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FIOLOSOFIA DO DIREITO

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Filosofia do Direito
O Instituto IOB nasce a partir da 
experiência de mais de 40 anos da IOB no 
desenvolvimento de conteúdos, serviços de 
consultoria e cursos de excelência.
Por intermédio do Instituto IOB, 
é possível acesso a diversos cursos por meio 
de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
As obras que compõem os cursos preparatórios 
do Instituto foram desenvolvidas com o 
objetivo de sintetizar os principais pontos 
destacados nas videoaulas.
institutoiob.com.br
Filosofia do Direito / Obra organizada pelo Instituto 
IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013.
ISBN 978-85-
Informamos que é de inteira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei nº 
9.610/1998 e punido pelo art. 184 
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 – Filosofia do Direito e seus Fundamentos, 5
1. Filosofia do Direito: Noção e Objeto, 5
2. Direito e Moral, 7
3. Direito e Ética: a Ética do Advogado, 9
Capítulo 2 – Direito e Justiça, 11
1. O Conceito de Justiça, 11
2. Concepções de Justiça, 12
3. Jusnaturalismo e Positivismo: Um Conflito Eterno?, 14
4. Direito e Ciência em Hans Kelsen, 15
5. Teoria Tridimensional de Miguel Reale, 16
Capítulo 3 – Hermenêutica e Interpretação do Direito, 18
1. Hermenêutica – Origem, 18
2. Hermenêutica Filosófica, 20
3. Hermenêutica Jurídica, Interpretação e Aplicação da Lei, 21
4. Métodos Interpretativos: Gramatical, Lógico e Sistemático, 23
5. Métodos Interpretativos: Histórico, Sociológico, Teleológico e 
Axiológico, 25
6. Efeitos da Interpretação, 27
7. Integração das Normas, 28
8. Integração das Normas pela Analogia, Costumes e Princípios 
Gerais do Direito, 30
Gabarito, 32
Capítulo 1
Filosofia do Direito e seus 
Fundamentos
1. Filosofia do Direito: Noção e Objeto
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará o surgimento da Filosofia do Direito, sua inde-
pendência como ciência e sua importância como disciplina no ensino 
jurídico, destacando ainda o seu conceito e objeto de estudo.
1.2 Síntese
A palavra “filosofia” vem do grego philo e sophia. Philo deriva de philia, 
que significa amizade, e sophia quer dizer sabedoria. Portanto, “filosofia” signi-
fica “amizade pela sabedoria”.
A filosofia surge na Grécia antiga, por volta do século VI a. C., com a for-
mação das pólis (cidades-estado), onde reinava o cosmopolitismo e o pluralis-
mo cultural, destacando-se Atenas como o seu berço.
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Antes do surgimento da Filosofia como ciência, os aspectos essenciais da 
realidade, tais como a origem do mundo e o seu funcionamento eram explica-
dos pela mitologia. Os gregos, diante da realidade fática, assumiram uma forma 
de pensar caracterizada pela explicação racional dos fenômenos naturais que 
cercam a vida do homem.
O elemento fundamental para compreender-se o pensamento filosófico é 
o seu caráter crítico, por isso, que a Filosofia pode ser conceituada como um 
método de reflexão pelo qual o homem se empenha em interpretar o mundo 
que o circunda. As teorias formuladas pelos filósofos permitem constantes re-
formulações, distanciando-se do campo da dogmática.
A Filosofia Jurídica se origina do estudo do fenômeno jurídico e de sua 
influência na vida humana. Na definição de Miguel Reale: “é a perquirição 
permanente e desinteressada das condições morais, lógicas e históricas do fe-
nômeno jurídico e da Ciência do Direito.”
A Filosofia Jurídica como ciência ganhou independência na época moder-
na, tornando-se autônoma no século XVI. O marco da autonomia da Filosofia 
Jurídica como ciência se dá com a obra de Hegel: “Fundamentos de Filosofia 
do Direito” (1820), nos anos que assinalam o trânsito do Jusnaturalismo para 
o Juspositivismo.
A Filosofia Jurídica tem por objeto o estudo crítico a respeito das constru-
ções jurídicas e da sua práxis, identificando-se com problemas fundamentais da 
sociabilidade humana. Segundo Miguel Reale, três são os tipos de indagações 
formuladas: “Que é Direito? Em que se funda ou se legitima o Direito? Qual o 
sentido da história do Direito?”
São metas e tarefas compreendidas no âmbito da Filosofia Jurídica, entre 
outras: a realização da justiça, a avaliação do papel do legislador e do aplicador 
do direito, e a eficácia dos institutos jurídicos.
No século XX, a disciplina ganha maior reconhecimento com o desenvolvi-
mento de diversas correntes teóricas do pensamento, tornando-se um conheci-
mento indispensável em meio às práticas de formação e de reflexão do Direito, 
passando a ocupar o currículo acadêmico do bacharel em Ciências Jurídicas 
e Sociais.
Exercício
1. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (PR) – 
2012 – Adaptada) A contribuição da Filosofia para o exercício do ser 
Advogado, que somente se realiza sendo Advogado, é:
a) A Filosofia contribui na medida em que é, unilateralmente, vi-
são de mundo e da Ciência, confere ao Advogado uma visão 
peculiarmente distante e abrangente das partes.
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b) A Filosofia torna livre no Advogado o seu Ser, a necessidade 
interna de resgate de sua essência mais própria, de modo a con-
ferir a essa essência a sua dignidade de ser Advogado.
c) A Filosofia é o pensar do pensar descompromissado, ainda que 
eventualmente, possa alcançar qualquer utilidade prática ou 
teórica para a função do Advogado.
d) A Filosofia é a visão panorâmica e histórica dos filósofos e, a 
partir daí, a escolha de uma delas para filtragem do olhar e ela-
boração de teses de defesa.
e) A Filosofia é erudição, conhecimentos abrangentes sobre a vida, 
conferindo ao Advogado experiência na solução de problemas e 
desafios do cotidiano forense.
2. Direito e Moral
2.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de Moral e a relação existente entre a 
Moral e o Direito.
2.2 Síntese
A palavra “moral” deriva do latim mos, moris que significa “maneira de se 
comportar regulada pelo uso”; “costume”.
A Moral é o conjunto das regras de conduta que determinam o comporta-
mento dos indivíduos em um grupo social, subdividindo-se em várias áreas (fa-
miliar, sexual, profissional, etc.), podendo modificar-se no tempo e no espaço.
A Moral possui um caráter eminentemente pessoal. Ao mesmo tempo que 
é o conjunto de regras que determinam como “deve ser” o comportamento 
dos indivíduos no grupo social, é também a livre e consciente aceitação dessas 
normas. Como afirma Miguel Reale: “no plano da conduta moral, o homem 
tende a ser o legislador de si mesmo.”
Segundo definição de Miguel Reale: “a Moral é o mundo da conduta es-
pontânea, do comportamento que encontra em si próprio a sua razão de existir. 
O ato moral implica a adesão do espírito ao conteúdo da regra. Só temos, na 
verdade, a Moral autêntica quando o indivíduo, por um movimento espiritual 
espontâneo realiza o ato enunciado pela norma. Não é possível conceber-se o 
ato moral forçado, fruto da força ou da coação.”
