Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2019 1a Edição Estudos LitErários da Língua ingLEsa Prof.ª Taise Feldmann Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Me. Taise Feldmann Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F312e Feldmann, Taise Estudos literários da língua inglesa. / Taise Feldmann. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 219 p.; il. ISBN 978-85-515-0288-4 1. Língua inglesa - Estudos literários. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 820 III aprEsEntação Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Estudos Literários da Língua Inglesa! Este livro didático foi produzido para que você possa conhecer o universo da Literatura! É comum, como acadêmico, questionar-se sobre esse intrigante tema. Por isso, a partir de agora, você será levado a responder alguns questionamentos: O que é Literatura? E teoria literária? Qual a importância da Literatura para a vida em sociedade? O que a Literatura nos ensina sobre o homem e o mundo? As perguntas citadas serão discutidas e respondidas ao longo das três unidades deste livro, que focarão na Literatura em Língua Inglesa, evidenciando que a mesma ultrapassa a ideia de Literatura do Reino Unido e embarca diversos países cujas obras literárias são escritas em Inglês, repletas da diversidade de suas identidades. Dessa forma, a Unidade 1 será destinada a discussões acerca dos conceitos basilares que envolvem esse universo, na busca de compreender o que é Literatura, Teoria Literária, Literatura Cânone, Literatura Anticânone e Literariedade. Além disso, vamos estudar algumas características dos textos literários, como ficção e não ficção, as modalidades de leitura e o texto e o contexto. Na Unidade 2, você terá contato com os Gêneros Literários e suas especificidades: Gênero Lírico, Gênero Dramático e Gênero Narrativo. Nesta unidade você conhecerá os principais autores e obras em Língua Inglesa dos gêneros mencionados. Para finalizarmos, a Unidade 3 será destinada ao estudo de textos teóricos fundamentais para a compreensão e análise de autores e textos literários em Língua Inglesa, os quais formam o nosso corpus literário. Aproveite ao máximo cada um dos diálogos propostos nesta obra, assim como as autoatividades desenvolvidas ao fim de cada unidade, que lhe auxiliarão na compreensão dos diversos estudos abordados aqui, acerca da Literatura. Além disso, assista aos vídeos indicados na ferramenta UNI e leia o que for sugerido como material extra. E não esqueça! Não deixe de IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! acessar a trilha de aprendizagem da disciplina no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), pois os materiais disponibilizados lá são muito importantes para o seu aprendizado. Esperamos que você possa ampliar ainda mais seus conhecimentos acerca da Literatura, com foco na Língua Inglesa, tornando-se um excelente profissional na área. Conte conosco para o que precisar, pois nosso corpo docente estará sempre à disposição para trocar ideias e aprendermos juntos, a partir das suas sugestões e dúvidas. Prof.ª Me. Taise Feldmann NOTA V VI VII UNIDADE 1 – O QUE É LITERATURA? ............................................................................................ 1 TÓPICO 1 – LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES ............................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 A LITERATURA .................................................................................................................................... 3 2.1 OLD ENGLISH ................................................................................................................................. 10 2.2 MIDDLE ENGLISH ......................................................................................................................... 15 2.3 MODERN ENGLISH ....................................................................................................................... 18 3 A TEORIA LITERÁRIA ....................................................................................................................... 21 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 24 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 26 TÓPICO 2 – CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA ................................. 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 O CÂNONE LITERÁRIO .................................................................................................................... 27 3 O ANTICÂNONE LITERÁRIO ......................................................................................................... 34 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 38 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 39 TÓPICO 3 – NOÇÕES ACERCA DA LITERARIEDADE ................................................................ 41 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41 2 A LITERARIEDADE............................................................................................................................. 41 3 AS CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS LITERÁRIOS ............................................................... 44 3.1 FICÇÃO E NÃO FICÇÃO .............................................................................................................. 44 3.2 MODALIDADES DE LEITURA..................................................................................................... 48 3.3 TEXTO E CONTEXTO .................................................................................................................... 49 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................53 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59 UNIDADE 2 – OS GÊNEROS LITERÁRIOS E SUAS ESPECIFICIDADES ................................ 61 TÓPICO 1 – OS GÊNEROS LITERÁRIOS ......................................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2 A TEORIA DOS GÊNEROS LITERÁRIOS ..................................................................................... 64 2.1 FASE CLÁSSICA .............................................................................................................................. 65 2.2 FASE ROMÂNTICA ........................................................................................................................ 69 2.3 FASE CONTEMPORÂNEA ............................................................................................................ 72 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 77 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 79 sumário VIII TÓPICO 2 – O GÊNERO LÍRICO ......................................................................................................... 81 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81 2 AS ESPECIFICIDADES DO GÊNERO LÍRICO ........................................................................... 81 2.1 RECURSOS DA LINGUAGEM POÉTICA ................................................................................... 84 2.1.1 Versificação .............................................................................................................................. 84 3 OS SUBGÊNEROS DO GÊNERO LÍRICO ..................................................................................... 97 3.1 ODE ................................................................................................................................................... 97 3.2 ELEGIA ............................................................................................................................................ 99 3.3 IDÍLIO OU ÉCLOGA ...................................................................................................................101 3.4 SONETO ..........................................................................................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................105 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107 TÓPICO 3 – O GÊNERO DRAMÁTICO ..........................................................