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Sentença e Coisa julgada - Giulia Christensen - Aula 05 Processo Civil

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AULA 05 – PROCESSO CIVIL
TEMA: Sentença e Coisa Julgada
PROFESSOR MONITOR: Giulia Christensen
@giuliachristensen ; @concursodosmeussonhos
Aula 05 – SENTENÇA, Reexame necessário, COISA JULGADA e ação
rescisória
05.I. SENTENÇA
Conceito
Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos
arts. 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução (art. 203, CPC).
Classificação da sentença
De acordo com o conteúdo:
a) Terminativa: é a sentença que encerra o processo sem julgar o seu
mérito (art. 485, CPC).
b) Definitiva: é a sentença que, encerrando uma fase do processo, julga
seu mérito (art. 487, CPC).
De acordo com os efeitos:
a) Condenatória: é aquela que certifica a existência do direito da parte
vencedora e impõe o seu cumprimento, condenando a parte contrária a
uma dada prestação/pagamento/fazer/não fazer. Caso não seja
voluntariamente cumprida, o devedor é tido como inadimplente e pode
ser constrangido ao cumprimento forçado através de um procedimento
executivo.
b) Constitutiva (e desconstitutiva): é aquela por meio da qual se cria,
modifica ou extingue um direito, um estado ou uma relação jurídica. Ex.:
divórcio, rescisão de contrato, adoção.
c) Declaratória: é aquela que apenas declara a existência ou inexistência
de um direito ou de uma determinada relação jurídica, assim, visa
conferir a certeza jurídica de um direito ou de uma relação jurídica. Ex.:
declaração de paternidade. Obs.: muitos confundem e acham que a
sentença envolvendo a paternidade seria constitutiva, todavia, a
paternidade já existe, não se está constituindo a paternidade quando se
declara a paternidade na sentença de uma ação de investigação ou
negatória, mas sim, está apenas sendo declarado uma relação que já
existe, as partes já são pai e filho.
Condenatória Constitutiva Declaratória
Reconhecer e impor o
cumprimento de
obrigação (pagar, dar,
fazer, não fazer).
Cria, modifica ou
extingue um direito, um
estado ou uma relação
jurídica.
Apenas declara a
existência ou inexistência
de um direito ou de uma
determinada relação
jurídica, assim, visa conferir
a certeza jurídica de um
direito ou de uma relação
jurídica.
Elementos da Sentença:
● Relatório
● Fundamentação
● Dispositivo
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma
do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no
andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem
Relatório:
● Consiste em um histórico por meio do qual o juiz narra tudo que é
relevante no processo, demonstrando que tem conhecimento dos fatos,
atos e termos processuais sobre os quais decidirá.
● É importante destacar que o relatório não constitui elemento absoluto,
ou seja, existem hipóteses nas quais não se exige relatório. Ex.: no que
tange às sentenças proferidas no JEC, o relatório é dispensado, vide
art. 38 da Lei 9.099/95.
● Todavia, quando o relatório é necessário, se ele não existir, a doutrina
majoritária entende que isso é causa de nulidade absoluta.
Fundamentação:
● Trata-se da exposição das razões de fato e de direito que alicerçam a
decisão do juiz em determinado sentido.
● Na fundamentação, o magistrado deve enfrentar todas as questões de
fato e de direito que sejam relevantes para o deslinde do feito.
● A fundamentação é muito importante porque permite um controle
democrático acerca da decisão, isto é, permite às partes exercerem um
controle da decisão através da interposição de recursos.
● O dever de fundamentação também está consagrado no art. 93, IX, da
CF/88.
● Quando uma decisão não julga o mérito, ainda assim, deve ser
fundamentada.
● A consequência diante da ausência de fundamentação é a nulidade
absoluta do ato decisório.