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A relação entre Direito e Moral constitui um dos problemas mais fasci-
nantes da Filosofia do Direito, sendo há séculos debatidos os seus pontos de 
confluência e de diferenciação, isso porque a Moral e o Direito representam 
duas esferas de ação distintas a serem consideradas pelo homem.
A Moral é individual, interna, estando diretamente relacionada ao conscien-
te de cada indivíduo, enquanto o Direito representa sempre uma alteridade, uma 
relação jurídica, uma norma de agir dotada de sanção e coerção, projetando-se 
externamente. Portanto, o Direito rege as ações exteriores dos homens e conta 
com uma sanção organizada e institucionalizada para coagi-los ao cumprimento 
da norma jurídica, ao passo que as ações íntimas pertencem ao domínio da Mo-
ral, que comporta sanções internas (reprovação, repúdio, arrependimento, etc.).
A “teoria do mínimo ético” concebida por Jellinek consiste em atribuir-seao Direito um mínimo obrigatório de Moral para que a sociedade possa sobre-
viver. Essa teoria representa a relação entre Direito e Moral como dois círculos 
concêntricos, sendo o menor o do Direito. Essa posição não se adequa à reali-
dade, pois há normas jurídicas totalmente desprovidas de moral.
Outra corrente abandona a figura dos círculos concêntricos para conceber 
o fenômeno do Direito e da Moral como dois círculos secantes, porque a Mo-
ral e o Direito podem ter áreas comuns, mas não coincidem ou se identificam 
plenamente. Essa é a teoria que mais se aproxima da realidade.
Para o Positivismo, o Direito não guarda relação alguma com a Moral, por-
que se afasta de qualquer conteúdo valorativo.
Exercício
2. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (SP) – 
2010) Em sua teoria da norma jurídica, Norberto Bobbio distingue 
as sanções jurídicas das sanções morais e sociais. Segundo esta dis-
tinção, a sanção jurídica, diferentemente da sanção moral, é sempre 
uma resposta de grupo e, diferentemente da sanção social, a sanção 
jurídica é regulada em geral com as mesmas formas e através das 
mesmas fontes de produção das regras primárias. Para o autor, tal 
distinção oferece um critério para distinguir, por sua vez, as normas 
jurídicas das normas morais e das normas sociais. Considerando-se 
este critério, pode-se afirmar que são normas jurídicas as normas cuja 
execução é garantida por uma sanção:
a) interna e não institucionalizada.
b) interna e institucionalizada.
c) externa e não institucionalizada.
d) interna e informal.
e) externa e institucionalizada
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3. Direito e Ética: a Ética do Advogado
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de Ética, a relação da Ética com o 
Direito, os princípios da Deontologia Forense e sua aplicabilidade no 
exercício da advocacia.
3.2 Síntese
A palavra “ética” deriva do grego ethos que possui o sentido de “costume”. 
A ética liga-se ao conceito de bom comportamento e se relaciona ao universo 
da Moral.
A Ética estuda o comportamento humano ideal para o bom convívio, assen-
tado a partir de uma estrutura de valores estabelecidos pela sociedade. Como 
afirma Eduardo Bittar: “todo conteúdo de normas éticas tem em vista sempre o 
que a experiência registrou como sendo bom e como sendo mau, como sendo 
capaz de gerar felicidade e infelicidade, como sendo o fim e a meta da ação 
humana, como sendo a virtude e o vício.”
A Ética no âmbito do Direito se relaciona ao conceito de “deontologia” 
criado por Jeremy Bentham, para designar o estudo dos deveres profissionais. A 
Ética jurídica direciona a conduta do operador do direito a uma maior transpa-
rência, lealdade e dignidade, objetivando a harmonização das relações sociais 
e a busca do bem comum.
José Renato Nalini realiza uma ampla classificação de treze princípios 
deontológicos, aqui agrupados em cinco: 1) conduta ilibada (dignidade e deco-
ro profissional, correção, confiança, fidelidade, lealdade e verdade); 2) diligên-
cia; 3) independência; 4) reserva; e 5) incompatibilidade.
A conduta ilibada exige do advogado uma atuação séria e honesta em prol 
da dignidade da profissão e da confiança da sociedade naqueles que são os res-
ponsáveis pela distribuição da justiça.
A diligência impõe ao advogado todo o cuidado, zelo e aplicação no desen-
volvimento de sua atividade profissional. Atitudes como abulia, passividade e 
conformismo são consideradas molésticas éticas do advogado.
Ao advogado é garantida a independência profissional, devendo ter a liber-
dade de escolher atuar em uma causa, bem como eleger quais os meios de defe-
sa mais adequados. Além disso, não deve se curvar a autoridades, nem cumprir 
cegamente as obrigações oriundas de vínculo empregatício ou funcional.
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O princípio da reserva encontra fundamento no dever de preservar a inti-
midade de toda e qualquer pessoa que confidencie ao advogado fatos de sua 
vida privada, sejam sigilosos ou não. Esse princípio importa diretamente na 
confiabilidade do advogado.
A incompatibilidade se reflete na impossibilidade de exercício da advocacia 
juntamente a outras profissões, estabelecendo a legislação as suas hipóteses.
Os direitos e deveres do advogado estão expressamente previstos em legisla-
ção própria que regula a profissão, o Código de Ética e Disciplina.
Exercício
3. (Cespe – Advogado – Caixa – 2010) Acerca da relação entre ética e 
moral, assinale a opção correta.
a) O entendimento ético discorre filosoficamente, em épocas di-
ferentes e por vários pensadores, dando conceitos e formas de 
alusão ao termo ética.
b) Durante as Idades Média e Moderna, a ética era considerada 
uma ciência, portanto, era ensinada como disciplina escolar. Na 
Idade Contemporânea, a ética assumiu uma nova conotação, 
desvinculando-se da ciência e da filosofia e sendo vinculada às 
práticas sociais.
c) A simples existência da moral significa a presença explícita de 
uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão 
que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores 
morais.
d) A ética não tem por objetivo procurar o fundamento do valor 
que norteia o comportamento, tendo em vista a historicidade 
presente nos valores.
e) O conhecimento do dever está desvinculado da noção de ética, 
pois este é consequência da percepção, pelo sujeito, de que ele 
é um ser racional e, portanto, está obrigado a obedecer ao im-
perativo categórico: a necessidade de se respeitar todos os seres 
racionais na qualidade de fins em si mesmos.
Capítulo 2
Direito e Justiça
1. O Conceito de Justiça
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de justiça.
1.2 Síntese
A palavra “justiça” deriva do latim justitia (direito, equidade, administração 
da lei), justus (correto, justo), e jus (direito, correto, lei).
Cada época histórica tem a sua imagem ou a sua ideia de justiça, depen-
dendo dos padrões valorativos dominantes em cada sociedade. Portanto, não 
existe um critério absoluto em relação ao conceito de justiça, sendo um con-
ceito que se modifica no espaço e no tempo, suscitanto, sua materialização, um 
eterno desafio aos operadores do direito.
