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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação LÓGICA II Meu nome é Luís Fernando Crespo. Sou doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, possuo graduação em Filosofia (Bacharelado) e mestrado em Filosofia (Ética) por essa mesma universidade. Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ética, atuando principalmente nos seguintes temas: Lógica, Ética, Estética, Sociedade e Ciência. Tenho experiência, também, na Educação Presencial e a Distância (além de vasta experiência no ensino de Filosofia para Ensinos Fundamental e Médio). Meu nome é Renato Rodrigues Kinouchi. Sou bacharel em Psicologia e Psicólogo pela Universidade Federal de São Carlos, doutor em Filosofia também pela Universidade Federal de São Carlos e pós-doutorando em Filosofia da Ciência pela Universidade de São Paulo. Atualmente, sou professor adjunto da Universidade Federal do ABC. Tenho experiência nas áreas de Filosofia da Ciência, Epistemologia e Ensino de Ciências. Dentre os temas de pesquisa, incluem- se: Ciência e Valores, Pragmatismo, Filosofia e História da Psicologia, Vieses Cognitivos. Também sou colunista da seção "Lógica" na Revista Discutindo Filosofia, que é vendida em bancas de jornal. E-mail: rekinouchi@yahoo.com.br Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Meu nome é Ricardo Matheus Benedicto. Sou graduado e mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutorando em Educação pela Universidade de São Paulo. Além de lecionar no Claretiano – Centro Universitário, sou professor da rede pública, lecionando para Ensinos Fundamental e Médio. E-mail: ricardobenedicto@claretiano.edu.br O Claretiano – Centro Universitário agradece ao Prof. Juan Antonio Acha, graduado em Licenciatura em Filosofia pelo Claretiano e especialista em Gestão e Filosofia, pelo apoio na elaboração de Questões Autoavaliativas explicativas desta obra. Luis Fernando Crespo Renato Rodrigues Kinouchi Ricardo Matheus Benedicto Batatais Claretiano 2016 LÓGICA II © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 160 C94L Crespo, Luis Fernando Lógica II / Luis Fernando Crespo, Renato Rodrigues Kinouchi, Ricardo Matheus Benedicto – Batatais, SP : Claretiano, 2016. 163 p. ISBN: 978-85-8377-481-5 1. Cálculo proporcional. 2. Método dedutivo. 3. Provas formais. 4. Cálculo de predicados. I. Kinouchi, Renato Rodrigues. II. Benedicto, Ricardo Matheus. III. Lógica II. CDD 160 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Lógica II Versão: ago./2016 Formato: 15x21 cm Páginas: 163 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ......................................................................... 11 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35 Unidade 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 37 2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 37 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 37 4. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 41 5. PROPOSIÇÕES .................................................................................................... 42 6. CONECTIVOS E TABELAS DE VERDADE .............................................................. 45 7. TEXTOS COMPLEMENTARES .............................................................................. 52 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 53 9. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 64 10. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 65 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 65 Unidade 2 – VALIDADE DE ARGUMENTOS 1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 67 2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 67 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 68 4. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 68 5. TABELA DE VERDADE ......................................................................................... 69 6. PROVA DE VALIDADE ......................................................................................... 72 7. TAUTOLOGIAS, CONTRADIÇÕES, CONTINGÊNCIAS, IMPLICAÇÃO E EQUIVALÊNCIA LÓGICA ..................................................................................... 75 8. DEDUÇÃO NATURAL .......................................................................................... 80 9. TEXTOS COMPLEMENTARES .............................................................................. 87 10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 89 11. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 94 12. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 95 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................95 Unidade 3 – SINTAXE DO CÁLCULO DE PREDICADOS 1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 97 2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 97 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 97 4. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 99 5. A LINGUAGEM DO CÁLCULO DE PREDICADOS .................................................. 100 6. QUANTIFICADORES ........................................................................................... 103 7. TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................... 105 8. QUESTÕES AUTOVALIATIVAS ............................................................................. 108 9. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 110 10. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 111 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 111 Unidade 4 – LÓGICA CLÁSSICA E O PROBLEMA ONTOLÓGICO 1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 113 2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 113 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 113 4. