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CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS VICTOR VENICIUS ARAUJO SANTIAGO CONCEPÇÃO SOBRE O SISTEMA TRIBUTÁRIO PARA ANALISE E ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COM ÊNFASE EM EMPRESA DO RAMO DE ATIVIDADE DE COMÉRCIO VAREJISTA DE COMBÚSTÍVEL E LUBRIFICANTES Feira de Santana 2016 VICTOR VENICIUS ARAUJO SANTIAGO CONCEPÇÃO SOBRE O SISTEMA TRIBUTÁRIO PARA ANALISE E ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COM ÊNFASE EM EMPRESA DO RAMO DE ATIVIDADE DE COMÉRCIO VAREJISTA DE COMBÚSTÍVEL E LUBRIFICANTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da UNIRB - Faculdade de Regional de Feira de Santana, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador(a): Prof. MSc. PAULO ROGÉRIO MENEZES DE ALMEIDA Feira de Santana 2016 VICTOR VENICIUS ARAUJO SANTIAGO CONCEPÇÃO SOBRE O SISTEMA TRIBUTÁRIO PARA ANALISE E ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COM ÊNFASE EM EMPRESA DO RAMO DE ATIVIDADE DE COMÉRCIO VAREJISTA DE COMBÚSTÍVEL E LUBRIFICANTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Regional de Feira de Santana, como requisito obrigatório para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em ____/_____/_______ Banca Examinadora _______________________________________________________ Prof. (TITULAÇÃO) NOME COMPLETO UNIRB-Faculdade Regional de Feira de Santana Orientador(a) _______________________________________________________ Prof. (TITULAÇÃO) NOME COMPLETO Avaliador(a) 1 Co-orientador(a) _______________________________________________________ Prof. (TITULAÇÃO) NOME COMPLETO Avaliador(a) 2 Primeiro agradeço a Deus por me dar sabedoria, paciência e força para traçar essa longa e difícil caminhada, pela oportunidade que Ele me deu e está sempre presente em minha vida. São tantas pessoas a agradecer, mas em especial meus pais e meu irmão que se esforçaram, me apoiaram a todo o período da minha vida me educando e ensinando os valores da vida, que me ajudaram a chegar nesta etapa da minha vida e que acreditaram nisso, minha mãe pela dedicação e cuidado comigo, a meu pai pela segurança passada para nunca desistir e meu irmão por ser meu melhor amigo e me ajudou a conquistar meus objetivos. Aos meus amigos também pelos momentos juntos, a amizade verdadeira, as alegrias nas nossas comemorações e tristezas, obrigado a todos os amigos por tornar nosso ambiente agradável e respeitoso. AGRADECIMENTOS A todos que colaborou para a conclusão deste trabalho, expresso minha gratidão em especial: A meu professor e orientador que me deu as ferramentas necessárias para elaborar este trabalho, me passou o conhecimento preciso para o meu aprendizado. Aos meus colegas pela troca de informações e experiências. E ao restante, que de determinado meio, me auxiliou para fazer este trabalho. “Enquanto a filosofia que declara uma raça superior e outra inferior não for finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada, enquanto não deixarem de existir cidadãos de primeira e segunda categoria de qualquer nação, enquanto a cor da pele de uma pessoa não for mais importante que a cor dos seus olhos, enquanto não forem garantidos a todos por igual os direitos humanos básicos, se olhar a raças, até esse dia, os sonhos de paz duradoura, cidadania mundial e governo de uma moral internacional irão continuar ser uma ilusão fugaz, a ser perseguida, mas nunca alcançada...” (Tafari Makonnen, 1936) RESUMO É fato que no Brasil a carga tributária é alta e que onera muito as empresas. A partir disso vem o papel do contador tributarista em fazer o planejamento tributário para reduzir o impacto dos tributos no resultado das empresas. O objetivo deste trabalho é compreender o Sistema Tributário Nacional e o Planejamento Tributário para uma empresa do ramo de comércio varejista de combustíveis e lubrificantes, além de analisar o melhor regime tributário, mostrando com essa análise a melhor alternativa de tributação para reduzir os impactos da carga tributária na situação econômica, trazendo assim resultados positivos para esse ramo de atividade avaliada. Neste trabalho, foi desenvolvido um estudo do Sistema Tributário Nacional para ter conhecimento sobre os tributos, desde o conceito, as espécies, a classificação e os elementos fundamentais, do mesmo modo foram estudados sobre Planejamento Tributário esclarecendo a importância de ser feito. A partir desse ponto foram analisados, de acordo com sua legislação que as regulamentam, os regimes tributários e os tributos federais presentes nesses regimes de tributação, em seguida o procedimento utilizado foi calcular os tributos federais de acordo com esses regimes de tributação. Os tributos federais foram apurados nos regimes tributários do Lucro Real Trimestral e Lucro Presumido Trimestral. Para realizar análise dos dados encontrados, foram calculados os tributos federais de forma detalhada conforme com a legislação de cada tributo e no final foi feito uma comparação entre os regimes tributários exposto nesse trabalho para depois escolher a opção que contribua com esta empresa a diminuir a carga tributária. Palavras-chave: Planejamento Tributário. Sistema Tributário Nacional. Regime Tributário. Lucro Real Trimestral. Lucro Presumido Trimestral. ABSTRACT It is a fact that in Brazil the tax burden is high and it is very costly for companies. From this comes the role of the tax accountant in doing tax planning to reduce the impact of taxes on company results. The objective of this work is to understand the National Tax System and the Tax Planning for a company in the retail sector of fuels and lubricants, besides analyzing the best tax regime, showing with this analysis the best tax alternative to reduce impact of the tax burden on the economic situation, thus bringing positive results for this sector of activity. In this work, a study of the National Tax System was developed to have knowledge about the taxes, from the concept, the species, the classification and the fundamental elements, in the same way they were studied on Tax Planning clarifying the importance of being done. From that point onwards, according to their laws that regulate them, the tax regimes and the federal taxes present in these taxation regimes, the procedure used was then to calculate the federal taxes according to these taxation regimes. The federal taxes were calculated on the tax regimes of the Quarterly Real Profit and Presumed Quarterly Profit. In order to analyze the data found, the federal taxes were calculated in a detailed manner in accordance with the legislation of each tax and in the end a comparison was made between the tax regimes exposed in this work and then chooses the option that contributes with this company to decrease the tax burden. Keywords: Tax Planning. National Tax System. Tax Regime. Quarterly Real Profit. Quarterly Presumed Profit. LISTA DE SIGLAS ANP – Agência Nacional do Petróleo art. – Artigo CEPPG – Centro de Extensão Pesquisa e Pós-Graduação CF – Constituição Federal CFC – Conselho Federal de Contabilidade CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CMV – Custo das Mercadorias Vendidas CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CRC – Conselho Regional de Contabilidade CSLL – Contribuição Social sobreo Lucro Líquido CTN – Código Tributário Nacional DRE – Demonstração do Resultado do Exercício EPP – Empresa de Pequeno Porte ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços IE – Imposto de Exportação II – Imposto de Importação IOF – Imposto sobre Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores IR – Imposto de Renda IRPF – Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPJ – Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real ME – Micro Empresa nº – Número OAB – Ordem dos Advogados do Brasil PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIB – Produto Interno Bruto PIS – Programa de Integração Social PPL – Percentual de Presunção do Lucro R$ – Reais SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESC – Serviço Social do Comércio SESI – Serviço Social da Indústria SRF - Secretaria da Receita Federal STF – Supremo Tribunal Federal TRE – Tribunal Regional Eleitoral LISTA DE TABELA OU QUADROS QUADRO 1 - Tributos que seguem o princípio da anterioridade ............................... 31 QUADRO 2 - Relatório de Faturamento do exercício de 20X5 ................................. 76 QUADRO 3 - Demonstração do Resultado do Exercício do ano 20X5 ..................... 77 QUADRO 4 - Cálculo do PIS e da COFINS não-cumulativo ..................................... 79 QUADRO 5 - Cálculo IRPJ e CSLL Trimestral .......................................................... 81 QUADRO 6 - Cálculo do PIS e da COFINS cumulativo ............................................ 