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- -1 FARMÁCIA HOSPITALAR E CLÍNICA ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR Stephanie Berzin Grapiglia - -2 Olá! Você está na unidade de . Conheça aqui o caminho percorrido desde o surgimentoAdministração Hospitalar dessa prática até o que, hoje, conhecemos com farmácia hospitalar. Aprenda sobre as funções e sobre a importância da farmácia e do farmacêutico dentro do ambiente hospitalar e descubra como ela se relaciona com a atuação da equipe multidisciplinar. Compreenda ainda que as atividades gerenciais e administrativas do farmacêutico vão muito além do espaço físico da farmácia atinge também a saúde financeira do estabelecimento onde o profissional está inserido, seja no âmbito público ou privado. Bons estudos! - -3 1. Introdução à farmácia hospitalar Apesar da farmácia hospitalar estar inserida em um ambiente hospitalar de níveis de complexidade secundário e terciário, muitos fundamentos têm alcance em outros ambientes clínico-assistenciais onde o farmacêutico está inserido, inclusive na atenção primária. Vamos entender um pouco mais como isso começou e todas as atividades que são inerentes a esse conceito. - -4 1.1 Como tudo começou Atualmente, não há dúvidas de qual é a área de atuação de cada um dos profissionais da saúde: o que faz o farmacêutico, o médico, o dentista e todos os outros. Tudo está bem delimitado, mas nem sempre foi assim. O farmacêutico, por exemplo, embora sempre tenha sido associado ao medicamento, até pouco tempo atrás (no início do século XX) ainda não tinha os limites da sua atuação tão bem estabelecidos assim. Muitas vezes, ele entrava em campos de outros profissionais e que não lhe diziam respeito. Porém, não se sabia disso ainda. Com o passar dos anos, alguns acontecimentos ajudaram a mudar esta realidade: O amadurecimento das indústrias farmacêuticas. O incentivo à pesquisa de novos medicamentos. A criação das Santas Casas de Misericórdia. A criação dos Conselhos Federais (que passaram a regulamentar e fiscalizar os exercícios das profissões). Tudo isso foi reconfigurando a atuação de cada profissional da área da saúde e também levando o médico a ter uma atuação predominantemente na clínica e no diagnóstico. O farmacêutico, por sua vez, passou a ser a autoridade nos conhecimentos inerentes ao fármaco, desde seu desenvolvimento até a sua dispensação. Porém, a atuação dele no âmbito hospitalar ainda continuava pouco definida e restrita somente ao gerenciamento da farmácia hospitalar. Foi em 1973 que José Sylvio Cimino, farmacêutico no Hospital das Clínicas de São Paulo, publicou a obra “Iniciação à Farmácia Hospitalar” e colocou o tema em discussão pela primeira vez. A partir daí, iniciou-se um movimento em torno do amadurecimento dessa atuação, com alguns marcos importantes. Os principais são: 1960 O Conselho Federal de Farmácia é criado, por meio da Lei 3.820/1960, para atender à necessidade de centralizar as atividades da profissão farmacêutica e fiscalizar o seu exercício. 1975 A Universidade Federal de Minas Gerais é a primeira a introduzir a disciplina de Farmácia Hospitalar em sua grade curricular. 1980 A Universidade Federal do Rio de Janeiro cria o curso de Pós-Graduação em Farmácia Hospitalar. - -5 1985 O Ministério da Saúde passa a incentivar e promover cursos de especialização em Farmácia Hospitalar como estratégia para reduzir infecções hospitalares. 1995 A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) é criada, passando a contribuir com o reconhecimento da área e com o seu desenvolvimento técnico-científico. - -6 1.2 Conceitos e funções Todo esse caminho percorrido acarretou no reconhecimento da farmácia hospitalar como importante área de atuação do farmacêutico. E para entender o conceito mais correto do termo, é preciso analisar a definição dada pelas três instituições que tiveram o papel mais preponderante para a regulamentação dessa atividade. O Ministério da Saúde, órgão do governo federal e a mais alta instituição de saúde do país, defende que a farmácia hospital é a unidade clínico-assistencial, técnica e administrativa, onde se processam as atividades relacionadas à assistência farmacêutica, dirigida exclusivamente por farmacêutico, compondo a estrutura organizacional do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente (BRASIL, 2010). Já para a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), a atividade representa uma unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente (SBRAFH, 2017). Por fim, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define farmácia hospital como a responsável pela seleção de medicamentos, a aquisição e o controle dos medicamentos selecionados e o estabelecimento de um sistema racional de distribuição que assegure que o medicamento prescrito chegue ao paciente na dose correta (OPAS, 1997). De certa forma, é possível perceber que as três instituições apresentam conceitos muito parecidos e complementares umas com as outras. Basicamente, todas falam sobre as funções do farmacêutico hospitalar, que podem ser resumidas da seguinte forma: - -7 Figura 1 - Integração entre as funções farmacêuticas Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer: A imagem apresenta três círculos interconectados com a intenção de mostrar a integração das atividades executadas