Buscar

Livro-Texto - Unidade III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

104
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
Unidade III
Biodiversidade
Biodiversidade ou diversidade das espécies, não parece um universo interminável? Podemos 
conhecer muitas espécies diferentes, até visitar um aquário, um zoológico, um museu ou assistir a um 
documentário sobre organismos fósseis. Você já parou para pensar como novas espécies surgem? Por 
que surgem? Qual é a base da diversidade biológica? 
Os arqueólogos descobrem espécies extintas e também algumas que existem até hoje desde a época 
dos dinossauros, como o celacanto e a ginkgo biloba. Porém, na espécie humana, muitas pessoas sonham 
com o dia em que nossa excelência genética poderá eliminar completamente a morte e o envelhecimento. 
À medida que células, órgão e outras partes se desgastassem ou ficassem danificadas, elas poderiam ser 
substituídas por outras. Essas partes poderiam ser criadas em laboratórios de engenharia genética ou 
de bioprodução ou, ainda, as pessoas poderiam ter um clone disponível para peças de reposição. E isso 
seria a estagnação de uma espécie no tempo. Será que um dia, em um futuro remoto, seremos os novos 
“fósseis vivos” da história?
É moral seguir esse caminho? Quem decidirá? Quem regulamentará essa atividade? Os humanos 
projetados geneticamente e clones terão os mesmos direitos legais que as pessoas nos dias de hoje? 
Como o desenvolvimento genético poderá afetar a utilização de recursos, a poluição e a degradação 
ambiental? Se todos pudessem pagar os vendedores e os “restauradores de corpos”, haveria incentivo 
para que houvesse consumidores? Haveria pessoas para comprá-los? 
Cada uma dessas pessoas certamente deixaria uma marca ecológica enorme, talvez por séculos. 
Porque, evolutivamente, essa ideia foge à história natural dos acontecimentos. As espécies que ainda 
sobrevivem, há milhões de anos, possuem um número reduzido de organismos e são raras. Porém, pelo 
“andar” da engenharia genética hoje, perpetuar-nos-íamos em grande escala. Quando nos comparamos 
aos fósseis de nossos antepassados Neandertais, percebemos o quanto a evolução foi generosa: 
adaptamo-nos e vivemos até hoje. Mas, será que a perpetuação, com as características de hoje, nos 
garantirá condições para sobrevivermos no futuro?
A lição ecológica é que sempre que interferimos na natureza devemos parar e perguntar: “o que 
acontece depois?”. Isso explica por que muitas áreas da ciência se preocupam e mantêm ressalvas 
quanto à engenharia genética e a outras formas de biotecnologia, sem uma avaliação mais cuidadosa 
das consequências involuntárias e sem uma regulamentação mais rígida dessa nova tecnologia.
Há muito o homem já eliminou a seleção natural de sua espécie, mas procura sua perpetuação, ao nível 
que está. Isso não poderia ser considerado como infração ao meio ambiente? Quando as técnicas de biologia 
molecular começaram a se popularizar, ouvimos protestos a respeito do “brincar de ser Deus”. Naturalmente, 
105
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
isso não ocorreria. Os tempos evoluem e a humanidade agora passou para a engenharia genética, a qual 
podemos chamar de especiação artificial. A formação de novas espécies na natureza é longa, seguindo 
caminhos bem diferentes dos quais estamos conhecendo agora. A seleção natural preserva e melhora os 
indivíduos que possuem características que favoreçam sua adaptação ao meio em que vivem. E, nesse 
sentido, a engenharia genética pode misturar material genético de espécies extremamente diferentes, 
fato que não ocorre na natureza. Ela pode proporcionar terapias para doenças crônicas, prolongando a 
expectativa de vida de seres que normalmente seriam limitados pela seleção natural.
Exemplo de aplicação
Realize uma pesquisa sobre as espécies que resistiram ao passar do tempo e conservam características de 
registros fósseis, os táxones de categoria, espécie e gênero, conhecidos popularmente como “fósseis vivos”. 
Você já parou para pensar que com as alterações do meio ambiente, sobreviveram as espécies que 
conseguiram se adaptar a elas?
E sendo assim, o que proporcionou a algumas espécies, se manterem inalteradas durante centenas 
de anos? Por que algumas não mudaram?
Sobre o celacanto, atualmente, ele já teve seu genoma sequenciado e estudos mostraram que a taxa de 
evolução genética desta espécie é várias vezes menor que a de outros animais, e especula-se que os locais 
onde habitam já os levaram ao máximo de especialização, não representando estímulos para mutações.
Entretanto, nossa biodiversidade é imensa e pelos estudos sabemos que existem ancestrais comuns. 
Ou seja, ancestrais que evoluíram em espécies diferenciadas.
Que fatores influenciariam? O local onde se desenvolvem? Os padrões de clima e vegetação? A sua 
carga genética? Vamos conhecer possíveis fatores?
5 DIVERSIDADE DE ESPÉCIES E DE ECOSSISTEMAS 
Uma definição muito bem aceita e conhecida sobre a biodiversidade foi intitulada pela Convenção 
sobre a Diversidade Biológica (CDB). A CDB é uma das três “Convenções do Rio” resultantes da 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como 
Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, que descrimina a biodiversidade ou diversidade 
biológica como:
[...] a variabilidade entre organismos vivos de todas as origens, compreendendo, 
dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas 
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo 
ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas 
(BRASIL, 2000, p. 9). 
106
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
Podemos perceber, então, que a biodiversidade é formada por um conjunto de fatores, e não apenas 
pela variedade de espécies encontradas em um lugar. Ela inclui diferentes níveis de organização, entre 
eles espécies, ecossistemas e genéticos. Pode parecer simples, mas pense em estimar a diversidade 
de espécies encontradas em um determinado lugar, numa região como um brejo de Caatinga, com 
muitos nichos diferentes e com espécies de todos os tamanhos, além das raras. O melhor que podemos 
fazer é uma clara identificação das espécies empregando um grande esforço de amostragem. A 
diversidade de ecossistemas engloba as espécies que podem ser encontradas em uma região, suas 
relações entre si e o meio, além do funcionamento do próprio ecossistema. A variedade de padrões e 
de funcionamento garante as diferentes fisionomias e a manutenção das espécies. No entanto, mesmo 
dentro de uma mesma espécie, podemos encontrar uma diversidade genética, uma variedade nos 
caracteres da população. Há diferença no tamanho de estruturas, na cor da pelagem, na disposição 
de folhas dentre uma infinita gama de outras características. Essas diferenças são concedidas pela 
variabilidade genética que os organismos possuem e é fundamental para garantir a permanência das 
espécies em caso de condições adversas. 
Já discutimos no capítulo anterior a influência da latitude no desenvolvimento do clima de cada 
região, conforme a incidência dos raios solares e, consequentemente, percebemos que os padrões 
de diversidade biológica também sofrem a mesma influência de latitude, com diferenças de 
hábitat e de produtividade primária. Vários fatores podem influenciar: existe uma tendência de a 
diversidade diminuir, conforme se distancia do Equador. Desse modo, as regiões tropicais, devido ao 
seu gradiente de latitude no planeta, possuem uma alta diversidade de espécies e ecossistemas, 
comparadas às regiões temperadas, onde a diversidade é menor, e as regiões polares possuem uma 
diversidade baixíssima. 
Entre outros gradientes a considerar, temos os gradientes altitudinais, que normalmente 
apresentam umdecréscimo da riqueza de espécies com o aumento da altitude, o que pode 
ser explicado tanto por fatores climáticos – como a diminuição da temperatura – como pela 
disponibilidade de recursos, já que, em regiões elevadas, as áreas ocupadas pelas espécies são 
menores e mais isoladas. Há também os gradientes de profundidade em ambientes aquáticos, 
que atuam de forma semelhante ao gradiente terrestre de altitude na mudança da riqueza de 
espécies, havendo menor quantidade destas nas profundidades do que em águas superficiais. Em 
lagos maiores, o fundo do ambiente é frio, escuro e pobre em oxigênio. Já no ambiente marinho, 
as plantas encontram-se na zona fótica, onde podem realizar fotossíntese, de modo que há uma 
diminuição da riqueza de espécies com a profundidade. 
Em uma determinada região, a estrutura da vegetação é um determinante importante da diversidade: 
ocorre maior produtividade nas regiões tropicais, devido à alta incidência de luz, o clima sempre quente, 
marcando uma alta entrada de energia no ecossistema. Essa grande quantidade de energia pode assim 
ser compartilhada por um maior número de espécies, suportar tamanhos de populações maiores e 
reduzir a taxa de extinção, por permitir a persistência de espécies que não conseguiriam manter suas 
populações em locais onde a entrada de energia fosse menor.
Cada espécie de uma comunidade local é determinada parcialmente por suas adaptações às condições 
e recursos disponíveis para sua manutenção e por suas interações com outras espécies. Quanto maior 
107
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
o número de interações entre as espécies, mais adaptado o organismo está ao meio. A competição se 
apresenta como fator determinante, uma vez que espécies diferentes não podem consumir um mesmo 
recurso escasso. Logo, diferenciar seu nicho de exploração, tornando-o geralmente mais estreito, acaba 
permitindo um maior número de espécies. 
A predação age como um controlador populacional, pois o organismo predador controla a população 
de organismos que lhe servem de presas, permitindo que várias comunidades de presas ocupem uma 
mesma região, e não que apenas uma espécie domine a área, por ser boa competidora e capaz de excluir 
as outras. Todos os tipos de interações intraespecíficas e interespecíficas têm seus efeitos dentro dos 
ecossistemas e na diversidade das comunidades biológicas que habitam o local.