82 QUADRO 7 - Cálculo IRPJ e CSLL Trimestral .......................................................... 84 QUADRO 8 - Tabela comparativa dos regimes tributários ........................................ 85 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Gráfico comparativo dos regimes tributários ....................................... 87 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14 1.1 OBJETIVOS..................................................................................................... 16 1.1.1 Geral .......................................................................................................... 16 1.1.2 Específicos ................................................................................................ 16 2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 17 2.1 COMPREENSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO DO BRASIL .......................... 17 2.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO .................................................................... 18 2.3 ANÁLISE E ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ............... 20 3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 21 3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS ....................................................................... 21 3.2 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 22 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 23 4.1 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL .............................................................. 23 4.1.1 Legislação tributária ................................................................................... 23 4.1.2 Poder de tributar e suas limitações ............................................................ 24 4.1.2.1 Poder de tributar .................................................................................. 24 4.1.2.2 Limitações do poder de tributar ........................................................... 27 4.1.3 Compreensão sobre tributos ...................................................................... 40 4.1.3.1 Conceito de tributo............................................................................... 40 4.1.3.2 Classificação dos tributos .................................................................... 42 4.1.3.3 Espécie de tributos .............................................................................. 43 4.1.3.4 Elementos fundamentais do tributo ..................................................... 46 4.1.3.4.1 Hipótese de incidência .................................................................. 46 4.1.3.4.2 Fato gerador .................................................................................. 46 4.1.3.4.3 Obrigação tributária ....................................................................... 47 4.1.3.4.4 Sujeitos da obrigação tributária ..................................................... 47 4.1.3.4.5 Base de cálculo ............................................................................. 48 4.1.3.4.6 Alíquota ......................................................................................... 49 4.2 ANÁLISE E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................ 49 4.2.1 Contabilidade tributária .............................................................................. 49 4.2.2 Planejamento tributário .............................................................................. 50 4.2.3 Regimes tributários da pessoa jurídica no Brasil ....................................... 53 4.2.3.1 Regime tributário – Lucro Real ............................................................ 54 4.2.3.1.1 IRPJ trimestral – Lucro Real .......................................................... 55 4.2.3.1.2 CSLL trimestral – Lucro Real ........................................................ 56 4.2.3.1.3 PIS não-cumulativo – Lucro Real .................................................. 57 4.2.3.1.4 COFINS não-cumulativo – Lucro Real .......................................... 61 4.2.3.2 Regime tributário – Lucro Presumido .................................................. 64 4.2.3.2.1 IRPJ trimestral – Lucro Presumido ................................................ 65 4.2.3.2.2 CSLL trimestral – Lucro Presumido ............................................... 68 4.2.3.2.3 PIS cumulativo – Lucro Presumido................................................ 70 4.2.3.2.4 COFINS cumulativo – Lucro Presumido ........................................ 72 4.3 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................... 74 4.3.1 Apresentação dos dados ........................................................................... 75 4.3.2 Cálculo dos tributos federais ...................................................................... 78 4.3.2.1 Regime tributário – Lucro Real ............................................................ 78 4.3.2.1.1 Apuração e análise do PIS e COFINS trimestral ........................... 78 4.3.2.1.2 Apuração e análise do IRPJ e CSLL trimestral ............................. 80 4.3.2.2 Regime tributário – Lucro Presumido .................................................. 82 4.3.2.2.1 Apuração e análise do PIS e COFINS trimestral ........................... 82 4.3.2.2.2 Apuração e análise do IRPJ e CSLL trimestral ............................. 83 4.3.2.3 Comparação dos regimes tributários e dos tributos............................. 85 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 88 6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 90 14 1. INTRODUÇÃO Os tributos existem desdemuitos anos atrás, a maior parte da cobrança desses tributos servia para custear os gastos do rei ou soberano, além de manter a administração publica e a força militar com o dinheiro arrecadado. Desde o “descobrimento” do Brasil quando a Coroa Portuguesa se estabeleceu em nossas terras, os portugueses sentiram a necessidade de arrecadar para se manter em posse das terras “descobertas”, nesse caso os portugueses criaram o primeiro tributo chamado de Quinto, que era a arrecadação sobre a quinta parte do que era vendido da madeira do pau-brasil. Desde então o Brasil teve diversos tributos sobre transações, serviços e produtos, entre outros, assim como vemos nos dias de hoje. Atualmente existem legislações que regulamentam os tributos que visam equilibrar e tornar mais justo para os contribuintes. Essas legislações formam o Sistema Tributário Nacional que é composto de princípios e normas que cumprem essa função de regular os tributos. O objetivo dos tributos é arrecadar e regular a economia. A partir do momento em que se sentiu a necessidade de arrecadar para manter os custos dos investimentos do Estado, teve que criar leis que estabelecem e regularizam esses tributos. As leis determinam de quem é a competência de cobrar os tributos, quem é o contribuinte, qual o fato gerador para que esse tributo seja cobrado, qual o percentual e em cima de qual base de cálculo para se obter o valor a ser pago, enfim a lei também traz princípios que as regem como o principio da legalidade, isonomia, irretroatividade, anterioridade, vedação ao confisco e liberdade de tráfego, etc. Tributo é um termo que é denominado como gênero tendo então como suas espécies, os impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e outras contribuições. Eles exercem função fiscal, extrafiscal e parafiscal. Os tributos incidem sobre o patrimônio, renda, lucros, transações financeiras de diversas formas. Os tributos podem ser também diretos ou indiretos. Compreender sobre os tributos é fundamental para o entendimento e elaboração do planejamento tributário. O Planejamento Tributário é o estudo e procedimento feito pelo profissional contábil com o objetivo de conseguir diminuir a carga fiscal sobre as operações e sobre mercadorias usando dos métodos legais, como a elisão fiscal. O Planejamento Tributário é uma das visões estratégicas de uma empresa, porém é imprescindível 15 analisar como será a sua gestão empresarial, tais como o ramo de atividade, local de funcionamento, a constituição da empresa, o serviço ou produto, os fornecedores e o regime de tributação, toda essa análise de planejamento é fundamental antes de instalar a empresa. Então a empresa deve saber planejar como diminuirá seus custos com o investimento, bem como os tributos que irão incidir sobre ela, sendo que planejar tributos é tão importante quanto planejar sobre custos, orçamentos, investimentos e outros. O contador é o elemento chave para elaborar um bom planejamento tributário, pois é ele que tem acesso a todas as informações e mecanismos da empresa sendo responsável por todas as operações