pelo farmacêutico nas suas diversas áreas de competência (clínico-assistencial, administrativa e econômica). Na prática, porém, os três papéis são extremamente integrados. A equipe responsável por fazer a lista dos medicamentos e insumos a serem comprados, por exemplo, precisam consultar outras equipes multidisciplinares para levar em consideração o custo-benefício centrado no bem-estar do paciente. Aqueles que organizam os processos de trabalho de toda a equipe do hospital, devem levar em consideração a aplicabilidade financeira da instituição a, ao mesmo tempo, pautar suas escolhas na segurança do paciente. - -8 Poderíamos pensar em vários cenários onde todas estas atividades são aplicadas ao mesmo tempo, mas o que nos cabe nesse momento é refletir o quanto esse profissional é dotado de competências e possui uma atuação integrada com todas as atividades e setores do ambiente hospitalar, seja direta ou indiretamente. - -9 2. Estrutura organizacional da farmácia hospitalar Ao conhecer a abrangência e a atuação da farmácia hospitalar, é importante entender também de que maneira o espaço físico e os recursos humanos disponíveis devem estar integrados para otimizar o funcionamento do setor. - -10 2.1 Estrutura física A estrutura física da farmácia hospital não pode ser analisada sem que sejam consideradas três questões: a localização estratégia, o tamanho físico e a disposição interna. A do setor dentro do ambiente hospital deve ser levada em conta especialmente porquelocalização estratégica devido às diversas peculiaridades que envolvem o seu operacional. É preponderante, por exemplo, que o local deva: possuir fácil acesso para a entrada de recebimentos de insumos e materiais, já que, em geral, tratam-se de grandes volumes que precisam chegar em segurança até a Central de Abastecimento de Medicamentos, independente se ela estiver localizada junto ou em local diverso da farmácia. ter fácil acesso para que a equipe hospitalar possa se dirigir até o setor em momentos consultivos e também para facilitar o trabalho de vigilância em saúde que muitas vezes fica concentrado na farmácia. contar com algum grau de isolamento acústico (já que alguns equipamentos utilizados no fracionamento podem gerar ruídos que ultrapassam o nível de aceitável no ambiente hospitalar, de acordo com a NBR 10.152/87), isolamento de poluição e resíduos (para que seja prezada a manutenção do ambiente limpo). permitir acesso fácil ao local onde são processados os medicamentosque serão dispensados com fluxos de abastecimento bem definidos, caso a Central de Abastecimento esteja em local separado. Por outro lado, não existe um ideal pré-definido por lei ou orientado pela doutrina. Além disso,tamanho físico algumas publicações estabeleceram de forma bem genérica qual deveria ser o espaço ocupado pela farmácia hospitalar em relação à quantidade de leitos. Não há um consenso entre eles: Cimino (1973), por exemplo, defendeu o tamanho de 1,5 metros quadrados por leito, mas a OPAS fala em 1,2 metros quadrados para a mesma quantidade. Já a Sociedade Espanhola de Farmácia Hospitalar preconiza 1 metro quadrado por leito. Embora o cálculo por leito seja mais prático e menos subjetivo, não é só esse número que precisa ser considerado na hora de definir o tamanho físico ideal em que a farmácia hospitalar deve funcionar. Também devem entrar na avaliação fatores como: Tipo do hospital É preciso considerar se o hospital é especializado, geral, policlínico ou de ensino, por exemplo, visto que cada nível de complexidade hospitalar demandará um espaço físico que seja proporcional à demanda atendida. Por outro lado, hospitais vinculados ao ensino devem contar também com salas multifuncionais para estudos, aulas e atendimentos. - -11 Tipo de atendimento e mantenedora É preciso considerar se o hospital se é filantrópico, se atende de forma particular, ou por convênio ou, ainda, gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), já que a demanda é construída dentro da complexidade de atendimento. Então, quanto maior o fluxo de atendimento, o elenco de medicamentos, o público-alvo (geriatria, pediatria, saúde da mulher, infectologia, por exemplo), cada novo serviço prestado exigirá um elenco diferente de medicamentos. E o espaço físico da farmácia deverá estar de acordo com tais necessidades para se adequar ao fluxo de cada serviço prestado no hospital. Localização regional É preciso avaliar o local onde o hospital está instalado e, principalmente, as regiões mais distantes em que há dificuldade de acesso a medicamentos. Atividades assumidas p e l a farmácia Além disso, deve se considerar também as atividades que a farmácia se propõe a fazer: se assumir um papel educativo e consultivo, por exemplo, o local deve dispor de uma estrutura para reuniões e guarda de material bibliográfico. Fora isso, é preciso reservar espaço para os ambientes-padrão do setor, como a área para guardar e manipular os medicamentos e a sala privativa para o farmacêutico desempenhar suas funções administrativas e gerenciais. Por fim, a do setor deve apresentar toda a infraestrutura necessária para o bom andamentodisposição interna dos processos de trabalho do setor, considerando os mobiliários e móveis ergonomicamente compatíveis com cada necessidade, as instalações elétricas compatíveis com as atividades desempenhadas