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1 Instituto de Física – UFRGS Agosto de 2020 Campo magnético gerado por uma bobina em função ao número de espiras e da distância ao longo do seu eixo Lara de Freitas Machado 1 Química Industrial, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Este experimento teve como objetivo avaliar a intensidade do campo magnético de uma bobina com 2 e 4 espiras ao variar a distância ao longo do seu eixo. Para tanto, se utilizou o simulador PhET – Ímãs e Eletroímãs, mais precisamente na aba de Eletroímãs, na qual se manteve constante a diferença de potencial e se variou a distância ao longo do eixo da bobina de 2 espiras. O experimento foi feito igualmente para a bobina contendo 4 espiras para fins comparativos. Com o uso do medidor de campo magnético, disponível no simulador, foram realizadas dez medidas de campo variando a distância em uma unidade de comprimento, para cada bobina. Com base nos resultados obtidos, foi possível constatar que o campo magnético é proporcional ao número de espiras e que varia com uma potência de aproximadamente -2,32 conforme a variação da distância. INTRODUÇÃO Os primeiros fenômenos magnéticos foram observados na Grécia antiga, em uma cidade chamada Magnésia [1]. Alguns anos depois, em 1820, Oersted demonstrou uma relação entre a eletricidade e o magnetismo quando percebeu que a agulha de uma bússola era defletida pelo campo magnético gerado ao redor de um fio percorrido por corrente elétrica [2]. De acordo com essa teoria, denominada eletromagnetismo, cargas elétricas em movimento geram campo magnético, e campo magnético em movimento gera corrente elétrica [1]. A partir desta descoberta foi possível entender que campos magnéticos estão presentes em vários equipamentos do nosso cotidiano, sendo fundamentais nas suas funcionalidades. Entre várias aplicações, os aparelhos de ressonância magnética nuclear, utilizados para realização de exames médicos e também como um instrumento de trabalho na área da Física e Química, são uma delas. A ressonância magnética é a propriedade física exibida por núcleos de determinados elementos que, quando submetidos a um campo magnético forte e excitados por ondas de rádio em determinada frequência (Frequência de Larmor), emitem rádio sinal, o qual pode ser captado por uma antena e transformado em imagem [3]. A imagem por ressonância magnética (IRM) é o método de diagnóstico por imagem, na qual fornece informações anatômicas acuradas, imagens em qualquer plano do corpo, bom contraste e resolução espacial e por si só pode sugerir um diagnóstico [3]. 2 Este aparelho, assim como vários outros, apresenta na sua composição solenoides (bobinas). Essas bobinas são diferentes umas das outras pois são planejadas para diferentes partes do corpo, como joelho, cabeça, pescoço, etc... Isto significa que podemos selecionar a área exata da qual queremos uma imagem [7]. Com isso, neste experimento será avaliado como o campo magnético de uma bobina com 2 e 4 espiras se comporta ao variar sua distância ao longo do seu eixo, para fins comparativos. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO Em decorrência à pandemia da COVID-19, as aulas de laboratório de FIS01182 precisaram ser reelaboradas de forma virtual, em respeito às normas de distanciamento social. Devido a isso, os experimentos que antes eram realizados presencialmente, aproximando bússolas de fios e bobinas para determinar a intensidade do campo magnético, agora serão realizados com o auxílio de um simulador (PhET Simulation) que imita esses fenômenos [6]. Através dele é possível avaliar o comportamento do campo magnético de certos objetos comuns, como ímã em barra e bobina. Para a realização deste experimento foi utilizado o simulador PhET (aba Eletroímã), na qual se mediu a variação do campo magnético, em Gauss, ao usar 4 e 2 espiras de uma bobina, variando a distância ao longo do seu eixo, por unidades de comprimento, e mantendo a diferença de potencial constante (10V). RESULTADOS Após a realização do experimento através do simulador, foi possível obter resultados distintos para a intensidade dos campos magnéticos da bobina de 2 e 4 espiras, ao se variar a distância em uma unidade de comprimento. Esses valores não foram calculados, visto que o próprio simulador já nos fornecia os resultados ao utilizar o item “mostrar medidor de campo”. Além disso, vale ressaltar que a diferença de potencial foi mantida fixa em 10V, e a posição do eixo vertical mantida em zero, variando somente a distância ao longo do eixo e o número de espiras. Figura 1 - Exemplo de um aparelho de ressonância magnética e do local que se observa o IMR [4]. Figura 2 - Exemplo de uma imagem por ressonância magnética (IMR) [5]. Figura 3 - Exemplo de figura mostrando o laboratório virtual PhET para a bobina de 2 voltas [6]. Figura 4 - Exemplo de figura mostrando o laboratório virtual PhET para a bobina de 4 voltas [6]. 