feitas dentro dela. Todo planejamento tem que ser bem analisado, pensar antes de agir e discriminar todo procedimento passo a passo, desta forma para ter sucesso tem que haver conhecimento na área, está sempre se atualizando, continuamente adquirindo conhecimento e acompanhar todo procedimento executado dentro da empresa. Hoje certamente as empresas perdem muito por não fazerem o planejamento tributário, então o contador tem responsabilidade e grande importância no planejamento tributário onde ele deve informar os dados corretamente e dá um suporte auxiliando para que a empresa não tenha tantos ônus fiscais. Depois do entendimento sobre os tributos, o sistema tributário nacional, bem como o conceito de planejamento tributário, este trabalho visa elaborar um planejamento tributário de empresa do ramo de comercio varejista de combustíveis e lubrificantes. Será um planejamento para adotar qual o melhor regime de tributação para calcular os impostos federais da empresa do ramo de atividade que está sendo analisada. Os impostos federais referidos são o IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. O planejamento será feito com base em dados fictícios que servirá para calcular os tributos dos regimes tributários e em seguida analisar qual irá diminuirá os custos. É sempre importante fazer a elaboração desse planejamento levando sempre em consideração uma forma de que venha trazer um menor ônus tributário para a empresa. Este trabalho é sobre o Sistema Tributário Nacional e o Planejamento Tributário tendo como objetivo expor a relevância desse planejamento mostrando o quanto um bom planejamento neste ramo de atividade torna mais rentável. A partir disso veremos quais os regimes tributários analisados, quais os tipos de tributos analisados e como incide cada um. 16 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Geral Entender sobre o Sistema Tributário Nacional, para ter conhecimento sobre os tributos e em seguida fazer um planejamento tributário no ramo de atividade de comércio varejista de combustíveis e lubrificantes, com base em uma empresa fictícia. 1.1.2 Específicos Compreender sobre Planejamento Tributário e Contabilidade Tributária; Aplicar os cálculos para apurar os tributos nas duas formas de regimes tributários, sendo o Lucro Real Trimestral e Lucro Presumido Trimestral. Fazer a análise e comparação dos tributos federais apurados para saber qual a melhor opção para reduzir o ônus fiscal; 17 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 COMPREENSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO DO BRASIL O sistema tributário constitui-se de impostos, taxa e contribuições, instituídos pelo governo, como forma de custear as despesas do país, bem como regularizar essa atividade tributária. De acordo com Rezende (2010, p. 22): A existência dos tributos está relacionada à construção da figura do Estado, como centralizador e organizador dos padrões sociais de convivência de um povo, num determinado território ou até mesmo entre os povos, em territórios diferentes. O sistema tributário veio para organizar, decidir a competência, definir conceito e tipos, bem com tudo que for relacionado aos tributos, criando leis e princípios que os regulamentam. Tributo é uma forma de o individuo contribuir com a manutenção do país, onde parte de seus rendimentos servirá para o país para investir no crescimento econômico e desenvolvimento social, sendo os contribuintes obrigados a pagar estes tributos de acordo com a lei, devendo ser pagas exclusivamente com dinheiro, há outros casos que poderá ser quitado com imóveis havendo uma autorização legal. Todos nós temos direito de saber nossas leis, elas são publicadas para que todos tenham acesso seguindo assim o principio da legalidade. Sendo assim definido pela Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional) no art. 3º o tributo tem seu conceito da seguinte forma: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. O Sistema Tributário Nacional estabelece os princípios e as normas que dizem respeito aos tributos, visando regular e harmonizar as relações com a sociedade, pois são os tributos que custeiam as atividades que o governo nos proporciona como saúde, segurança, infra-estrutura, lazer, etc. Art. 2º O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas 18 competências, em leis federais, nas Constituições e em leis estaduais, e em leis municipais. (BRASIL, LEI Nº 5.712, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966) O Sistema Tributário Nacional surgiuna Emenda Constitucional nº 18/65 e logo após, no ano de 1966, foi criado o Código Tributário Nacional fundamentado nessa Emenda Constitucional. Logo após, o Sistema Tributário Nacional passou a estar presente na Constituição Federal de 1967 e depois na Emenda Constitucional de 1969 sofrendo modificações em algumas partes ao longo desse tempo e atualmente está presente na Constituição Federal de 1988, que também fez algumas alterações. O Sistema Tributário Nacional é tratado na Constituição de 1988 a partir do art. 145 ao art. 169. 2.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Sabemos o quão é indispensável para a empresa fazer um planejamento tributário. Desde a abertura da empresa é necessário antes planejar qual regime de tributação podemos adotar ou se houver mais de uma opção analisar qual será menos onerosa para a empresa. Segundo Oliveira (2014, p. 22): Entende-se por planejamento tributário uma forma licita de reduzir a carga fiscal, o que exige alta dose de conhecimento técnico e bom-senso dos responsáveis pelas decisões estratégicas no ambiente corporativo. Trata-se do estudo prévio a concretização dos fatos administrativos, dos efeitos jurídicos, fiscais e econômicos de determinada decisão gerencial, com o objetivo de encontrar a alternativa legal menos onerosa para o contribuinte. Fazer um planejamento tributário requer conhecimento a respeito das leis e as formas de como apurar os tributos, pois existem diferentes regimes de tributação e tem que entender as leis porque são elas que regulamentam a forma de apuração, alíquotas, base de cálculo e determinam muitas outras exigências. O planejamento tributário tem que ser traçado com o ramo de atividade da empresa bem como o objetivo de reduzir os tributos incidentes sobre ela. O planejamento tributário pode ser entendido como o conjunto de decisões e ações adotadas pelos contribuintes com o objetivo de evitar a incidência de tributos – ou meramente reduzir seu valor ou postergar seu pagamento – em relação a determinado ato, negócio ou atividade. (POHLMANN, 2010, p. 277) 19 Como foi dito, para fazer um planejamento tributário precisa ter muito conhecimento, pois as leis são complexas e isso faz com que a forma de apurar se torne mais difícil sendo que um erro pode tornar a situação mais onerosa para a empresa porque pode receber autuações por parte do Fisco, então se faz necessário um profissional experiente para fazer um planejamento tributário. O planejamento tributário é considerado a atividade mais complexa desenvolvida pelo contador tributarista, uma vez que para ser bem-sucedido nessa tarefa é necessário que ele tenha profundo conhecimento das regras que regem a incidência e um domínio amplo dos meandros da apuração dos tributos. (POHLMANN, 2010, p. 17) Elaborar um bom planejamento tributário significa que a empresa terá uma menor carga tributária que impactará diretamente nos lucros da empresa de forma a aumentar esses lucros. Então podemos perceber a importância do planejamento tributário para que tragam bons resultados para este ramo de atividade. O responsável que tem um melhor conhecimento para elaborar um planejamento tributário é o contador tributarista, pois é justamente ele que estudou a ciência contábil e a apuração dos tributos principais é através das demonstrações dispostas pela contabilidade, além também do contador ser responsável indiretamente pela empresa porque é ele quem controla o patrimônio, bem como tem informações precisas e privilegiadas e isso o torna qualificado para fazer o planejamento tributário. Na Contabilidade Tributária são desempenhadas diversas funções e atividades, assim elencadas por Barboza (2014, p. 15): As funções da contabilidade tributária dividem-se em três categorias: Escrituração e Controle Orientação e Assessoria Planejamento Tributário Pode-se enumerar um leque de opções que abrangem as funções e atividade da Contabilidade Tributária, envolvendo os seguintes tópicos: apuração com exatidão do resultado tributável; registro de provisões, segundo a competência de tributos e outros encargos; escrituração fiscal; geração de guias de recolhimento com os valores apurados corretamente; orientação e assessoria de procedimentos aos diversos departamentos ou filiais, ou, ainda, empresas coligadas, segundo a estrutura da organização; estudo de alternativas legais para redução da carga tributária, quando possível; 20 avaliação real dos estoques e conseqüente determinação dos custos das vendas. 