● Em observância ao princípio da fundamentação analítica, é considerada
NÃO fundamentada, nos termos do §1º do art. 489 do CPC, a decisão
que:
a) Se limitar à indicação ou reprodução de dispositivo, sem
explicar a sua relação com a causa ou a questão decidida;
b) Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer
decisão (algo vago; decisões padronizadas; utilização de
conceitos jurídicos indeterminados - ex.: utilizar a dignidade da
pessoa humana sem explicar a relação com o caso em concreto);
c) Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
que sejam capazes de influenciar na decisão do julgador;
d) Se limitar à invocação de precedente ou enunciado de
súmula, sem identificar os fundamentos determinantes;
e) Deixar de seguir súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a distinção com o caso
(distinguishing) ou a superação do entendimento (overruling).
Dispositivo:
● Trata-se da conclusão da decisão, no qual constará o “resultado” do
processo.
● No primeiro grau de jurisdição, o dispositivo costuma apontar pela
procedência ou improcedência. Enquanto que no segundo grau de
jurisdição, trata-se do provimento e improvimento.
● Ex. 1ª instância: “Pelo exposto, julgo procedente o pedido do autor”;
● Ex.: 2ª instância: “Ante o exposto, dou provimento ao recurso do
apelante”
Princípio da Congruência, da Adstrição ou da Correlação
● Os arts. 141 e 492 do CPC consagram o princípio da congruência,
adstrição ou da correlação, de acordo com o qual o magistrado está
adstrito (limitado) ao que foi pedido, ou seja, não pode conceder algo
diferente, ir além ou ficar aquém do que foi pedido.
● Isso tem relação com o próprio princípio da inércia.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da
parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado.
● Diante da inobservância do princípio da congruência, correlação ou
adstrição, surge a seguinte classificação da sentença:
Vício Extra Petita Ultra petita Infra ou citra petita
Palavra-chave “Fora” “Além” “Aquém” = “menos”
Explicação Na sentença, o juiz defere
pedido diverso do que foi
requerido, ou seja, está
“fora” do que foi pedido.
O juiz vai além do
pedido, isto é, o
juiz dá mais do que
o autor pede.
Ex.: o autor pede a
condenação do réu
em R$ 3.000,00 e
o juiz condena em
R$ 5.000,00.
A sentença fica aquém
do necessário, isto é,
analisa-se menos do
que os pedidos
formulados. O juiz não
analisa na sentença
todos os pedidos feitos.
Ex.: o autor pediu dano
moral e material e o juiz
analisou apenas o dano
material.
Recurso
cabível
Apelação Apelação Embargos de
Declaração
Consequência Anulação (regra)
*Teoria da causa madura.
Readequação da
sentença aos
limites.
Integração da sentença
omissa (abordagem do
ponto faltante).
Não há problema se o
juiz rejeitar pedidos,
desde que todos sejam
apreciados.
*Obs.: Apesar de no caso da sentença ser extra petita a regra ser a anulação
desta, é possível que seja aplicada a teoria da causa madura, conforme
apontado na tabela acima. Assim, importante esclarecer no que consiste tal
teoria. De acordo com a teoria da causa madura, constante no art. 1.013, §3º,
CPC, por uma questão de economia processual e celeridade, caso o tribunal
perceba que todos os elementos necessários para o julgamento já se
encontram nos autos, isto é, que a causa já está “madura” (pronta para
ser julgada), o processo não será devolvido para a primeira instância,
sendo o próprio tribunal que já julgará o feito.
Efeitos secundários da sentença
● A sentença tem efeitos principais que se referem à prolação de uma
decisão sobre o objeto principal, ou seja, sobre os próprios pedidos
feitos pelas partes do processo.
● Ocorre que, além dos efeitos principais, há efeitos secundários:
a) Hipoteca judiciária (art. 495, CPC):é uma garantia sobre bem
imóvel originada do proferimento de sentença condenatória em
obrigação de pagar quantia. Ou seja, uma vez proferida uma
sentença que condene uma pessoa a pagar quantia, a parte pode
levar tal sentença para ser averbada a existência de um crédito
na matrícula do imóvel. Isso confere o chamado direito de
preferência em relação a outros credores, observada a prioridade
do registro.
b) Protesto em cartório (art. 517, CPC): uma vez transitado em
julgado o processo, será iniciada a fase de cumprimento de
sentença e o devedor será intimado, nas obrigações de pagar
quantia, a pagar em 15 dias, sob pena de multa de 10%.
