao longo do eixo, é possível reescrever as equações acima segundo o método da superposição. 222 6 Lbx EIL xbF y i ii AB 22 6 Lb EIL bF i ii A q Fi ai bi L x 2122222222 6 V iiiHiiiAB LbxbFLbxbF EIL x y 21222222 6 1 ViiiHiiiA LbbFLbbF EIL q 16 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento - Avaliação das Deformações Desta forma, é possível determinar a deflexão e a inclinação do eixo em vários pontos ao longo do seu comprimento. Se, ao examinar as deflexões ou inclinações for verificado que seu valor ultrapassou o limite admissível para determinado elemento montado numa posição do eixo, o diâmetro do eixo pode ser corrigido para atender a exigência de acordo com as equações abaixo: Sendo: dnew o diâmetro corrigido dold, yold, qold, respectivamente o diâmetro, deflexão e inclinação originais yadm, qadm, respectivamente a deflexão e inclinação admissíveis para o eixo, de acordo com as especificações dos elementos montados sobre ele. 4 . adm old oldnew y yn dd 4 . adm old oldnew n dd q q 17 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento – Velocidade Crítica Uma última verificação do eixo projetado fica por conta do cálculo da sua velocidade crítica de ressonância. Orienta-se que esta velocidade fique acima de duas vezes a máxima velocidade de trabalho. O peso próprio de um eixo horizontal em rotação define um primeiro valor de rotação máxima a ser considerado. Sendo: w1 = velocidade crítica fundamental (rad/s) l = comprimento do eixo (m) E = módulo de elasticidade do material do eixo (Pa) I = momento de inércia da seção transversal do eixo (m4) m = massa por unidade de comprimento do eixo (kg/m) g = aceleração da gravidade (m/s2) A = área da seção transversal do eixo (m2) g = peso específico do material do eixo (N/m3) g w A gEI lm EI l 22 1 18 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento – Velocidade Crítica Para um conjunto de acessórios montados sobre o eixo, o método de Rayleigh para massas discretizadas fornece a seguinte equação para a obtenção da velocidade crítica fundamental Sendo: w1 = velocidade crítica fundamental (rad/s) wi = módulo do peso (ou força transversal) na i-ésima localidade do eixo (N) yi = módulo da deflexão da i-ésima localidade do eixo (m) g = aceleração da gravidade (m/s2) 21 ii ii yw ywg w w1 w2 w3 y3 y1 y2 19 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento Considerando a deflexão como sendo o critério de falha, siga os passos abaixo: 1. Encontrar um diâmetro uniforme para o eixo de forma que os limites de deflexão não sejam excedidos. Esta etapa pode ser realizada com base no equacionamento ou tabelas de vigas sob carregamento transversal. Se a deflexão limitante for torcional proceder com os cálculos de torção. 2. Considerar os elementos de transmissão de potência para definir os diâmetros e comprimentos de ressaltos, orifícios e rasgos. 3. Tomando as novas dimensões, proceder uma nova análise de deflexão e inclinação incluindo um fator de segurança n e baseando-se no resultado do item 1 de acordo com as equações abaixo: 4. Realizar a análise de resistência empregando as teorias recomendadas de fadiga para eixos: DE-Gerber e DE-elíptica. Analise toda a extensão do eixo em busca de pontos críticos, com concentração de tensões (ou faça uma análise por elementos finitos). O material deve ser escolhido visando um nível de resistência e performance suficiente com o menor custo possível. 5. Finalmente, calcule a velocidade crítica do eixo e verifique se ela é pelo menos 2 vezes maior que a máxima velocidade de trabalho. 4 . adm old oldnew y yn dd 4 . adm old oldnew n dd q q 20 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Projeto e Dimensionamento Considerando a tensão como sendo o critério de falha, siga os passos abaixo: 1. Encontrar um diâmetro uniforme para o eixo de forma que os limites de tensão não sejam excedidos. Uma análise estática pode servir de ponto de partida para o dimensionamento prévio. 2. Considerar os elementos de transmissão de potência para definir os diâmetros e comprimentos de ressaltos, orifícios e rasgos. 3. Tomando as novas dimensões, realizar a análise de resistência empregando as teorias recomendadas de fadiga para eixos: DE-Gerber e DE-elíptica. Analise toda a extensão do eixo em busca de pontos críticos, com concentração de tensões (ou faça uma análise por elementos finitos). O material deve ser escolhido visando um nível de resistência e performance suficiente com o menor custo possível. 4. Calcule as deformações transversais (dy) e inclinações (q) e verifique se estão dentro de um valor aceitável para o bom funcionamento do eixo e componentes ligados à eles. 5. Finalmente, calcule a velocidade crítica do eixo e verifique se ela é pelo menos 2 vezes maior que a máxima velocidade de trabalho. 21 Prof. Me. Eng. Mec. Vagner Grison MEC0287 – PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS 1 E L E M E N T O S D E T R A N S M IS S Ã O Referências KLEBANOV, Boris M., BARLAM, David M., NYSTROM, Frederic E., “Machine Elements – Life and Design”. CRC Press. 2007. SHIGLEY, Joseph E., et.all., “Projeto de Engenharia Mecânica”. Editora Bookman. 7ª edição. 2005. 22
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