2.3 ANÁLISE E ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O processo de análise e elaboração do planejamento tributário é o momento em que terá que recolher as informações necessárias sobre o ramo de atividade para observar qual regime tributário atualmente é melhor para enquadrar, observando os demonstrativos contábeis e aplicar as formas de tributação a fim de identificar qual forma de tributar é menos dispendiosa. Este processo passa por algumas etapas, segundo Pohlmann (2010, p. 286): 1º percepção de uma situação problemática envolvendo aspectos tributários [...]; 2º definição do problema e dos objetivos do planejamento tributário [...]; 3º análise dos problemas a luz das normas e princípios aplicáveis [...]; 4º identificação de todas as alternativas possíveis de solução [...]; 5º avaliação e ordenação dos méritos das soluções [...]; 6º escolha da melhor alternativa [...]; 7º formalização da decisão [...]; 8º implantação da decisão [...]. Todo este processo é fundamental para conseguir alcançar os objetivos esperados, que é reduzir o ônus fiscal para poder aumentar a margem de lucro e até mesmo evitar problemas com autos de infrações que geram multas. Para elaborar um planejamento tributário além de verificar essas etapas para elaboração, precisa decidir outros pontos fundamentais. Outras decisões, por sua vez, são rotineiras e comuns à maioria das empresas. Nesses casos, o modelo de decisão abrange um gênero de eventos. Exemplos ilustrativos desse tipo de decisão são: (1) a escolha da sistemática de tributação entre o Lucro Real, Lucro Presumido e o Simples Nacional; (2) a decisão de pagar ou não juros sobre o capital próprio; (3) a escolha da forma de exploração de uma profissão regulamentada, se por intermédio de uma sociedade ou como pessoa física. (Pohlmann, 2010, p. 288) 21 3. METODOLOGIA Este estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica sobre Sistema Tributário Nacional e foi feito um estudo de caso com ênfase na análise e elaboração de um planejamento tributário de uma empresa do ramo de comércio varejista de combustíveis e lubrificantes. Metodologia quer dizer que é o estudo do método. Método é um processo ou um conjunto de procedimentos indispensáveis para conseguir as conclusões de algo que está sendo investigado, então se entende como um procedimento de um todo. De acordo com Gil (2010, p. 1, apud Balbinot, 2014. p. 45) “a pesquisa é todo procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Para o desenvolvimento deste trabalho de conclusão e que deixasse de forma clara o entendimento, foi feito primeiramente uma pesquisa bibliográfica, sendo realizada revisão de literatura sobre o referido tema em livros, artigos, revistas, legislações e materiais disponíveis na internet para obter fundamentação teórica acerca do assunto e posteriormente foi feita um levantamento de dados para elaborar o estudo de caso. 3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS A coleta de dados de acordo com Roesch (2006, apud Zangirolami, 2010, p. 17): No plano de coleta de dados é necessário especificar os documentos que serão analisados, quando os mesmos serão levantados e quais instrumentos serão utilizados para este fim, ou seja, de que forma serão coletados os dados para a realização do trabalho.O levantamento de dados para a elaboração deste trabalho foi utilizada receita de faturamento, demonstração do resultado do exercício e tabelas com a apuração dos tributos. Os valores dos dados contidos na receita de faturamento, demonstração do resultado do exercício e tabelas com a apuração dos tributos são fictícios que serviram para efetuar os cálculos dos tributos e realizar a análise comparativa. 22 3.2 ANÁLISE DOS DADOS A pesquisa de campo está direcionada em analisar empresa de comércio varejista de combustíveis coletando dados e informações necessárias, analisar seus demonstrativos contábeis e sobrepondo todo conhecimento adquirido utilizando-se dos cálculos aprendidos para fazer análises com o objetivo de saber qual melhor regime tributário enquadrar a empresa analisada. Conforme Diehl e Tatim (2004, apud Balbinot 2014, p. 46) “ao abordar sobre a análise do conteúdo, que tem como objetivo buscar a relação entre eles, através de comparativos com a teoria estudada”. Os cálculos foram feitos em planilha de Excel, sendo realizados os cálculos dos tributos IRPJ, CSLL, PIS e COFINS dentro dos regimes de tributação Lucro Real e Lucro Presumido. Os regimes de tributação e os cálculos foram feitos em períodos trimestrais para melhor entendimento do assunto proposto. Depois de encontrado o resultado dos cálculos foi feito comparações entre os regimes tributários e observou-se que o regime tributário do Lucro Presumido era mais vantajoso para a empresa proposta. 23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 4.1.1 Legislação tributária O Sistema Tributário Nacional tem sua origem na Emenda Constitucional nº 18/65 e posteriormente criou o Código Tributário Nacional formando um conjunto de tributos e leis que regulamentam os princípios, a competência de tributar, o poder de tributar, a arrecadação dos tributos e toda atividade relacionada à área tributária para seu bom desempenho. Só que atualmente devemos utilizar a Constituição Federal de 1988 para entender o Sistema Tributário Nacional, pois todo o ordenamento jurídico brasileiro está dentro da Constituição Federal e nela estabelece tudo sobre a disciplina tributária, no entanto devemos também observar que dentro da própria Constituição Federal dispõe sobre leis complementares e uma dessas leis é o Código Tributário Nacional, de acordo com o art. 146 da Constituição Federal (BRASIL, 1988): Art. 146 – Cabe à lei complementar: I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Podemos encontrar a definição dada à legislação tributária da seguinte forma no art. 96 da Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional) “A expressão ‘legislação tributária’ compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”, nesse caso são as leis, decretos, etc., citados acima, que podem instituir um novo tributo ou extinguir, majorar, fixar a alíquota, modificar a base de cálculo e definir o fato gerador dos tributos, bem como revogar ou modificar a legislação tributária interna. 24 Então o Código Tributário Nacional está junto com a Constituição Federal regulamentando tudo a que diz respeito sobre o sistema tributário. O nosso sistema tributário de acordo com a Constituição Federal ficou dividido no Título VI em quatro partes fundamentais que são os princípios gerais da tributação, as limitações do poder de tributar, competência de tributar de cada esfera de governo e a repartição das receitas tributárias no qual estão dispostos entre os artigos 145 a 169. Portanto, é conveniente dizer que a Constituição Federal trouxe várias modificações no campo tributário desde a competência dos tributos, as limitações de tributar, as características dos tributos e até mesmo a distribuição das rendas obtidas com os tributos arrecadados entre as esferas de governo que gerava muitas guerras fiscais. 4.1.2 Poder de tributar e suas limitações 4.1.2.1 Poder de tributar O poder de tributar é uma permissão dada às esferas de governo, de modo restrito e privado, para criar, majorar e arrecadar tributos, essa permissão dada é estabelecida por lei, portanto é totalmente legal o Estado manifestar seu poder. Entendemos que por meio da população foi dado ao Estado o poder de tributar, em razão da necessidade de conseguir recursos para realizar os benefícios para essa população. O Estado foi constituído através da Constituição Federal que montou um sistema onde lhe atribuiu poderes, determinou às competências, tal como determinou os direitos e garantias da população submissa a este poder. De acordo com a Teoria Geral do Estado, a origem da soberania está no povo que se organiza em um Estado, criando uma forma política de organização social. Ao estabelecer esta forma, o povo concede parcela de sua autonomia para o Estado que passa a deter o monopólio para atuação em determinadas áreas, dentre as quais a criação de normas. Para financiar a atividade estatal é concedido a este Estado o poder de estabelecer/criar tributos que devem ser pagos pelo cidadão. Assim, o poder de tributar decorre da própria soberania do Estado se manifestando, através da competência tributária, como o poder de estabelecer obrigações de natureza aos cidadãos. JURISITE (p. 13-14) [201-?] O poder de tributar é distribuído entre as