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 AS ESPECIFICIDADES DO GÊNERO DRAMÁTICO ...............................................................109 2.1 ESTRUTURA DRAMÁTICA ........................................................................................................110 3 OS SUBGÊNEROS DRAMÁTICOS ..............................................................................................111 3.1 A TRAGÉDIA .................................................................................................................................111 3.2 A COMÉDIA ...................................................................................................................................112 3.3 DRAMA ...........................................................................................................................................114 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................117 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119 TÓPICO 4 – O GÊNERO NARRATIVO ............................................................................................121 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121 2 AS ESPECIFICIDADES DO GÊNERO NARRATIVO ................................................................121 2.1 ENREDO .........................................................................................................................................122 2.2 PERSONAGENS ............................................................................................................................123 2.2.1 Protagonistas .........................................................................................................................123 2.2.2 Antagonistas ..........................................................................................................................123 2.2.3 Coadjuvantes .........................................................................................................................123 2.3 NARRADOR ...................................................................................................................................123 2.4 TEMPO ............................................................................................................................................124 2.4.1 Cronológico ...........................................................................................................................124 2.4.2 Psicológico .............................................................................................................................124 2.5 ESPAÇO ...........................................................................................................................................125 3 OS SUBGÊNEROS NARRATIVOS ................................................................................................125 3.1 EPOPEIA .........................................................................................................................................125 3.2 NOVELA .........................................................................................................................................127 3.3 FÁBULA ..........................................................................................................................................128 3.4 ROMANCE .....................................................................................................................................128 3.5 CONTO............................................................................................................................................130 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................132 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................136 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................138 IX UNIDADE 3 – O CORPUS LITERÁRIO EM LÍNGUA INGLESA ..............................................139 TÓPICO 1 – A PRODUÇÃO LITERÁRIA EM LÍNGUA INGLESA DA ERA MEDIEVAL ....141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1412 CAEDMON’S HYMN ........................................................................................................................141 3 BEOWULF ............................................................................................................................................145 4 THE CANTERBURY TALES .............................................................................................................149 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................161 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162 TÓPICO 2 – A PRODUÇÃO LITERÁRIA EM LÍNGUA INGLESA DA ERA MODERNA ...165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165 2 HAMLET ...............................................................................................................................................166 3 PARADISE LOST ................................................................................................................................176 4 GULLIVER'S TRAVELS ....................................................................................................................180 5 PRIDE AND PREJUDICE ..................................................................................................................183 6 FRANKENSTEIN ................................................................................................................................187 7 OLIVER TWIST...................................................................................................................................189 8 THE WASTE LAND ............................................................................................................................192 9 THE PALM-WINE DRINKARD ......................................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................197 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................200 TÓPICO 3 – A PRODUÇÃO LITERÁRIA EM LÍNGUA INGLESA DA ERA CONTEMPORÂNEA .....................................................................................................203 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................203 2 HALF A LIFE ........................................................................................................................................203 3 SHALIMAR THE CLOWN ...............................................................................................................205 4 HALF OF A YELLOW SUN ...............................................................................................................207 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................211 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................212 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................213 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................215 X 1 UNIDADE 1 O QUE É LITERATURA? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer e analisar criticamente os conceitos basilares acerca da Literatura; • reconhecer a Teoria Literária como campo metodológico à compreensão do fazer literário; • compreender conceitos basilares como o cânone e o anticânone; • apreender sobre a Literariedade e as principais características dos textos literários. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES TÓPICO 2 – CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA TÓPICO 3 – NOÇÕES ACERCA DA LITERARIEDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 1 INTRODUÇÃO Embora muitas pessoas não reconheçam, podemos afirmar que a Literatura faz parte de nossas vidas, perpassando todas as fases, primeiro com as obras infantis, após pela juventude, até a vida adulta. Como futuro professor, é importante que você compreenda a literatura como um instrumento de comunicação e, além disso, como um instrumento de interação social. Portanto, estudar sobre o mundo literário é fundamental para a sua atuação profissional, visto que a partir de suas aulas os alunos poderão conhecer novos mundos, novos diálogos, cujos descobrimentos contribuirão significativamente para a constituição deles como sujeitos críticos e reflexivos. Nesse sentido, para que iniciemos os estudos acerca da Literatura, é preciso primeiro conhecer a sua história e suas compreensões. Por isso, estrearemos este tópico falando sobre a Literatura, seus conceitos e concepções, que evoluem com o passar dos anos. Após, focaremos na ciência que estuda a Literatura, a Teoria Literária. Vamos lá! 2 A LITERATURA A Literatura perpassa toda a história da humanidade e, especificamente, a Literatura em Língua Inglesa, é ligada ao nascimento da própria língua e de todo o seu o povo, hoje pertencente à Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales). Assim, mesmo sem perceber, você tem contato com a Literatura no seu cotidiano. Mas afinal, o que é Literatura? Definir o conceito de Literatura não é uma tarefa fácil, pois são diversas as concepções que perpassam por esse intrigante tema. Alguns autores definem a Literatura como arte, como uma recriação da realidade. Outros a veem como a expressão da sociedade, do homem, muitas vezes atrelada à resistência e às diferentes ideologias. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 4 É importante destacar que o modo como compreendemos a Literatura hoje pode não condizer com as compreensões de décadas atrás, visto que a Literatura vem se modificando ao longo dos anos, e que novos gêneros textuais ganharam espaço. Etimologicamente, literatura advém da palavra latina erudita litteratura, "arte de escrever, literatura", a partir da palavra latina littera, "letra". Contudo, sabemos que as primeiras obras literárias do Ocidente, como os poemas épicos de Homer (Homero), The Iliad (A Ilíada) e sua sequência The Odyssey (A Odisséia), circulavam na Grécia desde o século VIII a.C. de forma oral, declamados em festas pelos rapsodos ou aedos. “Portanto, o termo Literatura pode ser um tanto inexato para definir seu material, tendo de ser utilizado com ressalvas para não excluir as ricas manifestações poéticas de exclusiva circulação oral” (ZILBERMAN, 2012, p. 12). Vamos conhecer excertos dessas obras, em Língua Inglesa e Língua Portuguesa: QUADRO 1 – THE ILIAD, BY HOMER The Iliad, Book I, Lines 1-15 – Homer RAGE: Sing, Goddess, Achilles’ rage, Black and murderous, that cost the Greeks Incalculable pain, pitched countless souls Of heroes into Hades’ dark, And left their bodies to rot as feasts For dogs and birds, as Zeus’ will was done. Begin with the clash between Agamemnon-- The Greek warlord--and godlike Achilles. Which of the immortals set these two At each other’s throats? Apollo Zeus’ son and Leto’s, offended By the warlord. Agamemnon had dishonored Chryses, Apollo’s priest, so the god Struck the Greek camp with plague, And the soldiers were dying of it. FONTE: <https://www.poets.org/poetsorg/poem/iliad-book-i-lines-1-15>. Acesso em: 10 out. 2018.TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 5 QUADRO 2 – A ILÍADA, DE HOMERO Ilíada Canto 1 A ira, Deusa, celebra do Peleio Aquiles, o irado desvario, que aos Aqueus tantas penas trouxe, e incontáveis almas arrojou no Hades de valentes, de heróis, espólio para os cães, pasto de aves rapaces: fez-se a lei de Zeus; desde que por primeiro a discórdia apartou o Atreide, chefe de Homens, e o divino Aquiles. Que Deus, posto entre ambos, provocou a rixa? O filho de Latona e Zeus. Irou-o o rei. A peste então lavrou no exército: ruína cai sobre o povo! A Crises ultrajara o Atreide, ao sacerdote, o qual viera até às naus velozes dos Aqueus remir com dons a filha, nas mãos portanto os nastros do carteiro Apolo presos ao cetro de ouro e a todos implorava, mormente as dois Atreides, comandantes de homens. FONTE: <http://poesiacontraaguerra.blogspot.com/2008/12/ilada.html>. Acesso em: 10 out. 2018. QUADRO 3 – THE ODYSSEY, BY HOMER The Odyssey by Homer I Athene Visits Telemachus Tell me, Muse, the story of that resourceful man who was driven to wander far and wide after he had sacked the holy citadel of Troy. He saw the cities of many people and he learnt their ways. He suffered great anguish on the high seas in his struggles to preserve his life and bring his comrades home. But he failed to save those comrades, in spite of all his efforts. It was their own transgression that brought them to their doom, for in their folly they devoured the oxen of Hyperion the Sun-god and he saw to it that they would never return. Tell us this story, goddess daughter of Zeus, beginning at whatever point you will. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 6 All the survivors of the war had reached their homes by now and so put the perils of battle and the sea behind them. Odysseus alone was prevented from returning to the home and wife he yearned for by that powerful goddess, the Nymph Calypso, who longed for him to marry her, and kept him in her vaulted cave. Not even when the rolling seasons brought in the year which the gods had chosen for his homecoming to Ithaca was he clear of his troubles and safe among his friends. Yet all the gods pitied him, except Poseidon, who pursued the heroic Odysseus with relentless malice till the day when he reached his own country. Poseidon, however, was now gone on a visit to the distant Ethiopians, in the most remote part of the world, half of whom live where the Sun goes down, and half where he rises. He had gone to accept a sacrifice of bulls and rams, and there he sat and enjoyed the pleasures of the feast. Meanwhile the rest of the gods had assembled in the palace of Olympian Zeus, and the Father of men and gods opened a discussion among them. He had been thinking of the handsome Aegisthus, whom Agamemnon’s far-famed son Orestes killed; and it was with Aegisthus in his mind that Zeus now addressed the immortals: ‘What a lamentable thing it is that men should blame the gods and regard us as the source of their troubles, when it is their own transgressions which bring them suffering that was not their destiny. Consider Aegisthus: it was not his destiny to steal Agamemnon’s wife and murder her husband when he came home. He knew the result would be utter disaster, since we ourselves had sent Hermes, the keen-eyed Giant-slayer, to warn him neither to kill the man nor to court his wife. For Orestes, as Hermes told him, was bound to avenge Agamemnon as soon as he grew up and thought with longing of his home. Yet with all his friendly counsel Hermes failed to dissuade him. And now Aegisthus has paid the final price for all his sins.’ FONTE: <https://www.penguinrandomhouse.ca/books/329524/the-odyssey-by- homer/9780141192444/excerpt>. Acesso em: 13 out. 2018. TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 7 FIGURA 1 – A ODISSÉIA, DE HOMERO UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 8 FONTE: <http://www.revistas.usp.br/letrasclassicas/article/view/82639/85598>. Acesso em: 15 nov. 2018. Esses dois poemas épicos de Homero são considerados o início da Literatura narrativa do Ocidente, que além de influenciarem a arte e a literatura, influenciaram a história do povo Ocidental, uma vez que trazem importantes informações sobre a sociedade da época, cujos personagens são ícones até os dias atuais. É importante salientar que os poemas são atribuídos a Homero, porém devido às diferenças de estilo em cada obra, estudiosos questionam se essas possuem autorias diferentes ou se o autor as escreveu em diferentes etapas de sua vida, uma na juventude e outra na velhice. Após conhecer essas duas importantes obras literárias, você pode perceber que a Literatura vai muito além de obras escritas, pois pode estar presente em diferentes manifestações, e que possuem uma carga cultural, social e política. Afinal, “onde quer que houvesse uma história para ser contada e ouvidos dispostos, lá estava ela em sua forma mais primitiva: a poesia oral” (CARTER; MCRAE, 2001 apud OLIVEIRA; ZANESCO, 2009, p. 3142). TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 9 Umberto Eco, escritor, professor e filósofo italiano, autor do romance O Nome da Rosa, um dos maiores sucessos literários do século XX, traz um importante conceito em sua obra Sulla Letteratura (Sobre a Literatura — traduzido para o Português por Eliana Aguiar), a tradição literária. No discurso no Festival dos Escritores, Eco expôs que: Estamos cercados de poderes imateriais que não se limitam àqueles que chamamos de valores espirituais, como uma doutrina religiosa. É um poder imaterial também o das raízes quadradas, cuja lei severa sobrevive aos séculos e aos decretos, não só de Stalin, mas mesmo do papa. E entre esses poderes, arrolei também aquele da tradição literária, ou seja, do complexo de textos que a humanidade produziu e produz não para fins práticos (como manter registros, anotar leis e fórmulas científicas, fazer atas de sessões ou providenciar horários ferroviários), mas antes gratia sui, por amor de si mesma – e que se leem por deleite, elevação espiritual, ampliação dos próprios conhecimentos, talvez por puro passatempo, sem que ninguém nos obrigue a fazê-lo (com exceções das obrigações escolares) (ECO, 2011, p. 9, grifos Nossos). A definição de tradição literária soa poética e nos enche os olhos ao perceber quão valiosa a Literatura é para nossas vidas. A partir de um breve discurso, podemos perceber as diferentes funções exercidas por essa arte, desde o simples prazer, a elevação espiritual, a busca por novos conhecimentos até o exercício da “língua como patrimônio coletivo [...] que cria identidade e comunidade” (ECO, 2011, p. 10-11). A partir da definição de tradição literária temos concepções de que a Literatura "[...] é a arte que imita pela palavra" (ARISTÓTELES). Silva (2014, p. 15) relata que “desde o século XVIII, literatura é a palavra usada para se referir a textos escritos com uma função estética. Por definição, a literatura é uma atividade artística. Sim, literatura é arte”. Dessa forma, a literatura tem o poder de recriar a realidade de acordo com as concepções de quem a escreve, trazendo sua opinião, seus sentimentos e sua forma de escrita. Mas então, o que a torna diferente das outras manifestações artísticas? A resposta é simples: a palavra! Que é lapidada para transformar a linguagem, carregada de significados, que produzem efeitos sobre o leitor. Ao ponto que recria a realidade e produz diferentes efeitos sobre o leitor, a literatura traz à tona reflexões sociais, culturais e políticas que transcendem o momento em que foi escrita, permanecendo ao longo do tempo (FABRINO, 2014). Prova disso, é que a Literatura está presente em todas as fases da Língua Inglesa, desde o Old English (500-1100 A.D.), passando pelo Middle English (1100-1500) até o Modern English (1500-dias atuais), conforme veremos a seguir. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 10 As fases da Língua Inglesa (Old English, Middle English e Modern English) também são abordadasna disciplina de Aspectos Culturais da Língua Inglesa, mas com outro viés. IMPORTANT E 2.1 OLD ENGLISH Conforme já mencionado, a Literatura evolui de acordo com os avanços da sociedade, que influenciam tanto a língua em si como as concepções de mundo. Assim, a história da língua inglesa se divide em três períodos, iniciando pelo Old English, traduzido para o português como Inglês Antigo. De acordo com Durkin (2012, s.p., tradução nossa): Old English é o nome dado à primeira fase que se tem relato do idioma inglês. Refere-se à linguagem como foi usada no longo período da vinda de invasores e colonos germânicos à Grã-Bretanha – no período seguinte ao colapso da Grã-Bretanha romana no início do quinto século – até a conquista Normanda de 1066, e além do primeiro século do domínio Normando na Inglaterra. É, portanto, em primeiro lugar e acima de tudo, a linguagem das pessoas normalmente referidas pelos historiadores como os anglo-saxões. FIGURA 2 – MIGRAÇÃO DOS ANGLO-SAXÕES FONTE: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/34229>. Acesso em: 15 nov. 2018. TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 11 FIGURA 3 – INFANTARIA ANGLO-SAXÔNICA EM FORMAÇÃO DE PAREDE DE ESCUDOS FONTE: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/34229>. Acesso em: 12 nov. 2018. Esta primeira fase, conhecida também como Anglo-Saxon (Anglo-Saxônica), apresenta uma língua inglesa extremante diferente da que aprendemos hoje, tanto no que diz respeito à gramática quanto aos vocabulários. Segundo Baugh (1997), a não ser que possua uma especialização voltada ao Old English, qualquer pessoa é incapaz de compreender um texto da época. In contrast to Modern English, Old English had three genders (masculine, feminine, neuter) in the noun and adjective, and nouns, pronouns, and adjectives were inflected for case. Noun and adjective paradigms contained four cases—nominative, genitive, dative, and accusative—while pronouns also had forms for the instrumental case. Old English had a greater proportion of strong verbs (sometimes called irregular verbs in contemporary grammars) than does Modern English. Many verbs that were strong in Old English are weak (regular) verbs in Modern English (e.g., Old English helpan, present infinitive of the verb help; healp, past singular; hulpon, past plural; holpen, past participle versus Modern English help, helped, helped, helped, respectively). O inglês antigo tinha três gêneros (masculino, feminino, neutro) no substantivo e no adjetivo, e substantivos, pronomes e adjetivos eram flexionados para o caso. Tinha uma proporção maior de verbos fortes (às vezes chamados de verbos irregulares nas gramáticas contemporâneas) do que o inglês moderno. Muitos verbos que eram fortes em inglês antigo são verbos fracos (regulares) em inglês moderno (por exemplo, Helpan inglês antigo, presente infinitivo do verbo help; healp, passado singular; hulpon, passado plural; holpen, particípio passado versus ajuda em inglês moderno, ajudado, ajudado, ajudado, respectivamente) (ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA, 2018, s.p.). Podemos perceber essas diferenças da Língua Inglesa na fase Old English para a atual a partir do excerto a seguir, do poema longo mais antigo da época, Beowulf: UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 12 Que narra as aventuras de um príncipe dos Getas, Beowulf, que atravessa o mar para a terra dos Danos com o propósito de livrar-lhes a terra de um monstro devorador de homens chamado Grendel, tarefa que envolve também um combate com a mãe de Grendel. Após ser bem-sucedido, Beowulf retorna em triunfo para sua pátria, onde acaba governando como rei por cinquenta anos. Então, um dragão passa a aterrorizar o lugar e Beowulf deve confrontá-lo. Ele consegue matar o dragão, mas também é mortalmente ferido por este. Beowulf morre, deixando seu nome entre as lendas de seu povo (NILES, 1998, apud OLIVEIRA; ZANESCO, 2009 p. 3142). Veja na sequência a primeira página de Beowulf e após um excerto da obra traduzida para o inglês atual, por Seamus Heaney: ESTUDOS FU TUROS A obra Beowulf será analisada na Unidade 3. FIGURA 4 – PRIMEIRA PÁGINA DE BEOWULF FONTE: <https://litterya.wordpress.com/tag/beowulf/>. Acesso em: 14 nov. 2018. TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 13 QUADRO 4 – BEOWULF Beowulf: A New Verse Translation by Seamus Heaney So. The Spear-Danes in days gone by and the kings who ruled them had cour age and greatness. We have heard of those princes' heroic campaigns. There was Shield Sheafson, scourge of many tribes, a wrecker of mead-benches, rampaging among foes. This terror of the hall-troops had come far. A foundling to start with, he would flourish later on as his powers waxed and his worth was proved, In the end each clan on the outlying coasts beyond the whale-road had to yield to him and begin to pay tribute. That was one good king. Afterwards a boy-child was born to Shield, a cub in the yard, a comfort sent by God to that nation. He knew what they had tholed, the long times and troubles they'd come through without a leader; so the Lord of Life, the glorious Almighty, made this man renowned. Shield had fathered a famous son: Beow's name was known through the north. And a young prince must be prudent like tha t, giving freely while his father lives so that afterwards in age when figh tingstarts steadfast companions will stand by him and hold the line. Behaviour that's admired is the path to power among people everywhere. FONTE: <https://www.bookbrowse.com/excerpts/index.cfm/book_number/308/page_ number/1/beowulf#excerpt>. Acesso em: 20 nov. 2018. De autor anônimo, a obra possui 3182 versos, sem rimas e com aliteração, e é considerada um marco para a literatura medieval. O único manuscrito existente de Beowulf data do século XI, entretanto estudiosos acreditam que o texto original tenha sido escrito entre os séculos VII e VIII. Assim como Beowulf, as obras oriundas desse período registram as conquistas territoriais, tendo o mar como o caminho para novas descobertas, e a chegada do Cristianismo, que moldou toda a sociedade da época. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 14 DICAS Veja a seguir o Pai Nosso em Old English e o ouça também no link seguinte para conhecer um pouco mais sobre essa importante fase da Língua Inglesa: https://www. sk.com.br/lp-all.wav. QUADRO 5 – THE LORD'S PRAYER The Lord's Prayer (Old English - Anglo-Saxon) Fæder ure þu þe eart on heofonum; Si þin nama gehalgod to becume þin rice gewurþe ðin willa on eorðan swa swa on heofonum. urne gedæghwamlican hlaf syle us todæg and forgyf us ure gyltas swa swa we forgyfað urum gyltendum and ne gelæd þu us on costnunge ac alys us of yfele soþlice (note: the old english "þ" is pronounced "th") FONTE: <https://www.lords-prayer-words.com/lord_old_english_medieval.html#ixzz5U1YxPl2f>. Acesso em: 20 nov. 2018. QUADRO 6 – TRANSLATION OF OLD ENGLISH TEXT Father our thou that art in heavens be thy name hallowed come thy kingdom be-done thy will on earth as in heavens our daily bread give us today and forgive us our sins as we forgive those-who-have-sinned-against-us and not lead thou us into temptation but deliver us from evil. truly FONTE: <https://www.lords-prayer-words.com/lord_old_english_medieval. html#ixzz5U1ZOOVLz>. Acesso em 20 nov. 2018 TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 15 2.2 MIDDLE ENGLISH O Middle English corresponde ao Inglês Medieval, fase que compreende o período de 1100 até 1500. Nessa fase é evidente a forte presença e influência da língua francesa na língua inglesa devido à carga cultural franco-normanda na nação anglo-saxônica, que durou três séculos e resultou principalmente num aporte considerável de vocabulário. Com o passar dos séculos e as disputas entre os normandos das ilhas britânicas e os do continente, surge um sentimento nacionalista e no final do século XV já é possível perceber que o Inglês havia prevalecido, até na linguagem escrita,substituindo o francês e o latim como língua oficial para documentos. Além disso, começava a surgir uma literatura nacional (SCHÜTZ, 2008). Um grande exemplo desse período é a obra The Canterbury Tales (Os Contos da Cantuária), de Geoffrey Chaucer. O longo poema segue a jornada de um grupo de peregrinos, incluindo o próprio Chaucer, da Tabard Inn em Southwark até o santuário de St Thomas à Becket na Catedral de Canterbury. O anfitrião da pousada sugere a cada peregrino que conte duas histórias no caminho de volta e duas a caminho de casa para ajudar enquanto estiver fora da estrada. O melhor contador de histórias ganharia um jantar no seu retorno. Chaucer mistura sátira e realismo em animadas caracterizações de seus peregrinos, em 24 histórias. O tom de seus contos varia de piedoso a cômico, com humor alternando entre sagacidade erudita e boa vulgaridade honesta. Juntos, os contos oferecem uma visão fascinante da vida inglesa durante o final do século XIV, conforme podemos observar no trecho a seguir, em língua portuguesa: QUADRO 7 – TRECHO DE OS CONTOS DA CANTUÁRIA Pra aproveitar o tempo da conversa, Antes de dar ao conto início e pressa, É justo que eu lhes faça a descrição Dos viajantes todos, e a impressão Que tive de seus ares e trejeitos E a posição que ocupam por direito E tudo o mais, do traje ao adereço. E por um Cavaleiro, então, começo. [...] Das roupas falarei com brevidade: Melhor era o cavalo que o seu traje. A veste de fustão era manchada Pelos elos da cota enferrujada. [...] FONTE: <https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/85074.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 16 FIGURA 5 – THE CANTERBURY TALES, BY GEOFFREY CHAUCER TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 17 FONTE: <https://www.bl.uk/collection-items/the-canterbury-tales-by-geoffrey-chaucer>. Acesso em: 22 nov. 2018. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 18 DICAS Leia a obra The Canterbury Tales no link a seguir, do Domínio Público, para que possa participar ativamente do estudo das obras que faremos na Unidade 3: http://www. dominiopublico.gov.br/download/texto/gu002383.pdf. Você pode conhecer uma dramatização das linhas de abertura de The Canterbury Tales, de Geoffrey Chaucer, ouvida pela primeira vez na língua de Chaucer, no Middle English e depois numa tradução moderna no link a seguir: https://www.britannica.com/topic/The- Canterbury-Tales/media/93091/68305. Além disso, veja uma dramatização em Inglês Moderno do Prólogo do Perdão, de The Canterbury Tales, de Geoffrey Chaucer: https://www.britannica.com/topic/The-Canterbury- Tales/media/93091/68306. 