Temos a diversidade das espécies aumentando conjuntamente com a diversidade de hábitats e, 
embora os hábitats mais produtivos possam ter uma variedade maior de recursos ecológicos, a 
predação também pode contribuir para uma diversidade maior. A capacidade de evitar a predação é 
tão importante quanto a competição para a sobrevivência de certas populações. As vias de fuga de 
predadores representam maneiras diferentes pelas quais as presas podem se diversificar. Esperaríamos 
que os predadores fossem mais eficientes quando se especializassem em espécies de presas abundantes, 
que compartilham um método de fuga semelhante.
Quando muitas espécies de presas utilizam o mesmo mecanismo para escapar à predação, os predadores 
com adaptações ou comportamentos aprendidos adquirem uma vantagem em relações a outros sem a 
mesma habilidade, conseguem explorar melhor a oferta de presas e são mais prósperos. Paralelamente, 
as presas que desenvolverem adaptações que facilitem sua escapada são mais favorecidas pela seleção 
natural. A predação exerce uma pressão sobre o desenvolvimento de mecanismos de fuga pelas presas, 
e essa pressão pode ser mais forte em comunidades tropicais que reúnem uma heterogeneidade espacial 
maior, com maior quantidade de predadores.
A diversidade vegetal influencia na diversidade de espécies animais, pois as diferentes espécies de 
vegetais proporcionam a coexistência de muitos animais que se especializam em estratos diferentes da 
mesma vegetação. Como as espécies são ecologicamente muito semelhantes, a exclusão competitiva 
ocorre de forma muito mais lenta, favorecendo que as espécies que dependam delas permaneçam por 
muito mais tempo no local – isso faz parte da dinâmica das florestas. Nos trópicos que as florestas se 
desenvolvem mais, permitem a existência de diferentes tipos de comunidades: as de solo, as que vivem 
em arbustos, as que vivem nas partes mais baixas das copas das árvores, as das faixas intermediárias das 
copas e comunidades do estrato superior das copas das árvores. Os herbívoros e os patógenos afetam as 
espécies mais comuns de vegetais, o que cria uma vantagem para a conservação de espécies mais raras 
e enriquece ainda mais a diversidade.
Embora as perturbações ao ambiente ocorram em qualquer local na distribuição dos ecossistemas 
ao longo da latitude do planeta, nos trópicos, as chuvas são mais pesadas, os solos possuem menor 
quantidade de matéria orgânica e a luz solar vem diretamente de cima pela maior parte do dia. Esses 
fatores proporcionam mais oportunidades para a germinação e assentamento das plântulas, além da 
especialização de hábitats nos trópicos.
108
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
 Lembrete
Hábitats mais produtivos abrigam uma maior diversidade de espécies. 
5.1 Especiação
Você se recorda sobre a definição de espécie? Entendeu os fatores que influenciam na biodiversidade? 
Você sabia que denominamos especiação, o surgimento de novas espécies? Vamos detalhar melhor 
esse conceito?
A base da diversidade biológica é o surgimento de novas espécies. Apesar de todo avanço científico e 
técnicas de biologia molecular, o aparecimento de espécies está relacionado com a seleção natural, com 
a eventualidade de um isolamento geográfico e um possível isolamento reprodutivo.
Uma nova espécie surge quando membros de uma população ficam isolados dos demais por um 
tempo tão longo que alterações em sua composição genética impedem que eles produzam descendentes 
férteis caso se juntem novamente. Dentro de determinadas circunstâncias, a seleção natural pode 
originar uma espécie totalmente nova. Nesse processo, denominado especiação, duas espécies surgem a 
partir de uma. No caso de espécies com reprodução sexuada, uma nova é formada quando membros de 
uma população não podem mais copular com os outros e produzir descendentes férteis. 
O mecanismo mais comum de especiação ocorre a partir do isolamento geográfico ou do isolamento 
reprodutivo. No geográfico, diferentes grupos da mesma população ficam isolados fisicamente uns dos 
outros por um longo período. Por exemplo, parte de uma população pode migrar em busca de alimento 
e passar a viver em outra área, onde as condições ambientais sejam diferentes. As populações podem 
ficar separadas pela ação de um evento externo, como a ocorrência de uma atividade geológica, como 
um terremoto ou uma erupção vulcânica, pela ação do vento e água, carregando os indivíduos para 
locais distantes do original, pela construção de uma estrada ou por um rio.
No isolamento reprodutivo, durante o passar dos anos, as populações geograficamente separadas 
sofrem mudanças em sua carga genética. A mutação e seleção natural atuam de formas independentes 
nos conjuntos de genes das populações geograficamente isoladas. Se esse processo continua por 
um período longo o bastante, os membros das populações que se encontram isolados geográfica e 
reprodutivamente criam características particulares, ao ponto de, ocorrendo um encontro entre dois 
deles, não haver mais como produzir descendentes vivos e férteis. As características adquiridas após o 
isolamento são tão marcantes que os tornam incapazes de reproduzir. Nesse caso, uma espécie ancestral 
dá origem a duas, e ocorre o que determinamos de especiação.
Para alguns organismos de rápida reprodução, esse tipo de especiação pode acontecer em algumas 
centenas de anos. Para a maioriadas espécies, tal processo leva de dezenas a milhares de anos. Dada essa 
escala temporal, torna-se difícil observar e documentar o aparecimento de novas espécies. No entanto, 
na formação do nosso planeta, o movimento das placas tectônicas favoreceu a região dos trópicos, que 
tiveram mais tempo para ser colonizados em relação ao período de formação das regiões das latitudes 
109
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
mais altas, e a maior quantidade de nichos disponíveis em regiões tropicais permitiu maiores taxas 
de especiação. Nesse caso, pode-se considerar a variação ambiental e também o grande número de 
espécies vegetais, que permite a existência de muitos herbívoros e, consequentemente, carnívoros. 
A formação de novas espécies faz parte do processo evolutivo. Porém, quando se trata de evolução, 
existem aspectos que são mal interpretados: a evolução das espécies está ligada à capacidade de deixar 
o maior número de descendentes, e não à perfeição genética. Quando tratamos da sobrevivência dos 
organismos mais adaptados, isso está relacionado ao sucesso reprodutivo e não à força corpórea. 
Os organismos mais adaptados ao ambiente deixam o maior número de descendentes. No processo 
evolutivo, o importante é a perpetuação da espécie, e não a perfeição genética.
A seleção natural ocorre ao longo do tempo. Não é imediata. No entanto, atualmente, temos a 
seleção artificial imposta pelo avanço genético, e esta é bem acelerada em comparação à seleção que 
ocorre de forma natural no meio ambiente.
Você saberia dar exemplos sobre a bioengenharia?
5.2 Seleção artificial e engenharia genética
Aprendemos a criar seletivamente membros de populações e a utilizar a engenharia genética para 
produzir plantas e animais com determinadas características selecionadas por nós mesmos.
Temos utilizado a seleção artificial para alterar as características genéticas de populações de 
diferentes espécies. Nesse processo, selecionamos uma ou mais características desejadas na população 
de uma planta ou animal, como um tipo de trigo, fruta ou cão. Em seguida, utilizamos a criação 
seletiva para obter uma população da espécie com um grande número de indivíduos que apresentem as 
características desejadas. 
A seleção artificial possibilitou safras maiores, vacas que produzem mais leite, árvores que crescem 
com mais rapidez e muitas espécies diferentes de cães e gatos. No entanto, a fecundação cruzada é um 
processo lento. Além disso, pode combinar características apenas de espécies que estão próximas umas 
das outras geneticamente.
Os cientistas de hoje estão utilizando a engenharia para acelerar a capacidade de manipular os genes. A 
engenharia genética – ou modificação genética – refere-se a um conjunto de técnicas para isolar, modificar, 
multiplicar e recombinar os genes de diferentes organismos. Ela permite que os cientistas transfiram genes 
entre diferentes espécies que nunca cruzaram entre si de forma natural. Por exemplo, genes de uma 
espécie de peixe podem ser introduzidos em um tomate ou em um morango. Os organismos resultantes 
recebem o nome de organismos geneticamente modificados (OGM) ou organismos transgênicos.
Comparada à fecundação cruzada, a modificação genética requer cerca de metade do tempo para 
desenvolver uma nova variedade de safra ou de animais e a um custo menor. As fecundações cruzadas 
tradicionais envolvem a mistura de genes de tipos similares de organismos por meio da fecundação, já 
a engenharia genética permite a transferência de características entre diferentes tipos de organismos.
110
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
Os cientistas têm utilizado a modificação genética para desenvolver safras modificadas, medicamentos 
manipulados geneticamente, plantas resistentes a pestes e animais que crescem mais rápido. Eles 
também criaram bactérias modificadas geneticamente para limpar derramamento de óleo e outros 
poluentes tóxicos. Os engenheiros genéticos aprenderam a produzir um clone, uma versão idêntica 
no que diz respeito à genética, de um indivíduo em uma população. Eles foram capazes de produzir 
clones de animais domésticos, como as ovelhas e vacas, e podem, algum dia, clonar humanos, uma 
possibilidade que anima algumas pessoas e aterroriza outras.