e a quantidade suficiente de computadores, e respeitar também a quantidade de funcionários que estará trabalhando em cada turno e em cada subsetor. - -12 2.2 Organização de Recursos Humanos Com base na variedade de atividades desempenhadas pelo farmacêutico no âmbito da farmácia hospitalar, a capacidade de gestão de pessoas, a liderança e o desenvolvimento de relações interpessoais são competências de extrema importância para a execução do trabalho. Por isso, além da estrutura física, a farmácia hospital também comporta uma certa quantidade de profissionais para exercer as funções necessárias. A Portaria 4.283, de 2010, do Ministério da Saúde, por exemplo, traz uma avaliação subjetiva ao se limitar à orientação de que a farmácia em hospitais deve contar com farmacêuticos e auxiliares, necessários ao pleno desenvolvimento de suas atividades, considerando a complexidade do hospital, os serviços ofertados, o grau de informatização e mecanização, o horário de funcionamento, a segurança para o trabalhador e usuários (BRASIL, 2020, s./p.). Por esse motivo, a SBRAFH preconiza que cada setor tenha disponível um farmacêutico para cada 50 leitos, quantidade mínima para atender todo o horário de funcionamento assistencial da farmácia. No caso dos auxiliares, o mínimo seria de dez profissionais por leito, caso o setor não conte com recursos informatizado suficiente para todos. É importante considerar também que o farmacêutico hospitalar possui um grau hierárquico que o proporciona todo tipo de relações profissionais. Em certos momentos estará lidando com questões administrativas e gerenciais com o diretor do hospital (a quem estará em um nível hierárquico mais baixo); em outro, estará discutindo casos clínicos e condutas terapêuticas em uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde (em que todos estão no mesmo nível hierárquico); ou, ainda, poderá estar liderando sua equipe interna (a quem está Fique de olho A Portaria 4.283, de 2010, foi elaborada pelo Ministério da Saúde em conjunto com gestores de diversas instituições importantes para o setor, como a SBRAFH, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Federação Nacional dos Farmacêuticos (FENAFAR), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS). A ideia era fornecer diretrizes a serem seguidas na estrutura organizacional e na atuação do farmacêutico em âmbito hospitalar. - -13 hierarquicamente acima) e, claro, também haverá aquelas situações assistenciais em que estará lidando diretamente com o paciente. Quando se tratam dessas relações, qualquer delas, é preciso ter em mente a necessidade do profissional desenvolver habilidades socioemocionais para lidar com as mais diversas situações que o trabalho requer, seja com as equipes, com os pacientes ou até com os seus familiares. - -14 3. Central de Abastecimento Farmacêutico A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) é o local onde o medicamento fica armazenado. Embora nem sempre ele esteja alocado junto da farmácia, a SBRAFH preconiza que o setor disponha de, pelo menos, um farmacêutico exclusivo para o seu atendimento e organização. - -15 3.1 Atividades operacionais Cabe ao CAF a tarefa de guardar e manter a qualidade e a estabilidade do medicamento que será distribuído, estabelecendo fluxos que assegurem a recepção, a estocagem e a distribuição dos medicamentos e insumos médicos. Além disso, todas essas etapas devem gerar os chamados Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) - guias que descrevem cada atividade exercida pela farmácia hospitalar, determinando os responsáveis, a peridiocidade, o passo a passo, e o que mais de informação que for necessária para padronizar o serviço. Desta maneira, algumas questões devem ser rigorosamente observadas: Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /a1bb44fc8178f42948e97fe58754750b Ordenação do estoque Não existe uma especificação a respeito de como deve estar ordenado o estoque, mas alguns estabelecimentos optam em fazê-lo por classes terapêuticas, outros por demanda ou, ainda, por setores a serem atendidos. No entanto, a maneira mais intuitiva e fácil é, provavelmente, pela ordem alfabética do princípio ativo. Rotatividade do item A organização deve levar em conta o fácil acesso aos itens com maior e menor demanda, o que irá otimizar o trabalho tanto no momento do recebimento, quanto no momento de expedição. Identificação dos itens A localização de cada item nas prateleiras ou paletes deve estar devidamente identificada, de modo a evitar confusões no momento de saída de material e, até mesmo, que o profissional perca tempo procurando por ele. Ordem de entrada e ordem de saída A guarda do material nas prateleiras deve ser feita respeitando o prazo de validade, fazendo com que aqueles que estejam mais próximos do vencimento sejam os primeiros a sair. Esse modelo de organização é chamado Primeiro a Vencer, Primeiro a Sair (PVPS) – ou, na versão original,em inglês, de (FEFO).First expire First out Mobiliário compatível ao material a ser armazenado Os paletes devem ser usados para evitar o contato de caixas e outros materiais diretamente com o chão e as prateleiras não devem ser tão altas para evitar risco à segurança dos funcionários. Além disso, todo o mobiliário - -16 deve ser de material resistente e lavável, respeitar o volume e peso do