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DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
INTRODUÇÃO
A cada dia mais a sociedade moderna, denominada como consumista, vem ampliando os atos jurídicos emanados da relação de consumo, tais negócios jurídicos, podem em seu bojo, conter vícios, erros, ilicitudes e outras circunstâncias que geram ao consumidor sentimentos de dissabores e podem acarretar grandes máculas em seu íntimo.
Neste sentido, elencamos um tema de grande relevância em nossa sociedade, o dano moral que pode ser gerado das relações de consumo, em especial, quando afetam os sentimentos íntimos do consumidor. Nosso ordenamento jurídico pátrio tratou a matéria com máxima eficiência, garantindo ao consumidor amparo legal para que se possa pleitear a eficiência da relação jurídica de consumo firmada entre as partes.
Porém, muito se falta desenvolver para que haja em um estado democrático de direito com resultados eficientes na seara do direito consumidor.
Nossa sociedade atual, denominada globalizada vem influenciando as praticas comerciais, sem o devido amparo ao consumidor. A mercantilização de produtos e serviços em um Estado capitalista, resulta grande preocupação, pois os objetivos de lucros e resultados, ensejam desastres irreparáveis na seara do direito do consumidor.
Portanto, é nesse contexto que argüimos nossos estudos, priorizando a proteção ao consumidor e elencando os danos íntimos que podem lhe ser causados por uma relação de consumo.
CAPÍTULO 1 - A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
As relações de consumo são relações jurídicas, que ensejam finalidades diversas, sejam econômicas, morais, sociais, religiosos, estéticos, artísticos, utilitários ou outros, que possam garantir um bem estar social adequado a todos.
Para a Ilustre Professora Maria Helena Diniz, as normas de direito apenas regulam comportamentos humanos dentro da sociedade, resguardando a vida e a segurança jurídica.
A norma é o meio pelo qual o Estado coordena os atos e fatos que ensejam uma relação jurídica, neste diapasão apresentamos as sábias palavras do Ilustre Professor Miguel Reale:
“o Direito é mais instrumento de vida, do que finalidade de vida”
Mister é de se registrar que as existências de normas conjuntas destinadas as relações de consumo, apresenta com veemência a preocupação do Estado em garantir o preceito fundamental de assegurar a todos uma vida digna e de máxima segurança jurídica.
Para melhor compreendermos a questão, abordaremos no próximo tópico os aspectos históricos que ensejaram na evolução da norma jurídica e nas relações de consumo entre os povos e os Estados.
davam espelhos, escovas, colheres para os índios em troca de mão-de-obra.”
1.2 A Constituição Federal
A Constituição Federal de 1988 possui como origem e base a Constituição Federal Alemã, a qual consagrou expressamente princípios e garantias fundamentais aos cidadãos, assegurando a todos uma vida digna.
O Legislador ao redigir o texto constitucional buscou amparo no passado e projetou as relações futurísticas de consumo, preservando o capitalismo e as relações comerciais. Assim, elucida o Ilustre Professor Rizzato Nunes, vejamos:
“Quando examinamos o texto da Constituição Federal brasileira de 1988, percebemos que ela inteligentemente aprendeu com a história e também com o modelo de produção industrial que acabamos de relatar.”.
A Carta Constitucional de 1988 ao ser elaborada, não abordou com tema específico a tutela dos direitos do consumidor, porém, lançou uso do instituo de normas programáticas para a execução da elaboração da norma protetora dos consumidores.
Nosso Legislador Constituinte, propôs o tema acerca da matéria, assegurando no rol dos direitos fundamentais, ora artigo 5º, inciso XXXII, a execução da norma programática, senão vejamos:
“o Estado promoverá na forma da lei, a defesa do consumidor”.
As normas programáticas possuem um caráter de concretização dependente de outras normas, assim nos ensina o Ilustre Professor Gilmar Ferreira Mendes,vejamos:
“A luz dessa classificação, das mais conhecidas no direito constitucional, e que sempre teve grande prestígio, menos por seu intrínseco valor do que pelos propósitos a que, vez por outra, tem servido – por via de regra, quando se quer negar eficácia a um preceito constitucional diz-se que ele não pode ser aplicado porque se trata de norma simplesmente programática - , a luz dessa tradicional classificação, se baseia na executoriedade das normas constitucionais, dizem-se operativos os preceitos que são dotados de eficácia imediata ou, pelo menos, de eficácia não dependente de condições institucionais ou de fato; e programáticos, a seu turno, os que definem objetivos cuja concretização depende e providências situadas fora ou além do texto constitucional”
Mais adiante estabeleceu prazos para o Congresso Nacional acerca do tema, no artigo 48 do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias, vejamos:
“O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”.
Podemos ainda elencar que nossa Constituição Federal tratou de forma diferenciada o consumidor, conferindo-lhe superioridade jurídica para compensar sua evidente inferioridade de fato, enquanto agente econômico mais vulnerável das relações de consumo.