O desenvolvimento de inúmeros organismos geneticamente modificados pelos bioengenheiros 
inclui feitos como galinhas que botam ovos com baixo colesterol, tomates com genes que ajudam a 
prevenir alguns tipos de câncer, bananas e batatas que contêm vacina oral para tratar certos tipos de 
doenças virais em países em desenvolvimento, onde agulhas e refrigeração não estão disponíveis. Esses 
profissionais vislumbram utilizar animais modificados geneticamente para atuarem como biofábricas 
na produção de medicamentos, vacinas, anticorpos, hormônios, elementos químicos industriais, como 
plásticos e detergentes, e órgãos do corpo humano. Esse novo campo é chamado de biopharming, que 
podemos traduzir como bioprodução. Por exemplo, vacas podem gerar insulina para o tratamento de 
diabetes, talvez a um custo menor do que a produção em laboratório. 
A engenharia genética é uma grande esperança para melhorar a condição humana, mas se trata de 
um processo imprevisível e que levanta uma série de questões sobre privacidade, ética, legalidade e meio 
ambiente. Um engano sobre a engenharia genética é acreditar que seus resultados são controláveis e 
previsíveis. Na realidade, a maior parte das formas atuais de engenharia genética é confusa e imprevisível. 
Os engenheiros genéticos podem introduzir um gene no núcleo de uma célula, mas, com a tecnologia 
atual, eles não conseguem saber se a célula incorporará o novo gene no DNA. Eles também não sabem 
onde o novo gene ficará localizado na estrutura da molécula do DNA e como isso afetará o organismo.
A engenharia é um processo de tentativa e erro, com muitas falhas e resultados inesperados. De fato, 
a taxa média de sucesso dos experimentos que envolvem a engenharia genética é de cerca de 1%. Os 
argumentos persistem sobre até que ponto devemos regulamentar a pesquisa e o desenvolvimento dessa 
prática. Na década de 1990, criou-se uma reação contra o aumento do uso de alimentos provenientes 
de plantas e animais geneticamente modificados. Alguns argumentam de forma obstinada contra essa 
nova tecnologia por uma variedade ética. Outros defendem um freio na corrida tecnológica e uma 
observação mais atenta das vantagens e desvantagens, em curto e longo prazo, oferecidas por essa e 
outras tecnologias genéticas emergentes.
Pelo menos, dizem eles, os produtos provenientes de safras e animais modificados geneticamente 
e os alimentos contendo tais componentes deveriam trazer no rótulo especificações, oferecendo aos 
consumidores a oportunidade de uma escolha mais informada, assim como no caso dos rótulos de 
alimentos que trazem os ingredientes e informações nutricionais. Os fabricantes de produtos modificados 
geneticamente são contra esses rótulos, pois temem que eles prejudiquem suas vendas.
Os favoráveis à engenharia genética se perguntam o porquê de tanta preocupação. Afinal, há séculos 
modificamos geneticamente plantas e animais. Agora dispomos de uma maneira mais rápida, melhor e 
talvez até mais barata para fazer isso, então, por que não fazê-lo?
111
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
Os defensores de um controle mais cuidadoso da engenharia genética argumentam que a maior parte 
das novas tecnologias tiveram consequências prejudiciais e inesperadas. Por exemplo, os pesticidas têm 
ajudado a proteger as plantações de doenças e pestes, o que é ótimo. Porém, ao mesmo tempo, o uso 
abusivo desses produtos aceleroua evolução genética de muitas espécies, que se tornaram resistentes a 
muitos dos pesticidas mais utilizados. Eles também eliminaram inúmeros insetos que eram predadores 
naturais e que ajudavam a manter o controle populacional de pestes nas plantações. 
A questão agora está mais fundamentada na ética e no rumo que a evolução artificial está seguindo. 
Além de alimentos transgênicos, os bioengenheiros realizam experimentos com células tronco, com o 
nobre objetivo de diminuir as doenças entre os seres humanos e diminuir a rejeição aos transplantes. 
Todavia, a humanidade ainda está muito dividida para aceitar todas essas mudanças, seja por questões 
éticas, religiosas ou culturais.
 Saiba mais
Assista ao filme:
A ILHA. Dir. Michael Bay. Estados Unidos: DreamWorks SKG; Warner 
Bros, 2005. 136 minutos.
Trata-se de habitantes de vivem em um complexo, sem saber que na 
verdade são clones criados para servirem de “partes sobressalentes” para 
seus humanos originais. 
 Observação
Especiação é a formação de novas espécies. Na natureza, esse evento 
pode ocorrer como consequência do isolamento geográfico ou reprodutivo. 
5.3 Distribuição das espécies
Nenhuma espécie animal ocorre uniformemente sobre toda a Terra, mas cada uma restringe-se a uma 
área de distribuição definida. Teremos dois padrões definidos a considerar para cada espécie vivente no 
planeta: a sua distribuição geográfica e a sua distribuição ecológica. A distribuição geográfica refere-se ao 
continente, região, estado e cidade em que a espécie se encontra, e a distribuição ecológica relaciona-se 
aos hábitos de vida, como meio aquático, pantanoso, terrestre, rochoso, colinas, floresta etc. 
A distribuição geográfica do castor, por exemplo, inclui grande parte da América do Norte e da 
Europa; sua distribuição ecológica compreende de água doce e riachos com choupos ou salgueiros 
nas margens, os quais possam ser cortados para servir de alimento e para a construção de açudes, 
e sua distribuição ecológica inclui, além do presente, o tempo geológico recente. Alguns animais 
112
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
ocupam áreas extensas, como a foca comum, que vive ao longo da maioria das costas do norte do 
mundo, e a cachalote, que ocorria anteriormente na maioria dos oceanos; algumas espécies são 
de ocorrência local, como insetos que são conhecidos apenas de manchas de vegetação de poucos 
hectares de extensão. 
 Observação
Todos os animais que vivem em determinada área, grande ou pequena, 
são chamados, coletivamente, de fauna (o termo equivalente para as 
plantas é flora); o conjunto de plantas e animais, chamamos de biota.
Todas as espécies produzem prole mais numerosa que a que pode sobreviver na área normal de sua 
distribuição e, exercendo uma pressão, a população tende a expandir os limites da área. Outros fatores, 
como competição, inimigos, doenças, escassez de alimento, tempo desfavorável e falta de locais de 
abrigo, tendem a diminuir a população e as fronteiras de sua distribuição. A distribuição de todos os 
organismos, desde os protozoários até o homem, sempre está sujeita a modificações. O mesmo vale para 
as plantas, das quais tantos animais dependem. A maioria das plantas, estando enraizadas no solo, não 
pode ampliar a área como indivíduos, a não ser pela dispersão de suas sementes.
Existem barreiras que limitam uma área ecológica. Uma área pode ser inadequada para a espécie 
devido a barreiras físicas, como a terra para as espécies aquáticas e a água para a maioria das formas 
terrestres; a barreira pode ser climática, como a temperatura média, estacional ou extrema; pode ser 
a umidade do ar ou do solo, quantidade de chuva ou neve; ou podem ser barreiras biológicas, como 
a ausência de alimento apropriado ou a presença de competidores eficazes, predadores ou doenças. 
Muitas espécies de insetos restringem-se a espécies definidas de plantas para alimentação, o abrigo ou 
reprodução e, assim, sua distribuição é controlada pelos fatores que limitam as plantas.
Cada espécie de planta ou de animal tem um limite de tolerância – máximo e mínimo – para cada 
fator do ambiente. A tolerância a um veneno no solo ou no alimento pode ser muito estreita, ao passo 
que aquela aos diferentes comprimentos de onda de luz é ampla. Modificações de um fator além dos 
limites de tolerância causam a migração, a morte ou a sobrevivência dos indivíduos melhor adaptados 
(mais tolerantes) às condições alteradas. Uma espécie tem sua distribuição limitada pela soma total 
influências externas, muitas das quais são interdependentes. A área e o tamanho de uma população 
podem estar limitados por poucos fatores ou até mesmo por um só fator essencial, que ocorre em 
menor quantidade ou por um estágio ou condição crítica, durante o qual a espécie tem uma faixa 
muito estreita de adaptabilidade. Nessas condições, as deficiências em um único fator podem provocar 
o declínio de uma população em flutuação.
As densidades populacionais são maiores nas partes mais favoráveis da distribuição das espécies e são 
reduzidas nas áreas periféricas, onde os limites de tolerância para um ou mais fatores são aproximados. 
Assim, as distribuições das espécies geralmente não param abruptamente, mas diminuem a partir de 
uma área central densa. 
113
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
Muitos animais de vida livre distribuem-se por seus próprios esforços. Aves, peixes e outros animais 
que migram ocupam prontamente quaisquer novos locais adequados. Uma espécie, capaz de se dispersar 
apenas três km ao ano, pode, em uma geração, estender sua distribuição a mais de 300 km, em um 
século, se as condições para a dispersão se mantiverem favoráveis. Porém, pequenos animais aquáticos, 
larvas e alguns animais maiores são levados passivamente pelas correntes aquáticas; muitos insetos 
pequenos são levados pelo vento; jangadas formadas por árvores, solo e detritos, levando animais, 
descem os grandes rios e às vezes chegam até alto-mar – as ilhas oceânicas podem ter sido, em parte, 
colonizadas dessa maneira. 