Passados os 15 dias sem o devido pagamento, o credor pode
pedir certidão na qual conste a decisão de obrigação de pagar
quantia transitada em julgado e, após, o credor pode pegar a
certidão e protestá-la em cartório (“sujar” o nome do devedor).
Sentença líquida e ilíquida
● A regra é que a sentença proferida pelo magistrado seja líquida, isto é,
indique a extensão da obrigação (quantum debeatur). Já que, sendo
líquida, a sentença pode ser imediatamente executada.
● Todavia, existem algumas situações em que não é possível fixar a
extensão da obrigação, hipóteses nas quais, haverá uma sentença
ilíquida (sem a extensão da obrigação).
- É possível que a sentença seja ilíquida nos casos de pedido
genérico, (estudado na aula retrasada) - art. 324, §1º, CPC -
quais sejam: (a) nas ações universais, se o autor não puder
individuar os bens demandados; (b) quando não for possível
determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; (c)
quando a determinação do objeto ou do valor da condenação
depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
- Também é possível que a sentença proferida seja ilíquida, nos
termos do art. 491, II do CPC quando a prova do processo
depender de produção de perícia demorada ou
excessivamente dispendiosa.
Liquidação da sentença
● No caso das sentenças ilíquidas, antes de executá-las, é necessário que
haja a chamada “liquidação da sentença”, a qual pode se dar a
requerimento do credor ou do devedor.
● A liquidação pode se dar por arbitramento ou pelo procedimento comum,
nos termos do art. 509:
“I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado
pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e
provar fato novo.”
● Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a
apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que
fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se
o procedimento da prova pericial (art. 510, CPC).
● Já na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a
intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de
advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar
contestação no prazo de 15 (quinze) dias (art. 511, CPC).
● Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, o
credor pode promover simultaneamente a execução da parte líquida
e, em autos apartados, a liquidação da parte que for ilíquida.
● Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o
credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
● Por fim, cabe destacar que na liquidação é PROIBIDO discutir
novamente a lide ou modificar a sentença que a julgou.
05.II. REEXAME NECESSÁRIO
Nomenclatura:
● O reexame necessário também é chamado de remessa necessária ou
recurso ex officio (apesar de não ser um recurso).
Conceito e natureza jurídica:
● Trata-se de sucedâneo recursal, ou seja, algo que “faz as vezes” de
recurso, mas NÃO é recurso, já que não consta do rol do artigo 994 do
CPC e também porque não precisa de voluntariedade das partes para
que ocorra, como no caso dos recursos. Como não é recurso, não tem
“preparo”.
● É um sucedâneo recursal por meio do qual a sentença é
necessariamente revista pela instância superior, sem o qual a sentença
não produz efeitos e não transita em julgado. Ou seja, é uma condição
de eficácia da sentença. E isso ocorre, na regra do regime geral, toda
vez que uma pessoa de direito público for sucumbente (perder o
processo).
● Súmula 423 STF: “Não transita em julgado a sentença por haver omitido
o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”.
Hipóteses de cabimento (CPC):
● No regime geral do CPC, haverá reexame necessário quando uma
pessoa jurídica de direito público for sucumbente. Ou seja, sempre
que a Administração Direta (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) e suas respectivas autarquias e fundações de direito público
“perderem” o processo. (art. 496, I e II, CPC).
Hipóteses de NÃO cabimento do reexame necessário:
a) Ações originárias;
b) Quando for parte sociedade de economia mista e empresa pública
(são regidas pelo regime de direito privado);
c) Limites monetários (art. 496, § 3º, CPC - SALVO: súmula 490 do
STJ).
- “3º: Não se aplica o disposto neste artigo (reexame
necessário) quando a condenação ou o proveito econômico
obtido na causa for de VALOR CERTO E LÍQUIDO inferior a:
- I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas
autarquias e fundações de direito público;
- II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público
e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
- III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito
público”
- Cuidado: o artigo usa o termo “inferior”. Assim, por exemplo, as
condenações no valor de 1.000 salários-mínimos contra a União
têm reexame necessário. Para não ter o reexame, precisa ser
INFERIOR aos valores colocados nos incisos. Se for igual,
haverá o reexame necessário.