1.3 O Código de Defesa do Consumidor
O Código de Defesa do Consumidor promulgado em 11 de setembro de 1990, sobre a Lei nº 8.078/90, elevou nosso País como pioneiro da codificação do direito do consumidor em todo o mundo.
Ainda, o Lei supracitada trouxe por regular diversas áreas da relação de consumo e elucidar as partes que podem ser caracterizados como consumidores, veja os estudos de Fábio Konder Comparato:
"O consumidor é, pois, de modo geral, aquele que se submete ao poder de controle dos titulares de bens de produção, isto é, os empresários. É claro que todo produtor, em maior ou menor medida, depende por sua vez de outros empresários, como fornecedores de insumos ou financiadores, por exemplo, para exercer a sua atividade produtiva; e, nesse sentido, é também consumidor. Quando se fala, no entanto, em proteção do consumidor quer-se referir ao indivíduo ou grupo de indivíduos, os quais, ainda que empresários, se apresentam no mercado como simples adquirentes ou usuários de serviços, sem ligação com a sua atividade empresarial própria."
Neste sentido, os artigos 2° e 3° do citado diploma legal elencou as denominações de consumo e conceituou as partes envolvidas nesta relação: consumidor e fornecedor, vejamos:
“Artigo 2° - Consumidor é toda pessoa física e jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo Único – Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Artigo 3° - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como, os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.
Como é cediço, a definição legal de consumidor stricto sensu, possibilita a abrangência dos chamados consumidores por equiparação, tal qual, receberão a proteção especial da Lei supracitada.
De outro lado, o conceito de fornecedores de produtos e serviço e demasiadamente amplo, possuindo como caracterizador o desenvolvimento de atividade profissional, estabelecendo responsabilidade solidária entre todos os envolvidos na cadeia de fornecimentos
Por fim, elencamos os ensinamentos do Ilustre Professor Silvio de Salvo Venosa, acerca do tema, vejamos:
“O largo espectro de aplicação dessa lei notamos já na conceituação de consumidor e fornecedor. A aplicação do CDC se espraia e se sobrepõe por praticamente todos os campos sociais. Poucos ficarão fora de sua abrangência. O Código do Consumidor deve ser entendido então como uma sobre-estrutura jurídica, uma legislação que pertence ao chamado direito social.
AS RESPONSABILIDADES CIVIS SOBRE AS RELAÇÕES DE CONSUMONeste diapasão, persistimos com as sábias palavras do Professor Cavalieri Filho, expostas na obra do Professor Venosa, vejamos
“Relação de consumo é a relação jurídica contratual ou extracontratual, que tem numa ponta o fornecedor e produtos e serviços e na outra o consumidor; é aquela realizada entre o fornecedor e o consumidor tendo por objeto a circulação de produtos e serviços” (Cavalieri Filho, 2004:468)
Ao discorrermos sobre as responsabilidades civis sobre as relações de consumo, nos socorremos também das sábias palavras do Ilustre Professor Carlos Roberto Gonçalves, vejamos
“Partindo da premissa básica de que o consumidor é a parte vulnerável das relações de consumo, o Código pretende restabelecer o equilíbrio entre os protagonistas de tais relações. Assim, declara expressamente o art. 1º que o referido diploma estabelece normas de ordem pública e interesse social. De pronto percebe-se que, tratando-se de relações de consumo, as normas de natureza privada, estabelecidas no Código Civil de 1916, onde campeava o princípio da autonomia da vontade, e em leis esparsas, deixaram de ser aplicadas. O Código de Defesa do Consumidor retirou da legislação civil (bem como de outras áreas do direito) a regulamentação das atividades humanas relacionadas com o consumo, criando uma série de princípios e regras em que se sobressai não mais a igualdade formal das partes, mas a vulnerabilidade do consumidor, que deve ser protegido”.
Assim, elucidamos que as responsabilidades legais na seara das relações de consumo não são protecionistas, mas conservadoras para que possam resguardar o direito do consumidor.
Neste diapasão assevera o Ilustre Professor Fábio Zabot Holthausen, vejamos:
“O Código de Defesa do Consumidor estabelece dois tipos de responsabilidade pelos danos causados aos consumidores, uma mais gravosa e outra de menor potencial ofensivo. Trata-se da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço e da responsabilidade pelo vício do produto e do serviço, respectivamente. Em ambas as responsabilidades o dano ao consumidor é ocasionado por um problema no produto e ou serviço. Temos, no problema, o surgimento do vício e do defeito. Assim, a origem de ambos é comum, qual seja, o próprio problema. Sua ocorrência se dá sempre que não há conformidade, ou seja, o resultado é diverso do esperado”
As responsabilidades emanadas nas relações de consumo, ensejam sobre a coisa e ou sobre o serviço, visando garantir a segurança jurídica entre o consumidor e fornecedor, tais responsabilidades são denominadas como objetiva, o qual abordaremos no tópico a seguir

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