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Para Rizzatto Nunes, a justiça pode ser descrita como “uma qualidade sub-
jetiva do indivíduo, uma virtude especial traduzida na fórmula: vontade de dar 
a cada um o que é seu”.
Para Miguel Reale, a justiça é “uma intenção radical vinculada às raízes 
do ser do homem, o único ente que, de maneira originária, é enquanto deve 
ser. Ela é, pois, tentativa renovada e incessante de harmonia entre as experiên-
cias axiológicas necessariamente plurais, distintas e complementares, sendo, ao 
mesmo tempo, a harmonia assim atingida”.
Na história da teoria da justiça, se verificam três tendências fundamentais: 
1) justiça como qualidade subjetiva: vontade de dar a cada um o que é seu; 2) 
justiça como ordem objetiva: realização de uma ordem social justa, resultante 
de exigências transpessoais imanentes ao processo de convivência coletiva; e 
3) a justiça como qualidade subjetiva e ordem objetiva ao mesmo tempo, pois, 
como dizia Platão: “não pode haver justiça sem homens justos.”
O tema da justiça universal ainda é muito utópico. É muito difícil vislum-
brar a existência de um “consensus omnium”, ou seja, de uma consciência co-
letiva universal que limite o conceito de justiça a um critério único e absoluto, 
porque a justiça se baseia em fenômenos culturais. Por exemplo, o mundo 
ainda não se posiciona de forma uníssona quando o assunto é a pena de morte.
Exercício
4. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (PR) – 
2012 – Adaptada) A concepção de justiça que se consubstancia nos 
objetivos que a Ordem dos Advogados do Brasil busca alcançar é:
a) Justiça enquanto tranquilidade.
b) Justiça enquanto cumprimento da lei.
c) Justiça que manda dar aos iguais coisas iguais e aos desiguais 
coisas desiguais.
d) Justiça como realização da liberdade.e) Justiça enquanto vida feliz do homem, que só é atingida na paz 
individual ou social.
2. Concepções de Justiça
2.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de justiça para Platão e Aristóteles.
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2.2 Síntese
Para Platão, a justiça é um ideal a ser buscado, pois está acima de todas as 
normas humanas e remonta até a sua origem na alma do homem. Somente 
aos sábios caberia estabelecer o que é justo, pois são os únicos que conseguem 
alcançar o nível das ideias.
Aristóteles é considerado o maior pensador das questões do direito e da jus-
tiça de seu tempo. Para ele, o justo é uma medida econômica, histórica, social 
e política. No seu sentido universal, a justiça é tanto uma manifestação geral 
da virtude quanto uma apropriação do justo à lei que, no geral, é tida como 
justa. No sentido particular, é uma virtude em si mesma, subdividindo-se em: 
distributiva, corretiva e comutativa.
A justiça distributiva trata da distribuição de riquezas, benefícios e honrarias 
segundo o parâmetro de dar a cada um de acordo com seu mérito, ainda que o 
critério meritório possa ser variável. A falta de proporcionalidade que caracteriza 
o justo traz a injustiça. A justiça corretiva é uma proporção aritmética baseada 
na reparação do quinhão que foi, voluntária ou involuntariamente, subtraído de 
alguém por outrem. E a justiça comutativa se relaciona à produção, estabele-
cendo uma relação entre direito e economia nas trocas entre os homens.
Para Aristóteles, a justiça está intimamente ligada ao império da lei, pela 
qual se faz prevalecer a razão sobre as paixões cegas. A lei é o princípio que 
rege a ação dos cidadãos, é a expressão política da ordem natural, sendo boa e 
justa, pois é a manifestação básica da unificação da vontade dos cidadãos que 
deliberaram coletivamente em assembleia.
A justiça é uma ação, pois não se revela no mero conhecimento do justo, 
mas em sua aplicação deliberada com tal finalidade.
A justiça aristotélica prima pela equidade, servindo como corretivo da justi-
ça legal no caso concreto, justamente em razão da generalidade que caracteri-
za as leis, estendendo o justo até as minúcias.
Exercício
5. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (SP) – 2010) 
Ao comentar a doutrina aristotélica da justiça, Tercio Sampaio Ferraz 
Júnior, em sua obra Estudos de Filosofia do Direito, indica aquele que 
seria o “preceito básico do direito justo, pois só por meio dele a justiça 
se revelaria em sua atualidade plena”. Este preceito, que também 
pode ser definido como “uma feliz retificação do justo estritamente 
legal” ou ainda “o justo na concretude”, é denominado:
a) dignidade.
b) vontade.
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c) equidade.
d) piedade.
e) liberdade.
3. Jusnaturalismo e Positivismo: Um Conflito 
Eterno?
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de direito natural e as correntes do 
Jusnaturalismo e do Positivismo Jurídico.
3.2 Síntese
O pensamento acerca do Direito Natural nos remete à Grécia antiga. A 
célebre tragédia Antígona, escrita por Sófocles (494-406 a. C.), o cristalizou na 
passagem em que, acusado de traição à pátria, Polinice não pôde ser sepultado 
por ordem de seu tio, o rei Creonte. Antígona, sua irmã, desobedece às ordens 
e o sepulta, justificando sua atitude em leis imutáveis e não escritas, acima da 
lei dos homens.
O direito natural deve ser entendido como um direito universal, imutável, 
integrado por princípios fixos, absolutos e intemporais, em função da própria 
imutabilidade da natureza humana, podendo ser conhecido por todos os ho-
mens, em todas as épocas e culturas.
Como ensina Nader, Direito Natural pode ser considerado subjetivamente, 
identificando-se com o poder de viver e desfrutar de liberdade, sob a garan-
tia de igual oportunidade, ou objetivamente, como um conjunto orgânico de 
princípios que deve orientar o Estado em sua tarefa de organizar a sociedade, 
tomando-se como referência a natureza humana.
A face moderna do Direito Natural se consubstancia no Jusnaturalismo, 
ganhando uma roupagem mais racional, voltada à condição social do homem.
Para Hobbes, o direito natural estaria fundado nas leis naturais voltadas para a 
segurança e conservação. Rousseau concebe o homem como um ser naturalmen-
te livre, e a sua grande questão consiste em saber como preservar essa liberdade 
natural e ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar na vida em socieda-
de. Nesse mesmo sentido, Kant potencializa o convívio pacífico e a harmonia de 
todos segundo leis universais, elevando a liberdade como base do direito.
O Positivismo jurídico clássico defende a existência de apenas um direito: 
o positivo, no sentido de direito posto pela autoridade legítima, e a sua fun-
damentação é baseada no conceito de lei, como principal fonte do direito. 
O Positivismo nega, portanto, a existência de juízos de valor, pois se prende 
exclusivamente aos fenômenos que podem ser observados.
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Exercício
6. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (SP) – 
2012) “A Ciência do Direito (...), se de um lado quebra o elo entre 
jurisprudência e procedimento dogmático fundado na autoridade dos 
textos romanos, não rompe, de outro, com o caráter dogmático, que 
tentou aperfeiçoar, ao dar-lhe a qualidade de sistema, que se constrói 
a partir de premissas cuja validade repousa na sua generalidade racio-
nal. A teoria jurídica passa a ser um construído sistemático da razão e, 
em nome da própria razão, um instrumento de crítica da realidade.”