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 119 5. PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS ............................................................................ 119 6. PROBLEMA ONTOLÓGICO ................................................................................. 122 7. TEXTOS COMPLEMENTARES .............................................................................. 127 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 131 9. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 134 10. e-ReFeRÊnCia ................................................................................................... 134 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 135 Unidade 5 – PROVAS FORMAIS DE VALIDADE 1. OBJETIVO ........................................................................................................... 137 2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 137 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 137 4. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 139 5. REGRAS PARA QUANTIFICADORES .................................................................... 139 6. TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................... 145 7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 155 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 161 9. e-ReFeRÊnCia ................................................................................................... 162 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 162 9 CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Cálculo Proposicional: proposições e conectivos, análise de proposições compostas, operações com proposições, tabelas de verdade, teste de validade. Método dedutivo e Provas Formais. Cálculo de Predicados: tradução para a língua do cálculo, quantificadores, o Problema Ontológico e provas formais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo a Lógica II! Provavelmente você já estudou sobre os princípios da Ló- gica Formal, como o que são premissas e seus indicadores, como se organizam os argumentos (categórico, hipotético e dedutivo). Estudou, também, sobre a Lógica Formal Clássica e a oposição de proposições categóricas, bem como as noções de indução e dedução. Esses estudos capacitaram você para dar prossegui- mento ao estudo da Lógica Simbólica. Trata-se de um dos ramos da Filosofia que mais se desenvolveu a partir do século 19. Com esta obra, você entrará no terreno da Lógica Simbólica, conteúdo imprescindível na sua formação acadêmico-filosófica, pois con- tribuirá para a formação do pensar dos futuros educandos. 10 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO O que você vai aprender O conteúdo programático foi dividido em cinco unidades: Na Unidade 1, você conhecerá o tópico referente às ques- tões preliminares sobre a Lógica Simbólica, em que você vai co- nhecer as noções básicas relacionadas à lógica, como os Princí- pios da Não Contradição e do Terceiro Excluído, os Valores da Verdade, as proposições simples e compostas, os conectivos e Tabelas de Verdade. Na Unidade 2, trataremos da validade de argumentos, e você aprenderá a utilizar as Tabelas de Verdade para demonstrar a validade ou invalidade de argumentos. Para isso, você aprende- rá os princípios de Tautologia, Contradição e Contingência. Na Unidade 3, você estudará a sintaxe do Cálculo de Predi- cados, que é o cerne da Lógica Clássica. Procuraremos, também, traduzir proposições de linguagem ordinária para a linguagem do Cálculo de Predicados. Teremos a oportunidade de conhecer e aprofundar as constantes individuais e de predicados, as variá- veis individuais e os quantificadores. Na Unidade 4, trataremos das proposições categóricas na linguagem do Cálculo de Predicados, procurando traduzir essas proposições para a linguagem do Cálculo de Predicados. Alguns temas serão objeto de nossa reflexão, tais como: quadro tradi- cional de oposição, Problema Ontológico e a resposta de Russel a essa questão e às novas relações do quadro tradicional de oposição. Na Unidade 5, vamos procurar demonstrar a validade no Cálculo de Predicados. Vamos estudar e aplicar as regras de in- ferência, a introdução e a eliminação do universal, bem como a introdução e a eliminação do existencial. 11© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Esperamos que você atinja os objetivos propostos e, me- diante pesquisa e estudo da bibliografia indicada, vá além e aprofunde mais os seus conhecimentos de Lógica Simbólica, pro- curando, sobretudo, aplicá-los na prática de seu dia a dia e no exercício profissional. 2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO Abordagem Geral Prof. Ms. Luís Fernando Crespo Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado nesta obra. Aqui você entrará em contato com os as- suntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam esta obra. Para apresentar esta obra, que não é nenhum bicho de sete cabeças, é preciso retomar alguns dos conceitos importan- tes estudados anteriormente. Desse modo, é importante relem- brar que um dos objetivos da Lógica consiste em saber avaliar a validade de argumentos. Assim, faz-se necessário recordar que argumento pode ser entendido como sinônimode raciocínio e se define como um conjunto de proposições em que encontramos premissas e conclusão. Recordemos, também, que premissas são 12 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO justificativas que apresentamos para uma determinada conclu- são, e que um argumento não é verdadeiro ou falso, mas válido ou inválido. Verdade e falsidade são atributos das proposições. A Lógica, que tem sua origem na Filosofia, com Aristóte- les, passou a fazer parte de várias outras áreas do conhecimen- to devido à sua grande importância. Assim, cada ramo