3 Distância (unidade de comprimento) Campo Magnético (G) 2 espiras Campo Magnético (G) 4 espiras 0 150 300 1 51,74 103,47 2 14,75 29,49 3 6,22 12,44 4 3,14 6,27 5 1,77 3,55 6 1,06 2,13 7 0,73 1,46 8 0,51 1,02 9 0,36 0,72 10 0,28 0,55 Tabela 1 – Valores experimentais obtidos para as bobinas de 2 e 4 espiras em relação a distância ao longo do seu eixo. Com estes valores foi possível elaborar gráficos utilizando o software SciDavis na qual mostram claramente a variação da intensidade do campo em função da distância para as bobinas de 2 e 4 espiras, mostrado nas figuras 5 e 6 respectivamente. Figura 5 - Gráfico da variação do campo magnético em função da distância para a bobina de 2 espiras. Os gráficos acima são descritos por uma função do tipo B = kxn. Com isso, aplicando o logaritmo natural (ln) na equação, teremos: ln B = ln k + ln xn ln B = ln k + n.lnx Ao aplicar o logaritmo, novos resultados foram obtidos em cima daqueles já apresentados na Tabela 1. Assim, dois novos gráficos foram elaborados utilizando o software SciDavis e um ajuste linear da curva a esses pontos foi feito na qual está representado nas figuras 7 e 8. DISCUSSÃO A partir dos gráficos e do ajuste de curva apresentados nas figuras 7 e 8, alguns valores foram obtidos: 1. Para o gráfico da bobina com 2 espiras (figura 9), obteve-se: A (inclinação) = -2,31851747057683 +/- 0,0677062458227261 Figura 6 - Gráfico da variação do campo magnético em função da distância para a bobina de 4 espiras. Figura 7 - Gráfico do ajuste linear aos pontos para a variação do campo magnético em função da distância para a bobina de 2 espiras, em escala logarítmica. Figura 8 - Gráfico do ajuste linear aos pontos para a variação do campo magnético em função da distância para a bobina de 4 espiras, em escala logarítmica. 4 B (interceptação em y) = 4,19758876329522 +/- 0,112584399628563 2. Para o gráfico da bobina com 4 espiras (figura 10), obteve-se: A (inclinação) = -2,32100908272277 +/- 0,0687043780405609 B (interceptação em y) = 4,89324727301976 +/- 0,11424413005859 Ao analisar os resultados é fácil perceber que os valores da inclinação para ambas bobinas são muito parecidos, o que é natural, uma vez que a declividade é o próprio expoente da expressão do campo magnético. Logo, mudar o número de espiras não deve mudar o expoente da lei de potências que descreve o campo. Ou seja, na equação B = kxn, temos que o valor de n para a bobina de 2 e 4 espiras é aproximadamente -2,32, enquanto que o lnK para a bobina de 2 espiras é aproximadamente 4,20 e para a bobina de 4 espiras é 4,90. Lembrando que na constante K é onde se tem a influência da corrente, do número de espiras e das dimensõesde cada uma. Com isso, ao realizar o experimento era esperado que a constate K para a bobina de 4 espiras fosse o dobro da de 2 espiras. Ao fazer e^(lnK) se obteve os reais valores das constantes. Sendo aproximadamente K = 66 para a bobina de 2 espiras e K = 134 para a bobina de 4 espiras. O que mostra que de fato a constante apresenta um valor duas vezes maior para a bobina com o dobro de espiras, como já era esperado. Consequentemente pode-se concluir que o campo magnético é proporcional ao número de espiras. Com esses resultados pode se reescrever a equação para a intensidade do campo de uma bobina, em função da distância ao longo do seu eixo desta maneira: B = 66x-2,32 (bobina com 2 espiras) B = 134x-2,32 (bobina com 4 espiras) Vale ressaltar os valores encontrados para o coeficiente de determinação (R2) encontrado após o ajuste linear. Para a bobina de 2 espiras foi aproximadamente 0,9932 e para a de 4 espiras foi 0,9930, o que mostra que a função escolhida (A*x+B) é adequada para representar os dados experimentais. Além dos ótimos valores obtidos para os coeficientes de determinação, os baixos desvios padrão para ambas as bobinas evidenciam que houve uma baixa dispersão dos valores em relação ao ajuste feito. REFERÊNCIAS [1]https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/magn etismo.htm [2]http://www.if.ufrgs.br/gpef/textos/eletromagnet ismo_oliveira_veit_araujo.pdf [3]https://www.scielo.br/pdf/cr/v39n4/a147cr1097 [4]https://www.saudebemestar.pt/media/87627/rm .jpg [5]https://www.tveuropa.pt/cnt/uploads/F18DV13 4.jpg [6]https://phet.colorado.edu/sims/cheerpj/faraday/l atest/faraday.html?simulation=magnets-and- electromagnets&locale=pt_BR [7]http://ebm.ufabc.edu.br/wp- content/uploads/2011/10/Como-funciona-a- gera%C3%A7%C3%A3o-de-imagens-por- resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica.pdf https://www.scielo.br/pdf/cr/v39n4/a147cr1097 http://ebm.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2011/10/Como-funciona-a-gera%C3%A7%C3%A3o-de-imagens-por-resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica.pdf http://ebm.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2011/10/Como-funciona-a-gera%C3%A7%C3%A3o-de-imagens-por-resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica.pdf http://ebm.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2011/10/Como-funciona-a-gera%C3%A7%C3%A3o-de-imagens-por-resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica.pdf http://ebm.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2011/10/Como-funciona-a-gera%C3%A7%C3%A3o-de-imagens-por-resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica.pdf
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