- Exceção: se a sentença for ilíquida, haverá reexame necessário
Isso pode ser concluído pela leitura do art. 496, §3º do CPC
quando ele usa a expressão “valor certo e líquido”, bem como
por meio da leitura da súmula 490 do STJ que dispõe: “A
dispensa do reexame necessário, quando o valor da
condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta
salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas". Cabe
esclarecer que essa súmula é de 2012, portanto, o valor nela
estampado encontra correspondência do CPC de 1973, em seu
artigo 475; devendo a súmula ser lida à luz do NCPC.
d) Quando a decisão estiver em conformidade com os precedentes
qualificados (independente do valor da condenação);
e) Juizado Especial Federal (art. 13, Lei nº 10.259/01) e Juizado
Especial da Fazenda Pública (11 da Lei nº 12.153/2009);
f) Sem resolução do mérito;
05.III. Coisa Julgada
Conceito:
● Garantia constitucional (art. 5º, XXXVI, CF).
● Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e
indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso (art. 502,
CPC).
● A finalidade da coisa julgada, em termos práticos, é consagrar a
segurança jurídica e a estabilidade.
Espécies de coisa julgada:
● Formal (eficácia endoprocessual): trata-se do impedimento da
rediscussão da questão dentro do mesmo processo. Atinge as decisões
sem mérito (art. 485, CPC) e as com mérito (art. 487, CPC).
● Material (eficácia extraprocessual): trata-se da coisa julgada
propriamente dita, gerando a indiscutibilidade e a imutabilidade no plano
externo. Há o impedimento da discussão da questão em qualquer
processo, ou seja, não será possível rediscutir a matéria no mesmo
processo e nem em qualquer outro. Atinge APENAS as decisões de
mérito (art. 487, CPC).
Coisa julgada sobre questão principal e coisa julgada sobre questão
prejudicial
● Os pedidos das partes expressamente apreciados pelo magistrado
fazem coisa julgada (coisa julgada da questão principal).
● Com o NCPC, as questões prejudiciais (aquelas questões que são
pressupostos para a análise das questões principais) também fazem
coisa julgada de forma automática, isto é, NÃO é necessário que a
parte solicite ao magistrado que incida sobre a questão prejudiciala
coisa julgada (em regra). Para tanto, é necessário que o julgamento
dependa da resolução da questão prejudicial, que a seu respeito tenha
havido o contraditório prévio e efetivo e que o juízo tenha competência
absoluta para resolver a questão prejudicial (art. 503,§ 1º, CPC).
● Ex. de questão prejudicial: Joãozinho ingressa com uma ação de
alimentos em face de Joãozão. Neste caso, Joãozão ainda não foi
reconhecido como pai de Joãozinho e ele já está pedindo alimentos ao
réu. Assim, para que o magistrado julgue o pedido de alimentos, ele
primeiro deve decidir se o réu é pai de Joãozinho, porque trata-se de
questão prejudicial que subordina o resultado da questão principal.
● Como exceção, a única questão prejudicial com relação à qual é
necessário requerer que incida a coisa julgada sobre ela é o
chamado “incidente de falsidade documental”. Assim, em que pese a
regra seja que há sim coisa julgada automática sobre questões
prejudiciais, em se tratando de falsidade documental é necessário entrar
com uma ação declaratória incidental requerendo que haja a coisa
julgada (art. 433, CPC).
Qual parte da sentença é atingida pela autoridade da coisa julgada?
● Em regra, apenas a parte do dispositivo da sentença faz coisa julgada.
A exceção é a coisa julgada da fundamentação de uma questão
prejudicial quando há contraditório.
Coisa julgada progressiva:
● Trata-se da possibilidade da formação progressiva da coisa julgada
material de capítulos autônomos e independentes entre si.
● Ex.: a parte faz pedido de dano moral + dano material e ambos são
concedidos na sentença. Diante disso, a parte contrária recorre apenas
e tão somente com relação ao dano moral. Nesse caso, haveria a coisa
julgada progressiva de acordo com o STF e a doutrina majoritária,
havendo desde já a coisa julgada com relação ao dano material, o qual
não foi objeto de recurso pela parte contrária.