material que será acondicionado e possuir dimensões apropriadas para não atrapalhar o fluxo e a acessibilidade. Embora pareçam mecanizados e metódicos, seguir tais detalhes nos processos de trabalho do CAF pode de ser de grande contribuição para o resultado final e para o andamento do trabalho. Afinal, ele pode ser feito de forma muito mais rápida quando o profissional sabe exatamente onde buscar cada item e quando todo o processo já trabalha em favor do controle de qualidade. No entanto, uma vez que o farmacêutico estabelece o processo, a sua função passa a ser mais no sentido de monitorar o que está sendo feito pelos auxiliares, do que, necessariamente, promover a operacionalização propriamente dita. - -17 3.2 Atividades administrativas A CAF gera uma quantidade muito grande de informações a respeito da rotatividade e custos de materiais, do perfil de consumo do hospital e dos setores e do grau de ociosidade de alguns itens que não são usados com frequência. Por isso, a boa gestão do estoque pode impactar diretamente na saúde financeira do estabelecimento. Para ajudar nesse processo, é preciso levar em conta: Consumo médio É a frequência do uso de determinado medicamento. Se traçar um paralelo entre o consumo médio do item em um determinado período de tempo, o profissional saberá quanto tempo irá durar o estoque disponível, quando será o momento de acionada uma nova compra, sem correr o risco de faltar produto caso ele demore a chegar, ou, então, se vale mais a pena o item deve ser devolvido por falta de demanda. Tempo de ressuprimento É o tempo que leva entre o hospital efetuar a compra dos produtos e o fornecedor fazer a entrega. Ponto de ressuprimento É o nível do estoque que determina uma nova compra do item. Para determinar esse ponto, é preciso que o profissional tenha um bom acompanhamento do processo como um todo. Um item com consumo médio mensal de três mil comprimidos e que o fornecedor leva 10 dias para entregar (tempo de ressuprimento), por exemplo, atingirá o ponto de ressuprimento quando o estoque estiver com mil itens. Isso dá tempo suficiente para o fornecedor fazer a entrega antes do estoque chegar ao fim. Itens sazonais São os medicamentos e insumos cujo consumo possui um perfil sazonal, por sofrer interferência climáticas, temporais ou, até mesmo, eventos específicos na região onde o hospital está estabelecido. Essa sazonalidade deve ser conhecida pelo farmacêutico para evitar faltas nos momentos que apresentam maiores saídas ou ociosidade em épocas sem demanda. Um sistema informatizado de qualidade auxilia muito o profissional na hora de avaliar todos esses pontos e deve ser encarado, portanto, como um investimento. Afinal, deter essas informações de forma organizada só traz vantagens: garante ao farmacêutico uma gestão mais prática, segura e eficiente; - -18 evita intercorrências devido a faltas ocasionais de itens importantes; evita gastos desnecessários com vencimento de itens ou compra de material que não possui demanda; otimiza espaço físico e faz com que ele seja usado de maneira mais inteligente e facilita o trabalho dos funcionários envolvidos nos processos de organização e expedição. - -19 4. Logística de suprimentos: seleção, padronização e aquisição A logística de suprimentos nada mais é do que o caminho percorrido pelo medicamento, desde o momento em que o profissional elabora a seleção dos medicamentos que serão comprados, até a escolha do melhor método de dispensação. Trata-se, portanto, de um percurso que envolve diversas etapas, com impacto econômico, administrativo e assistencial, e uma grande capacidade analítica por parte do farmacêutico. O primeiro passo é a e a dos medicamentos. Nesta etapa, o profissional decide quais itensseleção padronização serão utilizados no hospital em um período determinado. Para Junior e Marques (2012, p. 300), este é um processo dinâmico e continuo, multidisciplinar e participativo. É um processo de escolha que visa a elaboração de uma relação de medicamentos essências, levando em consideração a necessidade, a eficácia, o benefício/risco e o benefício/custo. Assim, tanto em relação à seleção dos itens que irão compor essa listagem, quanto à padronização das quantidades a serem solicitadas, algumas questões devem ser consideradas, como, por exemplo, o perfil e especialidades atendidas do hospital, o uso racional dos medicamentos selecionados, os estudos a respeito de práticas e evidências clínicas dos medicamentos que serão disponibilizados e o custo-benefício ao hospital. Idealmente é construído dentro da Comissão de Farmácia e Terapêutica, devido à importância de uma integração multidisciplinar para avaliar o perfil de atendimento do hospital, por demandar uma constante atualização na listagem e também pelo caráter educativo que essa comissão irá adotar em cima do elenco definido. Assim, uma vez feita a ficha descritiva de cada um dos itens que devem ser comprados, inicia-se a segunda etapa do processo: a e a . Esta fase, segundo Junior e Marques (2012), aquisição gestão de estoque consiste num conjunto de procedimentos pelos quais se efetivam o processo de compras dos medicamentos, estabelecidos nas etapas anteriores. Trata-se, portanto, de uma etapa intimamente ligada à gestão de estoque principalmente para evitar faltas e desperdício de material e espaço físico e