acabou acrescentando noções, regras e maneiras de trabalhar com os exercícios lógicos. Neste estudo, trataremos de uma disciplina da Filosofia chamada de "Lógica Simbólica", também conhecida como "Lógi- ca Matemática". Para quem acreditava que a Teoria do Silogismo se assemelha muito mais à Matemática que à Filosofia, verá que, agora sim, nossos estudos parecerão mais matemáticos ainda, principalmente por sua exatidão. Dentro da Lógica Simbólica, veremos, de maneira especial, o Cálculo Proposicional. Aqui encontraremos um tipo de raciocínio iniciado por George Boole, que aplica os métodos algébricos (Matemática) à Lógica do Discurso. Assim, trataremos de argumentos e proposições a partir do Cálculo Algébrico. Trataremos de uma Lógica que trabalha com símbolos. Daí você pode questionar a necessidade de se trabalhar com símbo- los – será que existe mesmo tal necessidade? Convidamos você a enxergar a dificuldade que existe no trabalho com argumentos na linguagem usual, não simbólica. Imagine, a partir das grandes diferenças linguísticas, como seria difícil tratar de um mesmo argumento em português, depois em inglês, alemão, japonês etc. Pense como seria calcular (pois é 13© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO isso o que faremos) a validade de um argumento com tais dife- renças linguísticas. Daí a utilidade dos símbolos. Um simples exemplo é ver a diferença de dificuldades: um filósofo e um matemático, brasileiros, que devem resolver pro- blemas em suas áreas, sendo que tudo está em alemão. Was heisst denken? 4x4-3x2.√-x = -√7-13 Como o matemático se utiliza de linguagem simbólica, será mais fácil para ele entender o que se passa. A linguagem pelos símbolos é muito mais simples. Temos tal linguagem como a superação de obstáculos. Para este estudo, é muito importante que você já tenha as noções básicas de Lógica, por exemplo: 1) Argumento. 2) Premissas. 3) Conclusão. 4) Proposições Categóricas. O que é um argumento? Como identificar as premissas e conclusão? Quais são as proposições categóricas e que relações existem entre elas? Mesmo que voltemos aqui a ver algumas definições, é im- portante que se tenha em mente o conteúdo inicial de Lógica. O objetivo principal deste estudo é dar condições de ava- liar um argumento, se ele é válido ou não. Lembre-se de que ra- ciocinar corretamente significa construir raciocínios válidos. Na verdade, você terá condições de construir as chamadas "provas formais de validade". 14 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Para falar diretamente, então, do conteúdo deste nosso es- tudo, tenhamos em mente o argumento. Você se lembra o que é ele? Argumento é uma série de proposições; uma delas é a con- clusão (tese defendida), e as outras são as evidências (premissas) oferecidas em apoio à conclusão. Mas o que são as proposições? São sentenças que podem ser descritas (com sentido) como verdadeiras (V) ou falsas (F) – e apenas um destes, ou seja, é sempre um predicado que é atribuí- do a um sujeito – e ele pode ser verdadeiro ou falso. Veja, agora, um argumento apenas para que você o obser- ve, pois trataremos dele a seguir. O argumento é o seguinte: 1) Existe mal no mundo. 2) Se existe mal no mundo, Deus não pode evitar o mal ou Deus não quer evitar o mal. 3) Se Deus não pode evitar o mal, Deus não é onipotente. 4) Se Deus não quer evitar o mal, Deus não é benevolente. 5) Portanto, Deus não é onipotente ou Deus não é benevolente. Por agora, apenas pense sobre ele, pois tentaremos mos- trar algumas atividades lógicas por meio desse argumento. Mas, você acha que ele é válido ou não? Você não deve se desesperar, pois nesta Abordagem Geral, apenas falaremos brevemente de toda a conceituação e do Cál- culo de Proposições, somente para mostrar quais são os conteú- dos; você terá tempo para entender calmamente. Quando falamos do argumento, dizemos que ele pode ser válido ou contraválido (inválido ou não válido). Diferentemente, de uma proposição apenas podemos dizer que ela é verdadeira 15© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO ou falsa. O que significa isso? Uma proposição é verdadeira se aquilo que ela afirma ocorre de fato; se ela não é verdadeira, ela é falsa (você se lembra do Princípio do Terceiro Excluído?). Mas, e o argumento válido, o que é? Podemos responder de várias maneiras. Ele é válido: • Se suas premissas sustentam plenamente sua conclusão. • Se a verdade da conclusão segue da verdade das premissas. • Se não podemos afirmar de premissas verdadeiras uma conclusão falsa. Preste atenção, agora, em algo muito simples e muito im- portante: o argumento apenas será contraválido quando suas premissas forem verdadeiras e sua conclusão for falsa. A seguir, temos um simples quadro de dedução: PREMISSAS V F F V CONCLUSÃO V F V F Só podemos ter essas combinações de valores entre pre- missas e conclusão de um argumento, lembrando que a última combinação (V/F) indica um argumento contraválido. E qualquer proposição (seja premissa ou conclusão) será atômica, quando apresentar um enunciado simples, ou molecu- lar, quando apresentar um enunciado composto. Por exemplo: • Proposição Atômica: "chove". • Proposição Molecular: "chove e fico resfriado". Com esses tipos de proposição é que trabalharemos neste estudo. 