Animais parasitos e comensais são transportados a novas localidades por seus hospedeiros. Uma 
espécie não ocorre, necessariamente, em todos os lugares adequados, mas apenas naqueles aos quais 
tem acesso e isso depende de sua própria história e daquela de seus antepassados. A distribuição atual 
dos animais resulta do conjunto de barreiras e condições ambientais no passado. Os continentes estão 
separados pelo menos há milhões de anos, mas têm sofrido muitas alterações locais pelo levantamento 
e erosão de montanhas, alterações em lagos e rios e pela drenagem ou inundação das terras baixas. 
Alguns continentes ligavam-se entre si por pontes terrestres, em certos períodos da história de Terra, e, 
em outros períodos, o mar os separa.
Em tempos remotos, climas brandos estendiam-se até as regiões polares, enquanto geleiras cobriam, 
por diversas vezes, grande parte do Hemisfério Norte. Todas essas mudanças alteraram a distribuição das 
plantas e animais. Antigas áreas de terra ou de água diminuíram ou desapareceram, mas novas áreas 
tornaram-se disponíveis. Os organismos vivos foram obrigados a migrar, muitas espécies extinguiram-se 
e outras evoluíram para se aproveitar das novas áreas ou ambientes.
Restos fósseis de sequoias na península do Alasca indicam que o Estreito de Bering entre o Alasca 
e a Sibéria, de cerca de 90 metros de profundidade atualmente, já foi uma ponte para os organismos 
terrestres num passado distante. O Istmo do Panamá é outra ponte que esteve interrompida por diversas 
vezes no passado, separando as Américas por longos períodos. As espécies terrestres precisam também 
de “pontes ecológicas” de ambiente apropriado pelas quais possam migrar. 
As posições dos continentes vêm mudando continuamente aolongo da história, abrindo e fechando 
diferentes vias de dispersão entre as massas de terras continentais e oceânicas, alterando fortemente os 
climas do planeta. Os animais e plantas evoluem, independentemente do continente em que se encontram, 
durante longos períodos de isolamento geográfico. Grandes regiões do globo terrestre com faunas distintas 
são compostas por grupos que se diferem de outros de regiões adjacentes; essas grandes áreas são 
chamadas de regiões biogeográficas. São seis regiões com animais terrestres característicos de cada uma: 
• Região Australiana, que abrange a Austrália, Tasmânia, Nova Guiné, Nova Zelândia e ilhas 
oceânicas do Pacífico, cuja fauna engloba todos os monotremos, como o ornitorrinco, a maioria 
dos marsupiais, como o canguru, aves-lira, aves-do-paraíso, a maioria das cacatuas, entre outros.
• Região Oriental, que compreende a Ásia ao sul do Himalaia: Índia, Ceilão, Península Malaia, 
Sumatra, Bornéu, Java, Célebes e as Filipinas, com exemplares de fauna como gibões, orangotangos, 
elefantes, rinocerontes indianos, galos silvestres e pavões.
114
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
• Região da Etiópia, que abarca a África, incluindo o deserto do Saara, Madagascar e ilhas adjacentes, 
com exemplares de fauna como gorilas, chimpanzés, elefantes, rinocerontes, leões africanos, 
hipopótamos, zebras, girafas, muitos antílopes, avestruzes, galinhas-d’angola, aves-secretaria e 
muitos lêmures (em Madagascar). 
• Região Neotropical, que inclui a América do Sul e Central, terras baixas do México e Antilhas, com 
exemplares de fauna como lhamas, alpacas, porcos-do-mato, preguiças, tatus, tamanduás, preás, 
morcegos, emas, tucanos e a maioria dos beija-flores. 
• Região Neártica, compreendendo a América do Norte, do Planalto Mexicano, ilhas Árticas e 
Groenlândia, com exemplares de fauna como a cabra montesa, o caribu e o rato-almiscarado. 
• Região Paleártica, incluindo a Eurásia até o Himalaia ao sul do Afeganistão, Pérsia e África ao 
norte do Saara, com exemplares de fauna como ouriço, javali, alguns veados e corças. 
Os limites de cada região e de sua fauna refletem a história pregressa dos grupos de animais e 
também das modificações da superfície da Terra que permitiram ou impediram as migrações dos animais. 
A Região Australiana é, evidentemente, a que permaneceu isolada por tempo mais longo e tem muito 
animais e plantas singulares. Os mamíferos compreendem os monotremos, que botam ovos, e muitos 
marsupiais, tendo estes se diferenciado em grande diversidade de formas, desde os grandes cangurus 
saltadores até as pequenas toupeiras marsupiais cavadoras. Muitos dados indicam que a grande massa 
terrestre da Ásia foi, durante muito tempo, um centro onde se originaram diversas linhagens de animais, 
que depois migraram para outras regiões. Assim, as grandes aves incapazes de voar encontram-se agora 
mais para o sul: o emu e o casuar na Região Australiana, o avestruz na Etiópica e as emas na Neotropical. 
Têm distribuição descontinuada, como também as antas, que existem na América Central e do Sul e na 
Malásia, e as cobras-cegas, nos trópicos do Novo e do Velho Mundo. 
Nas proximidades dos continentes, em águas rasas, encontram-se as ilhas continentais, que 
provavelmente se separaram dos continentes, dentro de uma escala geológica recente. A fauna insular 
assemelha-se à do continente próximo, tendo as mesmas espécies ou subespécies próximas, com diversos 
mamíferos pequenos, répteis e anfíbios, que possivelmente já habitavam a área na época da separação 
do continente, pois não podem atravessar água salgada.
As ilhas oceânicas originam-se de atividades vulcânicas nas profundidades do oceano. Podem 
apresentar rochas sujeitas a intemperismo bem acima do nível do mar e a biota resulta de um equilíbrio 
entre a extinção e a imigração. A fauna carece de anfíbios e de pequenos mamíferos, exceto morcegos. 
Peixes, aves e mamíferos marinhos de larga distribuição visitam suas costas. As aves e os insetos 
terrestres são peculiares. A dispersão a longa distância é a única forma pela qual uma biota desse tipo 
pode estabelecer-se, o que explica por que a fauna é restrita e por que certas formas continentais são 
quase sempre ausentes nas ilhas oceânicas. 
A Nova Zelândia é um continente com as características de ilha oceânica. Nas ilhas oceânicas 
“baixas”, a rocha vulcânica original sofreu erosão completa ou afundou abaixo da superfície do mar, e 
recifes de coral formaram um atol que circunda uma lagoa central. Os atóis de coral têm seis metros ou 
115
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
menos acima do nível do mar e uma biota muito limitada. A única água doce disponível é a das chuvas 
tropicais; os coqueiros são as plantas dominantes e a vegetação baixa consiste de pequenos arbustos; 
os únicos mamíferos são ratos e as aves são quase todas imigrantes. Além dos milhares de atóis dos 
Oceanos Pacífico e Índico, há numerosas montanhas submarinas. Os topos de algumas delas já foram 
emersos, quando tinham, provavelmente, uma biota semelhante à das ilhas altas atuais. 
Em relação à biogeografia de ilhas, pode-se perceber que as grandes tendem a apresentar mais 
espécies do que as pequenas. As ilhas apresentam um número menor de espécies do que as áreas 
continentais de mesmo tamanho e hábitat comparável; em ambientes estáveis, há tendência de equilíbrio 
entre o aumento do número de espécies e a taxa de extinção; a densidade das espécies alcança um 
equilíbrio. Apesar de as ilhas terem menos espécies do que as áreas continentais comparáveis, parece 
que, geralmente, sustentam todas as espécies possíveis.
Tratando-se das regiões biogeográficas e de toda a fauna existente, lembrando do que foi discutido 
sobre taxonomia e sobre os grandes reinos, você saberia classificar uma nova espécie? Como você 
faria isso?
5.4 Taxonomia: a classificação dos seres vivos 
Classificar significa agrupar em classes, tendo por base aspectos de semelhança entre elementos 
classificados. Nossa espécie aplica princípios de classificação dos seres desde os tempos mais remotos, 
a partir do momento em que percebeu que a classificação era útil à sobrevivência. Era quase instintivo 
identificar os seres que podiam servir de alimento e os que deviam ser evitados. A classificação biológica 
surgiu devido à necessidade de organizar a enorme variedade de seres vivos e poder identificá-los.
A primeira tentativa de classificação foi feita pelo filósofo grego Aristóteles (384 – 322 a.C.), 
considerado o “pai da zoologia”, que indicou como os animais poderiam ser agrupados de acordo com 
suas características. Seus trabalhos serviram de base para uma classificação que dividia os animais 
conhecidos como vertebrados, ou animais de sangue vermelho, e invertebrados, ou animais sem sangue 
vermelho, e foram utilizados por cerca de dois mil anos. 
Depois dele, várias classificações foram formuladas, mas somente com o microscópio é que os 
cientistas puderam definir a célula, conhecer sua organização procariótica e eucariótica, a organização 
celular em tecidos, diferenciar célula animal de vegetal, conhecer as organelas citoplasmáticas e 
assim por diante. Assim, os sistemas de classificação dos seres vivos, desde a época de Aristóteles 
até os dias de hoje, sofreram muitas mudanças, o que caracteriza a taxonomia como uma ciência 
muito dinâmica no campo das ciências biológicas. A taxonomia é a área da biologia que estuda a 
classificação dos seres vivos. 
Em 1735, o naturalista sueco Carl von Linné (1707 – 1778), que ficou mais conhecido pelo seu nome 
latinizado Lineu, publicou o livro Systema naturae, no qual propôs um sistema de classificação biológica 
que serviu de base para os sistemas modernos. Lineu partiu do critério de agrupar os organismos segundo 
suassemelhanças anatômicas.