também estabelecer o melhor momento que a compra deve ser feita. - -20 Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /c1e8c268cdbc7b8891054420a3bdc431 Provavelmente, o maior desafio da etapa de aquisição é sabe identificar os momentos de compra, de quantidade e de margem de segurança de cada item. São critérios que devem ser avaliados item a item levando em consideração dados como consumo médio mensal, estoque atual, tempo que o fornecedor leva para entregar o item, validade do item em estoque. Nesse sentido, algumas considerações práticas devem ser feitas para facilitar esse processo: manter um sistema informatizados sempre atualizado em todas as movimentações feitas; possuir ficha de cadastro de fornecedores atualizada especificando quais os itens estão aptos a fornecer; estabelecer a quantidade de orçamentos que deverão ser feitos antes de realizar a compra visando o fornecedor com o melhor preço e condição de pagamento e entrega; já ter estabelecido o tempo de entrega dos itens e casos de comprar programadas; manter sempre atualizado o custo dos produtos; realizar inventários periodicamente; elaborar e manter atualizados relatórios de consumo dos itens para de modo que seja possível identificar qualquer mudança no perfil de consumo que necessite reajustar os dados a respeito de compra e ponto de ressuprimento. Além disso, também é interessante manter uma relação amigável com os fornecedores e com parceiros de outros estabelecimentos, para que, em um momento de demanda emergencial, disponha de uma rede de contatos que esteja disposta a auxiliar. Fique de olho No setor público a seleção dos medicamentos deve estar pautada nas chamadas Relação Nacional de Medicamentos (RENAME) e Relação Municipal de Medicamentos (REMUME). Tratam-se dos elencos de medicamentos que seriam essenciais para atender as principais necessidades da população – em âmbito nacional e municipal respectivamente – com base em dados epidemiológicos. - -21 5. Farmacoeconomia A farmacoeconomia tem como função otimizar os recursos financeiros utilizados para adquirir insumos, medicamentos e estabelecimento de processos sem que isso prejudiquea qualidade do serviço, a segurança do paciente e o bem-estar da equipe. Trata-se, portanto, o campo de atuação do farmacêutico hospitalar que possui a maior capacidade de combinar as funções assistenciais-administrativas-econômicas. Assim, por se tratar de medidas que podem ser quantificadas em valores, tem o potencial de trazer grande visibilidade ao setor. - -22 5.1 Metodologia de análise na farmacoeconomia Segundo Yuk, Kneipp e Maehler (2006), o custo com aquisição de medicamentos costuma variar entre 5% a 20% do orçamento do hospital e representa o maior valor financeiro dentre os produtos utilizados. Por isso, é muito importante que o conceito “economia”, dentro do âmbito hospitalar, seja aplicado de maneira a otimizar os gastos; porém, sem afetar a qualidade do serviço oferecido. Para isso, é necessário que se empregue todo o conjunto de embasamento teórico, domínio dos processos e conhecimento dos dados disponíveis pela gestão de estoque. Existem disponíveis algumas metodologias de análise que podem ser feitas nesse campo: Minimização de custos – É, possivelmente, a forma mais simples de avaliar o custo que determinado item ou processo representa no orçamento total. Por isso, determinar o quanto as alternativas terapêuticas disponíveis no mercado podem ser intercambiáveis entre elas costuma ser, segundo Alves (2011), o primeiro critério antes da realização da análise de minimização de custo. Caso elas sejam diferentes, não é possível fazer este tipo de estudo. Sicoli (2010) acrescenta ainda que esse é o tipo de análise mais útil para comparar as doses e as vias de administração diferentes, considerando que o resultado de duas ou mais alternativas são as mesmas em relação aos resultados clínicos. Importante ressaltar que a minimização de custo só deve ser aplicada na etapa de aquisição como forma de selecionar o fornecedor com menor custo, sem abrir mão da eficácia e da efetividade estabelecidas nas etapas de seleção e padronização. Custo-benefício – É uma análise que avalia o impacto que determinado processo de trabalho irá ter no orçamento do estabelecimento. No entanto, uma análise dessa natureza deve levar em consideração diversos contextos que, muitas vezes, são difíceis de serem convertidos em custos. Estabelecer um protocolo para a prevenção de infecções hospitalares, por exemplo, pode representar um aumento de custos com medicamentos, mas se forem considerados todas as despesas que são envolvidas com infecções hospitalares, o gasto com o uso de tal protocolo pode ser ainda menor que os gastos por não tê-lo. Para o Ministério da Saúde (2008), no entanto, esta é uma análise difícil de ser feita devido ao valor monetário daquilo que deve ser considerado: é possível transformar em valores o trabalho de salvar uma vida e reduzir a probabilidade de morte? Ou, então, atribuir valores à vida de uma pessoa idosa em relação à de uma criança, por exemplo? - -23 Custo-efetividade – É a melhora clínica do paciente provocada diante das alternativas terapêuticas que estão disponíveis. De acordo com Mota (2003), as unidades que podem ser usadas para mensurar esse impacto podem ser em anos de vida ganhos, casos detectados, dias