16 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Mas, até agora, tudo o que falamos serviu apenas como introdução, pois ainda não vimos nada de simbólico. A partir da- qui, ficará mais claro o que se explica. Vejamos alguns exemplos de símbolos: p, q, r, s... P, Q, R, S... Os símbolos que usamos para as proposições são sempre letras, e normalmente partimos das seguintes letras: p, q, r, s... Letras minúsculas designam sempre proposições atômicas, en- quanto as maiúsculas designam proposições moleculares. A proposição "chove" é uma proposição atômica, vamos chamá-la de p; a proposição "fico resfriado" é uma proposição atômica, que chamaremos de q. Mas, se eu juntar essas duas, teremos uma proposição molecular: a proposição "chove e fico resfriado" chamaremos de R. Assim, toda proposição pode ser transformada simbolica- mente; apenas é preciso prestar muita atenção para fazer a tra- dução simbólica corretamente. • Chove (p). • Fico resfriado (p). • Chove e fico resfriado (R). Observe que, quando juntamos as duas, usamos um co- nectivo entre elas. A proposição é "chove e fico resfriado", por- tanto é preciso que também essa conexão seja simbolizada. Daí, temos, também, símbolos para os conectivos; por exemplo, para o conectivo e, temos este símbolo . • Conectivo: e = . Então, veja como fica a proposição "chove e fico resfriado": p q Assim, temos a proposição escrita simbolicamente. 17© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Você entendeu bem até aqui? Para prosseguir, você já deve até ter suposto que teremos, então, um símbolo para cada co- nectivo; observem: 1) Chove (p). – Não chove (~p). 2) Fico resfriado (q). – Não fico resfriado (~q). 3) Chove e fico resfriado (p q). 4) Chove ou fico resfriado (p q). 5) Se chove, então fico resfriado (p q). 6) Se, e somente se, chove, fico resfriado (p q). 7) Se não chove, não fico resfriado (~p ~q). Você se acostumará, no decorrer dos estudos, com os vários símbolos; lembre-se de que somente a prática levará à assimilação. Agora voltemos ao exemplo anterior; preste atenção, pois, para cada proposição, atribuiremos um símbolo: 1)Existe mal no mundo (p). 2) Se existe mal no mundo (p), Deus não pode evitar o mal (~q) ou Deus não quer evitar o mal (~r). 3) Se Deus não pode evitar o mal (~q), Deus não é onipo- tente (~s). 4) Se Deus não quer evitar o mal (~r), Deus não é bene- volente (~t). 5) Portanto, Deus não é onipotente (~s) ou Deus não é benevolente (~t). Tendo atribuído os símbolos para proposições, faremos o mesmo agora para os conectivos. 18 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1) Existe mal no mundo (p). 2) Se existe mal no mundo, Deus não pode evitar o mal ou Deus não quer evitar o mal (p (~q ~r)). 3) Se Deus não pode evitar o mal, Deus não é onipotente (~q ~s). 4) Se Deus não quer evitar o mal, Deus não é benevolente (~r ~t). 5) Portanto, Deus não é onipotente ou Deus não é bene- volente (~s ~t). Como ficou, então, nosso argumento em linguagem sim- bólica? Veja: p p (~q ~r) ~q ~s ~r ~t ~s ~t Até aqui, mostramos o que é a linguagem simbólica e como traduzir um argumento para tal linguagem. Não se esqueça de que cada letra simboliza uma proposição. A seguir, veremos a construção de Tabelas de Verdade e o que significam as provas formais de validade. Vamos lá? De início, precisamos aprender a construir um diagrama e uma Tabela de Verdade. Você deve se lembrar de que uma pro- posição só pode ter um único valor de verdade: ou ela é verda- deira (V) ou é falsa (F). Assim, para uma proposição p, temos duas únicas possibilidades. Teremos, portanto, o seguinte diagrama: 19© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Figura 1 Diagrama 1. Mas, imagine que tenhamos um argumento com duas pro- posições: p e q. O que vai acontecer? Simplesmente teremos, também, duas possibilidades de valores para a proposição q, e isso acontecerá para cada valor de p. Quando a proposição p for V, a proposição q poderá ser V ou F, e quando a proposição p for F, a proposição q também poderá ser V ou F. Essas possibilidades podem aparecem repre- sentado pela a Figura 2 a seguir, observe: Figura 2 Diagrama 2. 20 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Mas, e se tivermos um argumento com três proposições: p, q e r? Observe: para cada valor de q, teremos r, que poderá ser V ou F. Agora tente construir o diagrama para as três pro- posições. Quando você terminar de construir o diagrama, verifi- que quantas combinações de valores são possíveis com aquelas proposições. Você poderá fazer isso com quantas proposições forem necessárias: o diagrama apenas vai aumentar de tamanho, mas você continua a construí-lo da mesma maneira. Preste atenção! Quantas proposições tínhamos para a construção do diagrama? Eram 3. E chegamos a 8 combinações diferentes. Isso pode ser obtido por uma fórmula, que é 2n, sen- do que n é o número de proposições. Dessa maneira, com 3 pro- posições, tínhamos 23, que é igual a 8. No entanto, o que mais utilizamos não é o diagrama, e sim a chamada "Tabela de Verdade". Para sua construção, começa- mos da mesma maneira que o diagrama: temos 3 proposições; assim, fazendo 2n, teremos 8 linhas na tabela. Vejamos como esboçar as mesmas relações que traçamos no diagrama na Tabela de Verdade. Em primeiro lugar, apenas lançaremos os valores de p. Dividimos a coluna pela metade, co- locando o valor V na primeira parte e o valor F na segunda, como representado a seguir: p q V V F F 21© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Em seguida, faremos o mesmo com a coluna q. Cada uma das partes anteriores será dividida pela metade, e serão atribuí- dos valores V e F. O resultado é o que aparece a seguir: p q V V V F F V F F Assim, temos nossa tabela completa, com os valores em todas as combinações possíveis. Observe que as combinações são as mesmas obtidas pelo diagrama. É muito importante treinar essas construções; prati- que sempre mais, para que adquira habilidade nessa atividade. Você se lembra de que, quando simbolizamos as proposi- ções, também o fizemos com os conectivos? A questão é: como trabalhar com os conectivos nas Tabelas de Verdade? Aqui, co- meçamos o Cálculo Proposicional. Para cada conectivo, teremos uma tabela diferente. Você não conhecerá todos aqui; é importante, apenas, que você en- tenda o que está acontecendo. Tomemos duas proposições ao mesmo tempo: 1) Chove. 