Esta caracterização, realizada por Tercio Sampaio Ferraz Júnior, em 
sua obra A Ciência do Direito, evoca elementos essenciais do:
a) jusnaturalismo moderno.
b) historicismo.
c) realismo crítico.
d) positivismo jurídico.
e) humanismo renascentista.
4. Direito e Ciência em Hans Kelsen
4.1 Apresentação
Esta unidade abordará a filosofia do direito em Hans Kelsen.
4.2 Síntese
Hans Kelsen é considerado o principal representante da chamada Escola 
Positivista do Direito.
Kelsen lançou as bases de uma Ciência do Direito, excluindo do conceito 
de seu objeto quaisquer referências de cunho sociológico e axiológico con-
siderando-as como matéria de estudo de outros ramos científicos, tais como 
Sociologia e Filosofia.
Kelsen abstraiu do conceito do Direito a ideia de justiça, por estar sempre 
imbricada com os valores adotados por aquele que a invoca, não cabendo, por-
tanto, pela imprecisão e fluidez de significado, um conceito de Direito univer-
salmente válido.
Segundo Kelsen, é possível distinguir uma teoria estática de uma teoria 
dinâmica do Direito. A primeira tem por objeto o Direito como um sistema de 
normas em vigor, ao passo que a segunda tem por objeto o processo jurídico em 
que o Direito é produzido e aplicado.
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O ordenamento jurídico é visto como um conjunto hierarquizado de nor-
mas jurídicas estruturadas na forma de uma pirâmide abstrata, cuja norma 
mais importante é a denominada “hipotética fundamental”, da qual as demais 
retiram seu fundamento de validade. Essa norma fundamental é a norma de 
direito internacional que aduz que os pactos devem ser cumpridos.
As normas jurídicas estão constituídas pelo primado do dever-ser. Elas são 
mandamentos e, como tais, comandos, imperativos, que impõem uma condu-
ta e uma sanção pelo seu descumprimento.
Kelsen considera que é na coercitividade que está a distinção entre o Di-
reito e a Moral: enquanto o direito é uma ordem normativa que procura obter 
uma determinada conduta humana, gerando uma coerção socialmente organi-
zada, a moral é uma ordem social que não estatui quaisquer sanções jurídicas.
Seu principal objetivo foi criar e desenvolver uma ciência jurídica separada 
e autônoma de outras áreas do conhecimento humano, pela definição de seu 
objeto de estudo: a norma jurídica.
Exercício
7. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (SP) – 
2010) Em sua Teoria Pura do Direito, HansKelsen concebe o Direi-
to como uma “técnica social específica”. Segundo o filósofo, na obra 
O que é justiça? “esta técnica é caracterizada pelo fato de que a or-
dem social designada como ‘Direito’ tenta ocasionar certa conduta 
dos homens, considerada pelo legislador como desejável, provendo 
atos coercitivos como sanções no caso da conduta oposta”. Tal con-
cepção corresponde à definição kelseniana do Direito como:
a) uma ordem estatal facultativa.
b) uma ordem axiológica que vincula a interioridade.
c) um veículo de transformação social.
d) uma ordem coercitiva.
e) uma positivação da justiça natural.
5. Teoria Tridimensional de Miguel Reale
5.1 Apresentação
Esta unidade abordará a teoria da tridimensionalidade do direito de Mi-
guel Reale.
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5.2 Síntese
Miguel Reale transcende os limites juspositivistas ao propor que o direito 
não deve ser analisado exclusivamente sob o padrão normativista e sim sob a 
ótica da cultura, do mundo construído pelo homem, e dos seus valores.
A realidade social é constituinte fundamental do direito, mas o direito tam-
bém não pode se esgotar no fenômeno bruto do poder ou da realidade social, 
pois além dos fatos e das normas, estão os valores. Tampouco pode valer-se de 
realidades abstratas, ideais. É preciso encontrar um equilíbrio.
Para Miguel Reale, há um mundo do ser que avalia a realidade social como 
efetivamente é, e há um mundo de ideias e valores que constituem o mundo do 
dever-ser, que representa um modelo social almejado pelos homens.
A visão tridimensional traz um equilíbrio, assentando-se na percepção de 
que o fenômeno jurídico se constitui pela interação real de fato, norma e valor, 
numa dinâmica processual de mútua implicação.
Os valores se desenvolvem de relações históricas concretas, mas não se es-
gotam numa identidade de origem e fins com a própria realidade social, pois 
são inexauríveis. E os fatos compõem o direito como realidade compreendida, 
devendo ser também valorados. Portanto, ao fato social se atribui um valor, o 
qual se traduz numa norma.
As normas jurídicas não resultam da mera vontade do legislador. Há um 
processo de formação da norma que se faz a partir da junção de um complexo 
de valores com um complexo fático. Dessa relação dos fatos com os valores, 
surgem várias possibilidades de proposições normativas.
Para Reale, o fenômeno jurídico se apresenta como um fenômeno neces-
sariamente cultural, e a integração de fato, valor e norma é a expressão maior 
desse culturalismo que se distancia do tecnicismo estrito do normativismo, mas 
não reduz o direito a uma sociologia, nem a uma filosofia moral.
Exercício
8. Julgue a assertiva a seguir: (Autor). Leia o seguinte trecho: “(...) sendo 
a experiência jurídica uma das modalidades da experiência histórico-
-cultural, compreende-se que a implicação polar fato-valor se resolve, a 
meu ver, num processo normativo de natureza integrante, cada norma 
ou cada conjunto de normas representando, em dado momento histó-
rico e em função de dadas circunstâncias, a compreensão operacional 
compatível com a incidência de certos valores sobre os fatos múltiplos 
que condicionam a formação dos modelos jurídicos e a sua aplicação.”
Esta descrição evoca as concepções de qual dos juristas abaixo acer-
ca do Direito?
a) Norberto Bobbio.
b) Herbert Hart.
c) Miguel Reale.
d) Tercio Sampaio Ferraz.
e) Rudolf Von Jhering.
Capítulo 3
Hermenêutica e Interpretação 
do Direito
1. Hermenêutica – Origem
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará as origens da Hermenêutica, seu conceito e desen-
volvimento histórico.
1.2 Síntese
“Hermenêutica” deriva do verbo grego hermeneuein e do substantivo her-
meneia, estando o seu significado associado à ideia de “tornar compreensível”, 
de “declarar”, “anunciar”, “interpretar”, “esclarecer” ou “traduzir”.
Costuma-se associar o termo a Hermes, o deus grego mensageiro. Na mito-
logia grega, Hermes era o deus capaz de transformar tudo o que a mente huma-
na não compreendesse, a fim de trazer para a compreensão algo que estivesse 
incompreensível. A ele foi atribuída a descoberta da linguagem e da escrita.
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A Hermenêutica é a arte ou o método interpretativo que procura com-
preender, interpretar ou traduzir de maneira clara signos inicialmente obscu-
ros, dividindo-se o seu estudo em diversas fases ao longo da história.
