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SOROCABA 2019 UNIVERSIDADE PAULISTA Laís Ramos Santos RA: D4163F-6 OS INVISÍVEIS SOROCABA 2019 UNIVERSIDADE PAULISTA Laís Ramos Santos RA: D4163F-6 OS INVISÍVEIS SOROCABA 2019 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 Procedimento ............................................................................................................ 4 Discussão .................................................................................................................. 6 Conclusão .................................................................................................................. 6 3 Introdução O presente trabalho tem como foco as pessoas que passam por algum tipo de exclusão, seja por condições físicas, de trabalho, ou qualquer outra característica. Presenciei diversas situações em que pessoas foram vistas com olhar de desprezo e repúdio, como se causassem desconforto nos que estavam presentes. Como Cármen Lúcia Antunes Rocha (1999) diz em seu artigo “O Princípio da Dignidade da Pessoa humana” a revista Interesse Público, a humanidade está passando por um processo de coisificação, perdeu- se a sensibilidade do olhar para com o próximo. Apesar de o foco das observações não serem a tecnologia, pode- observar nas interações um olhar insensível, distante e objetificado. Enxerga- se pessoas que se encontram em situação de miséria como pedras no caminho, e pessoas com empregos, que muitas vezes são denominados de “subemprego" como pessoa inferiores, apesar de dependerem de seu serviço para viverem bem. E em minhas buscas por conhecer um pouco mais sobre os profissionais que trabalham nestes tais “subempregos” encontrei relatos que falam inclusive da questão da associação do profissional como o seu objeto de trabalho: Tereza F.L. Santos (2012) “Existe uma associação entre o lixo, o sujo e o coletor. É como se a população não enxergasse esse coletor, mas só o lixo.” Parafraseando Rocha (1999)” Gente demais e humanidade de menos”. Em todos os casos aqui observados, vemos que hoje não se enxerga a dignidade do ser humano. 4 Procedimento Após algumas observações, escolhi o tema exclusão social, pois observei por diversas vezes estas exclusões, depois pesquisar em mídias (senso comum) e em artigos científicos. Os locais de observação foram escolhidos de forma pertinente, o cuidado que tive ao escolhe-los, foi para que fossem lugares que além de terem grande movimento de pessoas, fossem lugares que fazem parte do meu dia a dia e que pudessem ser acessados por todos os “tipos” de pessoas. Lugares como parque dos Espanhóis, Pontos de ônibus, feiras de rua, etc. Após estas observações, busquei em jornais online, revistas e sites de artigos científicos, matérias que pudesse me ajudar a entender um pouco mais sobre o assunto. Um material que contribuiu muito para o desenvolvimento deste, foi o Vídeo : Um Novo Olhar Sobre os Coletores de Lixo (FUNDACENTRO 2012). Onde é retratada a forma de trabalho e algumas das implicações do trabalho dos coletores de lixo, assim como a visão pela qual eles são tomados diante da sociedade e a importância de seu serviço. E também o livro: Homens Invisíveis: Relatos de uma humilhação social ( Dr. Costa F.B, 2004), onde é retratado um estudo e os relatos da vivencia do autor como gari. Após esta vivencia, e todo seu estudo, o autor traz a constatação de que: a invisibilidade pública, o desaparecimento intersubjetivo de um homem no meio de outros homens, é expressão de dois fenômenos psicossociais que assumem caráter crônico nas sociedades capitalistas: a humilhação social – fenômeno histórico, que se constrói e reconstrói no cotidiano de indivíduos economicamente pobres – e a reificação – processo calcado nas determinações mercantis, no qual as pessoas passam a ter valor como se fossem objetos. Este conceito também leva a citação de Berger (1960). Em tal obra, Costa demonstra, através de seus relatos, o quanto a questão das preconcepções estão enraizadas no cotidiano, e um dos trechos que pode ser levado como exemplo para tal é o seguinte: Interrompi o trabalho de varrer e ensaiei o corpo para uma saudação. Passaram a pé ao meu lado, ombro