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Digestão em Herbívoros Prof. Dr. Eduardo Fernandes Bondan Animais herbívoros ▪ Câmaras de fermentação para açúcares vegetais (bactérias e protozoários) – Monogástricos – intestino grosso (ceco e cólon) – Poligástricos – pré-estômagos Produtos de fermentação – ácidos graxos voláteis (AGVs) Ácido acético (acetato) Ácido propiônico (propionato) Ácido butírico (butirato) Ácido isobutírico (isobutirato) Ácido isovalérico (isovaleriato)OH OH OH OH OH Absorção (pré-estômagos ou ceco/cólon) Fígado (energia) Ruminantes ▪ Sub-ordens: - Tylopoda (omaso ausente ou vestigial) ex.: lhamas, alpacas , vicunhas, camelos - Ruminantia (3 pré-estômagos – rúmen, retículo, omaso) ex.: bovinos, ovinos, caprinos, bubalinos, cervídeos, alces, renas, antílopes, girafas etc. 4 compartimentos: - Pré-estômagos (rúmen, retículo, omaso) - Estômago verdadeiro (digestão enzimática – abomaso) Desenvolvimentos dos compartimentos gástricos nos ruminantes ▪ Dilatação única em forma de fuso no intestino anterior primitivo do embrião ▪ Ao nascimento, o abomaso é o maior compartimento e a dieta dos recém-nascidos é similar à dos carnívoros / onívoros. ▪ À medida que o animal madurece, aumenta gradualmente a ingestão de alimentos volumosos e os outros compartimentos crescem rapidamente, atingindo as proporções do adultos dos 6 aos 12 meses de idade. ▪ No ruminante adulto, o rúmen é o maior compartimento de todos. Reflexo (do fechamento) do sulco reticular ▪ Direcionamento do leite a partir do esôfago para o omaso (canal omasal). *Goteira esofágica ▪ Importância ✓ Impede a fermentação do leite e desnaturação dos anticorpos presentes no colostro. ✓ Desloca proteínas de qualidade diretamente para o abomaso. ▪ Reflexo inato não-condicionado, iniciado quando receptores da boca e faringe são estimulados pelo ato da sucção (padrão de comportamento associado à ingestão do leite). ▪ Receptores Nervo laríngeo cranial Bulbo Nervos Vagos Resposta via sensitiva (aferente) via motora (eferente) ▪ A responsividade do reflexo diminui à medida que o animal troca a dieta láctea por vegetal. Sulco reticular ▪ Tubo quase fechado que transporta leite do cárdia para o canal omasal. ▪ Relaxamento da abertura retículo- omasal e do canal omasal. ▪ No abomaso, o leite ingerido coagula pelo acidez (formando coágulo floculento) e pela enzima quimosina ou renina (formando cóagulo consistente, que começa aos poucos a ser digerido). Particularidades anatômicas ▪ Pré-estômagos: ➢ Rúmen ➢ Retículo ➢ Omaso ▪ Estômago químico (abomaso) RÚMEN ABOMASO OMASO RETÍCULO Saco cego caudodorsal Saco cego caudoventral Saco dorsal do rúmen Saco ventral do rúmen RÚMENRetículo Abomaso sulco caudal sulco longitudinal Prega ruminorreticular sulco cranial sulco coronário dorsal sulco coronário ventral esôfago Visão lateral Rúmen e retículo ▪ Armazenamento da ingesta; ▪ Digestão e fermentação da celulose e hemicelulose; ▪ Absorção de ácidos graxos voláteis (AGVs), eletrólitos e minerais. Os AGVs são a principal fonte de energia para os ruminantes. 1. Ácido acético (acetato) 2. Ácido propiônico (propionato) 3. Ácido butírico (butirato) Rúmen e retículo Em neonatos, as papilas ruminais são ausentes e se desenvolvem à medida que o rúmen é colonizado e aumenta a produção de butirato (consumo de grãos). M U C O S A R U M IN A L M U C O S A D O R E T ÍC U L O Omaso e abomaso ▪ OMASO: transferência da mistura de fermentação entre o retículo e o estômago químico (abomaso) ▪ O ABOMASO é funcionalmente idêntico ao estômago dos monogástricos. Fermentação no rúmen ▪ A microbiota ruminal possui bactérias que produzem enzimas capazes de degradar celulose e hemicelulose. • Bacterioides • Ruminococcus • Butyrovibrio Anaeróbios Clivam ligações (1→4) Pentoses e Hexoses AGVs Fonte e energia para ruminantes Produção de gases ▪ Mistura gasosa composta principalmente por CO2 e metano (CH4 – 30 A 40% do gás total; algum N2, traços de O2, H2 ausente ou mínimo) ▪ O metano é formado por bactérias metanogênicas a partir da redução do CO2. CH4 Gás Balsa Líquido ruminal Disposição em camadas do conteúdo ruminal Eructação ▪ Eliminação de gás a partir do rúmen * Cerca de 0,5 a 2 L/min de gás são produzidos durante a fermentação. ▪ Reflexo da eructação (0,6 eructação/minuto) ➢ Distensão do saco dorsal do rúmen (mecanorreceptores estimulados) ➢ aferências vagais → bulbo → eferências vagais ➢ Contração da porção caudal em direção à região cranial (deslocamento cranial e ventral em direção ao cárdia) ➢ Relaxamento do saco caudal ventral e do cárdia ➢ Eliminação do gás num esforço inspiratório • Parte do gás é inalado e completamente exalado na expiração. Eructação ▪ Duração