● O STJ não concorda com a formação da coisa julgada progressiva,
conforme se pode extrair da análise da súmula 401, STJ que dispõe
que: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for
cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”
★ Em suma: Quando é iniciado o prazo para a ação rescisória? O prazo
para a ação rescisória é iniciado para cada capítulo ou é preciso que
seja aguardado até que não exista mais a possibilidade de se interpor
qualquer recurso?
- STJ: apenas quando não for cabível qualquer recurso é que terá
início o prazo para a ação rescisória. Ou seja, deve ser esperado
o julgamento do recurso quanto ao restante da sentença.
- STF: os capítulos não impugnados transitam em julgado, ainda
que haja recurso contra outro(s) capítulo(s). Ou seja, o prazo da
ação rescisória vai ser iniciado para cada capítulo à medida que
ele transitar em julgado. Os capítulos podem, portanto, ter o prazo
de início para a ação rescisória em momentos diferentes.
05.IV. AÇÃO RESCISÓRIA
● Conceito: trata-se de uma ação originária dos tribunais, em segundo
grau ou nos tribunais superiores, que possui como objetivo afastar a
coisa julgada e, em alguns casos, fazer um novo julgamento da
demanda.
● É cabível de decisão de mérito (seja sentença, seja decisão
interlocutória), vide terminologia utilizada pelo caput do art. 966, CPC.
● Cabimento: será cabível nas hipóteses que se encontram nos incisos
do art. 966, CPC, elencadas a seguir:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou
corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a
lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica; (inclusive se deixar de seguir
precedente qualificado - art. 927, CPC).
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe
assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
● Legitimidade: quem foi parte no processo ou o seu sucessor; o
terceiro juridicamente interessado; o Ministério Público nos casos de
sua alçada.
● Requisitos: petição inicial; cumular o pedido de rescisão com o de
novo julgamento (se for o caso); depositar 05% do valor da causa,
montante que se converterá em multa caso a ação seja declarada
inadmissível ou improcedente por unanimidade; prazo de 02 anos
contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo.
● NÃO precisam depositar o percentual de 05% sobre o valor da causa: a
União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, suas respectivas
autarquias e fundações de direito público, o Ministério Público, a
Defensoria Pública e os que tenham obtido o benefício de gratuidade da
justiça.
● Prazo: conforme apontado em um dos itens acima, o direito à rescisão
se extingue em 02 anos contados do trânsito em julgado da última
decisão proferida no processo (art. 975, CPC).
● A propositura da ação rescisória NÃO impede o cumprimento da decisão
rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória (art. 969,
CPC).
● Após a propositura da ação rescisória, o relator ordenará a citação do
réu, designando um prazo de 15 à 30 dias para que ele apresente
resposta, após, será observado o procedimento comum (no que
couber), nos termos do art. 970, CPC.
já caiu!
OAB XXIV 2017. Maria dirigia seu carro em direção ao trabalho, quando se envolveu
em acidente com um veículo do Município de São Paulo, afetado à Secretaria de
Saúde. Em razão da gravidade do acidente, Maria permaneceu 06 (seis) meses
internada, sendo necessária a realização de 03 (três) cirurgias. Quinze dias após a
alta médica, a vítima ingressou com ação de reparação por danos morais e materiais
em face do ente público. Na sentença, os pedidos foram julgados procedentes, com
condenação do ente público ao pagamento de 200 (duzentos) salários mínimos, não
tendo a ré interposto recurso. Diante de tais considerações, assinale a afirmativa
correta.
A) Ainda que o Município de São Paulo não interponha qualquer recurso, a
sentença está sujeita à remessa necessária, pois a condenação é superior a
100 (cem) salários mínimos, limite aplicável ao caso, o que impede o
cumprimento de sentença pelo advogado da autora.
B) A sentença está sujeita à remessa necessária em qualquer condenação que
envolva a Fazenda Pública.
C) A sentença não está sujeita à remessa necessária, porquanto a sentença
condenatória é ilíquida. Maria poderá, assim, propor a execução contra a
Fazenda Pública tão logo a sentença transite em julgado.