2.3 MODERN ENGLISH O Modern English, traduzido como inglês moderno, é compreendido como todo período de 1500 até os dias atuais. Essa fase se caracteriza pela padronização de um idioma unificado para todo o país, cujo advento da imprensa em 1475 e a criação de um sistema postal em 1516, disseminou o dialeto de Londres, que era o centro político, social e econômico da Inglaterra (SCHÜTZ, 2008). Os primeiros livros impressos, por William Caxton, no final do século XV, numa variedade de inglês de East Midlands/London, contribuíram para o desenvolvimento de uma variedade padronizada da língua, com convenções fixas de ortografia, pontuação, vocabulário e formas gramaticais. “A percepção dessa variedade padrão como correta também foi apoiada por tentativas de codificação, como O Dicionário de Johnson e muitas gramáticas prescritivas do século XVIII” (LOHR, 2005, s.p., tradução nossa). O vocabulário da língua inglesa passou a ser usado para diversos propósitos, incluindo traduções de obras clássicas redescobertas no Renascimento, literaturas em desenvolvimento e a descrição de novas atividades científicas. Ressalta-se que milhares de palavras foram emprestadas do latim e do grego neste período, como education, metamorphosis, critic, conscious. O início do Modern English pode ser apreciado na obra Hamlet, de Shakespeare, First Folio (impresso em 1623). Esta tragédia foi escrita entre 1599 e 1601 e se trata de uma peça situada na Dinamarca, a qual conta a história de vingança do Príncipe Hamlet contra seu tio Cláudio, que envenenou e matou o rei, Hamlet, e em seguida assumiu o trono se casando com a rainha. Estão presentes na obra sentimentos de vingança, traição, moralidade, corrupção, entre outros, numa constante loucura real e fingida. TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 19 FIGURA 6 – SHAKESPEARE'S FIRST FOLIO FONTE: <https://www.bl.uk/collection-items/shakespeares-first-folio>. Acesso em: 20 nov. 2018. FIGURA 7 – THE TRAGICALL HISTORIE OF HAMLET, PRINCE OF DENMARKE FONTE: <https://www.bl.uk/collection-items/second-quarto-of-hamlet-1605>. Acesso em: 20 nov. 2018. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 20 FIGURA 8 – THE TRAGICALL HISTORIE OF HAMLET, PRINCE OF DENMARKE FONTE: <https://www.bl.uk/collection-items/second-quarto-of-hamlet-1605>. Acesso em: 20 nov. 2018. FIGURA 9 – THE TRAGICALL HISTORIE OF HAMLET, PRINCE OF DENMARKE FONTE: <https://www.bl.uk/collection-items/second-quarto-of-hamlet-1605>. Acesso em: 20 nov. 2018. TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 21 DICAS Para acessar a obra completa e desfrutar de uma boa leitura, acesse o site do Domínio Público e conheça melhor a peça Hamlet: http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=13370. DICAS Caso queira saber mais sobre a história da Língua Inglesa, recomendamos que assista ao vídeo The History of English in Ten Minutes, disponível no link: http://www. open.edu/openlearn/languages/english-language/the-history-english-ten-minutes?in_ menu=812293. Agora que você já conheceu um pouco da história da Literatura, com suas principais fases e evoluções, assim como o desenvolvimento da própria Língua Inglesa, lhe convidamos a ampliar esses conhecimentos e estudar a seguir, o que é a Teoria Literária. 3 A TEORIA LITERÁRIA A Teoria Literária, cuja denominação passou a ser utilizada no século XIX, mas se difundiu somente no século XX, é uma disciplina que se propõe a estudar e metodizar a Literatura como área do conhecimento, dando uma nova abordagem às obras literárias. Dessa forma, essa teoria busca compreender como a linguagem literária se organiza, a partir de elementos essenciais como a estrutura narrativa, as correntes de pensamentos, por exemplo. Sabemos que toda interpretação parte de um método de estudo; no caso da interpretação literária, o objetivo da Teoria Literária é o de formular critérios consistentes, como: a relação autor e obra, a base temática que permeia o texto, as abordagens históricas, a relevância linguística, sua caracterização, através da distinção dos elementos que a compõem, bem como os elementos inconscientes do texto etc. (BEZERRA; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2007, p. 12). A partir da citação podemos perceber que a Teoria Literária não se resume à simples interpretação de obras literárias, mas sim, uma área de conhecimento UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 22 que requer conhecedores especializados, com competência para exercer essa análise, seja do discurso, da linguagem ou do espaço e da estrutura, entre tantos outros elementos. Esses estudos tiveram início com os gregos, nos séculos IV e V a. C., que “voltaram-se para os efeitos retóricos encontráveis nas obras de seus principais autores, estabelecendo uma série de regras que eram passadas aos estudantes, a quem cabia copiá-las e aplicá-las em seus próprios escritos” (ZILBERMAN, 2012, p. 12). A partir desses estudos, importantes conceitos que permanecem na atualidade foram criados, como é o caso de mímesis, conceito criado por Platão, o qual via a poesia épica como uma imitação dos fenômenos captados pelos sentidos, assim, “reconhece que a poesia imita ações humanas, mesmo quando praticada por pessoas divinas” (ZILBERMAN, 2012, p. 15). Para o filósofo, a linguagem podia ser enganadora se mal-empregada, e para provar sua teoria elese dedicou: [...] à análise de poemas e de discursos, matéria de alguns de seus textos mais famosos, como A República e Fedro. Escrevendo sob a forma de diálogos, Platão procurou demonstrar que a poesia, mesmo a de autores de grande prestígio entre os gregos, como Homero, era mentirosa, porque atribuía qualidades humanas aos deuses – quando deveria respeitar os seres divinos e imortais (ZILBERMAN, 2012, p. 15). Em contraponto, Aristóteles, que foi discípulo de Platão, fez outa análise desse conceito, ampliando as discussões. Para ele, os discursos não poderiam ser vistos e analisados da mesma forma, pois: De um lado, era preciso refletir sobre a poesia, tema da Poética, que discutiria as características das obras em que predominaria a mimese, ou seja, a representação das ações humanas de modo coerente e verossímil; de outro, cabia organizar a Retórica, encarregada de dar conta das técnicas de Oratória a ser empregada pelo indivíduo em um discurso, quando quisesse ganhar uma causa em um tribunal, convencer uma audiência a votar nele por ocasião das assembleias populares ou elogiar uma pessoa notável em eventos comemorativos (ZILBERMAN, 2012, p. 16). Ainda, Aristóteles acrescenta a palavra catarse, que significa limpeza e purificação. Dessa forma, as obras literárias, fundamentalmente as obras dramáticas e épicas tinham como principal função despertar no público emoções como terror, piedade e medo, e assim, fazer com que se sentissem livres, com a alma purificada. TÓPICO 1 | LITERATURA: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES 23 A divisão proposta por Aristóteles se manteve até o começo do século XIX, quando o Romantismo estabeleceu que a arte não dependia de regras, abolindo as concepções Aristotélicas. Contudo, a Literatura já tinha seu espaço garantido com o desenvolvimento do Ensino Superior pelo mundo, momento em que estudiosos iniciaram o processo de consolidação da Teoria Literária como ciência. A Teoria Literária foi crescendo a partir de contribuições de diferentes “linhas de pesquisa: a abordagem histórica, a psicanalítica, a sociológica, a filosófica, a feminista, a existencialista... [...]” (SILVA, 2014, p. 10-11). Nesse sentido, essa teoria passou por inúmeros avanços, de acordo com as novas concepções acerca da Literatura, e há quem diga que há um fim próximo dessa ciência, uma vez que a padronização que estabelece é questionada, principalmente no cenário que vivemos hoje. Contudo, outros estudiosos da literatura veem esse “fim” como o início de novos paradigmas, os quais serão estudados pela Teoria Literária e, assim, será, uma constante mutação, adequação às concepções do tempo e da sociedade em que se vive. Segundo Martins (1995), é a Teoria Literária que melhor pode estudar e compreender as transformações da Literatura, tanto no que diz respeito às suas especificidades quanto em compreender o interesse das pessoas pelo fictício. Para ampliar essas discussões, vamos conhecer, no próximo tópico, conceitos basilares que cercam a literatura. 