da eructação: ~30 s ▪ Frequência: a cada 3 – 5 contrações de mistura Timpanismo ▪ Acúmulo de gás no rúmen; ▪ Prejudica a função diafragmática e expansão torácica. ▪ O consumo de leguminosas (alfafa) pode predispor a esta condição. ➢ O teor de saponinas forma bolhas espumosas que não permitem o relaxamento do cárdia. ➢ Indigestão gasosa por leguminosas ou por cereais - Formação de espuma estável na região ruminorreticular. - Terapêutica: Modificar a tensão superficial. Reflexo da ruminação ▪ Estimulação mecânica dos receptores no rúmen, retículo e prega ruminorreticular estimulados ▪ nervos vagos (vias aferentes) centro da ruminação (bulbo) nervos vagos (vias eferentes) Respostas: - regurgitação, - remastigação e ressalivação (por 40-50s ), - redeglutição (5 s antes da regurgitação do ciclo seguinte). Tempo de ruminação variável conforme dieta (2,5 horas com cereais; 8 horas com dieta de capim) Regurgitação, rematigação, ressalivação (ruminação) ▪ Transferência de conteúdo ruminal com grandes partículas (balsa) para a boca mediante contrações ruminais e reticulares e relaxamento do cárdia. ▪ Ao chegar na cavidade bucal, o material regurgitado é prensado e o excesso de líquido deglutido. ▪ A remastigação/ressalivação do conteúdo ruminal reduz o tamanho destas partículas e facilita a mistura com as bactérias. ▪ Produção de saliva: 90- 190 L/dia; pH 8,1 ▪ Tampão contendo HCO3 -, PO4 ---, ureia. Motilidade nos pré-estômagos e abomaso ▪ Contrações de mistura ▪ Contrações de eructação ▪ Contrações de regurgitação ▪ Contração abomasal ▪ Reflexo do sulco reticular em ruminantes neonatos MISTURA DA INGESTA REMOÇÃO DE GASES REGURGITAÇÃO DA INGESTA Motilidade nos pré-estômagos e abomaso ▪ Bulbo: coordenação dos movimentos ▪ Nervo vago: vias sensitivas e eferentes dos reflexos ▪ Nas contrações de regurgitação, o gás não retorna à boca. ▪ Nas contrações de eructação, o material fibroso não retorna ao esôfago. Contrações de mistura ▪ Importância: a mistura homogênea favorece a fermentação (mistura com bactérias). ▪ Sequência: cárdia → região dorsal → região ventral → cárdia ▪ Duração dos eventos: 30 a 50 segundos ▪ As contrações de mistura são interrompidas durante a eructação. ▪ O principal estímulo para estes movimentos é a quantidade de material fibroso no rúmen. ~ 3 sons auscultáveis a cada 2 min. Contrações de mistura ▪ Durante as contrações de mistura elementos pesados se alojam no retículo. ▪ A ingestão de pregos e arames podem levar à retículo- peritonite ou retículo pericardite. Regurgitação (ruminação) ▪ Eventos ➢ Contração da porção média do saco dorsal; ➢ Deslocamento da balsa fibrosa em direção ao cárdia; ➢ Esforço inspiratório e relaxamento do esfíncter esofágico superior * Pressão negativa no esôfago ➢ Contrações esofágicas antiperistálticas A ruminação ocorre entre as contrações de mistura e as de eructação (~ 1 a cada 2-3 min). A ruminação estimula a secreção de saliva (rica em HCO3 -), que atua como tampão no líquido ruminal.Influência da dieta no pH ruminal ▪ pH ruminal normal ~ 5,4 – 7,4 ▪ Dietas ricas em forragem ( pH ruminal) < produção de AGVs ▪ Dietas ricas em grãos ( pH ruminal) > produção de AGVs pH 5,7 : rúmen saudável ACETATO : PROPIONATO : BUTIRATO 75% 15% 10% 40% 40% 20% Dieta fibrosa Dieta não-fibrosa (grãos) Absorção de AGVs no rúmen * dinâmica do AGV na membrana celular H+ + Prop- HProp HProp HProp H+ + Prop- H+ + Prop- HProp Membrana apical Membrana basolateral Acidose ruminal ▪ pH < 5,7 ▪ Bactérias celulolíticas morrem; ▪ Lesão epitelial por acidez; ▪ Liberação de endotoxinas bacterianas. ➢ Absorção sistêmica; ➢ Choque A adaptação da dieta rica em grãos (ao longo de semanas) aumenta a população de bactérias que metabolizam o lactato. • Selenomonas • Megasphaera Eficiência energética AMIDO / GLICOSE 4 kcal/g 2,2 kcal/g Intestino Delgado Pré- estômagos Monogástricos Poligástricos Sob a forma de AGVs CELULOSE / HEMICELULOSE 2,2 kcal/g 2,2 kcal/g Ceco Pré- estômagos Fermentadores pós-gástricos Poligástricos Sob a forma de AGVs Sob a forma de AGVs Celulose AGVs 1) propionato propionil Coa metilmalonil CoA succinil CoA succinato fosfoenolpiruvato oxaloacetato malato fumarato 2 fosfoglicerato 3 fosfoglicerato 1,3 difosfoglicerato 3) acetato 4) butirato Acetil CoA corpos cetônicos (excesso) α-glicerofosfato flora bacteriana gliceraldeído 3Pfrutose 1,6 difosfato frutose 6Pglicose 6P GLICOSE 2) lactato glicerol (se tiver AGs) TG Gliconeogênese Metabolismo nitrogenado nos ruminantes Produtos nitrogenados proteicos e não-proteicos proteólise ureólise _____ Ureia Ureia na saliva Ureia excretada na urina Retorno da ureia via parede ruminal FIM
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