A primeira função da hermenêutica estava relacionada à interpretação pe-
los sacerdotes das mensagens dos oráculos, geralmente fugidias e mal incom-
preendidas pelos profanos. Posteriormente, mantém uma estreita ligação com a 
interpretação de textos religiosos ao se relacionar com a Bíblia, sendo aplicada 
desde a época dos patriarcas do judaísmo, passando pela teologia medieval e a 
Reforma, até chegar à teologia moderna.
O problema objetivo da hermenêutica começou com as questões da inter-
pretação das Sagradas Escrituras, havendo, inclusive, várias escolas e correntes 
da exegese bíblica no antigo judaísmo.
O termo apareceu em obras de Platão e outros escritores antigos, voltando-
-se o seu significado à função de esclarecer algo, mais como uma técnica do 
que uma ciência. Sua importância era secundária para Platão, tendo em vista 
que as palavras estavam abaixo das ideias, sendo que apenas por meio destas é 
que se podia entender e conhecer, verdadeiramente, a realidade.
Diferentemente de seu mestre, Aristóteles estabeleceu uma relação entre 
os conceitos e a realidade, entendendo que o processo do conhecimento se faz 
mediante abstrações hermementais daquilo que é adquirido pela experiência 
sensível. Para ele, a hermenêutica se ocupa da relação entre a linguagem e o 
pensamento.
Os romanos aproximam a hermenêutica do campo jurídico. Não se con-
tentando em entender o texto da lei, buscavam compreender o seu significado, 
levando em conta os seus efeitos produzidos na vida das pessoas.
Na Idade Média, a hermenêutica retorna ao centro dos estudos jurídicos a 
partir do resgate do Corpus Iuris Civilis de Justiniano, no século XII, cabendo 
à Escola dos Glosadores, interpretar de forma analítica essa compilação levada 
a cabo por Justiniano no século VI. A Escola dos Glosadores foi essencial para 
fornecer a base a fim de ampliar o conhecimento do pensamento jurídico, 
confluindo a teoria à prática.
A escola que sucedeu e superou a dos Glosadores foi a Escola dos Comen-
tadores, estudiosos que passaram a interpretar o Direito Romano de forma mais 
livre, ao buscar soluções para casos concretos alicerçados no conjunto da obra, 
e não apenas em partes específicas do texto romano. Os comentadores faziam 
uma interpretação com base filosófica, associando o Direito à Ética, buscando 
integrá-lo a um valor fundamental: a Justiça.
Na sequência, surgiu o Movimento Humanista, mesclando métodos his-
tóricos e filológicos para o estudo do direito. Essa hermenêutica se baseava na 
racionalidade, e deu origem à hermenêutica contemporânea.
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Exercício
9. Julgue a assertiva a seguir: (Autor). A hermenêutica é a arte de com-
preender, de interpretar, de traduzir de maneira clara signos inicial-
mente obscuros. A primeira função da hermenêutica foi entregar aos 
profanos o sentido de um oráculo. A hermenêutica progressivamen-
te penetrou no domínio das ciências humanas e da filosofia.
2. Hermenêutica Filosófica
2.1 Apresentação
Esta unidade abordará a hermenêutica Filosófica e seus maiores expoen-
tes: Schleiermacher, Dilthey, Heidegger e Gadamer.
2.2 Síntese
Com Friedrich Schleiermacher, no início do século XIX, assiste-se a uma 
generalização do uso da hermenêutica, com base na racionalidade herdada do 
movimento humanista, passando a ser considerada como a “arte de compreen-
der-se a expressão humana”.
A Hermenêutica volta a sua atenção cada vez mais ao autor e não apenas 
para o texto. Ler um texto passa então a significar um diálogo com um autor e 
um esforço por reencontrar a sua intenção. É procurar compreenderum espí-
rito por meio das obras nas quais ele se exprimiu.
É com a obra de Wilhem Dilthey que a hermenêutica assume o estatuto de 
um método de conhecimento especialmente apto para dar conta do fato huma-
no, irredutível em si mesmo aos fenômenos naturais. Segundo Dilthey, o texto a 
ser interpretado é a própria realidade humana no seu desenvolvimento histórico.
Aplicado ao estudo da ação histórica, o ato hermenêutico deve permitir res-
tituir por assim dizer “do interior” a intenção que guiou o agente no momento 
em que ele tomava tal decisão, e permitir assim alcançar a significação desta 
ação, buscando-se a compreensão do outro a partir da compreensão da nossa 
própria vida.
Heidegger opera duas rupturas em relação à concepção de hermenêutica 
desenvolvida por Dilthey. A hermenêutica não pode mais ser compreendida 
como o ato cognitivo de um sujeito descomprometido com o mundo, mas an-
tes como uma dimensão essencial da existência. Compreender é um modo de 
estar antes de ser um método científico.
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A questão da compreensão já não está, em Heidegger, ligada ao problema 
do reencontro do outro. A interrogação hermenêutica deve considerar menos 
as minhas relações com o outro do que a relação que eu estabeleço com a 
minha situação no mundo. O horizonte da compreensão é a captação e a elu-
cidação de uma dimensão que precede a distinção sujeito/objeto: a do ser-no-
-mundo do homem. A hermenêutica, como dimensão da existência, está antes 
orientada para o “mundo do eu”.
Hans Georg Gadamer mostra, em Verdade e Método (1960), que a interpreta-
ção, antes de ser um método, é a expressão de uma situação do homem: o intérpre-
te que aborda uma obra está já situado no horizonte aberto pela obra (é o “círculo 
hermenêutico”). A interpretação é antes de tudo, a elucidação da relação que o 
intérprete estabelece com a tradição de que provém, aproximando-se dos textos 
com suas “pré-suposições”, com suas expectativas, que se tornam, “pré-juízos”.
Exercício
10. Leia o trecho a seguir e preencha as lacunas com um dos filósofos da 
Hermenêutica propostos: (Autor). “(...) a hermenêutica, como teo-
ria da compreensão, é consequentemente uma teoria da revelação 
ontológica. Pois a existência humana é, em si mesma, um processo 
de revelação ontológica. __________ não permite que encaremos o 
problema ontológico separadamente da existência humana. A sua 
análise junta a hermenêutica à ontologia existencial e à fenomeno-
logia e aponta para um fundamento da hermenêutica que não se 
baseia na subjetividade mas na facticidade do mundo e na historici-
dade da compreensão.” (PALMER, Richard. Hermenêutica. Lisboa: 
Edições 79, 1969. p. 141).
a) Friedrich Schleimacher.
b) Wilhem Diltey.
c) Martin Heidegger.
d) Hans Georg Gadamer.
3. Hermenêutica Jurídica, Interpretação e 
Aplicação da Lei
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de Hermenêutica Jurídica e de interpre-
tação da norma, bem como sua importância.
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3.2 Síntese
A Hermenêutica jurídica é considerada como a “arte de interpretar as leis”, 
ou melhor, é um sistema de regras para interpretação das leis. A interpretação 
e a aplicação são técnicas que dela derivam.
Para Hermes Lima, a Hermenêutica Jurídica, como uma ciência da inter-
pretação, tem como objetivo adequar a norma geral e abstrata ao caso concreto, 
pois os dispositivos legais não se aplicam automaticamente, e a compreensão 
da vontade normativa da lei é indispensável, mesmo quando as leis são claras.