24 Neste tópico, você aprendeu que: • A Literatura perpassa toda a história da humanidade e, especificamente, a Literatura em Língua Inglesa, é ligada ao nascimento da própria língua e de todo o seu o povo. • Etimologicamente, literatura advém da palavra latina erudita litteratura, "arte de escrever, literatura", a partir da palavra latina littera, "letra". • As primeiras obras literárias do Ocidente foram os poemas épicos de Homer (Homero): The Iliad (A Ilíada) e sua sequência The Odyssey (A Odisséia). • Tradição literária é o complexo de textos que a humanidade produziu, e produz, não para fins práticos, mas por prazer, elevação espiritual, entre outros. • A Literatura está presente em todas as fases da Língua Inglesa (Old English, Middle English e Modern English). • Old English é o nome dado à primeira fase que se tem relato do idioma inglês, de 500 até 1100 A.D., a qual apresenta uma língua inglesa extremamente diferente da que aprendemos hoje. Essas diferenças podem ser vistas no poema longo mais antigo da época, Beowulf, de autor desconhecido. • O Middle English corresponde ao Inglês Medieval, fase que compreende o período de 1100 até 1500. Nessa fase é evidente a forte presença e influência da língua francesa na língua inglesa. Um grande exemplo desse período é a obra The Canterbury Tales (Os Contos da Cantuária), de Geoffrey Chaucer. • O Modern English é compreendido como todo período de 1500 até os dias atuais. Seu início pode ser apreciado na obra Hamlet, de Shakespeare, First Folio (impresso em 1623). • A Teoria Literária é uma disciplina que se propõe a estudar e metodizar a Literatura como área do conhecimento, dando uma nova abordagem às obras literárias. • A Teoria Literária não se resume à simples interpretação de obras literárias, mas sim, uma área de conhecimento que requer conhecedores especializados, com competência para exercer essa análise. RESUMO DO TÓPICO 1 25 • A Teoria Literária foi crescendo a partir das novas concepções acerca da Literatura. • Importantes conceitos que permanecem na atualidade foram criados a partir dos estudos acerca da Literatura, como é o caso de mímesis, conceito criado por Platão, o qual via a poesia épica como uma imitação dos fenômenos captados pelos sentidos. E o de catarse, criada por Aristóteles, que significa limpeza e purificação. 26 1 Literatura é a palavra usada para se referir a textos escritos com uma função estética, que tem o poder de recriar a realidade, transformando a linguagem, carregada de significados, que produzem efeitos sobre o leitor. Vimos, ao longo do Tópico 1, que a literatura perpassa toda a história da humanidade e, especificamente, a Literatura em Língua Inglesa, é ligada ao nascimento da própria língua e de todo o seu o povo, hoje pertencente à Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales). A partir do exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Old English foi o período de 1.100 até 1.500, em que a língua inglesa teve forte presença e influência da língua francesa. ( ) Um exemplo de texto em Old English é Beowulf, o poema longo mais antigo, sobrevivente em inglês antigo, consistindo de 3.182 linhas de aliteração. ( ) O Middle English representou um período de padronização e unificação da língua inglesa, a partir de 1500. ( ) A Literatura compreende um complexo de textos que a humanidade produziu e produz, não para fins práticos, mas por bem-estar, elevação espiritual, ampliação dos próprios conhecimentos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – V – F. b) ( ) V – V – V – F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) V – F – V – V. 2 Ao longo desta unidade você pôde conhecer alguns textos literários que marcaram a história da Literatura em Língua Inglesa. Acerca dos poemas épicos de Homer (Homero), The Iliad (A Ilíada) e sua sequência The Odyssey (A Odisséia), analise as sentenças a seguir e selecione a opção INCORRETA: a) ( ) São considerados o início da Literatura narrativa do Ocidente. b) ( ) Circulavam na Grécia desde o século VIII a.C de forma oral, declamados em festas pelos rapsodos ou aedos. c) ( ) Trazem importantes informações sobre a sociedade da época, cujos personagens são ícones até os dias atuais. d) ( ) São consideradas as primeiras obras literárias do Oriente. AUTOATIVIDADE 27 TÓPICO 2 CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No Tópico 1 você estudou importantes conceitos relacionados à Literatura em Língua Inglesa, e pôde ver que essa passou por diversos momentos ao longo dos anos, acompanhando a evolução da sociedade e registrando cada período por meio de seus inúmeros textos literários, tanto orais quanto escritos. Além disso, conheceu a teoria que a estuda, chamada de Teoria Literária, a qual tem extrema importância para a evolução dos estudos literários, pois é incumbida de estudar e metodizar a Literatura comoárea do conhecimento. Após esses diálogos iniciais, neste tópico você estudará dois conceitos basilares que abarcam esse universo: o cânone literário e o anticânone literário. 2 O CÂNONE LITERÁRIO A palavra Cânone deriva do grego Kanon e significa, na forma original, “vara, cana ou cana para medir”. Mas o que isso tem a ver com a Literatura? O termo Kanon evoluiu e, em meados do século IV, passou a significar “regra, padrão, modelo ou norma”. Assim, passou a ser usado, no contexto religioso, para se referir aos escritos sagrados que a Igreja cristã designou como a difusão da palavra de Deus. Tratavam-se dos Livros Sagrados, que continham as leis divinas que o povo deveria seguir. Vamos conhecer a seguir exemplos do cânone religioso, por meio do primeiro livro da Bíblia, Gênesis. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 28 FIGURA 10 – GÊNESIS: THE FIRST BOOK OF THE BIBLE FONTE: <https://www.britannica.com/topic/Genesis-Old-Testament>. Acesso em: 20 nov. 2018. QUADRO 8 – CAPÍTULO 12 DE GÊNESIS Chapter 12 [12:1] Now the LORD said to Abram, "Go from your country and your kindred and your father's house to the land that I will show you. [12:2] I will make of you a great nation, and I will bless you, and make your name great, so that you will be a blessing. [12:3] I will bless those who bless you, and the one who curses you I will curse; and in you all the families of the earth shall be blessed." [12:4] So Abram went, as the LORD had told him; and Lot went with him. Abram was seventy-five years old when he departed from Haran. [12:5] Abram took his wife Sarai and his brother's son Lot, and all the possessions that they had gathered, and the persons whom they had acquired in Haran; and they set forth to go to the land of Canaan. When they had come to the land of Canaan, [12:6] Abram passed through the land to the place at Shechem, to the oak of Moreh. At that time the Canaanites were in the land. [12:7] Then the LORD appeared to Abram, and said, "To your offspring I will give this land." So he built there an altar to the LORD, who had appeared to him. [12:8] From there he moved on to the hill country on the east of Bethel, and pitched his tent, with Bethel on the west and Ai on the east; and there he built an altar to the LORD and invoked the name of the LORD. [12:9] And Abram journeyed on by stages toward the Negeb. [12:10] Now there was a famine in the land. So Abram went down to Egypt to reside there as an alien, for the famine was severe in the land. TÓPICO 2 | CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA 29 [12:11] When he was about to enter Egypt, he said to his wife Sarai, "I know well that you are a woman beautiful in appearance; [12:12] and when the Egyptians see you, they will say, 'This is his wife'; then they will kill me, but they will let you live. [12:13] Say you are my sister, so that it may go well with me because of you, and that my life may be spared on your account. [12:14] When Abram entered Egypt the Egyptians saw that the woman was very beautiful. [12:15] When the officials of Pharaoh saw her, they praised her to Pharaoh. And the woman was taken into Pharaoh's house. [12:16] And for her sake he dealt well with Abram; and he had sheep, oxen, male donkeys, male and female slaves, female donkeys, and camels. [12:17] But the LORD afflicted Pharaoh and his house with great plagues because of Sarai, Abram's wife. [12:18] So Pharaoh called Abram, and said, "What is this you have done to me? Why did you not tell me that she was your wife? [12:19] Why did you say, 'She is my sister,' so that I took her for my wife? Now then, here is your wife, take her, and be gone. [12:20] And Pharaoh gave his men orders concerning him; and they set him on the way, with his wife and all that he had. FONTE: <http://www.vatican.va/archive/bible/genesis/documents/bible_genesis_en.html>. Acesso em: 28 nov. 2018. Assim como no trecho anterior, do livro de Gênesis (Antigo Testamento), em que o texto orienta o caminho a ser seguido, “12.2 Eis que farei de ti um grande povo: Eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; serás tu uma bênção! 