2) Não chove. Você deve concordar que as duas não podem ter o mesmo valor, se forem tomadas juntas: "Chove e não chove". Assim, se 1 é verdadeira, 2 tem de ser falsa; e, se 1 for falsa, 2 tem de ser verdadeira. Como representamos isso simbolicamente? Veja: 22 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO p ~p V F F V Vejamos agora, como se relacionam juntas outras duas proposições: 1) Viajamos para a praia. 2) Viajamos para o sítio. E construímos uma proposição molecular: "viajamos para a praia ou para o sítio"; (simbolicamente: p q). Estamos afir- mando que podemos ter ido para a praia ou para o sítio, mas não aos dois ao mesmo tempo. Então perguntamos: quando essa proposição molecular será totalmente falsa? Somente quando não formos para ne- nhum dos dois lugares ou quando dissermos que fomos para a praia e para o sítio ao mesmo tempo, ou seja: quando as duas forem verdadeiras, ou quando as duas forem falsas. Vejam como montamos a Tabela de Verdade: Primeiro, construímos a tabela, apenas com as proposi- ções atômicas, como vimos agora há pouco: p q V V V F F V F F Depois, acrescentamos uma coluna para a proposição mo- lecular e calculamos os valores conforme dissemos agora: 23© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO p q p q V V F V F V F V V F F F Outro exemplo: alguém diz "eu tenho um carro e uma moto". Um outro alguém pode dizer: "isso é verdade, pois você tem os dois". Outra pessoa diz: "isto é falso, pois você só tem uma moto". Outro ainda diz: "isso é falso, pois você só tem um carro". E mais uma pessoa diz: "isso é falso, pois você não tem nenhum dos dois". Desse exemplo, podemos construir mais uma tabela dife- rente. "Eu tenho um carro" será a proposição p, e "eu tenho uma moto" será a proposição q. Assim, simbolizando a proposição "eu tenho um carro e uma moto", teremos: p q. Vamos construir a tabela da mesma maneira como a anterior: p q V V V F F V F F E, agora, acrescentamos a proposição molecular p q: p q p q V V V V F F F V F F F F 24 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Você só precisa treinar para entender bem como fazer esse cálculo, pois ele é simples. Por isso, faça cada atividade proposta e procure sempre por exercícios extras; só assim você alcançará o sucesso. Aqui visualizamos apenas as tabelas de proposições atômi- cas e moleculares. O mais importante será tratar dos argumen- tos com as Tabelas de Verdade, agora que você já sabe o que é uma tabela e o que ela significa. Se, em algum momento, você não se lembrar dos valores de uma tabela, substitua os símbolos pelas proposições e tente raciocinar a partir delas – sempre tendo em mente que a lingua- gem simbólica é mais simples, e por isso simplifica a atividade, tornando sua resolução mais rápida. Vamos analisar a validade de um argumento para você ver que não é algo tão complicado quanto parece. Antes de qualquer coisa, perguntamos: quando um argumento é contraválido? Você se lembra? Disto você não pode esquecer: um argumento é contraválido sempre que apresenta premissas verdadeiras e con- clusão falsa. Considere, então, o argumento: • Ele viajou para a praia ou para o sítio. • Ele não viajou para a praia. • Portanto, ele viajou para o sítio. Em linguagem simbólica, temos as duas premissas e a conclusão: p q ~p q 25© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Vamos, agora, construir a Tabela de Verdade: primeira- mente, colocamos as proposições atômicas (p, q, ~p) e, na última coluna, colocamos a proposição molecular (p q). Em seguida, completamos com os valores da maneira como foi colocado an- teriormente, e depois calculamos os valores necessários: p q ~p p qV V F F V F F V F V V V F F V F Note que as premissas são as duas últimas colunas, en- quanto a conclusão é a segunda coluna. Como avaliamos, então, se o argumento é válido? É simples: em alguma das linhas da tabela, aparecem as premissas verdadeiras e a conclusão falsa? Não. Portanto, o argumento é válido. No entanto, imagine se você tiver que verificar a validade de um argumento que tenha cinco proposições – como é o caso daquele exemplo dado anteriormente sobre a "existência do mal no mundo": seria uma tabela bem grande, que poderia até nos confundir. Ainda bem que temos algumas regrinhas que facilita- rão nosso trabalho: são as regras de inferência. Regras de inferência são modelos de argumentos que são sempre válidos, não havendo a necessidade de comprovar com a Tabela de Verdade. Com tais regras, é possível construir as chamadas "provas formais de validade". Essas provas formais são simplesmente a utilização das várias regras de inferência para mostrar que das premissas é possível – ou não – chegar à conclusão. E sem a ne- 26 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO cessidade de construção de tabela! É importante que você me- morize as regras no momento em que as estudar e saiba que, quando estiver praticando nas atividades, já terá mudado a pró- pria maneira de raciocinar. Por exemplo, tomemos novamente este vltimo exemplo de argumento: p q ~p q Nem precisaríamos construir a tabela, pois esse argumen- to é uma regra de inferência chamada "Silogismo Disjuntivo"; já saberíamos que ele é válido, e o demonstraríamos assim: SILOGISMO DISJUNTIVO 1. p q 2. ~p 3. q A primeira premissa, que vamos chamar de linha 1, é (p q) e a segunda premissa é (~p), e vamos chamar de linha 2, e (q) é a conclusão – linha 3. Indicamos, então, que, aplicando a regra do Silogismo Dis- juntivo (SD) com as linhas 1 e 2, chegaremos à conclusão (q). E, assim construímos uma prova formal de validade. 