esferas do governo, que neste caso é a União, Estados e Municípios, na qual fica para cada um a competência tributária, ou seja, uma parte do poder de tributar é destinada entre as esferas de governo 25 onde lhe permite e autoriza a instituir um tributo. Assim como foi exposto, o poder de tributar se manifesta através da competência tributária, logo este poder é dividido entre as esferas do governo de forma que cada um possa ter esse poder de tributar para ter a capacidade de criar e recolher seu tributo dentro da sua esfera desde que esteja dentro de seus limites que lhe compete. Para entendermos sobre a competência tributária vamos ver o que diz o artigo 6º da Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional): A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Vimos que a atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena e a competência legislativa é quem detém o poder de elaborar leis, ou seja, a competência tributária tem o poder de criar tributos por meio das leis. Portanto, a competência tributária está ligada diretamente com as leis que criam e regulamentam os tributos, a competência tributária é concedida pela Constituição Federal as esferas do governo dando permissão de criar, arrecadar e fiscalizar seus tributos através dessas leis e nessas leis deve está todos os itens necessários para a criação do tributo, como hipótese de incidência, os sujeitos da relação (ativo e passivo), base de cálculo e alíquota. A competência tributária ela poderá ser da seguinte forma: Competência privativa – como o próprio nome já diz, refere-seaquilo que é próprio de alguém, ou seja, é o poder dado apenas a uma esfera de governo para instituir e regular certo tributo, não podendo outra esfera de governo ter a mesma competência sobre determinado tributo, a exemplo o IR que só compete a União; Competência comum – é o poder dado a uma ou mais esferas de governo para instituir um mesmo tributo, a exemplo temos as taxas e contribuições de melhoria que podem ser instituídos por ambas as esferas de governo; 26 Competência residual – é o poder dado a uma esfera de governo, que nesse caso somente é dado a União, para instituir outros tributos distintos dos que constam na Constituição Federal. Como explanamos acima, a competência tributária está distribuída desta forma para que cada esfera de governo possua competência sobre os tributos que lhe foram determinados na Constituição Federal, além disso, a competência tributária possui características que as definem que assim são estabelecidas: Privatividade – a competência tributária é exclusiva para cada esfera de governo onde lhe foi atribuída o poder de tributar sobre determinada área, então apenas essa esfera poderá tratar sobre os tributos definidos pela Constituição Federal, ou seja, somente ela poderá exercer a competência; Indelegabilidade – é quando a competência tributária que foi designada para uma esfera de governo não pode ser transferida para outra, portanto a competência dada pela Constituição Federal só poderá ser praticada pela esfera a quem foi atribuída; Inalterabilidade – é quando a esfera de governo não pode por si só, e nem por outra esfera, alterar visando ampliar a sua competência tributária, ficando sobre responsabilidade da Constituição Federal estabelecer através de Emenda Constitucional as alterações sobre as regras ou competência; Irrenunciabilidade – diz respeito que as esferas de governo não podem deixar a competência tributária de lado abrindo mão dela, portanto não poderá renunciá-la, as esferas não poderão deixar de tributar os tributos estabelecidos na Constituição Federal; Incaducabilidade – isso quer dizer que mesmo que se passe muito tempo a competência tributária não desaparecerá seu efeito, portanto se uma esfera de governo não utilizar a competência ele nunca a perderá, podendo ele 27 utilizar a competência em algum dia quando precisar ou quando lhe for conveniente; Facultatividade – refere-se a uma preferência por parte da esfera de governo em utilizar ou não da competência tributária, isto é ele decidirá utilizar no momento que tiver interesse, sendo que não será obrigado a utilizar. Vale ressaltar que competência tributária e capacidade tributária são fatos distintos não podendo confundir um com o outro. A capacidade tributária é a capacidade de arrecadar e fiscalizar o tributo, entretanto esta capacidade de arrecadar geralmente não se dá por quem compete instituir o tributo, sendo então delegada por lei a terceiros para fazer essa arrecadação do tributo, colocando a pessoa jurídica de direito público como sujeito ativo dessa arrecadação. 4.1.2.2 Limitações do poder de tributar Na mesma forma que se admite e dá competência ao Estado o poder tributar, por outro lado ele tem também limitações nesse poder de tributar. O poder de tributar, que já abordamos a respeito, possui limitações, portanto o Estado tem limites para exercer tal poder. A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional, lembrando sempre que devemos antes recorrer a Lei Maior, é quem estabelece essas limitações, como consta na Constituição Federal na “seção II ”do “capítulo I ”do “título VI”, e no Código Tributário Nacional na “seção I” do “capítulo II” do “título II” do “livro primeiro”, esses limites são representados por meio de princípios, imunidades e isenções dadas em alguns casos. As limitações do poder de tributar na Constituição Federal e as limitações da competência tributária no Código Tributário Nacional estão dispostas nos artigos 150 a 152 e artigos 9 a 11, respectivamente. As limitações garantem a população não sofrer com o excesso imoderado do poder das esferas de governo. “Os princípios constitucionais dizem como devem ser feitas as leis tributárias, condicionando o legislador sob o guante dos juízes, zeladores que são do texto da Constituição” (COÊLHO, 2005, p.170 apud BARROS, 2014, p.03). Até a competência tributária em si, é uma forma de limitar o poder de tributação visto que ela limita a cada esfera de governo o seu campo de atuar, não 28 podendo um invadir o campo do outro no que foi delimitado pela Constituição Federal. Os princípios dão a base e orienta como proceder na hora de legislar e contribuem para evitar que os detentores da competência tributária não usem de forma arbitrária seu poder de tributar. Os princípios tributários são: Legalidade – estabelece que todo tributo seja instituído somente por lei, então não pode criar e requerer um tributo, nem mesmo majorar sem que uma lei determine, assim como está no art. 150, I, da Constituição Federal (BRASIL, 1988) “Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça” e no art. 9, I, da Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional) “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65”. Ainda no artigo 97 do Código Tributário Nacional determina o que a lei pode estabelecer a exemplo, majorar, definir fato gerador, fixar alíquota, etc., isto dá uma confiança no sentido do contribuinte está protegido visto que toda lei é pública e o contribuinte pode ficar sabendo até mesmo antes de a lei ser publicada; Isonomia – pelo próprio nome já diz do que se trata, a palavra isonomia vem do grego “iso” significa igual, “nomos” significa lei, acrescentando o sufixo “ia”, então isonomia na tradução livre é “igual diante da lei”, no artigo 5º da Constituição Federal diz que “todos somos iguais perante a lei”. O princípio da isonomia determina tratamento igual entre os contribuintes que estejam em sua situação econômica igual, isto é, proíbe quem arrecada proceder de forma diferente entre os contribuintes que está na mesma situação, assim como deve tratar desigualmente os contribuintes que estão em situação desigual. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, assim como diz o art. 150, II, da Constituição Federal (BRASIL, 1988) “II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação 29 profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”; Capacidade contributiva – este princípio está relacionado com o princípio da isonomia, uma vez que envolve a situação econômica do contribuinte. Entendemos que este é o princípio onde os impostos serão estipulados segundo a capacidade econômica que o contribuinte tem em contribuir com os impostos criando um parâmetro para diferenciar os contribuintes com a finalidade de investigar e confirmar a isonomia tributária. Podemos citar como exemplo o IR, que possui uma tabela mostrando as alíquotas de acordo com o valor da renda do contribuinte. Este princípio está referenciado no art. 145, § 1º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988): § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei,o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Progressividade – este princípio decorre do princípio da capacidade contributiva, entende-se então que o princípio da capacidade contributiva se materializa por meio do princípio da progressividade. O princípio da progressividade envolve também a capacidade econômica do contribuinte, este princípio tributa os contribuintes com alíquotas diversas, onde quem paga mais é quem tiver maior capacidade econômica e o aumento da alíquota se dá quando a base de cálculo aumenta. Irretroatividade – este princípio tem por objetivo proibir que seja cobrado algum tributo em fatos geradores ocorridos antes da lei entrar em vigor, porém a lei permite tributar em fatos geradores que estejam irresolvidos e outras situações que veremos a definição como dispõe o Código Tributário Nacional. Podemos encontrar este princípio no art. 150, III, “a”, da Constituição Federal (BRASIL, 1988) onde diz que, “Art. 150 - [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado” e no art. 105 da Lei nº 5172 de 30 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional) “Art. 105 – A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116.” E as situações que são exceções ao princípio encontra-se no art. 106 da Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional): Art. 106 – A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Anterioridade – é o princípio que diz que o tributo só poderá ser cobrado no exercício financeiro seguinte, ou seja, proíbe a cobrança do tributo no mesmo exercício financeiro em que foi publicada a lei. Este princípio é para evitar que haja surpresa, por parte do contribuinte, na exigência do tributo e que ele tome conhecimento da alteração ocorrida, para que o mesmo possa se planejar. O princípio da anterioridade pode ser pela anterioridade do exercício e anterioridade nonagésimal. O princípio da anterioridade do exercício proíbe a cobrança do tributo no mesmo ano que a lei foi publicada, e o princípio da anterioridade nonagésimal proíbem a cobrança do tributo antes dos 90 dias decorridos da lei publicada. Podemos encontrar o princípio no art. 150, III, “b” e “c” da Constituição Federal (BRASIL, 1988) onde diz que: Art. 150 - [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III – cobrar tributos: [...] b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b. Neste princípio há exceções para alguns tributos e a exceção deste princípio está disposto no art. 150, § 1º da Constituição Federal (BRASIL, 1988): A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos 31 tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. O quadro abaixo demonstra quais os tributos se submetem as exceções previstas no art. 150, § 1º da Constituição Federal (BRASIL, 1988): QUADRO 1 - Tributos que seguem o princípio da anterioridade ICMS - Combustíveis (apenas quanto às alíquotas) Não Sim Todos os demais tributos não citados Sim Sim Contribuições destinadas à Seguridade Social, fundadas no artigo 195 da CF/88 (COFINS, CSLL) Não Sim CIDE - Combustíveis (apenas quanto às alíquotas) Não Sim Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA aFixação da base de cálculo aOutras alterações Sim Sim Não Sim Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Não Sim Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza - IR Sim Não Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana - IPTU aFixação da base de cálculo aOutras alterações Sim Sim Não Sim Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros - IOF Não Não Imposto extraordinário de guerra Não Não Imposto de Importação - II Não Não Imposto de Exportação - IE Não Não Tributo Anterioridade de exercício Anterioridade nonagésimal Empréstimo Compulsório destinado a atender despesas extraordinárias com guerra ou calamidade pública Não Não Fonte: Extraído do Livro Contabilidade Tributária: entendendo a lógica dos tributos e seus reflexos sobre os resultados das empresas. Vedação ao Confisco – no art. 150, IV da Constituição Federal (BRASIL, 1988) diz que “Art. 150 [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios [...] IV – utilizar tributo com efeito de confisco”. Isso quer dizer que a União, os Estados e os Municípios não podem tributar até tomar posse de bens dos contribuintes, ou seja, não pode colocar uma alíquota que exceda o valor do bem ou que em poucos anos caracterize a perda do bem, então tem que aplicar uma alíquota razoável, para exemplificar vamos dizer que um Município coloque uma alíquota de 25% de IPTU para quem possuir 32 propriedade no centro da cidade, logo em quatro anos o contribuinte pagará 100% da propriedade para o Município caracterizando o confisco da propriedade, nesse caso não é justo e nem cabível tal situação para o contribuinte. Liberdade de tráfego – este princípio tem por objetivo proibir cobrar tributos com a intenção de limitar o tráfego de pessoas ou bens com tributos interestaduais e intermunicipais, porém pode cobrar pedágio, pela utilização das vias públicas conservadas pelo Poder Público, porque pedágio não tem característica de tributo sendo classificado como preço público. Assim está disposto no art. 150, V da Constituição Federal (BRASIL, 1988): “Art. 150 - [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios [...] V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”. Há uma exceção que é a permissão de cobrar ICMS, devido ao ICMS ser cobrado pela circulação de mercadoria e prestação de serviço de transporte com caráter comercial e a vedação se direciona ao tráfego com caráter de locomoção entre territórios tendo como base no que diz o art. 5º, XV da Constituição Federal (BRASIL, 1988) “é livre a locomoção no território nacional [...]”. Uniformidade Geográfica – trata de um princípio onde proíbe a União instituir tributo que não seja igual em todo o território nacional, assim diz no art. 151, I da Constituição Federal (BRASIL, 1988): Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio- econômico entre as diferentes regiões do País; Para entender melhor, a União não pode instituir alíquota de IPI, lembrando que o IPIé de competência da União, na qual seja diferente em cada Estado, 33 só que existe uma exceção que possibilita a tributação diferente entre os Estados como forma de equilíbrio econômico, assim como está disposto que admitirá a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento. Transparência – este princípio serve para mostrar e informar aos consumidores os impostos que incide sobre as mercadorias e serviços e o quanto foi recolhido na compra ou contratação do serviço, é um direito que a população tem em saber essa informação. Segundo o art. 150, § 5º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) “§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços”. Embora este princípio existir a muito tempo, a maioria da população só tomou conhecimento através da Lei nº 12741 de 2012, que é a Lei da Transparência Fiscal, e este princípio só foi posto em prática pelas empresas por causa dessa lei. Não-Diferenciação – é o princípio estão dispostos no art. 152 da Constituição Federal de 1988 e art. 11 do Código Tributário Nacional da seguinte forma “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou do seu destino”. O objetivo deste princípio é evitar a guerra fiscal entre Estados e Municípios. Seletividade – este princípio é aplicado a determinados bens levando em conta a sua essencialidade, ou seja, um bem classificado como essencial tem uma tributação menor e o bem classificado como supérfluo tem uma tributação maior. Este princípio é aplicado ao IPI de forma obrigatória e é facultativa ao ICMS. Não-Cumulatividade – isto quer dizer que um tributo que na próxima fase de produção ou comercialização não incide sobre o tributo já pago na fase anterior. Acontece da seguinte forma, o contribuinte na primeira fase, compra a mercadoria para revenda e paga o tributo que está embutido no valor dessa compra, nisso ele adquire um crédito, quando for revender essa mercadoria 34 ele pode utilizar o crédito e abater do valor do tributo que terá que pagar na segunda fase que é a venda. A imunidade tributária é caracterizada como uma não-incidência concedida pela Constituição Federal sendo mais uma forma de limitar o poder de tributar, essas imunidades são dadas para alguns contribuintes ou situações. A imunidade tributária impede que as esferas de governo instituam tributos em algumas situações, ou seja, a Constituição Federal removeu parte da competência tributária das esferas de governo para determinadas situações destarte não há hipótese de incidência e se não há hipótese de incidência não ocorre fato gerador. A imunidade só é válida para a obrigação principal mantendo o cumprimento das obrigações acessórias. As imunidades são dadas nas seguintes hipóteses: Imunidade Recíproca – esta imunidade proíbe que as esferas de governo