12.3 Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar. Por teu intermédio abençoarei todos os povos sobre a face da terra!”, o termo cânone é utilizado em diferentes contextos para se referir ao modelo, aquilo que segue os padrões. Importante para a história posterior do conceito é, pois, a ideia de que canónica é uma seleção (materializada numa lista) de textos e/ ou indivíduos adoptados como lei por uma comunidade e que lhe permitem a produção e reprodução de valores (normalmente ditos universais) e a imposição de critérios de medida que lhe possibilitem, num movimento de inclusão/exclusão, distinguir o legítimo do marginal, do heterodoxo, do herético ou do proibido. Neste sentido, torna-se claro que um cânone veicula o discurso normativo e dominante num determinado contexto, teológico ou outro, e é isso que subjaze a expressões como "o cânone aristotélico", "cânones da crítica" etc. (DUARTE, 2009, s.p.). Nos estudos da língua, significa tradição, regra ou norma. Historicamente, para os filólogos alexandrinos, era compreendida como a composição de uma UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 30 lista de autores de relevância para os estudos da língua. Assim, podemos dizer que o cânone se refere às “obras clássicas” ou “obras-primas", que passam por uma avaliação para se tornarem tal. O cânone literário é, assim, o corpo de obras (e seus autores) social e institucionalmente consideradas "grandes", "geniais", perenes, comunicando valores humanos essenciais, por isso dignas de serem estudadas e transmitidas de geração em geração. Tal definição é válida, quer se trate de um cânone nacional, onde se presume que o povo se reconhece nas suas características específicas, quer se trate do cânone universal (de Homero a…), o que significa de facto, dada a própria origem histórica da categoria literatura, um cânone eurocêntrico ou, quanto muito, ocidental (DUARTE, 2009, s.p.). Há diversos aspectos que são observados no processo de canonização de uma obra, entre eles, o ponto de vista de sua produção, o ponto de vista de sua recepção, o ponto de vista estético e o ponto de vista dos fenômenos da vida em sociedade. Uma das obras clássicas lhe foi apresentada no Tópico 1, The Canterbury Tales (Os Contos da Cantuária), de Geoffrey Chaucer. Vamos conhecer outras obras clássicas em Língua Inglesa! FIGURA 11 – PRIDE AND PREJUDICE WRITTEN BY JANE AUSTEN FONTE: <https://www.theatlantic.com/entertainment/archive/2013/01/pride-and-prejudice- 200th-anniversary-covers/318349/>. Acesso em: 28 nov. 2018. TÓPICO 2 | CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA 31 FIGURA 12– ROMEO AND JULIET WRITTEN BY WILLIAM SHAKESPEARE FONTE: <https://thevirtuallibrary.org/index.php/en/books/literature/book/english-literature-172/ romeo-and-juliet-181>. Acesso em: 28 nov. 2018. FIGURA 13 – FRANKENSTEIN WRITTEN BY MARY WOLLSTONECRAFT SHELLEY FONTE: <https://sites.nd.edu/rbsc/recent-acquisition-first-edition-frankenstein-1818/>. Acesso em: 28 nov. 2018. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 32 FIGURA 14 – GULLIVER'S TRAVELS WRITTEN BY JONATHAN SWIFT FONTE: <https://shmoop.com/gullivers-travels/summary.html>. Acesso em: 28 nov. 2018. FIGURA 15 – MACBETH WRITTEN BY WILLIAM SHAKESPEARE FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Second_Folio_Title_Page_of_Macbeth.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2018. TÓPICO 2 | CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA 33 Um grande nome nos estudos do cânone literário é Harold Bloom, um dos intelectuais mais atuantes no que se refere às críticas literárias. With the publication of Yeats (1970), Bloom began to extend his critical theory, and in The Anxiety of Influence (1973) and A Map of Misreading (1975), he systematized one of his most original theories: that poetry results from poets deliberately misreading the works that influence them. Figures of Capable Imagination(1976) and several other works of the next decade develop and illustrate this theme (AUGUSTYN, 2010, p. 201). Com a publicação de Yeats (1970), Bloom começou a estender sua teoria crítica, e em The Anxiety of Influence (1973) e A Map of Misreading (1975), sistematizou uma de suas teorias mais originais: que a poesia resulta de poetas deliberadamente interpretando mal as obras que os influenciam. Figures of Capable Imagination (1976) e vários outros trabalhos da próxima década desenvolvem e ilustram esse tema (AUGUSTYN, 2010, p. 201, tradução nossa). Em uma entrevista publicada em 1995, Bloom refletiu sobre os grandes autores do mundo ocidental, afirmando: We have to read Shakespeare, and we have to study Shakespeare. We have to study Dante. We have to read Chaucer. We have to read Cervantes. We have to read the Bible, at least the King James Bible. We have to read certain authors.…They provide an intellectual, I dare say, a spiritual value which has nothing to do with organized religion or the history of institutional belief. [...] They not only tell us things that we have forgotten, but they tell us things we couldn’t possibly know without them, and they reform our minds. They make our minds stronger. They make us more vital (AUGUSTYN, 2010, p. 202). Temos que ler Shakespeare e temos que estudar Shakespeare. Temos que estudar Dante. Nós temos que ler Chaucer. Nós temos que ler Cervantes. Temos que ler a Bíblia, pelo menos a Bíblia do Rei James. Temos que ler certos autores ... Eles fornecem um valor intelectual, ouso dizer, um valor espiritual que nada tem a ver com a religião organizada ou a história da crença institucional. [...] Eles não apenas nos dizem coisas que esquecemos, mas nos dizem coisas que não poderíamos saber sem elas, e renovam nossas mentes. Eles fazem nossas mentes mais fortes. Eles nos tornam mais vitais (AUGUSTYN, 2010, p. 202, tradução nossa). A partir das palavras de Bloom, podemos perceber a relevância das obras clássicas, e você, futuro professor, pode possibilitar que seus alunos adentrem esse universo literário, para que compreendam que as obras consideradas cânones carregam a história de uma sociedade, os seus costumes, a sua cultura, e assim, são importantes para a sociedade atual. UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 34 DICAS Tire um tempinho e assista ao filme Sociedade dos Poetas Mortos (1990), estrelado por Robin Williams, que conta a história de um professor que incentiva seus alunos a construírem seu próprio conhecimento a partir da leitura de grandes obras da Literatura em Língua Inglesa. Esperamos que curta o filme e que reflita sobre a prática pedagógica a partir da Literatura! 3 O ANTICÂNONE LITERÁRIO Apesar dos diálogos propostos anteriormente, que reforçam a importância dos clássicos da literatura, sabemos que é difícil afirmar que uma obra merece maior reconhecimento que outra, que sua forma é melhor ou pior, entre outros aspectos. Por isso essas concepções do cânone são muito questionadas até os dias atuais, pois para alguns estudiosos da literatura, não há uma honestidade na seleção e canonização de muitas obras consideradas até hoje “clássicas”, visto que essas representam apenas parte da história e cultura de um povo, de modo geral os brancos e ocidentais. Segundo Bonnici (2007, p. 38), “o cânone literário ocidental é composto principalmente de obras escritas por autores brancos, masculinos e que pertencem às nações hegemônicas”. E como ficam as histórias dos demais povos, das mulheres, dos negros? Por volta da década de 1960, com o avanço dos Estudos Literários, essas obras vistas como “não clássicas”, chamadas de anticânones, começaram a ser estudadas. Percebeu-se que muitas obras consideradas fora do padrão dos clássicos, na verdade, se aproximavam em muitas características das obras canonizadas pelos estudiosos literários, o que mostrou que essa análise, que classificou muitas obras como boas ou ruins, poderia ter sofrido influências externas, como a política, relações pessoais ou simplesmente financeira (marketing). Com isso, muitos autores foram marginalizados e sofreram ao longo dos anos por serem considerados anticânones, abordando temas como: as mulheres, os povos africanos, as classes sociais, entre outros temas minorizados. Destaca- se que algumas obras consideradas anticânones em épocas passadas, hoje são reconhecidas como clássicas. O cânone é quase igual ao conceito de paradigma, e é o contrário do paradigma silencioso. Porque o cânone corresponde à norma. E toda norma vive de sua explicitação. Em certo sentido o paradigma silencioso vem a ser o anticânone. À medida em que avança a tradição moderna, as suas marchas e contramarchas, a ideia do cânone vai perdendo o seu poder judicativo. As formas, que pareciam perenes, passam a reproduzir o ziguezague da própria “experiência de verdade” (PORTELLA, 2018, p. 66). TÓPICO 2 | CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA 35 DICAS Conheça outras importantes discussões sobre a literatura e diversas obras nos sites a seguir: • https://www.thebritishacademy.ac.uk/search-results?subjects%5B%5D=575. • http://www.ueangola.com/. • http://www.academia.org.br/revistabrasileira. • https://artsandletters.org/academy-members/. Vamos conhecer alguns autores e obras consideradas anticânones: QUADRO 9 – POEMS NEGRO AND I, TOO WRITTEN BY LANGSTON HUGHES Negro (by Langston Hughes) I am a Negro: Black as the night is black, Black like the depths of my Africa. I've been a slave: Caesar told me to keep his door-steps clean. I brushed the boots of Washington. I've been a worker: Under my hands the pyramids arose. I made mortar for the Woolworth Building. I've been a singer: All the way from Africa to Georgia I carried my sorrow songs. I made ragtime. I've been a victim: The Belgians cut off my hands in the Congo. They lynch me still in Mississippi. I am a Negro: Black as the night is black, Black like the depths of my Africa. I, Too (by Langston Hughes) I, too, sing America. I am the darker brother. They send me to eat in the kitchen When company comes, But I laugh, And eat well, And grow strong. Tomorrow, I’ll be at the table When company comes. Nobody’ll dare Say to me, “Eat in the kitchen,” Then. Besides, They’ll see how beautiful I am And be ashamed — I, too, am America. (a) (b) FONTE: (a) Hughes (1991, p. 7); (b) Hughes (1994, p.46) UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? 