1. p q 2. ~p 3. q (1,2 SD) 27© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Enfim, em linhas gerais, mostramos o que esperamos que você consiga fazer depois deste estudo. Certamente, não é a coi- sa mais fácil estudar Lógica; aqui foi diferente, pois utilizamos exemplos simples e não tratamos de todas as regras. Será preciso que você se dedique muito, e saiba que esse conteúdo é muito importante para sua formação intelectual e que os frutos desses estudos se estenderão a toda sua vida, pois afetarão diretamente sua maneira de raciocinar. Esta breve apresentação da Lógica Simbólica deve ser encarada como uma introdução a seus estudos, para esclareci- mento dos principais conteúdos que o aguardam. E, lembre-se de que, para aprender a linguagem e fixar a regras estudadas, é importante que você faça os exercícios propostos nesta obra. Esperamos que os estudos desses conteúdos o ajudem a organi- zar os seus estudos de Lógica, que é uma disciplina fundamental para os estudantes de Filosofia. Bons ventos! Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados em Lógica II. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Cálculo Proposicional: consiste em um sistema formal, no qual as fórmulas representam proposições que po- dem ser formadas pela combinação de proposições atômicas, usando conectivos lógicos e um sistema de regras de inferência, que permite que certas fórmu- las sejam estabelecidas como teoremas do sistema formal. 28 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 2) Cálculo de Predicados: sistema lógico que estende a Lógica Proposicional. Para tanto, utiliza-se do quanti- ficador universal e do quantificador existencial. O Cál- culo de Predicados também é conhecido como "Lógica de Primeira Ordem". 3) Contradição: proposição falsa, independentemente dos valores de verdade atribuídos aos componentes mais elementares. 4) Contingência: aquela proposição que depende do va- lor de verdade das suas partes mais elementares. 5) Princípio de Identidade: todo objeto é idêntico a si mesmo. 6) Princípio de Não Contradição: dadas duas proposições contraditórias (uma é negação da outra), uma delas é falsa. 7) Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição ou é verdadeira ou é falsa, e não há um terceiro caso possível. 8) Problema Ontológico: consiste no problema filosófi- co de investigar e determinar quais tipos de entidades existem. 9) Lógica Clássica: compreende, de um modo geral, o Cál- culo Proposicional e o Cálculo de Predicados e aceita como válidos o Princípio de Identidade, de Não Con- tradição e do Terceiro Excluído. 10) Lógicas Não Clássicas: podem ampliar o escopo da Ló- gica Clássica ou revogar alguns de seus princípios. As Lógicas Complementares, ou Lógicas Ampliadas, con- sideram que a Lógica Clássica está correta dentro dos seus limites. Já as Lógicas Alternativas, também cha- 29© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO madas de "heterodoxas", partem do princípio de que a Lógica Clássica está errada e precisa ser substituída. 11) Tabela de Verdade: é uma tabela matemática, utiliza- da para verificar se uma fórmula é verdadeira ou falsa e para verificar se os argumentos expressos no Cálculo Proposicional são válidos ou inválidos. 12) Tautologia: proposição verdadeira, independentemen- te dos valores de verdade atribuídos aos seus compo- nentes mais elementares. Esquema dos conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteú- dos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, enten- de-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 30 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pes- quisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do alu- no. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configu- re como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os ma- teriais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes es- truturas cognitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimen- to, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizadoem conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs. br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 31© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Lógica II. Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes desse estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os principais conceitos desta obra e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o Cálculo Proposicional e o Cálculo de Predicados são parte da Lógica Clássica, pois respeitam os Princípios de Identidade, de Não Contradição e do Terceiro Excluído. 32 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no am- biente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no polo. Lembre-se de que você, alu- no EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas ques- tões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Filosofia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você es- tará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua práti- ca profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas de múltipla escolha. 33© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO As questões de múltipla escolha são as que têm como res- posta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteú- dos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determi- nada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bi- bliografias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orienta- ções para o estudo da unidade. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in- tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilus- trativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos da obra, pois relacionar aquilo que está no campo vi- sual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser hu- mano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunica- 34 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO ção, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprenden- do a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Obser- var é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas po- derão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de pro- duções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você am- plie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas ques- tões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procuran- do sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. 35© LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este estudo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANQUINHO, J.; MURCHO, D. Enciclopédia de termos lógico-filosóficos. Lisboa: Grádiva, 2001. COPI, I. M. Introdução à Lógica. São Paulo: Mestre Jou, 1978. MORTARI, C. A. Introdução à Lógica. São Paulo: Unesp, 2001. 36 © LÓGICA II CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 37 UNIDADE 1 QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 1. OBJETIVOS • Conhecer as noções básicas envolvidas numa aborda- gem formal à Lógica. • Conhecer e familiarizar-se com os símbolos lógicos utili- zados na Lógica Simbólica. 2. CONTEÚDOS • Proposição. • Princípios da Não Contradição e Terceiro Excluído. • Valores de Verdade, Proposições Simples e Compostas. • Conectivos. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades desta obra. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e desempenho. 38 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 2) Para atingir os objetivos propostos desta unidade, atente para o papel dos conectivos na Lógica Simbóli- ca. Eles foram desenvolvidos para eliminar a ambigui- dade da linguagem corrente e, dessa forma, permitir que essa linguagem seja formalizada. Ao observar es- ses conectivos, todos compreendem o seu significado, que está expresso na Tabela de Verdade. Não é preciso decorar essas tabelas. O importante é compreender o processo que levou à simbolização de linguagem. Com o desenvolvimento dos exercícios, o significado desses conectivos será assimilado de forma natural. Atente, também, para os princípios da Lógica Clássica: Identi- dade, Não Contradição e Terceiro Excluído. Eles podem ser expressos em linguagem simbólica. 3) Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com esta obra e discuta a unidade com seus colegas e com seu tutor. 4) Para compreender ainda mais esse conteúdo, pesqui- se, em livros, revistas e na internet, sobre a Lógica Ma- temática. Não se limite somente aos conteúdos aqui abordados. 5) Antes de iniciar os estudos desta unidade, é interes- sante que você conheça um pouco da biografia dos pensadores, cujo pensamento norteia nosso estudo. Para saber mais, acesse os sites indicados: 39© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA George Boole Matemático, lógico, professor e autor inglês, nascido em Lincoln, Lincolnshire, cujos estudos deu início a um processoque conduziria a importantes aplicações tecnológicas, tais como os computadores eletrônicos baseados em dígitos binários. De uma família sem muitos recursos, foi praticamente um autodidata, inicialmente se dedicando ao estudo de latim e grego, tornando-se professor para seu sustento (1831) e fundando sua própria escola (1835). Paralelamente se interessou por matemática, estudou obras de Newton, de Laplace e de Lagrange e começou a publicar suas idéias sobre o assunto tornando-se, então, autor de importantes textos sobre equações diferenciais e transformação linear, com ênfase no conceito de invariância. Foi, então, condecorado com uma medalha da Royal Society por suas contribuições ao desenvolvimento da análise matemática (1844). Depois divulgou uma de suas mais originais contribuições em The mathematical analysis of logic (1847), com os princípios da moderna lógica simbólica, mostrando que a esta deveria ser associada à matemática e acabando com a controvérsia sobre lógica criada entre William Hamilton e De Morgan e conseguindo com esta publicação, o cargo de professor de matemática no recém-fundado Quenns College, da cidade irlandesa de Cork (1849), apesar de não possuir grau universitário. O desenvolvimento de suas idéias deu origem à chamada álgebra de Boole ou álgebra booliana, base da lógica simbólica e das probabilidades e sua principal obra, apresentada no livro An Investigation into the Laws of Thought, on Which Are Founded the Mathematical Theories of Logic and Probabilities (1854), considerada um clássico na história da matemática. Com este trabalho ganhou o grau honorário da Universidade de Dublin. Faleceu em Ballintemple, County Cork, Irlanda e é considerado o pai da lógica matemática moderna por introduzir o uso de símbolos matemáticos para expressar processos lógicos de forma que estes possam ser lidos com o mesmo rigor de uma equação algébrica. Sua obra foi continuada por De Morgan e Benjamin Pierce (Imagem disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/George_Boole>. Acesso em: 14 set. 2015. Texto disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/GeoreBoo.html>. Acesso em: 14 set. 2015. 