de incapacidade evitados, unidades de pressão arterial reduzidas, número de doenças evitadas variando de acordo com o impacto mais relevante para a análise. Assim, no caso de comparar três alternativas de tratamento farmacológico da hipertensão arterial, a efetividade poderia ser avaliada de acordo com evidências clínicas na redução da pressão arterial em mmHg ou número de eventos cardiovasculares evitados, por exemplo. É válido considerar na análise também o impacto dos efeitos colaterais e adversos. A análise de um anti- inflamatório que apresente efetividade superior a outros de mesmo nível mas que possuem efeitos gástricos, por exemplo, deve vir acompanhada de uma análise custo-benefício pela exposição dos pacientes ao risco de desenvolvimento de úlcera gástrica. Custo-utilidade – É uma análise bem parecida com o custo-efetividade, mas com uma perspectiva mais voltada para o impacto na qualidade de vida do paciente. Por isso, utiliza uma unidade de medida denominada Anos de Vida Ajustados por Qualidade (AVAQ), que permite avaliar situações de confronto, como, por exemplo, “quantos anos de vida esse tratamento vai acrescentar ao paciente” frente a “qual a qualidade de vida que ele terá nesses anos que lhe serão acrescentados”? No entanto, trata-se de mais um valor subjetivo agregado à avaliação a ser feita. Qual é o maior valor para uma pessoa com câncer em estágio terminal e prognóstico de vida de seis meses, por exemplo? Submeter-se à uma quimioterapia agressiva que lhe acrescentará em torno de três anos de vida, boa parte deles focada em idas e vindas ao hospital, ou, então, adotar uma estratégia apenas profilática para dar conforto em seus últimos meses? Como é possível observar, toda análise de custo deve ser avaliada dentro do contexto em que está inserida. Afinal, uma opção que parece oferecer o menor custo, pode, ao mesmo tempo, oferecer um operacional tão caro que talvez não vale a pena. Portanto, a escolha pela análise a ser usada depende da etapa em que será realizada e o objetivo que ela deseja alcançar. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /e5b107fab17f7a2ca14bc0da1f66215e - -24 5.2 Curva ABC A grande quantidade de medicamentos e insumos que precisam ser contemplados na gestão de estoque impossibilita que o farmacêutico faça um acompanhamento caso a caso, ou medicamento a medicamento. Por isso, ele busca uma maneira de agrupar itens com particularidades semelhantes para conduzir essa gestão com o olhar diferenciado a cada um dos grupos. No entanto, para que esse agrupamento seja eficiente na construção de estratégias de gestão de estoque e farmacoeconomia, seria preciso levar em consideração a demanda de consumo e o impacto financeiro de cada item. Assim, atendendo a essa necessidade, a chamada curva ABC se apresenta como a ferramenta mais adequada, assim como acontece em diversas áreas da economia. Figura 2 - Divisão dos medicamentos conforme a Curva ABC Fonte: i viewfinder, Shutterstock (2020). #PraCegoVer:A imagem mostra uma pessoa organizando o estoque de medicamentos de acordo com a Curva ABC, que separa os remédios por similaridade. Segundo Lourenço (2006), a Curva ABC é baseada no teorema do economista italiano Vilfredo Pareto (motivo pelo qual também é chamada “Teorema de Pareto”) que em um estudo sobre a renda e a riqueza e observou que uma pequena parcela da população (20%) concentrava a maior parte da riqueza local (80%). Essa distribuição passou a ser observada em outros contextos até que foi validada como uma metodologia de gestão de estoque e, consequentemente, controle de gastos. Na farmácia hospitalar, isso é demonstrado em uma curva que demonstra que uma pequena quantidade de itens (em torno de 20% dos itens) consome um maior percentual no orçamento destinado aos medicamentos, - -25 enquanto que 80% dos itens, que são os mais consumidos e com maior rotatividade representam uma menor parcela do orçamento destinado a aquisição de medicamentos (em torno de 20% dos gastos). Essa observação ofereceu uma facilidade no momento de agrupar os medicamentos que demandavam de estratégias diferentes de gestão de estoque. Por isso, eles podem ser agrupados da seguinte maneira: • Classe A Esse grupo representa cerca de 20% dos itens do estoque e, portanto, é considerado o grupo de itens mais importantes e que demandam maior atenção na sua gestão. Isso porque se tratam dos itens mais caros do estoque e que representam cerca de 80% do valor total do estoque. • Classe B Representa um grupo de itens com demanda e custos intermediários entre a classe A e C, sendo cerca de 15% do total de itens em estoque e que consomem em torno de 15% dos recursos. Portanto, não possuem um custo tão alto quantoa Classe A e nem uma rotatividade tão alta quanto a classe C. • Classe C Agrupa cerca de 70% dos itens em estoque sendo os que possuem maior consumo e rotatividade pelo hospital. Porém, sua importância em valor é pequena, representando cerca de 20% do valor do estoque. Conhecer a demanda de cada item e a frequência com que deve haver a reposição, auxilia no momento de orçar melhores preços e selecionar o melhor fornecedor. Também é útil para de estabelecer qual será o estoque de segurança que terá de cada medicamento, evitando o estoque muito grande de um item caro e com baixa rotatividade e que pode acarretar em