A Hermenêutica estabelece princípios e conceitos que buscam formar uma 
teoria adaptada ao ato de interpretar, preocupando-se sempre em alcançar o 
bem da coletividade. É o que preceitua o art. 5º da LINDB. “Na aplicação da 
lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem co-
mum.” Por isso, o primeiro cuidado do hermeneuta jurídico consiste em saber 
qual a finalidade social da lei, pois é o fim que possibilita penetrar na estrutura 
de suas significações particulares.
Para José Cretella Júnior: “Interpretar é descobrir o sentido de determinada 
norma jurídica ao aplicá-la ao caso concreto. A necessidade da interpretação 
é devido a noções elásticas as quais precisam ter seu sentido real apreendido a 
fim de verificar-se a adequação da hipótese enunciada na regra jurídica ao caso 
concreto posto a clareza meridiana contida na expressão.”
A vacuidade, a ambiguidade do texto, a antinomias (normas incompatíveis 
entre si), falta da terminologia técnica, a má redação obrigam o operador do 
direito, a todo instante, a interpretar a norma jurídica visando encontrar o seu 
real significado, antes de aplicá-la a caso sub judice. De qualquer forma, é pre-
ciso ter em mente que todas as leis necessitam de interpretação para que suas 
disposições possam abranger os diversos e variados casos que a complexidade da 
vida social apresenta, mesmo que pareça clara.
Por esta razão, a máxima In claris cessat interpretatio não deve ser aplicada! 
Mesmo as leis que são consideradas claras, comportam interpretação. Isso ocor-
re porque não existe a segurança imediata de que a lei corresponda à vontade 
legislativa que pode ter sido traduzida de forma dissonante.
Múltiplos são os objetivos da interpretação. Dentre eles: deduzir uma orien-
tação geral de muitos princípios particulares; deduzir de um princípio geral 
princípios particulares que ao primeiro sempre se hão de referir; concordar dis-
posições diversas, indicando o espírito de unidade lógica em que se inspiram.
Exercício
11. (Fundação Carlos Chagas – Defensor Público do Estado (SP) – 
2010) Em sua teoria do ordenamento jurídico, Norberto Bobbio 
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estuda os aspectos da unidade, da coerência e da completude do or-
denamento. Relativamente ao aspecto da coerência do ordenamento 
jurídico, “a situação de normas incompatíveis entre si” refere-se ao 
problema:
a) das antinomias.
b) da analogia.
c) do espaço jurídico vazio.
d) das lacunas.
e) da incompletude.
4. Métodos Interpretativos: Gramatical, 
Lógico e Sistemático
4.1 Apresentação
Esta unidade abordará os métodos interpretativos lógico e sistemático.
4.2 Síntese
Os métodos de interpretação constituem os recursos de que se vale a ati-
vidade interpretativa para atingir seus objetivos. São regras técnicas que visam 
à obtenção de um resultado, convergendo para solucionar os problemas de 
decidibilidade dos conflitos.
Os métodos mais usuais são as interpretações: gramatical (literal, textual, 
verbal, filológica, semântica), lógica, sistemática, histórica, sociológica, teleo-
lógica e axiológica.
O método gramatical visa estabelecer o sentido objetivo da lei com base em 
sua letra, ou seja, atendo-se ao valor semântico das palavras. De acordo com 
Carlos Maximiliano, esse método exige os seguintes requisitos: conhecimento 
perfeito da língua, informações aprofundadas sobre o autor; conhecimento his-
tórico do assunto em questão; e certeza da autenticidade do texto.
Apesar de ser o primeiro passo para a interpretação de um texto, é necessá-
rio colocar seus resultados em confronto com outras espécies de interpretação, 
uma vez que por si só é um critério insuficiente, porque não considera a uni-
dade que constitui o ordenamento jurídico e sua adequação à realidade social.
O método lógico se baseia na investigação da ratio legis, ou seja, da razão legal 
que busca descobrir o sentido e o alcance da lei sem o auxílio de qualquer elemen-
to exterior, aplicando ao dispositivo um conjunto de regras tradicionais e precisas, 
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tomadas de empréstimo à lógica geral. Funda-se no brocardo Ubi eadem ratio, ibi 
eadem legis dispositio (“Onde está o racional está a correta disposição legislativa”).
Esse método procura a ideia legal que se encontra sub litteris, partindo do 
pressuposto de que a razão da lei pode fornecer elementos para a compreensão 
de seu conteúdo, sentido e finalidade, haja vista quenuma lei o que interessa 
não é o seu texto, mas o alvo fixado pelo legislador. A ratio legis busca consagrar 
os valores jurídicos dominantes e deve prevalecer sobre o sentido literal da lei, 
quando em oposição a este.
O processo lógico permite que a interpretação alcance elevado padrão de 
rigor e segurança, entretanto, como destaca Flóscolo da Nóbrega: “tem o grave 
inconveniente de esvaziar a lei de todo o conteúdo humano, de tratá-la em 
termos de precisão matemática, como se fosse um teorema de geometria.”
A interpretação sistemática é responsável por buscar o sentido da norma 
à luz de outras normas e princípios do ordenamento jurídico, dentro de uma 
perspectiva de unidade e coerência, procurando compatibilizar as partes entre 
si e as partes com o todo. Esse método considera o caráter estrutural do Direito.
Exercício
12. (Cespe – Defensor Público do Estado (RO) – 2012) Considerando 
a hermenêutica jurídica, e ainda considerando a interpretação do 
direito, a superação dos métodos de interpretação mediante puro ra-
ciocínio lógico-dedutivo e o método de interpretação pela lógica do 
razoável, assinale a opção correta:
a) Há um princípio geral informador de todo o ordenamento jurí-
dico nacional, necessário à interpretação, que pode ser inferido 
da existência de várias normas e ao qual se chega por meio da 
indução.
b) De acordo com o método de interpretação da lógica do razoá-
vel, devem ser considerados os fins em função dos quais a lei 
seja editada e haja de ser compreendida pela sua causa final.
c) No processo lógico, a lógica formal, de tipo puro, a priori, só é 
adequada na análise dos conceitos jurídicos essenciais e, para 
tudo que pertence à existência humana – a prática do Direito, 
inclusive –, impõe-se o uso da lógica do humano e do razoável 
(lógica material).
d) Interpretar a norma jurídica corresponde a integrar, preencher 
lacunas e aplicar, de forma lógica, o direito ao caso concreto.
e) Atualmente, utiliza-se, na interpretação das leis, a exegese escolásti-
ca, partindo-se do conjunto principiológico existente nas normas.
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5. Métodos Interpretativos: Histórico, 
Sociológico, Teleológico e Axiológico
5.1 Apresentação
Esta unidade abordará os métodos interpretativos histórico, sociológico, 
teleológico e axiológico.
5.2 Síntese
A interpretação histórica é a que se faz à luz da occasio legis, ou seja, da 
circunstância histórica da regra que está sendo interpretada. Para melhor com-
preender a norma, é feito um exame de sua evolução temporal, até que se 
chegue à sua compreensão na atualidade.