36 Agora, veja os mesmos poemas, traduzidos para o português por Leo Gonçalves: QUADRO 10 – POEMAS NEGRO E EU, TAMBÉM DE LANGSTON HUGHES Negro (Langston Hughes) Sou Negro: Negro como a noite é negra, Negro como as profundezas da minha África. Fui escravo: Cesar me disse para manter os degraus da sua porta limpos. Eu engraxei as botas de Washington. Fui operário: Sob minhas mãos ergueram-se as pirâmides. Eu fiz a argamassa do Woolworth Building. Fui cantor: Durante todo o caminho da África até a Georgia Carreguei minhas canções de dor. Criei o ragtime. Fui vítima: Os belgas cortaram minhas mãos no Congo Estão me linchando agora no Mississipi. Sou Negro Negro como a noite é negra Negro como as profundezas da minha África. Eu, também (Langston Hughes) Eu, também, canto a América Eu sou o irmão mais preto. Quando chegam as visitas, Me mandam comer na cozinha. Mas eu rio E como bem, E vou ficando mais forte. Amanhã, Quando chegarem as visitas Me sentarei à mesa. Ninguém ousará, então, me dizer, “Vá comer na cozinha”. Além do mais, Eles verão quão bonito eu sou E se envergonharão – Eu, também, sou a América. FONTE: <http://www.salamalandro.redezero.org/2-poemas-de-langston-hughes/>. Acesso em: 15 nov. 2018. As palavras do autor são carregadas de lembranças da história de um povo, de sentimentos de sofrimento, de opressão, que revelam como os negros viviam de forma marginalizada, excluídos da sociedade. Temas como esses são deextrema relevância, pois dão voz a quem não é ouvido, e merecem a atenção, principalmente pelo fato de ampliarem as discussões que cercam a sociedade, tanto a da época quanto a atual. TÓPICO 2 | CONCEITOS BASILARES QUE CERCAM A LITERATURA 37 Por isso, na condição de professor, você deve estar atento às discussões literárias e apresentar aos alunos caminhos capazes de despertar o gosto pela leitura e estimulá-los para a condição de sujeitos críticos, ampliando as habilidades de leitura. É importante que o aluno entenda que além dos clássicos, há outras obras que abordam importantes temas para a sociedade e que merecem destaque, pois o levam a refletir sobre suas práticas e sobre a sociedade em que vivem. Como você pode perceber, acadêmico, discutir a formação de um cânone e um anticânone é sempre um assunto polêmico. Eagleton (2006, p. 18-19) afirma que “diferentes períodos históricos construíram um Homero e um Shakespeare ‘diferentes’, de acordo com seus interesses e preocupações próprios. [...] E essa é uma das razões pelas quais o ato de classificar algo como literatura é extremamente instável”. Essa subjetividade será melhor discutida na Unidade 3, na qual abordaremos algumas noções acerca da Literariedade. 38 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A palavra Cânone deriva do grego Kanon e significa, na forma original, “vara, cana ou cana para medir”. • Com o passar dos anos, Cânone passou a significar “regra, padrão, modelo ou norma”, e no contexto religioso, tratava-se dos Livros Sagrados, que continham as leis divinas que o povo deveria seguir. • Nos estudos da língua, Cânone significa tradição, regra ou norma, conceito que foi historicamente usado pelos filólogos alexandrinos para se referir à composição de uma lista de autores de relevância para seus estudos. • O cânone literário é, portanto, o corpo de obras (e seus autores) social e institucionalmente consideradas relevantes para a humanidade. • São exemplos de clássicos da Língua Inglesa: The Canterbury Tales; Pride and Prejudice; Romeo and Juliet; Frankenstein; Gulliver's Travels; Macbeth; entre outras obras. • Harold Bloom é um dos intelectuais mais atuantes no que se refere às críticas literárias, o qual afirma que as obras cânones fornecem valores intelectuais, culturais e espirituais. • As obras vistas como “não clássicas”, chamadas de anticânones, começaram a ser estudadas por volta da década de 1960. • Muitas obras consideradas fora do padrão dos clássicos, na verdade, se aproximam em muitas características das obras canonizadas, o que questiona o cânone literário. • As obras anticânones abordam temas de extrema relevância para a sociedade, como as minorias, as mulheres, as diferentes etnias, entre outros. • São exemplos de anticânones da Língua Inglesa: Negro e I, too. 39 1 Há muitos diálogos e contradições quando se trata de discutir sobre o cânone e o anticânone. Ao longo do Tópico 2 você pôde perceber que há autores que concordam que é necessário haver as leituras clássicas, pois elas nos passam valores intelectuais e espirituais, que nos fazem ver o mundo de outra forma. Já os estudiosos que defendem a literatura anticânone, dizem que os parâmetros para classificar uma obra como literária nem sempre são verdadeiros, uma vez que a maioria dos clássicos conta apenas parte da história da sociedade, em geral, dos brancos e ocidentais. A partir do exposto, disserte sobre a importância de ler os textos considerados clássicos. 2 (ENEM, 2012) Leia o poema I, too, escrito por Langston Hughes, e responda a questão. I, too I, too, sing America. I am the darker brother. They send me to eat in the kitchen When company comes, But I laugh, And eat well, And grow strong. Tomorrow, I’ll be at the table When company comes. Nobody'll dare Say to me, “Eat in the kitchen,” Then. Besides, They’ll see how beautiful I am And be ashamed. I, too, am America. FONTE: HUGHES, L. I, too. In: RAMPERSAD, A.; ROESSEL, D. (Ed.) The collected poems of Langston Hughes. New York: Knopf, 1994. AUTOATIVIDADE 40 Langston Hughes foi um poeta negro americano que viveu no século XX e escreveu “I, too” em 1926. No poema, a personagem descreve uma prática racista que provoca nela um sentimento de: FONTE:<http://exerciciosesolucoes.blogspot.com/2017/04/enem-2012-questao-sobre-o- poema-i-too.html>. Acesso em: 22 mar. 2019. a) ( ) Vergonha, pelo retraimento. b) ( ) Compreensão, pela aceitação. c) ( ) Superioridade, pela arrogância. d) ( ) Resignação, pela submissão. e) ( ) Coragem, pela superação. 41 TÓPICO 3 NOÇÕES ACERCA DA LITERARIEDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nos tópicos anteriores você estudou o que é Literatura, também algumas concepções acerca da sua teoria e, por fim, o que é a literatura cânone e anticânone, temas que geram inúmeras discussões no campo literário, uma vez que alguns autores não concordam com as classificações. Como futuro professor, sugerimos que conheça o máximo possível de autores e obras, independentemente de suas classificações, pois assim como as obras clássicas são extremamente importantes, algumas obras tidas como anticânones trazem reflexões muito ricas acerca da vida em sociedade, entre outros tantos temas. Para ampliar essas discussões, convidamos você a estudar sobre a Literariedade e alguns importantes temas que a envolvem. Vamos lá! 2 A LITERARIEDADE A linguagem humana é uma manifestação cultural, assim, como a Literatura se materializa por meio da linguagem, ela está rodeada de expressões culturais. Mas isso significa que toda forma de linguagem é Literatura? Não, e essa é, justamente, a função da Literariedade, definir, por meio de critérios, o que é Literatura. Roman Jakobson, em sua obra A Modena Poesia Russa, de 1921 lecionou que “o objeto da ciência literária não é a literatura, mas ‘literariedade’ (literaturnost), ou seja, o que faz de uma dada obra uma obra literária” (SCHNAIDERMAN, 1978, p. 8). O termo literaturnost, traduzido para a língua portuguesa como literariedade, originou-se de diálogos entre um grupo de teóricos da literatura, os Formalistas Russos, que estudaram a possibilidade de verificar uma propriedade, presente nas obras, que as caracterizaria como pertencentes à literatura (SCHNAIDERMAN, 1978). Nesse sentido, constatou-se que um texto literário é aquele que atrai o leitor por si só, que usa a linguagem de forma peculiar, carregada de sentidos e definido como tal por meio de normas. 42 UNIDADE 1 | O QUE É LITERATURA? Segundo Paula (2012, p. 20-21): [...] Didaticamente, podemos estabelecer alguns padrões constituintes da literariedade: a. subjetividade predominante busca o universo da essência que promove a fuga da aparência e a ruptura com o código ideológico; b. conotação poética evidenciada refere-se à negação dos padrões estereotipados do código linguístico – efeito de estranhamento; c. criatividade acentuada são representações sensoriais enfatizadoras, como a rima, a métrica, a sinestesia, o ritmo, a assonância ou a dissonância; d. estruturas gramaticais singulares, inovadoras, representações insólitas; e. imaginário ativado com tênues fronteiras entre ficção e realidade sem sentido definitivo ou incontestável; f. exigência subjacente do conhecimento de vários códigos para que aconteça a leitura vertical; g. plurissignificação vigorosa indica que o sentido está em quem lê/ função catártica – prazer estético; h. força transformadora na/da linguagem, polifuncionalidade etc. Esse conjunto de elementos apontados e outros mais que se manifestam diferentemente em cada criação evidenciam o poder literário de manifestar o que o homem e o mundo têm de atemporal, universal, essencial e eterno; características que bem sintetizam a literariedade. Como podemos perceber, é a partir da literariedade que textos (orais e escritos) são classificados como textos literários, diferenciando-os dos demais gêneros que utilizamos no dia a dia. Vejamos
Compartilhar