116
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
 Observação
Atualmente, utilizamos o sistema de classificação de Whittaker, 
elaborado em 1969, no qual os seres vivos foram divididos em cinco grandes 
reinos onde são adotados critérios de organização celular (procarionte 
e eucarionte) e modos de alimentação, como ingestão nos animais e 
absorção de nutrientes pelos fungos. A ideia é que as formas mais simples 
de organização seriam os ancestrais das formas mais organizadas.
As categorias taxonômicas são grupos de tamanhos variáveis nos quais os organismos são incluídos 
de acordo com a quantidade de semelhanças que apresentam. Formam uma escala hierarquizada, onde 
as categorias maiores abrangem as menores de uma forma sucessiva. A categoria mais básica é a de 
espécie biológica (do latim specie, que quer dizer “tipo”). São sete classes hierárquicas: espécie, gênero, 
família, ordem, classe, filo e reino. 
Lineu tornou universal o sistema para denominar uma espécie biológica, que conhecemos como 
nomenclatura binominal. Nesse sistema, uma espécie é denominada por seu nome científico, composto 
por duas palavras em latim, em que a primeira vem com letra maiúscula e a segunda minúscula e deve 
ser grifada em destaque, utilizando letra itálica ou sublinhando. A primeira palavra designa o gênero e 
a segunda a espécie. Quando o texto se referir ao nome da espécie de um organismo, as duas palavras 
devem vir por extenso; caso cite mais vezes, pode-se abreviar a primeira. Um exemplo: o nome científico 
da espécie de cães é Canis familiaris. Depois de ter escrito Canis familiaris pela primeira vez, pode apenas 
citar C. familiaris.
Alguns exemplos de nomes científicos: 
• Homem – Homo sapiens.
• Mosca da banana – Drosophila melanogaster.
• Barata – Periplaneta americana.
• Bananeira – Musa paradisiaca.
• Mosquito da dengue – Aedes aegypt. 
Temos, por definição:
• Espécie: grupo de organismos extremamente semelhantes, que apresentam em suas células a 
mesma quantidade de cromossomos, que podem cruzar-se, produzindo descendentes férteis. Os 
indivíduos de uma mesma espécie possuem o máximo de caracteres em comum, incluindo grande 
similaridade bioquímica e o mesmo cariótipo (cromossomos iguais em número, forma e tamanho), 
117
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
como resultado de terem se originado de um antepassado evolutivo comum. Exemplo: a espécie 
dos cães é a Canis familiaris.
Geralmente, indivíduos de espécies diferentes não se cruzam, embora, ocasionalmente, sejam 
produzidos híbridos estéreis. Como exemplo bem conhecido, temos o jumento e a égua, 
indivíduos de espécies diferentes que podem se cruzar, mas cujos descendentes, o burro e a 
mula, são estéreis.
• Gênero: duas ou mais espécies que tenham certo número de caracteres comuns, como cães e 
lobos, que são espécies diferentes, mas são do mesmo gênero Canis.
• Família: organismos de gêneros semelhantes, com características importantes em comum. Por 
exemplo, as raposas, que mesmo não pertencendo ao gênero Canis, são semelhantes o suficiente 
aos cães e pertencem à mesma família Canidae. 
• Ordem: organismos de famílias semelhantes. Por exemplo, os cães e muitos outros animais que se 
alimentam de carne estão na ordem Carnívora.
• Classe: engloba organismos de ordens semelhantes – os cães estão dentro da classe Mammalia.
• Filo: organismos de classes semelhantes – os cães estão no filo Chordata.
• Reino: grande grupo que engloba organismos de filos semelhantes – os cães estão no Reino Animalia. 
As semelhanças entre os seres vivos retratam sua história evolutiva, as relações de parentesco. 
Espécies semelhantes apresentam muitas características em comum, estão no mesmo gênero e podem 
ter evoluído de um mesmo ancestral comum. Essas relações podem ser representadas graficamente por 
árvores filogenéticas: nesses diagramas, um ramo central parte de um ancestral comum e a bifurcação 
do ramo gera espécies diferentes.
Conforme a ciência se desenvolveu, a microscopia eletrônica e a bioquímica trouxeram ferramentas 
para que essa classificação fosse mais precisa, e separaram-se os seres vivos em cinco grandes reinos: 
Monera, Protozoa (protozoários), Fungi (fungos), Plantae (plantas) e Animalia (animais).
• Reino Monera: organismos unicelulares, com células procariontes (sem núcleo definido), que 
podem viver solitários ou em colônias. Nesse grupo, existem organismos fotossintetizantes como 
as cianofíceas (algas azuis) e bactérias que podem realizar quimiossíntese ou ser heterotróficas; 
nos ecossistemas, exercem a função de produtores e microcunsumidores. Exemplos: bactérias e 
cianofíceas.
• Reino Protozoa: os protozoários são organismos com células eucariontes, que possuem núcleo 
organizado e organelas, têm organismos unicelulares solitários ou coloniais e apresentam 
estruturas de locomoção como flagelos, cílios ou pseudópodos – muitas espécies apresentam 
esporos resistentes para sobreviver em condições adversas. Algumas espécies são capazes de 
118
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
realizar fotossíntese, mas a maioria é heterotrófica e, nos ecossistemas, possuem a função de 
produtores e microconsumidores. Exemplos: paramécio, ameba, euglena e trypanossoma.
• Reino Fungi: os fungos são organismos que possuem células eucariontes, com carioteca e 
muitas organelas. Podem ser unicelulares ou pluricelulares e, geralmente, apresentam filamentos 
chamados de hifas e parede celular de quitina. São organismos heterotróficos, e sua nutrição é 
feita por absorção de nutrientes graças à presença de enzimas que degradam produtos como a 
celulose e o amido. Nos ecossistemas, têm função de decompositores. Exemplos: Penicillium e 
champignon.
• Reino Plantae: as plantas possuem células eucariontes, com núcleo, várias organelas, incluindo 
grandes vacúlos e cloroplastos, que lhes possibilitam a realização de fotossíntese; são autotróficas 
e possuem parede celular com celulose, que lhes confere rigidez estrutural; são pluricelulares e, nos 
ecossitemas, exercem função de produtores. Exemplos: musgos, samambaias, pinheiros e laranjeiras.
• Reino Animalia: os animais possuem células eucariontes, com núcleo e muitas organelas; são 
multicelulares, possuem organismos complexos; são heterotróficos, realizam digestão e podem 
ser de vida livre ou sésseis; podem desenvolver hábitos sociais e, nos ecossistemas, realizam a 
função de macroconsumidores. Exemplos: moluscos, peixes, artrópodes, mamíferos e aves.
Exemplo de aplicação
Realize uma pesquisa sobre as sete classes agrupadas no filo dos Cordados (Chordata) e desenhe 
uma árvore filogenética identificando qual diferença se originou em cada ramificação. 
5.5 Biodiversidade no Brasil
A biodiversidade brasileira é reconhecidamente uma das mais expressivas da biosfera terrestre. Pelo 
privilegiado posicionamento geográfico, o Brasil está situado na região entre os trópicos de Câncer e 
Capricórnio, o que confere latitudinalmente uma oferta de energia solar em todas as estações do ano. 
Isso se reflete na produção primária e na riqueza da vegetação. O Brasil, pela origem da formação do solo, 
agrega imensas bacias hidrográficas e aquíferos, e a umidade do ar é elevada, o que contribui para o alto 
índice de pluviosidade. Essas condições físicas de energia solar, umidade e solo fértil favorecem a existência 
das mais diferentes espécies vegetais de grande, médio e pequeno porte. A biodiversidade vegetal, por sua 
vez, é condição determinante para a existência da diversidade de espécies animais, pois oferece alimentação 
abundante e abrigo. O Brasil também conta com a existência de várias espécies endêmicas.
As grandes paisagens brasileirasencontradas nas diferentes regiões geográficas dentro do país 
são chamadas de domínios morfoclimáticos, cada um com suas peculiaridades que os individualizam 
no contexto do meio ambiente. No território brasileiro, são identificados seis grandes domínios 
morfoclimáticos que obedecem principalmente às variações climáticas e composição do solo, com 
algumas faixas de transição: 
119
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
• Domínio de terras baixas florestadas equatoriais, que compreende a região amazônica, ocupando 
quase metade do território brasileiro, com predomínio de planícies sedimentares ao longo de 
rios. Essa região é dominada pela massa de ar equatorial continental, quente e úmida, com clima 
equatorial. O solo tem grande fertilidade na camada superior, mas é pobre em nutrientes minerais.
• Domínio da caatinga, que apresenta relevo com depressões entre montanhas e planaltos, com 
área de ocorrência no sertão semiárido nordestino, com vegetação xerófita ambientalizada em 
ambiente seco. A drenagem da região é pobre, por reflexo da escassez das chuvas, causadas pela 
irregularidade da atuação da massa de ar continental vinda da Amazônia.
• Domínio do cerrado com a presença de chapadas.
• Domínio de mares de morros florestados, que compreende a região de Mata Atlântica. 
• Domínio das Araucárias com planaltos. 
• Domínio das pradarias no nordeste. 
No caso específico do nosso território nacional, as ameaças à biodiversidade são as mesmas que às 
do meio ambiente? Podemos generalizar?