vencimento do prazo de validade. Assim, um medicamento com alta demanda e alta rotatividade, por exemplo, pode ter uma programação de compra estabelecida quinzenalmente, de forma a não ter um estoque muito grande e que ocupe muito espaço físico. Como é possível verificar, o estoque de uma farmácia hospitalar possui uma quantidade muito grande de medicamentos e insumos a serem gerenciados. Portanto, agrupar esses itens utilizando a curva ABC pode ser bastante útil no momento de estabelecer processos na gestão de estoque e controle de gastos diferenciadas para cada classe. • • • - -26 6. Indicadores de qualidade Depois de planejar e operacionalizar as atividades da farmácia hospitalar, como saber se o trabalho está alcançando o objetivo estabelecido ou se precisa ser revisto? Isso pode ser feito por meio dos chamados indicadores de qualidade de serviço, que, nada mais são, do que são informações obtidas de maneira padronizada que ajudam a identificar erros e acertos no processo, ajudando a subsidiar as decisões dos gestores. Mais do que um meio de fiscalizar os processos de trabalho e resultados, deve também assumir um caráter educativo e estimular o interesse na melhoria dos serviços. Segundo a Organização Mundial de Saúde: Indicadores são marcadores da situação da saúde e do desempenho dos serviços ou disponibilidade de recursos definidos para permitir a monitorização de objetivos, alvos e performances. Trata-se por indicador ainda, um parâmetro facilmente mensurável e representativo do trabalho realizado em uma determinada atividade (OMS, 2010). - -27 6.1 Importância e aplicabilidade Na farmácia hospitalar, os indicadores podem ser classificados em dois grupos: cadeia de suprimentos e gestão da assistência farmacêutica. Cada qual tem a sua importância em fornecer dados e nortear ações em uma determinada área, tornando importante que sejam elaborados indicadores que tenham abrangência tanto na cadeia de suprimentos quanto na questão assistencial. A cadeia de suprimentos é o conjunto de ações que envolve a aquisição e a distribuição dos medicamentos e, por isso, trabalha com os dados fornecidos durante a gestão de estoque, determinando o consumo médio mensal, o estoque mínimo e o ponto de ressuprimento. Na ausência de um sistema informatizado eficiente, a obtenção dessas informações pode ser bastante trabalhosa, mas que resultam em resultados palpáveis e que ajudam a tornar a programação de medicamentos muito mais fácil. Segundo Santos e Limberger (2018), determinar o volume de devoluções de materiais e medicamentos e identificar a sua logística adequada contribuem para a racionalização dos recursos financeiros e garantia da disponibilidade destes produtos quando estes forem necessários. Por outro lado, a gestão da assistência farmacêutica reúne os indicadores que avaliam os resultados obtidos pela atuação farmacêutica (considerando a padronização de medicamentos, as intervenções feitas na prescrição e os atendimentos interdisciplinares com outros profissionais) e os planeja de maneira que impactem no uso racional de medicamentos. Isso pode envolver atividades relacionadas à: padronização de medicamentos (que possui um impacto não apenas no uso racional de medicamentos, mas também financeiro); intervenção na prescrição (que visa a monitorização terapêutica, a análise posológica, a interação medicamentosa, a via de administração, a indicação terapêutica e efeitos adversos e que podem demonstrar a necessidade de uma alteração na conduta terapêutica em conjunto com o prescritor). No setor saúde, a aplicação de indicadores e índices que possibilitem mensurar a qualidade do serviço prestado, tem grande importância na padronização na qualidade do serviço. Segundo D’Innocenzo (2006, s./p), os programas de qualidade têm forte tendência a enfatizar a avaliação das condições dos hospitais, focalizados na infraestrutura, nos processos e resultados. A garantia da qualidade pode ser representada pelos indicadores “capacitação de recursos humanos”, “cumprimento aos POPs”, “padronização de notas de sala” e “participações em comissões”. Todos estes indicadores têm por função a qualificação dos processos de trabalho, fundamental para o aprimoramento dos serviços. A - -28 melhoria da qualidade hospitalar é estabelecida por meio de padrões, resultado dos estudos de séries históricas na mesma organização ou de comparação com outras organizações semelhantes, em busca do defeito zero - situação que, embora não atingível na prática, orienta e filtra toda ação e gestão da qualidade. - -29 6.2 Elaboração de indicadores A elaboração dos indicadores que serão monitorados busca qualificar e determinar alguns parâmetros no serviço da farmácia hospitalar. Cabe dizer que os parâmetros a serem analisados serão determinados pela necessidade do estabelecimento, por exemplo, um hospital que está apresentando uma grande quantidade de erros na administração de medicamentos poderá elaborar um indicador e parâmetros para avaliar qual a etapa do processo pode estar impactando nesses erros: seria uma dispensação incorreta¿ Interpretação errada da prescrição¿ Falta de treinamento dos profissionais técnicos¿ Atualmente, apesar de alguns órgãos sugerirem os indicadores mais indicados, a elaboração de cada um deve ser feita dentro do estabelecimento onde será aplicado e, portanto, depende