O método histórico baseia-se no processo de investigação dos antecedentes 
da norma. Pode referir-se ao histórico do processo legislativo ou aos antece-
dentes históricos e condições que a precederam. O contexto do processo de 
elaboração da Constituição Federal é um exemplo.
Como lembra Herkenhoff, nesse método interpretativo, o que se leva em 
conta são as ideias, os sentimentos e os interesses dominantes ao tempo da 
elaboração da lei porque a lei representa uma realidade cultural que se situa 
na progressão do tempo. Logo, uma lei nasce obedecendo determinadas aspira-
ções da sociedade traduzidas pelos que a elaboraram, mas o seu significado não 
é imutável, por isso, é necessário verificar como a lei disporia se, no tempo de 
sua feitura, houvesse os fenômenos que se encontram presentes no momento 
em que se interpreta ou aplica a lei.
O processo histórico-evolutivo considera que a lei não tem conteúdo fixo, 
invariável, não pode viver para sempre imobilizada dentro de sua fórmula ver-
bal, de todo impermeável às ações do meio, às mutações da vida. Segundo esse 
método, o intérprete busca descobrir a vontade atual da lei e não a vontade 
pretérita do legislador, vontade que deve sempre corresponder às necessidades 
e condições sociais.
A interpretação sociológica abre o ordenamento jurídico para a realidade 
social por meio de três objetivos: eficacial, atualizador e transformador. Pelo 
objetivo eficacial, a interpretação sociológica confere aplicabilidade à norma 
em relação aos fatos sociais por ela previstos, dando-lhe eficácia. O objetivo 
atualizador está relacionado à atualização da interpretação, ou seja, a uma in-
terpretação histórico-evolutiva dotando de elasticidade a norma, permitindo 
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que ela abranja situações novas que não puderam ser previstas pelo legislador. 
E o objetivo transformador da interpretação sociológica refere-se às reformas 
sociais, à satisfação dos anseios de justiça, ao atendimento das exigências do 
bem comum.
A interpretação teleológica procura revelar o fim da norma, o valor ou bem 
jurídico a ser protegido. Isso porque a lei não explicita os interesses que defen-
de, nem as valorações que a fundamentam, cabendo ao hermeneuta pesquisá-
-los com vistas a descobrir essa finalidade assegurando a tutela do interesse, 
para a qual foi estabelecida.
A interpretação axiológica leva em consideração os valores que estão pre-
sentes na sociedade. Como reflete Miguel Reale, a lei busca sempre um valor, 
cuja preservação ou atualização o legislador teve em vista garantir, armando-o 
de sanções, assim como também pode ser fim da lei impedir que ocorra um 
desvalor. A análise dos valores sociais exige do hermeneuta um processo com-
preensivo da estrutura social.
Exercício
13. (Cespe – Magistratura Estadual – (AL) – 2008) Acerca das espécies 
e métodos clássicos de interpretação adotados pela hermenêutica ju-
rídica, assinale a opção correta:
a) A interpretação autêntica pressupõe que o sentido da norma é o 
fixado pelos operadores do direito, por meio da doutrina e juris-
prudência.
b) A interpretação lógica se caracteriza por pressupor que a ordem 
das palavras e o modo como elas estão conectadas são essenciais 
para se alcançar a significação da norma.
c) A interpretação sistemática se caracteriza por pressupor que 
qualquer preceito normativo deverá ser interpretado em harmo-
nia com as diretrizes gerais do sistema, preservando-se a coerên-
cia do ordenamento.
d) A interpretação histórica se caracteriza pelo fato de que o signifi-
cado da norma deve atender às características sociais do período 
histórico em que é aplicada.
e) A interpretação axiológica pressupõe uma unidade objetiva de 
fins determinados por valores que coordenam o ordenamento, 
assim legitimando a aplicação da norma.
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6. Efeitos da Interpretação
6.1 Apresentação
Esta unidade abordará os efeitos da interpretação que podem ser declara-
tivos, restritivos ou extensivos.
6.2 Síntese
A interpretação declarativa (ou especificadora) se verifica quando o sentido 
e o alcance atribuídos à norma jurídica correspondem ao que normalmen-
te se verificam juridicamente. Logo, haverá uma correspondência necessária 
entre a expressão linguístico-legal e a vontade do intérprete, sem necessidade 
de ampliá-la ou restringi-la. A questão, portanto, é de relação entre a vontade 
do intérprete no momento de construção da norma e o sentido/alcance que 
geralmente se atribui ao texto.
Um exemplo de interpretação declarativa. O crime de furto (art. 155 do 
CP): “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.” O texto não pare-
ce vago nem ambíguo, logo, não admite que se atribua dois ou mais sentidos 
à norma. As expressões “coisa alheia”, “móvel”, “subtrair”, por exemplo, são 
unívocas no direito brasileiro. Portanto, o efeito da interpretação é declarar ou 
apenas especificar o único sentido possível dessa norma para o direito.
Uma interpretação restritiva ocorre toda vez que se limita o sentido da nor-
ma, não obstante a amplitude de sua expressão literal, para que se possa encon-
trar a sua real vontade.
Um exemplo de interpretação restritiva seria o do legislador quando diz 
“servidor público” quando queria se referir a funcionário público de determi-
nado setor.
A interpretação extensiva ocorre quando há necessidade de ampliar o sen-tido ou alcance da lei. Nesse caso, o texto da lei diz menos do que pretendia 
dizer.
Um exemplo de interpretação extensiva discutido doutrinariamente é o 
do inciso VI, do art. 150, que trata da isenção de tributos a livros, jornais, 
periódicos e ao papel destinado a sua impressão. O problema é justamente 
o termo “papel” que restringe a aplicabilidade da norma no caso de perió-
dicos e revistas on-line. Com base no art. 200, § 1º, da CF, e 1º e 3º, que 
protege os valores sociais, essa norma poderia ser estendida, concedendo-se 
as imunidades.
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Exercício
14. (Autor) Analise a ementa a seguir e assinale a alternativa que corres-
ponde ao método interpretativo e ao seu efeito correspondente:
EMENTA: Ao estrangeiro, residente no exterior, também é assegurado 
o direito de impetrar mandado de segurança, como decorre da interpre-
tação (...) dos arts. 153, caput, da Emenda Constitucional de 1969 e 
do 5º, LIX da Constituição atual. Recurso extraordinário não conhe-
cido. (RE 215.267, Primeira Turma, relatora Ministra Ellen Gracie, 
DJU 25.05.2001.)
a) Método gramatical e interpretação autêntica.
b) Método lógico e interpretação restritiva.
c) Método sistemático e interpretação restritiva.
d) Método sistemático e interpretação extensiva.
7. Integração das Normas
7.1 Apresentação
Esta unidade abordará a integração do direito.
7.2 Síntese
O magistrado tem a obrigação de despachar e decidir todos os feitos que se 
enquadrem na sua jurisdição, não sendo lícito abster-se de julgar sob o pretexto, 
ou razão de ser a lei ambígua, omissa, ou obscura. Ou ainda, de não ter a mes-
ma previsto as circunstâncias particulares do caso, ou serem incertos os fatos da 
causa. Na determinação do direito que deve prevalecer no caso concreto, o juiz 
deve verificar se existe uma norma aplicável e qual o seu sentido.