D) A sentença não está sujeita à remessa necessária, pois a condenação é
inferior a 500 (quinhentos) salários mínimos, limite aplicável ao caso. Após o
trânsito em julgado, Maria poderá promover o cumprimento de sentença em
face do Município de São Paulo.
OAB XXII 2017. Gláucia ajuizou, em abril de 2016, ação de alimentos em face de
Miguel com fundamento na paternidade. O réu, na contestação, alegou não ser pai de
Gláucia. Após a produção de provas e o efetivo contraditório, o magistrado decidiu
favoravelmente ao réu. Inconformada com a sentença de improcedência que teve por
base o exame de DNA negativo, Gláucia resolve agora propor ação de investigação de
paternidade em face de Miguel. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa
correta.
A) O magistrado deve rejeitar a nova demanda com base na perempção.
B) A demanda de paternidade deve ser admitida, já que apenas a questão relativa
aos alimentos é que transitou em julgado no processo anterior.
C) A questão prejudicial, relativa à paternidade, não é alcançada pela coisa
julgada, pois a cognição judicial foi restrita a provas documentais e
testemunhais.
D) A questão prejudicial, relativa à paternidade, é atingida pela coisa julgada,e o
novo processo deve ser extinto sem resolução do mérito.
OAB XIX 2016. João, maior e capaz, correntista do Banco Grana Alta S/A, ao verificar
o extrato da sua conta-corrente, constata a realização de um saque indevido no valor
de R$ 2.000,00 (dois mil reais), razão pela qual ingressa com ação de indenização por
dano material em face da referida instituição financeira. Contudo, antes mesmo da
citação da sociedade ré, João comunica ao juízo seu desinteresse no prosseguimento
do feito. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) A desistência da ação produz, como um dos seus efeitos, o fenômeno da coisa
julgada material, obstando que o autor intente nova demanda com conteúdo
idêntico perante o Poder Judiciário.
B) Tendo em vista que a causa versa sobre direito indisponível, poderá o juiz, de
ofício, dar prosseguimento ao feito, determinando a citação da instituição
financeira para que apresente, no prazo de 15 dias, sua resposta.
C) A desistência somente produzirá efeitos, extinguindo o processo, se houver o
prévio consentimento do Banco Grana Alta S/A.
D) Diante da desistência unilateral do autor da ação, operar-se-á a extinção do
processo sem resolução do mérito.
OAB XXIX 2019. Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, José ajuizou ação
contra Luíza, postulando uma indenização de R$ 100.000,00 (cem mil reais), tendo o
pedido formulado sido julgado integralmente procedente, por meio de sentença
transitada em julgado. Diante disso, José deu início ao procedimento de cumprimento
de sentença, tendo Luíza (executada) apresentado impugnação, a qual, no entanto, foi
rejeitada pelo respectivo juízo, por meio de decisão contra a qual não foi interposto
recurso no prazo legal. Prosseguiu-se ao procedimento do cumprimento de sentença
para satisfação do crédito reconhecido em favor de José. Ocorre que, após o trânsito
em julgado da sentença exequenda e a rejeição da impugnação, o Supremo Tribunal
Federal proferiu acórdão, em sede de controle de constitucionalidade concentrado,
reconhecendo a inconstitucionalidade da lei que fundamentou o título executivo judicial
que havia condenado Luíza na fase de conhecimento. Diante da decisão do Supremo
Tribunal Federal sobre a situação hipotética, Luiza poderá
A) interpor recurso de agravo de instrumento contra a decisão que rejeitou sua
impugnação, mesmo já tendo se exaurido o prazo legal para tanto, uma vez
que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da lei que
fundamentou a sentença exequenda.
B) interpor recurso de apelação contra a decisão que rejeitou sua impugnação,
mesmo já tendo se exaurido o prazo legal para tanto, uma vez que o Supremo
Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da lei que fundamentou a
sentença exequenda.
C) oferecer nova impugnação ao cumprimento de sentença, alegando a
inexigibilidade da obrigação, tendo em vista que, após o julgamento de sua
primeira impugnação, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a
inconstitucionalidade da lei que fundamentou a sentença proferida na fase de
conhecimento, que serviu de título executivo judicial.