 Lembrete
O nome científico de uma espécie é escrito em latim e composto por 
duas palavras: a primeira, discriminando o gênero, deve vir em com a 
primeira letra maiúscula e a segunda, discriminando a espécie, deve vir em 
letra minúscula. Tem de ser destacado em itálico ou sublinhado. Exemplo: 
Homo sapiens. 
6 AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE 
As atividades humanas estão reduzindo a biodiversidade da Terra, o que é um problema em si mesmo. 
A biodiversidade também sustenta o funcionamento de ecossistemas que oferecem uma ampla gama 
de serviços para as sociedades humanas. Sua perda contínua, portanto, tem grandes implicações para o 
atual e futuro bem-estar humano. O fornecimento de alimentos, fibras, medicamentos e água potável, a 
polinização das culturas, a filtragem de poluentes e a proteção contra desastres naturais estão entre os 
serviços ecossistêmicos potencialmente ameaçados pelo declínio e pelas mudanças na biodiversidade.
Especiação menos extinção é igual a biodiversidade, a matéria-prima genética do planeta para 
evolução futura em resposta a diferentes condições ambientais. Apesar de a extinção ser um processo 
natural, os seres humanos passaram a intervir e acelerar esses acontecimentos, e atualmente eles 
exercem um papel principal na extinção prematura das espécies. As taxas de extinção provocadas pela 
ação humana ultrapassam exorbitantemente a extinção que ocorreria de forma natural. 
120
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
Com o crescimento da população humana e do consumo de recursos, no próximo século, a expectativa 
é de que os seres humanos ocupem uma maior parcela da superfície da Terra e da produtividade primaria 
líquida, acarretando a extinção prematura de pelo menos um quinto das atuais espécies do planeta. Se 
não for freada, essa tendência pode causar um novo esgotamento e possivelmente uma nova extinção 
em massa. Precisamos fazer um esforço conjunto para salvar as áreas biologicamente mais ricas do 
mundo, para que a perda da diversidade possa ser reduzida à metade.
Hábitats naturais, em muitas partes do mundo, continuam a diminuir em extensão e integridade, 
embora tenha havido um progresso significativo em retardar a taxa de perda de florestas tropicais e 
manguezais em algumas regiões. Zonas úmidas de água doce, hábitats de gelo marinho, pântanos salgados, 
recifes de coral, bancos de algas marinhas e bancos recifais de moluscos estão todos apresentando 
graves declínios. Extensa fragmentação e degradação de florestas, rios e outros ecossistemas também 
levaram à perda da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos. 
Com a destruição do hábitat de uma espécie, ela não tem mais como permanecer na região. Ela 
perde as condições mínimas de abrigo, alimento e parceiros, desaparecendo da área. Se for uma espécie 
que ocorra em outras regiões, temos apenas uma extinção local, mas se ela for endêmica, a perda é 
irrecuperável do ponto de vista genético. A degradação geralmente vem associada à destruição do 
hábitat. Porém, algumas vezes a espécie consegue manter-se por algum tempo em condições muito 
desfavoráveis, como em áreas poluídas. 
Na fragmentação de hábitats, as espécies exigem uma área de vida mínima para sua sobrevivência. Isso 
significa que se a área for reduzida, seu hábitat fragmentado, haverá um grande risco da sua extinção. 
Esse fator é muito importante para espécies de grande porte, como grandes mamíferos, que necessitam 
de muito espaço. Além disso, espécies que têm sua locomoção restrita podem ficar isoladas de outros 
fragmentos, tendo uma queda na sua variabilidade genética e podendo manter sua população pequena. 
O tamanho populacional é um importante fator para a continuidade das espécies. Atualmente, muito se 
discute em torno da preservação de complexos de fragmentos e das metapopulações, justamente para 
garantir que as espécies sejam capazes de se locomover entre eles garantindo sua variabilidade.
A superexploração de recursos para uso humano é outra questão primordial. É necessário haver um 
estudo prévio do comportamento populacional para se definirem os períodos de reposição da espécie. 
Um exemplo é a pesca, cuja produtividade caiu tanto que atualmente o período de defeso é protegido 
por lei, e mesmo assim a sobrepesca continua a danificar os ecossistemas marinhos e provocar o 
colapso das populações de peixes, levando à insuficiência de pescados. Ainda referente aos ambientes 
aquáticos, temos a construção de barragens que pressionam os ecossistemas de água doce, afetando as 
próprias populações dependentes dessa produtividade.
O acúmulo de fosfatos e nitratos de fertilizantes agrícolas e resíduos de esgotos pode alterar, 
por um longo período, os lagos de água doce e outros corpos de águas interiores, para um estado 
dominado por algas (eutrófico). Isso poderia levar à diminuição da disponibilidade de peixes, com 
implicações para a segurança alimentar em muitos países em desenvolvimento. Também haveria 
perda de oportunidades de lazer, lucro com o turismo e, em alguns casos, riscos à saúde das pessoas 
e da pecuária, devido ao crescimento excessivo de algas tóxicas. Da mesma forma, os fenômenos da 
121
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
eutrofização induzida por nitrogênio em ambientes costeiros levam a mais zonas mortas por falta de 
oxigênio, com enormes prejuízos econômicos decorrentes da redução da produtividade da pesca e da 
diminuição das receitas do turismo. 
Os impactos combinados da acidificação dos oceanos, de temperaturas mais quentes do mar e 
de outras tensões causadas pelos homens tornam os sistemas de recifes de corais tropicais vulneráveis 
a colapsos. Mais água ácida provocada por altas concentrações de dióxido de carbono na atmosfera 
diminui a disponibilidade dos íons carbonatos necessários à construção de esqueletos de coral. Além 
disso, os elevados níveis de nutrientes oriundos da poluição, a sobrepesca, a deposição de sedimentos 
provenientes de desmatamento do interior e outras pressões, juntamente com os efeitos de 
branqueamento pela água mais quente, tornam os recifes cada vez mais dominados por algas, com 
perda catastrófica de biodiversidadee do funcionamento dos ecossistemas, ameaçando a subsistência e 
a segurança alimentar de centenas de milhões de pessoas.
Mesmo com legislações tentando proteger o meio ambiente e a biodiversidade, as florestas tropicais 
continuam a ser desmatadas para favorecer plantações e pastagens, e potencialmente para a produção 
de biocombustíveis. A diversidade genética da agricultura e da pecuária continua a decrescer em 
sistemas manejados.
Outra ameaça à biodiversidade são as espécies exóticas. Você conhece alguma? Sabe por que são 
consideradas exóticas?
6.1 Animais introduzidos
Animais introduzidos, espécies exóticas, espécies alienígenas e espécies invasoras são todas 
denominações frequentemente encontradas para designar a ocorrência de uma espécie em local muito 
distante de onde se originou, a ponto de esta não competir por alimentação ou espaço, não possuir 
predadores ou parasitas nem outro fator que limite sua proliferação desde que encontre em seu novo 
hábitat condições físicas que facilitem sua adaptação.
Com a movimentação do homem por todos os continentes, as espécies são facilmente levadas, 
mesmo quando isso ocorre de maneira involuntária. Muitas espécies de animais têm sido transportadas 
pelos homens a regiões onde não eram nativas, algumas deliberadas, e outras acidentalmente. Muitas 
das espécies invasoras desaparecem logo, algumas permanecem raras e outras se espalham e tornam-se 
abundantes. Em cada caso, o resultado dependerá do grau de adaptação da nova espécie ao novo 
ambiente, das espécies nativas e do encontro com predadores ou doenças que lhe atinjam.
Há vários relatos de como ratos e insetos alcançaram as Américas durante as explorações navais 
europeias. Hoje, um sério problema é a água de lastro usado para contrabalançar o peso de navios de 
carga. Essa água é recolhida em uma costa e, quando o navio chega a seu destino, ela é liberada, soltando 
junto larvas e animais trazidos. Espécies invasoras geralmente se adaptam muito bem onde chegam, 
pois têm comida e não possuem inimigos naturais ou doenças. Quando isso ocorre, elas rapidamente 
excluem espécies nativas por competição ou pela transmissão doenças. 
122
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
Pulgas, piolhos, tênias e outros parasitos do homem e dos animais domésticos distribuíram-se 
acidentalmente, junto com seus hospedeiros. A broca europeia do milho, o besouro japonês, o gorgulho 
do algodão, a lagarta da maçã e a formiga argentina são importantes espécies introduzidas nos Estados 
Unidos e que se tornaram pragas. Os ratos e camundongos domésticos, a mosca-doméstica e o percevejo 
são espécies introduzidas comuns e desagradáveis. 
Algumas introduções são realizadas propositalmente, mas causam danos, como o coelho comum 
europeu na Austrália e na Nova Zelândia, que compete com os carneiros pela pastagem, e a introdução 
do mangusto indiano nas ilhas da Jamaica e do Havaí para o controle de ratos, passando, porém, a 
destruir aves nativas. Algumas das introduções feitas pelo homem têm sido úteis, como as joaninhas 
importadas para o “controle biológico” de pulgões nocivos a árvores frutíferas; o faisão, introduzido em 
muitos estados dos Estados Unidos como mais uma ave de caça; as trutas, em diversas águas pouco 
profundas da costa pacífica da América do Norte, como complemento aos poucos peixes úteis nativos.