a ombro. Não me viram. Em situação semelhante, poucos meses 5 depois, Restaurante dos Professores, uma delas chegou a me encarar olho no olho. Estávamos a uma distância que não superava dois metros. Olhava com medo. Não me via. Não me reconheceu. Deu um boa tarde tímido e acelerou o passo. Em questão de dias, novo encontro com a docente. Na guarita de entrada do restaurante (o tal restaurante, agora já famoso). Parou o carro ao me reconhecer: - Ué, mudou pra botânica?! - Não. Continuo psicólogo. - E o que cê faz aí?! Explico-lhe. - Ah, que lindo! Quem é seu orientador? [...] Ah, vai ficar muito bom! Quero ler, viu?! Quando ficar pronto. Quero mesmo! (BRAGA, 2004, p. 119). 6 Discussão Ao me deparar com a exclusão no meu dia a dia, me surpreendi com o que encontrei. Meu objetivo inicial era o de relatar de forma geral a questão da invisibilidade social. No início pensei que o que mais encontraria seriam moradores de rua, pessoas que pedem esmolas, pessoas que em geral são " esquecidas pela sociedade ". Mas durante as observações pude perceber a discriminação principalmente como profissionais que trabalham na coleta de lixo. O que pude perceber, assim como autor do livro, Homens Invisíveis, é que aparentemente as pessoas quando se vestem com uniforme da empresa de coleta de lixo desaparecem diante dele, tornam-se invisíveis, o uniforme "esconde a sua humanidade". Por diversas vezes vi pessoas mostrar em expressões de nojo, tá parem o nariz, ou desviarem destes trabalhadores. Como dito no vídeo Um Novo Olhar Sobre os Coletores de Lixo, Lixeiro é quem produz o lixo ou seja, cada um de nós. Conclusão Foi muito nítida e minhas observações o fato de que as pessoas se esquecem do ser humano que há ali. Apesar disso vi em algumas poucas ocasiões, pessoas que lhes atribuem valor, mesmo que não da forma adequada. Como dito no vídeo, a população só se dá conta da falta desses, quando eles se ausentam. Dentro de minhas observações vi, também moradores de rua e catadores de reciclável, pessoas que por diversas vezes foram discriminadas e muitas dessas vezes são vistas como animais selvagens. Pessoas que segundo relatos que ouvi durante minhas observações deveriam ser " ser mantidas longe " pois causam incômodo. “Que deveriam apanhar” para ter medo de se aproximar. Quando ouvir isso, me dei conta de como é difícil em algumas situações, respeitar o olhar do outro. Diante de tudo que vivenciei me questionei sobre quantas vezes nos definem pelo nosso objeto de trabalho, estudo ou é uma característica física, social ou emocional ponto e quantas vezes nós mesmos não nos categorizamos assim. Até onde essas características e essas definições de terceiros definir como nos enxergamos. Pensei também em quantas vezes nós não somos os causadores desta exclusão. 7 Bibliografia • Rocha,C.L.A,(1999) O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social, links de acesso: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt- BR&as_sdt=0%2C5&q=exclus%C3%A3o+social&oq=exclus%C3%A3o#d=gs_qabs& u=%23p%3DWE14AW0KidoJ. • Jornal Estadão, Pesquisa sobre aumento de exclusão social no Brasil, link de acesso: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pesquisa-mostra- aumento-do-indice-de-exclusao-social-no-brasil,20030520p35347 • Zioni, F.(2006), Exclusão social: noção ou conceito?; link de acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902006000300003 • Dr. Costa F.B,(2004) "Homens Invisíveis: Relatosde uma humilhação social“.; link de acesso: http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2014/06/20/invisibilidade-social-um- processo-psicossocial/. • FUNDACENTRO, Um Novo Olhar Sobre os Coletores de Lixo.; link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=5i3Gkwa0CgI. • Bortoli S. R.; Rozendo A.S. (2004) *Um diálogo entre psicologia social e comunicação. Resenha do livro: Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social. ; link de acesso: http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/triade/article/download/1564/1571/. http://www.academia.edu/download/29146399/32229-38415-1-pb.pdf http://www.academia.edu/download/29146399/32229-38415-1-pb.pdf
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