D) ajuizar ação rescisória, em virtude de a sentença estar fundada em lei julgada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle
concentrado de constitucionalidade.
OAB XXXI 2020. Em um processo em que Carla disputava a titularidade de um
apartamento com Marcos, este obteve sentença favorável, por apresentar, em juízo,
cópia de um contrato de compra e venda e termo de quitação, anteriores ao contrato
firmado por Carla. A sentença transitou em julgado sem que Carla apresentasse
recurso. Alguns meses depois, Carla descobriu que Marcos era réu em um processo
criminal no qual tinha sido comprovada a falsidade de vários documentos, dentre eles
o contrato de compra e venda do apartamento disputado e o referido termo de
quitação. Carla pretende, com base em seu contrato, retornar a juízo para buscar o
direito ao imóvel. Para isso, ela pode
A) interpor recurso de apelação contra a sentença, ainda que já tenha ocorrido o
trânsito em julgado, fundado em prova nova.
B) propor reclamação, para garantir a autoridade da decisão prolatada no juízo
criminal, e formular pedido que lhe reconheça o direito ao imóvel.
C) ajuizar rescisória, demonstrando que a sentença foi fundada em prova cuja
falsidade foi apurada em processo criminal.
D) requerer cumprimento de sentença diretamente no juízo criminal, para que a
decisão que reconheceu a falsidade do documento valha como título judicial
para transferência da propriedade do imóvel para seu nome.
OAB XXIII 2017. Luana, em litígio instaurado em face de Luciano, viu seu pedido ser
julgado improcedente, o que veio a ser confirmado pelo tribunal local, transitando em
julgado. O advogado da autora a alerta no sentido de que, apesar de a decisão do
tribunal local basear-se em acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça em
regime repetitivo, o precedente não seria aplicável ao seu caso, pois se trata de
hipótese fática distinta. Afirmou, assim, ser possível reverter a situação por meio do
ajuizamento de ação rescisória. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A) Não cabe a ação rescisória, pois a previsão de cabimento de rescisão do
julgado se destina às hipóteses de violação à lei e não de precedente.
B) Cabe a ação rescisória, com base na aplicação equivocada do precedente
mencionado.
C) Cabe a ação rescisória, porque o erro sobre o precedente se equipara à
situação da prova falsa.
D) Não cabe ação rescisória com base em tal fundamento, eis que a hipótese é de
ofensa à coisa julgada.
OAB XXXI 2020. Marcos foi contratado por Júlio para realizar obras de instalação
elétrica no apartamento deste. Por negligência de Marcos, houve um incêndio que
destruiu boa parte do imóvel e dos móveis que o guarneciam. Como não conseguiu
obter a reparação dos prejuízos amigavelmente, Júlio ajuizou ação em face de Marcos
e obteve sua condenação ao pagamento da quantia de R$ 148.000,00 (cento e
quarenta e oito mil reais). Após a prolação da sentença, foi interposta apelação por
Marcos, que ainda aguarda julgamento pelo Tribunal. Júlio, ato contínuo, apresentou
cópia da sentença perante o cartório de registro imobiliário, para registro da hipoteca
judiciária sob um imóvel de propriedade de Marcos, visando a garantir futuro
pagamento do crédito. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) Júlio não pode solicitar o registro da hipoteca judiciária, uma vez que ainda
está pendente de julgamento o recurso de apelação de Marcos.
B) Júlio, mesmo que seja registrada a hipoteca judiciária, não terá direito de
preferência sobre o bem em relação a outros credores.
C) A hipoteca judiciária apenas poderá ser constituída e registrada mediante
decisão proferida no Tribunal, em caráter de tutela provisória, na pendência do
recurso de apelação interposto por Marcos.
D) Júlio poderá levar a registro a sentença, e, uma vez constituída a hipoteca
judiciária, esta conferirá a Júlio o direito de preferência em relação a outros
credores, observada a prioridade do registro.
Gabarito (em ordem): D; D; D; D; D; B; D.
TEMAS TRABALHADOS NO MATERIAL DA AULA 05 de Processo Civil
- Sentença, reexame necessário, coisa julgada e ação rescisória.
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