De modo geral, a introdução de animais e plantas de uma região para outra tem beneficiado a 
humanidade. Na América do Norte, quase todos os animais domésticos e plantas cultivadas foram 
importadas de outros lugares. O transplante, contudo, é perigoso. Os parasitos e as doenças são, muitas 
vezes, mais destruidores na nova pátria. Plantas e animais inócuos em seu território original podem 
tornar-se pragas quando introduzidos em outros locais: o coelho europeu, quando levado para a Austrália, 
espalhou-se enormemente, ocupando milhões de hectares, só sendo controlado pela introdução de uma 
doença, a mixomatose. A introdução de espécies selvagens é mais perigosa e provavelmente já trouxe 
mais prejuízos do que benefícios. 
No Brasil, temos algumas espécies introduzidas, como o camarão gigante da Malásia, o pardal 
(originário do oriente médio), o caracol gigante africano, a carpa (originária da Ásia), a medusa (originária 
da Europa), o mexilhão marrom (originário da África), a rã-touro (originária dos Estados Unidos), o 
pombo doméstico (proveniente da África), o javali (originário da Europa) e também espécies vegetais 
como o bambu (da Ásia), a mamona (da África), o eucalipto (da Austrália), a jaqueira (da Índia), a 
mangueira e o limoeiro (da Ásia) e o sisal (do México), entre muitas outras espécies.
Animais como o caracol africano e o javali foram introduzidos como alternativa à alimentação, mas 
não conseguiram agradar tanto o gosto dos brasileiros. O caracol se espalhou pela natureza; por habitar 
locais umedecidos, adaptou-se bem às cidades vivendo em córregos e, sem predadores, prolifera-se 
como uma praga, disseminando várias doenças. O javali também se espalhou, não possui predadores 
naturais e hoje causa prejuízos no centro-oeste do país, onde ataca outros animais e humanos, caça 
ovos de jacarés e aves e destrói plantações. O governo brasileiro, em 2013, autorizou a caça ao javali e 
de seu híbrido, o javaporco (cruzamento do javali com o porco doméstico). 
Muitos animais como o pombo e o pardal, e a maioria das espécies marinhas introduzidas, 
aparentemente inofensivas, competem por alimento com as nativas, diminuindo a diversidade natural. 
Entre as espécies vegetais, o mais comum de acontecer – como é o caso da jaqueira – é o efeito 
provocado pela queda das folhas: elas liberam uma substância tóxica à vegetação, eliminando tudo o 
que poderia crescer ao seu redor. Sem competição, proliferam-se tomando conta da região, eliminando 
a vegetação nativa e diminuindo a diversidade local.
123
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
Possuímos bons exemplos de exploração de espécies introduzidas, grande parte devido às culturas 
próprias que acompanharam cada grupo de colonizadores e trabalhadores que aqui chegaram desde 
o descobrimento. Apesar da enorme diversidade de espécies nativas, uma grande parcela de nossas 
atividades econômicas está baseada nas introduzidas: nossa agricultura está baseada na cana-de-
açúcar, proveniente da Nova Guiné, no café da Etiópia, no arroz das Filipinas, na soja da China, no cacau 
do México, na laranja da China e no trigo da Ásia Menor, entre outras; nossa silvicultura depende de 
eucaliptos da Austrália e de pinheiros da América Central; nossa pecuária depende de capins africanos, 
bovinos da Índia, equinos da Ásia Central etc.; a piscicultura depende de carpas da China e tilápias 
da África Oriental; a nossa apicultura está baseada em variedades da abelha-europa, provenientes da 
Europa e da África Tropical, e assim por diante.
Todos esses processos poderiam diminuir cada vez mais as populações de determinadas espécies, até 
que se provocasse a morte de um último indivíduo, essa ocorrência é chamada de extinção.
Quais fatores poderiam levar à extinção de uma espécie?
6.2 Perda da diversidade biológica – extinção
Uma espécie entra em extinção quando suas populações não conseguem se adaptar a novas 
condições ambientais. O processo que pode afetar o número e os tipos de espécies no planeta é a 
extinção, o desaparecimento total de uma espécie. Quando as condições ambientais mudam de forma 
drástica, uma espécie pode evoluir, tornar-se mais bem adaptada, mudar para uma área mais favorável, 
se isso for possível, ou entrar em extinção. 
Durante a maior parte da história geológica do planeta, as espécies enfrentaram desafios incríveis 
para sobreviver. Continentes dividiram-se e moveram-se durante milhões de anos. A vidano planeta 
também teve de enfrentar erupções vulcânicas, meteoritos e asteroides, e ainda emissões de grandes 
quantidades de metano retido no fundo dos oceanos. Alguns desses eventos causaram nuvens de poeira 
e impediram ou reduziram drasticamente a fotossíntese durante um período suficiente para eliminar 
grandes produtores e, logo em seguida, os consumidores que deles se alimentavam. Um exemplo disso 
foi a extinção dos dinossauros, ocorrida naturalmente há milhões de anos, muito antes do surgimento 
da espécie humana, ao que tudo indica, devido a alterações climáticas decorrentes da queda de um 
grande meteorito. 
Em alguns lugares, populações de espécies existentes foram reproduzidas ou eliminadas por novas 
espécies migratórias, acidental ou deliberadamente introduzidas em novas áreas. Nos últimos tempos, os seres 
humanos passaram a dominar ou degradar muitos dos hábitats ou recursos disponíveis. A biodiversidade de 
hoje representa as espécies que sobrevivem e prosperaram, apesar das reviravoltas ambientais.
Todas as espécies entram em extinção em algum momento e mudanças drásticas nas condições 
ambientais podem eliminar grandes grupos de espécies. A extinção é o destino final de todas as 
espécies, assim como todos os indivíduos aguardam a morte. Quase todas as espécies que já existiram 
foram extintas: à medida que as condições ambientais mudam, um determinado número de espécies 
desaparece lentamente, no que chamamos de extinção natural. 
124
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
A extinção em massa, por sua vez, refere-se a um significativo número de espécies que são 
eliminadas, dizimadas em uma só época, como em um evento global, onde são eliminados grandes 
grupos, algo em torno de mais da metade de todos os seres vivos do planeta. Evidências fósseis indicam 
que as espécies no planeta já passaram por cinco extinções em massa no decorrer dos últimos quinhentos 
milhões de anos.
Em períodos de esgotamento em massa, as taxas de extinção são muito mais altas que o normal, 
mas não o suficiente para configurar uma extinção em massa. Em ambos os tipos de eventos, foi extinto 
um grande número de espécies. A extinção em massa ou esgotamento em massa de algumas espécies 
é uma oportunidade para as outras. A existência de milhões de espécies hoje significa que algumas 
sobreviveram a esses grandes eventos catastróficos.
O mais grave e recente aumento de risco de extinção tem sido observado entre as espécies de coral, 
provavelmente devido, em grande parte, ao branqueamento generalizado de sistemas de recifes tropicais, 
causado pelas altas temperaturas no mar. Os anfíbios são, em média, o grupo mais ameaçado de extinção, 
devido a uma combinação de modificação do hábitat, mudanças climáticas e doenças fúngicas. 
Ao longo do tempo, porém, o homem vem acelerando muito a taxa de extinção de espécies, a ponto 
de ter-se tornado, atualmente, o principal agente do processo de extinção. Em parte, essa situação 
deve-se ao mau uso dos recursos naturais, o que tem provocado um novo ciclo de extinção de espécies, 
agora sem precedentes na história geológica da Terra. Atualmente, as principais causas de extinção 
são a degradação e a fragmentação de ambientes naturais, resultado da abertura de grandes áreas 
para implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, expansão 
urbana, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e 
mineração de superfície. Esses fatores reduzem o total de hábitats disponíveis às espécies e aumentam o 
grau de isolamento entre suas populações, diminuindo o fluxo gênico entre estas, o que pode acarretar 
perdas de variabilidade genética e, eventualmente, a extinção de espécies. 
Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de outras exóticas, ou seja, aquelas 
que são levadas para além dos limites de sua área de ocorrência original. Essas espécies, por suas vantagens 
competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela degradação dos ambientes naturais, dominam 
os nichos ocupados pelas nativas. Com o aumento do comércio internacional, muitas vezes, indivíduos são 
transloucados para áreas onde não encontram predadores naturais, ou ainda são mais eficientes que as espécies 
nativas no uso dos recursos. Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, ocasionando o empobrecimento dos 
ambientes, a simplificação dos ecossistemas e a extinção de espécies nativas.
Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e hábitats estão desaparecendo rapidamente, 
de forma a colocá-las em risco de se tornarem extintas. A conservação dos ecossistemas naturais 
– sua flora, fauna e os microrganismos – garante a sustentabilidade dos recursos naturais e 
permite a manutenção de vários serviços essenciais à manutenção da biodiversidade, como: a 
polinização, a reciclagem de nutrientes, a fixação de nitrogênio no solo, a dispersão de propágulos 
e sementes, a purificação da água e o controle biológico de populações de plantas, animais, insetos 
e micro-organismos, entre outros. Esses serviços garantem o bem-estar das populações humanas e 
raramente são valorados economicamente.
125
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
A destruição de seus hábitats e a caça e pesca excessivas (denominadas caça e pesca predatórias) 
têm levado inúmeras espécies à extinção. O tamanho mínimo que uma população tem de atingir para 
não se extinguir varia de espécie para espécie. Ele depende da sua capacidade reprodutiva, da sua 
vulnerabilidade às influências do meio e da duração de seu ciclo vital, entre outras coisas. Das espécies 
que o homem caça atualmente, muitas estão ameaçadas de extinção, uma vez que suas populações já 
estão atingindo o limite de tamanho mínimo necessário para sua manutenção. Outras, mesmo que a 
caça pare imediatamente, já não terão capacidade de se recuperar e, fatalmente, extinguir-se-ão. 