tributem sobre a renda, patrimônio e serviços uns dos outros, se estendendo para as autarquias e fundações criadas e conservadas pelo Poder Público desde que esteja ligado ao objetivo inerente da entidade, esta imunidade está disposta no art. 150, VI, “a”, § 2º da Constituição Federal de 1988. Com a exceção no que está disposto no art. 150, VI, § 3º da Constituição Federal (BRASIL, 1988): As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. A exceção diz respeito às empresas públicas e sociedades de economia mista de personalidade jurídica de direito privado que exploram atividades econômicas então por elas serem de direito privado elas competem dentro do mercado com outras empresas de direito privado que exploram a mesma atividade e por isso não está imune para não haver concorrência desleal, a exceção também vai para pessoas jurídicas de direito público que recebam pagamento de preços ou tarifas pela contraprestação do serviço utilizado pelos seus usuários e o último caso é se uma empresa de direito público 35 vender um imóvel para uma empresa de direito privado esta última empresa não terá a imunidade sobre o imóvel. A princípio essa imunidade só se refere aos impostos, podendo ser cobrado às outras espécies tributárias uns dos outros, como deve também cobrar das autarquias e fundações. Imunidade de Templos de qualquer Culto – pelo fato de morarmos em um país laico ninguém pode ser privado dos seus direitos por causa de sua crença religiosa bem como é assegurado à manifestação de culto religioso segundo o art. 5º da Constituição Federal de 1988. Essa imunidade está disposta no art. 150, VI, “b”, § 4º da Constituição Federal de 1988, onde proíbem que as esferas de governo tributem a renda, patrimônio e serviços dos templos de qualquer culto desde que esteja ligado ao objetivo inerente da entidade, justamente em defesa ao direito da manifestação religiosa. Não são todos os templos religiosos que tem essa imunidade desta forma não inclui religiões que violem os direitos humanos ou que venha divergir a teleologia do preâmbulo da constituição, pois se acredita em Deus, assim segundo Saraiva Filho (1996, p. 61 apud Sabbag, 2012, p. 91) “Portanto, não se protegem seitas com inspirações atípicas, demoníacas e satânicas, que incitem a violência, o racismo, os sacrifícios humanos ou o fanatismo devaneador ou visionário”. Essa imunidade só se refere aos impostos, podendo ser cobrada as outras espécies tributárias e os templos devem cumprir com as obrigações acessórias independente de pagar o tributo. Imunidade dos Partidos Políticos, das Fundações e Entidades Sindicais dos Trabalhadores, das Instituições de Educação e de Assistência Social sem fins lucrativos – esta imunidade está disposta no art. 150, VI, “c”, § 4º da Constituição Federal de 1988, onde proíbe que as esferas de governo instituam tributo sobre renda, patrimônio e serviços dos Partidos Políticos, das Fundações e Entidades Sindicais dos Trabalhadores, das Instituições de Educação e de Assistência Social sem fins lucrativos desde que esteja ligado ao objetivo inerente dessas entidades. 36 A imunidade é dada aos partidos políticos porque é a partir deles que se garante a democracia e o pluralismo político e só é dada a imunidade se o partido for registrado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Para os sindicatos dos trabalhadores, não se estendendo para os sindicatos patronais, é dada a imunidade como forma de defesa nas relações de trabalho sendo essa defesa relacionada aos direitos e garantias previstas no art. 8º da Constituição Federal de 1988. Já para as instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos é dada a imunidade como forma de estímulo e incentivo para ações de cunho social, porém deverão obedecer as regras disposta no art. 14 do Código Tributário Nacional. Essa imunidade só se refere aos impostos, podendo ser cobrada as outras espécies tributárias, porém as entidades de assistência social têm imunidade na contribuição para a seguridade social. Segundo ao art. 195, § 7º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) “São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei." Imunidade Objetiva – esta imunidade está prevista no art. 150, VI, “d” da Constituição Federal de 1988 e é dada aos livros, jornais, periódicos e papel destinado a impressão. Esta imunidade é objetiva porque se trata de um beme não um contribuinte. A imunidade é dada como forma de diminuir o preço desses bens para promover e proporcionar aos cidadãos o acesso a informação e a cultura. A imunidade é dada somente ao IPI, ICMS, II e IE sobre os bens produzidos ou comercializados pelas empresas, porém essas empresas tais como editoras, livrarias, gráficas, etc., que produzem ou comercializam não serão imunes dos outros impostos e espécies tributárias como IRPF, CSLL, PIS, COFINS, IOF, taxas e contribuições. Outras Imunidades – estas são imunidades específicas e estão presentes na Constituição Federal no capítulo que trata do Sistema Tributário Nacional, bem como tem outras imunidades que estão fora deste capítulo. Estão estas imunidades previstas nos seguintes artigos: 37 a) Art. 5º, XXXIV, “a” e “b” – “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas [...] o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder [...] a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”; b) Art. 5º, LXXVI, “a” e “b” – “são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: [...] o registro civil de nascimento; [...] a certidão de óbito”; c) Art. 5º, LXXVII – “são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”. d) Art. 149, § 2º, I – não incide as Contribuições Sociais e a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) “[...] sobre receitas decorrentes de exportação [...]”, exceto a CSLL segundo entendimento do STF; e) Art. 153, § 3º, III – não incide IPI “[...] sobre os produtos industrializados destinados ao exterior”; f) Art. 153, § 4º, II – não incide ITR “[...] sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel”; g) Art. 155, § 2º, X, “a”, “b”, “c” e “d” – não incide ICMS “[...] sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”; Não incide ICMS [...] “sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele 38 derivados, e energia elétrica [...]”, exceto o que está disposto no art. 155, § 2º, XII, “h” “[...] definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b”; Não incide ICMS “[...] sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º [...] quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial [...]”; Não incide ICMS [...] “nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita”; h) Art. 155, § 2º, XI – no ICMS “[...] não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos”; i) Art. 156, § 2º, I – não incide ITBI [...] “sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil”; j) Art. 184, § 5º – “São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”; k) Art. 195, II – não incide Contribuição Social “[...] sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social [...]”; 39 l) Art. 195, § 7º – “São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”. Como vimos às imunidades intervêm no poder tributar de forma que elas retiram parte da competência tributária das esferas de governo. É importante ressaltar que os textos da Constituição Federal utilizam de outros termos para definir imunidade como “não incide” e “são isentas”, contudo se refere à imunidade, destacando que se estiver expresso na Constituição Federal diz respeito à imunidade. Na imunidade não há incidência tributária impedindo que ocorra o fato gerador do tributo sobre tal contribuinte ou situação, portanto a imunidade proíbe constitucionalmente as esferas de governo exercer sua competência tributária em alguns casos. O termo utilizado na Constituição Federal “são isentas” foi utilizado de forma errônea para atribuir imunidade, pois a isenção se distingue da imunidade. A isenção é o cancelamento da obrigação de recolher o tributo, admitido pelas esferas de governo em algumas situações, através de uma lei. Vemos que a isenção se dá por meio de lei, dando capacidade das esferas de governo recolher ou não o tributo em certo tempo e estas leis podem ser alteradas a qualquer momento, outra questão também a ser abordada é que na isenção há hipótese de incidência, onde ocorre o fato gerador que gera a obrigação tributária e o crédito tributário, para depois excluir esse crédito tributário, ao contrário da imunidade, como já dito antes, onde não há hipótese de incidência e está previsto na Constituição Federal não podendo ser alterada. A isenção é uma das razões de exclusão do crédito tributário. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. (BRASIL, Código Tributário Nacional) A isenção é considerada uma forma de estimular algum setor econômico ou até mesmo para que o contribuinte se regularize. Alguns exemplos que podemos citar de isenção é que são isentos de IR, os rendimentos de caderneta de poupança do contribuinte, lucros e dividendos distribuídos aos sócios, etc. 40 4.1.3 Compreensão sobre tributos 4.1.3.1 Conceito de tributo O tributo de forma genérica é um pagamento obrigatório feito para a União, Estados ou Municípios pelo fato de possuirmos renda, patrimônio, etc., tem como objetivo compor as receitas das esferas de governo para custear as obras públicas ou serviços prestados para a população, este pagamento é exigido tanto por pessoa física como pessoa jurídica. Conforme o art. 3º da Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional): “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. E conforme o art. 9º da Lei nº 4320 (BRASIL, 1964): Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades. O tributo possui características como percebemos no próprio conceito dado pelo Código Tributário Nacional, assim analisaremos da seguinte forma: Prestação pecuniária – a prestação quer dizer que é quando alguém é exigido a pagar algo, que neste caso é o tributo e pecuniária querdizer que o tributo só poderá ser pago em dinheiro, não podendo ser pago com trabalho ou prestação de serviço, só que no próprio conceito do art. 3º do Código Tributário Nacional diz que pode ser em “[...] moeda ou cujo valor nela possa se exprimir [...]” abrindo a possibilidade de pagamento em bens como prevê no art. 156, XI da Lei nº 5172 de 1966 (BRASIL, Código Tributário Nacional) “Extinguem o crédito tributário: [...] XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei”. Compulsória – significa que o tributo independe da vontade do contribuinte para pagar, até porque o tributo está previsto em lei e isso acabando dando 41 autonomia as esferas de governo arrecadar sendo o contribuinte obrigado a pagar; Não constitua sanção de ato ilícito – significa dizer que o tributo não é multa, porque multa ocorre de ato ilícito e o tributo ocorre de ato lícito. O tributo não se paga pelo fato de que cometeu um ato ilícito, mas pelo fato de ter ocorrido o fato gerador de um ato lícito, a exemplo prestação de serviço de transporte interestadual de mercadoria roubada ou drogas, neste caso paga-se ICMS por ocorrer o fato gerador de prestação de serviço de transporte interestadual mesmo transportando bens ilícitos, outro exemplo é o que diz Cunha (2012 p. 83-84): Quando o art. 3º do Código Tributário Nacional afirma que o tributo não constitui sanção a ato ilícito, quer dizer que a hipótese de incidência é sempre algo lícito. Observe-se, porém, que situações como a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos são suficientes para o nascimento de obrigações tributárias como o imposto de renda (art. 43 do CTN), ainda que tais rendimentos sejam provenientes de atividades ilícitas como o “jogo do bicho” (a hipótese de incidência é a aquisição de disponibilidade financeira e não o jogo do bicho). É o princípio do non olet, no sentido de que o dinheiro não tem odor e de que não seria justo tributar a renda obtida licitamente e deixar de tributar a renda decorrente de atividades ilícitas (HC 77.530, STF, j. 25-8-1998, Juis, Saraiva, n. 21). [...] [...] O tributo, portanto, não é multa. A multa tem por pressuposto o descumprimento de um dever jurídico e por finalidade evitar comportamentos nocivos à ordem jurídica, via sanção, enquanto o tributo tem por pressuposto um fato lícito. Instituída em lei – esta característica se dá pelo fato que todo tributo só poderá ser instituído por lei seguindo assim o princípio da legalidade. Segundo Sabbag (2012, p. 108) “Seu nascimento se dá pela simples realização do fato descrito na hipótese de incidência prevista em lei, sendo a vontade das partes de todo irrelevante”; Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada – é a atribuição dada para o Fisco verificar o acontecimento do fato gerador e realizar a cobrança do tributo de acordo com o que está estabelecido na lei. Para Rezende (2010, p.47) “Para efetuar a cobrança de tributos, a administração pública deverá agir na forma e nos limites fixados em lei”. 42 4.1.3.2 Classificação dos tributos A classificação dos tributos se dá através do fato gerador definido na lei, como pode ser dada pela sua função, pelo vínculo, além de ser classificados como direto e indireto. Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. (BRASIL, Código Tributário Nacional) Os tributos vinculados são aqueles que possuem relação com o tributo pago pelo contribuinte, ou seja, tem vinculo com alguma atividade do governo prestado ao contribuinte, por exemplo, as taxas paga-se em contraprestação da atividade que o governo prestou ao contribuinte, assim como as contribuições de melhoria. Os tributos não-vinculados são aqueles que não possuem relação com o tributo pago pelo contribuinte, ou seja, não dependem de nenhuma atividade prestada pelo governo, por exemplo, os impostos e empréstimos compulsórios. Já as contribuições sociais podem ser vinculadas ou não-vinculadas dependem da finalidade que foram instituídas. As contribuições sociais em razão de sua natureza híbrida, poderiam ser classificadas ora como taxa, ora como tributo imposto, dependendo de sua formatação. Todavia esta classificação seria insuficiente, pois não reproduziria com fidelidade as espécies acima tratadas. As contribuições às vezes não estão vinculadas a qualquer atividade estatal para sua cobrança, como a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social incidente sobre o faturamento das empresas. Já a contribuição destinada a Previdência Social paga pelos empregados apesar de não ter como fato gerador a prestação de um serviço de Previdência pelo Estado, tem a sua cobrança ligada à prestação de um serviço de Seguro Social (Previdência Pública). JURISITE (p. 6) [201-?] Como já foi dito os tributos tem objetivo de arrecadar para custear as despesas do governo com obras públicas e serviços prestados para a população, só que o tributo pode ter outra função além da arrecadação. Os tributos com função fiscal têm como finalidade arrecadar fundos para o erário a fim de atender as despesas do governo, como exemplo de tributo fiscal, o IR e o ICMS. 43 Os tributos com função extrafiscal têm como finalidade interferir e regular a economia do governo, como exemplo de tributo extrafiscal, o IOF, II e IE. Os tributos com função parafiscal têm como finalidade arrecadar para financiar serviços que não são de competência do governo, e é arrecadado por entidades beneficiárias, como exemplo de tributo parafiscal, as contribuições para SESC, SENAC, SESI, OAB, CRC, etc. Os tributos podem também ser classificados como diretos e indiretos. Os tributos diretos são aqueles pagos pelo contribuinte de fato e direito, onde é responsável em pagar e cumprir com as obrigações previstas na lei. São os tributos que incidem sobre renda e patrimônio. Segundo Melo (2008, p. 62 apud Sabbag, 2012, p. 119) “O imposto direto é aquele que não repercute, uma vez que a carga econômica é suportada pelo contribuinte”. Então é o tributo que não é repassado no preço para o consumidor final, a exemplo temos o IR, IPTU e IPVA. Os tributos indiretos são aqueles pagos pelo contribuinte de direito, ou seja, recolhe o tributo, só que é o contribuinte de fato que arca com o ônus fiscal. Segundo Melo (2008, p. 62 apud Sabbag, 2012, p. 119) “Por outro lado, o imposto indireto é aquele cujo ônus tributário repercute em terceira pessoa”. Já Sabbag complementa dizendo (2012, p. 119) “Vale dizer que, no âmbito do imposto indireto, transfere-se o ônus para o contribuinte de fato, não se onerando o contribuinte de direito”. Então é o tributo que é repassado para o consumidor final, a exemplo temos o ICMS, IPI, PIS e COFINS. 4.1.3.3 Espécie de tributos O Código Tributário Nacional no seu art. 5º dispõe que existem 03 (três) espécies tributárias “os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria” e é conhecida como a “teoria da tripartida”. Contudo, nos dias atuais existem na Constituição Federal no capítulo que trata do Sistema Tributário Nacional 05 (cinco) espécies de tributos que é conhecido como a “teoria da pentapartida”. Então como a Constituição Federal é a lei maior, prevalece a “teoria da pentapartida” que traz os tributos impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições. Veremos o conceito dos tributos que compõe a “teoria da pentapartida”: 44 Impostos – é um tributo pago por todos os cidadãos e é cobrado de forma obrigatória mesmo sem a vontade do contribuinte, bem como o imposto não possui vínculo com atividade estatal específica.
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