O sistema normativo não é completo, mas completável, pois existem lacu-
nas oriundas do próprio dinamismo social que acaba se adiantando sempre à 
previsibilidade legal. Quando existe a norma a ser aplicada, o juiz realizará a 
sua subsunção, ou seja, o enquadramento do fato individual ao conceito con-
tido da norma. No entanto, quando não houver uma norma aplicável ao caso 
sub judice, caberá ao juiz recorrer à integração normativa.
A aplicação da norma jurídica a um caso concreto pode ser expresso por 
um silogismo jurídico, sendo “A” a hipótese fática e “B”, a consequência. 
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Premissa maior: Se A, deve ser B.
Premissa menor: O fato previsto em A.
Conclusão: Então, B.
No exemplo prático: art. 121 do Código Penal.
Premissa maior: Matar alguém.
Premissa menor: José matou João.
Conclusão: Reclusão de 6 a 20 anos.
Quando o juiz não encontra norma que seja aplicável a um determinado 
caso concreto, o magistrado deve buscar uma solução adequada para integrar a 
lacuna normativa e não deixar ninguém desamparado legalmente.
A LINDB, em seu art. 4º, estabelece que “Quando a lei for omissa, o juiz 
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais 
de direito”.
Apesar a LINDB não contemplar a equidade como elemento de integra-
ção, e muito menos como uma fonte do direito, ela deve ser considerada. A 
equidade pode ser um importante elemento na superação de lacunas, guiando 
o juiz na busca da consecução do mais justo.
Exercício
15. (Cespe – Magistratura Estadual – (AL) – 2008) Considerando as alu-
sões à equidade pelo ordenamento jurídico brasileiro, revela-se impor-
tante identificar a posição dessa figura em face do quadro das fontes do 
direito. A respeito dessa relação, é correto afirmar que a equidade:
a) não se revela como fonte do direito, pois a autorização de seu 
emprego apenas permite ao juiz criar normas para o caso con-
creto com base em preceitos de justiça.
b) não se revela como fonte do direito, pois a autorização de seu 
emprego apenas permite ao juiz aplicar ao caso concreto nor-
mas gerais de justiça previamente positivadas no ordenamento.
c) não se revela como fonte do direito, pois a autorização de seu 
emprego apenas permite ao juiz buscar uma melhor compreen-
são hermenêutica das normas particulares que se aplicam ao 
caso concreto.
d) se revela como fonte do direito, pois ela se compõe de um con-
junto de valores e normas preexistentes ao ordenamento positi-
vo, os quais incidirão sempre que autorizadas por este.
e) se revela como fonte do direito, pois ela prescreve parâmetros 
para a decisão judicial que não se apoiam nas normas positiva-
das no ordenamento.
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8. Integração das Normas pela Analogia, 
Costumes e Princípios Gerais do Direito
8.1 Apresentação
Esta unidade abordará os efeitos da interpretação que podem ser declara-
tivos, restritivos ou extensivos.
8.2 Síntese
A analogia consiste na aplicação de uma lei semelhante a um fato concreto 
não previsto por lei. Portanto, na ausência de lei que verse sobre determinado 
fato jurídico, o juiz estende a ele a norma reguladora de um fato parecido.
Não se pode confundir a analogia com a interpretação extensiva da norma, 
pois a analogia pressupõe a existência de uma lacuna na lei, ao passo que a in-
terpretação extensiva ocorre quando existe uma lei, mas sua aplicação ao caso 
concreto depende de um entendimento extensivo dela.
Atenção para o fato de que o Direito Penal não admite analogia! A apli-
cação da analogia confronta-se com o princípio da legalidade, no art. 1º do 
Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal.” Dessa forma, a conduta que não estiver prevista no 
Código Penal como crime, não o será.
O costume é a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado 
ato com a convicção de sua necessidade jurídica. Logo, dessa definição obtêm-
-se os seguintes critérios para a caracterização de um costume: continuidade, 
uniformidade, diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade.
O costume pode ser classificado conforme a sua relação com a lei: secun-
dum legem, quando está previsto em lei, praeter legem, quando a complementa, 
e contra legem, quando contraria a legalmente.
Como ensina Miguel Reale, princípios gerais do direito são enunciações nor-
mativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão de orde-
namento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração 
de novas normas. Logo, os princípios servem para orientar e condicionar a com-
preensão do ordenamento jurídico seja para a aplicação do direito, seja para a 
elaboração de nova norma, sendo até considerado por alguns o alicerce do direito.
Esses princípios não podem ser contrários à lei, mas devem dispor de acor-
do com o que é juridicamente possível, de maneira a impedir que o juiz sen-
tencie arbitrariamente, de acordo com sua opinião no caso de inexistência de 
norma reguladora.
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Como sua identificação e aplicação ficam a critério de quem o invoca, 
há quem diga que só podem ser considerados princípios gerais de direito os 
contidos na Constituição Federal, no Código Civil, ou em qualquer tipo de 
legislação.
Seriam exemplos de princípios gerais de direito: o princípio da publicidade 
(art. 5º, XXXIII, Constituição Federal), da irretroatividade da Lei Penal (art. 5º, 
XL, Constituição Federal); e no Código Civil, o art. 3º, que diz: “Ninguém se 
escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.”
Exercício
16. (Cespe – Magistratura Estadual – (AL) – 2008) Considerando que 
teorias relativas aos princípios jurídicos sugerem que regras e princí-
pios seriam espécies de normas jurídicas, assinale a opção congruen-
te com essa ideia:
a) As regras estabelecem o dever-ser mediante a imposição de 
deveres, proibições e permissões; diferentemente, os princípios 
atuam tão somente com função hermenêutica, para possibilitar 
a escolha das regras que melhor se conformem ao caso concreto.
b) O conteúdo das regras caracteriza-se por expressar determina-ções obrigatórias mais completas e precisas; diferentemente, o 
conteúdo dos princípios se apresenta com maior abstração e 
generalidade, afetando significativamente o modo de sua imple-
mentação.
c) As regras restringem-se a regulamentar condutas em casos con-
cretos; diferentemente, os princípios precipuamente estruturam 
o sistema jurídico, o que lhes confere caráter hierárquico supe-
rior às regras.
d) As regras são fundamentadas pelos princípios, sendo destes de-
duzidas; diferentemente, os princípios só podem ser revelados 
pelas regras, extraindo-se indutivamente de suas aplicações par-
ticulares os princípios implícitos ou explícitos no ordenamento 
jurídico.
e) As regras podem estar em oposição tanto a princípios quanto 
a outras regras, conflito este que causará ou sua validade, ou 
sua invalidade; diferentemente, os princípios só podem estar em 
oposição a outros princípios, conflito que só poderá se resolver 
pela técnica da ponderação.
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Gabarito
1. Letra B.
2. Letra E.
3. Letra A.
4. Letra C.
5. Letra C.
6. Letra A.
7. Letra D.
8. Letra C.
9. Correto.
10. Letra C.
11. Letra A.
12. Letra C.
13. Letra C.
14. Letra D.
15. Letra A.
16. Letra B.

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