O Brasil, por sua privilegiada localização e extensão, possui uma diversidade biológica imensa. No 
entanto, apresenta uma quantidade considerável de espécies catalogadas em extinção. Num esforço 
conjunto do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o seu Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em parceria com a Fundação Biodiversitas para a Conservação da 
Diversidade Biológica, com a Sociedade Brasileira de Zoologia e com a Conservação Internacional do Brasil, 
centenas de especialistas, em período superior a um ano, após criterioso trabalho científico, produziram 
uma lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Esse documento é um dos mais 
importantes instrumentos utilizados pelo governo brasileiro para a conservação da biodiversidade, onde 
são apontadas as espécies que, de alguma forma, estão ameaçadas quanto à sua existência. 
E como fazer para mantê-las vivas? Uma das tentativas, é a reprodução em cativeiro. Muitas espécies 
passam por esse processo. Mas nem todas as espécies ameaçadas se adaptam. E outro ponto é que os 
filhotes precisam ser reintroduzidos no ambiente e precisam aprender a viver sozinhos, e esse processo 
também é difícil.
O que mais poderíamos fazer?
 Saiba mais
Amplie seus conhecimentos consultando a lista de espécies em extinção 
(Instrução Normativa Nº 003, de 26 de maio de 2003), disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/179_05122008 
034002.pdf>.
6.3 Conservação da biodiversidade
Algumas razões são primordiais para nos preocuparmos com a conservação da diversidade biológica. 
A diversidade biológica representa uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo 
equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Ela representa um imenso potencial de uso econômico, em 
especial, por meio da biotecnologia, e está se deteriorando,inclusive com aumento da taxa de extinção 
de espécies, devido ao impacto das atividades humanas. 
126
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
Qualquer mudança nas características físicas ou biológicas de um ambiente influencia, de modo 
diverso, as espécies de animais e plantas que vivem em determinado ambiente. Às forças naturais que 
agem sobre as populações, tem-se somado, em muitos lugares e com intensidade crescente nos séculos 
e décadas recentes, a influência do homem. A civilização é, essencialmente, um esforço do homem para 
manipular e utilizar o ambiente em seu benefício, em geral imediato. Em épocas remotas, o homem “vivia 
da terra” como qualquer outro animal, caçando e pescando. Posteriormente, os homens foram vencendo 
a seleção natural e começaram a manipular e controlar a natureza para suprir suas necessidades.
A manipulação mais direta de ambientes tem incluído a derrubada de florestas, drenagem de 
pântanos, irrigação de terras áridas e o plantio de áreas imensas com plantas cultivadas. Todas essas 
alterações ecológicas tiveram influência sobre os animais. A derrubada de florestas elimina o alimento 
e o abrigo das espécies arborícolas, mas o plantio de arbustos e árvores em jardins e parques fornece 
hábitats para animais que anteriormente não podiam ocupar esses locais. A drenagem de pântanos e 
lagos destrói o hábitat de ratos, patos, alguns peixes e outros animais, enquanto a irrigação de terras 
antes áridas permite a algumas espécies aquáticas ou de brejo substituírem os roedores, répteis e outros 
habitantes originais dessas localidades secas.
A agricultura, a silvicultura, as obras de recuperação, de irrigação e de saúde públicas e a proteção 
das espécies são todas manipulações ecológicas, diretas ou indiretas. O aperfeiçoamento de tratores 
pesados, de arados múltiplos, de serras mecânicas e dos venenos químicos, que podem ser distribuídos 
em quantidades por aviões ou no próprio chão para o controle de insetos e plantas daninhas, aumentou 
grandemente a capacidade do homem de alterar seu ambiente. Grande parte das alterações, contudo, 
não são construtivas: a erosão pelo vento e pela água, após o arado de florestas, mais veloz que sua 
capacidade de regeneração e o acumulo de resíduos venenosos de pulverizações que entram nas cadeias 
alimentares são evidentes em muitos lugares. 
O desaparecimento de antigas e grandes civilizações humanas no Oriente Médio e a diminuição 
da capacidade de sustentação humana de muitas outras áreas mostram que grande parte da ação 
humana sobre o ambiente tem sido muito apressada e insensata. Em grande parte, a exploração não 
se preocupa com o futuro. Uma população humana, como qualquer comunidade vegetal ou animal, 
não pode manter-se por muito tempo se seu ambiente for danificado além dos limites de recuperação. 
Presentemente, alguns esforços para a conservação dos recursos naturais renováveis (biológicos) tendem 
a corrigir os males de manipulações anteriores do ambiente.
Os atuais ecossistemas naturais do globo terrestres são o resultado de mais de três bilhões de anos 
de evolução. Sua estrutura e seu funcionamento foram integrados e refinados a longo tempo. Sem 
eles, os ciclos dos elementos básicos, de nutrientes e da água e os processos de decomposição que 
liberam elementos para que estes retornem ao sistema biótico seriam grandemente prejudicados ou 
mesmo eliminados.
Sem os sistemas naturais, a estabilidade das populações animais e vegetais estaria em perigo. A 
grande diversidade de espécies é resultado de uma série de mecanismos de retroalimentação que 
regulam os tamanhos das populações. O homem eliminou ou perturbou quase todos os ecossistemas 
naturais. Resta saber quão longe ele pode ir sem provocar deterioração irreversível. 
127
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
Um processo mais prudente minimizaria danos anteriores e daria prioridade para a conservação de 
qualquer ambiente natural, desde pequenas áreas urbanas até grandes partes das principais comunidades 
bióticas. Isso requereria estabilização. O progresso precisa enredar pelo desenvolvimento de uma ética 
que encara o ser humano como membro do mundo natural, com a obrigação moral de proteger a vida 
selvagem e os ecossistemas naturais sempre que possível. 
Esses esforços para conservação trariam outros benefícios como:
• Uma fonte contínua de espécies selvagens para nossas necessidades, desenvolvimento de novas 
substâncias farmacológica, de plantas cultivadas e de controle biológico de pragas. 
• Um reservatório de recursos genéticos para proteção e melhoramento de espécies cultivadas pela 
introdução de genes de espécies próximas selvagens. 
• Áreas de controle (linhas básicas) para avaliar, entender e manejar distúrbios em ecossistemas 
perturbados (campos cultivados, florestas etc.). 
• Um sistema de alarme para sinalizar efeitos da poluição, que podem significar perigo para o 
homem, uma vez que as espécies selvagens atuam, muitas vezes, como indicadores sensíveis à 
contaminação. 
• Oportunidades para avanço da ciência, do conhecimento humano e das propriedades históricas, 
que não se repetirão, por meio do estudo dos processos biológicos naturais. 
• Contentamento social, recreativo e estético, pela nossa necessidade psicológica de ambientes 
naturais não mexidos, que pode ser muito maior do que pensamos, afinal nós evoluímos nesse 
tipo de ambiente. 
Nos últimos tempos o mundo tem presenciado inúmeras tragédias ambientais provocadas pela 
poluição ambiental no solo, no ar e na água, vazamentos de petróleo, acidentes radioativos, todos 
provocando inúmeras mortes das mais variadas espécies. As tragédias estão fazendo com que os 
governos de vários países, pressionados pela sociedade civil, criem órgãos especiais para controlar a 
poluição e preservar o meio ambiente.
Os países ricos e desenvolvidos possuem taxas de crescimento populacional menores que as dos países 
pobres e menos desenvolvidos. Isso ocorre, entre outros motivos, porque nos países desenvolvidos, a 
maior parte das pessoas recebeu educação e tem acesso às informações e aos métodos de planejamento 
familiar e controle de natalidade.
Entretanto, o consumo de energia e a produção de resíduos são elevados nos países desenvolvidos. 
Para se ter ideia, menos de 35% da população mundial vive em países desenvolvidos, mas eles consomem 
cerca de 85% do total de recursos produzidos em todo o mundo. A verdade é que o ambiente terrestre 
não suportaria a população que tem hoje se todas as nações fossem desenvolvidas e mantivessem o 
mesmo patamar de gasto de energia. Cálculos indicam que, se o nível econômico e o modo de vida 
128
GA
M
B 
- 
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ia
na
/C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
05
/2
01
4
Unidade III
fossem equivalentes aos de um cidadão médio dos Estados Unidos, a população máxima do mundo 
não poderia ser maior que um bilhão de pessoas. Além disso, esse suposto bilhão de pessoas causaria 
um impacto ambiental fortíssimo, gerando mais poluição e esgotando os recursos naturais ainda mais 
rapidamente que hoje.
Superpopulação, desenvolvimento econômico e degradação ambiental são questões intimamente 
interligadas. Os modelos atuais de desenvolvimento econômico têm levado a uma grande desigualdade 
social, além de serem pouco eficientes e altamente poluidores.
A preocupação com essas questões, de maior relevância para o futuro da humanidade, levou as 
nações do mundo a se reunirem em 1972, na Suécia, na primeira Conferência das Nações Unidas sobre 
o Ambiente, em que foram debatidos os problemas causados pela poluição e as maneiras de preservar o 
ambiente. O documento resultante dessa conferência ficou conhecido como Declaração de Estocolmo, 
e discute a importância da manutenção da qualidade

Continue navegando