da resposta algumas perguntas. Por exemplo: • Quais os processos do hospital/farmácia consomem maior tempo dos funcionários? • Quais os processos do hospital/farmácia são mais onerosos? • Quais os problemas mais recorrentes no hospital/farmácia? • Quais os dados têm-se disponíveis para se trabalhar? • O quanto o sistema informatizado pode auxiliar no recolhimento desses dados? Dessa maneira, será possível identificar onde podem estar as dificuldades do processo e quais etapas podem ser mais impactadas financeiramente pela otimização. A partir daí, a elaboração de indicadores poderá ser feita. Além disso, eles também devem ser metodologicamente possíveis de serem trabalhados. E, para tanto, devem possuir: Objetivo e meta Define o que se deseja alcançar e qual problema será resolvido por meio do indicado. Fonte Aponta de onde serão extraídos os dados que serão trabalhados. Parâmetro Indica o dado que será usado para acompanhar o desenvolvimento e aplicação dos indicadores. • • • • • - -30 Ao responder esses questionamento será possível ter mais clareza em quais as atividades desempenhadas pela farmácia demandam uma maior atenção, quais as etapas do serviço estão mais susceptíveis a ocorrência de erros, e quais os processos mais delicados. Entendendo essas particularidades será possível elaborar indicadores que possibilitem avaliar a qualidade do serviço prestado bem como, ao estabelecer parâmetros e acompanhar a evolução desses dados no decorrer do tempo será possível observar se a qualificação do serviço está apresentando uma melhora ou uma piora que exija uma nova interferência. Segue exemplos de um indicador que poderia ser usado em cada categoria discutida e como os pontos devem ser desenvolvidos na elaboração de um indicador: Figura 3 - Modelo da elaboração dos indicadores de qualidade Fonte: SANTOS; LIMBERGER (2018, s./p.). #PraCegoVer Trata-se de uma tabela com alguns exemplos de indicadores que podem ser usados para avaliara: qualidade do serviço prestado pela farmácia hospitalar, em que cada indicador recebe um nome, é determinado um parâmetro que permita a mensuração desse indicador, a fonte da qual esses dados serão extraídos, a meta e o objetivo que se deseja alcançar com esse indicador. - -31 Como pode ver, indicadores não servem para gerar números ou estatísticas. Pelo contrário. A ideia é que eles geram soluções e, por isso, devem ser individualizados a cada estabelecimento, de acordo com a problemática encontrada. é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • acompanhar a farmácia hospitalar constituindo-se como atividade reconhecida ao farmacêutico; • conhecer a maneira como a farmácia hospitalar está organizada física e operacionalmente; • compreender o impacto que a gestão de estoque tem na otimização dos serviços ofertados pela farmácia hospitalar; • conhecer as práticas da rotina hospitalar que possuem impacto financeiro na instituição; • estudar a importância de se estabelecer indicadores de qualidade ao serviço da farmácia hospitalar. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva da Área de Economia da Saúde e Desenvolvimento. Avaliação desafios para gestão no Sistema Único de Saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2008.econômica em saúde: Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/avaliacao_economica_desafios_gestao_sus.pdf> Acesso em: 21 fev. 2020. _____. Ministério da Saúde. Aprova as diretrizes e estratégiasPortaria nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010. para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4283_30_12_2010.html. Acesso em: 19 fev. 2020. DE SOUZA, C, . Indicadores de qualidade utilizados no gerenciamento da assistência de enfermagemet al hospitalar [Healthcare quality indicators used in hospital nursing care management]. Revista Enfermagem UERJ. 6 (23): 787-793, 2006. DEITOS, D.M.; SILVA, M.T. Indicadores da qualidade. In: FERRACINI, F.T.; FILHO, W.M.B. Prática farmacêutica : do planejamento à realização. São Paulo: Atheneu, 2005.no ambiente hospitalar D’INNOCENZO M.; ADAMI N.P.; CUNHA I.C.K.O. O movimento pela qualidade nos serviços de saúde e Revista Brasileira de Enfermagem, v.59, n.1, Brasília, jan./fev. 2006. Disponível em: doi.org/10.enfermagem. 1590/S0034-71672006000100016. Acesso em: 20 fev.2020. • • • • • - -32 JUNIOR, D.P.; MARQUES, T.C. . SãoAs bases da dispensação racional de medicamentos para farmacêuticos Paulo: Pharmabooks, 2012. LOURENÇO, G.K.; CASTILHO, V. Classificação ABC dos materiais: uma ferramenta gerencial de custos em Revista Brasileira de Enfermagem, v.59, n.1, Brasília, jan./fev. 2006. Disponível em: doi.org/10.enfermagem. 1590/S0034-71672006000100010. Acesso em: 21 fev. 2020. MOTA, D. M. : instrumentos de medida dos benefícios na atenção farmacêutica.Avaliação farmacoeconômica Fortaleza: Acta Farm Bonaerense, 2003. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE (OPAS). Guia para el desarrollo de los servicios farmaceuticos , 1997.hospitalares SANTOS, J. A; LIMBERG, J. B. Indicadores de avaliação da assistência farmacêutica na acreditação Revista da Administração em Saúde, vol. 18, nº 70, jan./mar, 2018. Disponível em: cqh.org.br/ojs-hospitalar. 2.4.8/index.php/ras/article/view/71/107. Acesso em: 21 fev.2020. SECOLI, S. R.; PADILHA, K. 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