40 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Friedrich Ludwig Gottlob Frege Gottlob Frege nasceu a 8 de Novembro de 1848 em Wis- mar, Merklenberg Schwerin (actualmente Alemanha). Estudou na Universidade de Jena (1869-1871) e na Universidade de Gottingen (1871-1873), dedicando-se à Matemática, à Física e à Química. Ensinou na Universi- dade de Jena no departamento de Matemática onde per- maneceu o resto da sua vida profissional. Inicialmente ensinava qualquer ramo da matemática mas as suas pu- blicações eram fundamentalmente no campo da lógica. Os seus estudos em Filosofia da Lógica, Filosofia da Ma- temática e Filosofia da Linguagem fazem de Frege um dos maiores matemáticos, lógicos e filósofos de sempre. Frege queria mostrar que a aritmética era idêntica à lógica e pode-se dizer que recriou a disciplina da lógica ao construir o primeiro «cálculo de predicados». Um cálculo de pre- dicados é um sistema formal constituído por duas componentes: a linguagem formal e a lógica. Tal como Leibniz (1646-1716), pensava que a característica específica da Ma- temática era a construção de cálculos que poderiam ser interpretados sem referência a números ou quantidades. Contudo, como consideram Marta e Kneale, Frege "foi mais longe do que qualquer dos seus predecessores na sua exigência de rigor formal dentro da lógica, e a teoria dedutiva ou cálculo que elaborou é a maior realização alguma vez alcançada na história da lógica". Confrontado com a ambiguidade da linguagem usual e com a inadequação dos sistemas lógicos existentes, Frege inventou inúmeras notações simbólicas, tais como "quantificadores e variáveis, que pudessem fornecer fundamentos para a lógica matemática moderna. E, na tentativa de concretizar as ideias de Leibniz de uma linguagem universal adequada de um cálculo racional, Frege desenvolveu uma ideografia – Begriffsschrift. No entanto, o seu trabalho não foi muito bem recebido. Aliás, pode mesmo dizer-se que, inicialmente, foi igno- rado, mas teve grande influência em Bertrand Russell, como podemos ver atra- vés da carta que Russel enviou a Frege. Frege faleceu a 26 de Julho de 1925 em Bad Kleinen, Alemanha (Imagem disponível em: <http://www.iep.utm.edu/ frege/>. Acesso em: 14 set. 2015. Texto disponível em: <http://www.academia. edu/8778814/Friedrich_Ludwig_Gottlob_Frege>. Acesso em: 14 set. 2015). 41© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 4. INTRODUÇÃO Ao iniciar os estudos desta obra, acreditamos que você já tenha aprendido sobre a Teoria do Silogismo de Aristóteles e como julgar a validade de argumentos. A Lógica Aristotélica foi predominante até o século 19, o que levou pensadores como Kant a afirmar que não havia mais como desenvolver a Lógica. A previsão de Kant foi equivocada, pois, poucos anos de- pois, o inglês George Boole apresentou um cálculo lógico que foi precursor do que hoje conhecemos por Lógica Simbólica. No entanto, é com o filósofo e matemático Johann Gottlob Frege que a lógica contemporânea avançou de maneira decisiva. Como coloca Cezar Mortari: Ao contrário de Aristóteles, e mesmo de Boole, que procura- vam identificar as formas válidas de argumento, a preocupação básica de Frege era a sistematização do raciocínio matemático, ou, dito de outra maneira, encontrar uma caracterização pre- cisa do que é uma demonstração matemática. Você sabe que, na matemática, para mostrar que uma proposição é verdadeira (um teorema) não se recorre à experiência ou à observação, como em várias outras ciências. Na matemática – para colocar as coisas de um modo simples –, a verdade de uma proposição é estabelecida por meio da demonstração dela, isto é uma se- quência argumentativa (dedutiva) mostrando que ela se segue logicamente de outras proposições aceitas (ou já mostradas verdadeiras). Ora, Frege havia notado que os matemáticos da época frequentemente cometiam erros em suas demonstra- ções, supondo assim que certos teoremas estavam demonstra- dos, quando na verdade não estavam. Para corrigir isso, Frege procurou formalizar as regras da demonstração, iniciando com regras elementares, bem simples, sobre cuja aplicação não houvesse dúvidas. O resultado, que revolucionou a lógica, foi a criação do cálculo de predicados (MORTARI, 2001, p. 29). 42 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Como podemos depreender das palavras do professor Mortari, a Lógica teve um importante desenvolvimento. E é essa nova maneira de conceber a Lógica que apresentaremos em Ló- gica II. 5. PROPOSIÇÕES Para iniciar nosso estudo, precisamos definir o que é uma proposição, pois esta é o elemento básico do raciocínio em Ló- gica Simbólica. De acordo com Alencar Filho (2002, p. 11), uma proposição é todo conjunto de palavras ou símbolos que expri- mem um pensamento de sentido completo. Como exemplos de proposições, temos: 1) Sergio foi ao mercado. 2) Sergio foi ao cinema ou ao mercado. 3) Se Paula foi ao mercado, então fez compras. 4) Todo político é desonesto. Porém, para operar logicamente com proposições como as mencionadas anteriormente, temos que adicionar dois Princí- pios Metodológicos: • Princípio da Não Contradição: uma proposição não pode ser ao mesmo tempo falsa e verdadeira. • Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição ou é verdadeira ou é falsa, e não há um terceiro caso possível. Em função dessas duas regras, o que muda no estudo da Lógica Simbólica? 43© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Em virtude desses dois princípios, a Lógica Simbólica é uma Lógica Bivalente, isto é, apenas dois valores podem ser atribuí- dos às proposições: Verdadeiro (V) ou Falso (F). O Princípio da Não Contradição exclui a possibilidade de que uma proposição seja julgada como contendoalgum tipo de meia verdade. Já o Princípio do Terceiro Excluído generaliza essa situação para todas as proposições que são objeto da Lógica. Alguns sistemas lógicos contemporâneos procuram escapar das limitações impostas pelos Princípios da Não Contradição e do Terceiro Excluído, surgindo, então, os sistemas de Lógica Po- livalente. Valores de verdade Com base nas regras de Não Contradição e do Terceiro Ex- cluído, como podemos definir o que é valor de verdade? Como podemos formalizar as proposições e atribuir-lhes os valores como Verdade ou Falsidade? Como são os termos utilizados para a formalização? Denomina-se valor de verdade de uma proposição a atri- buição de ela ser verdadeira ou falsa. Abreviadamente, se uma proposição é verdadeira, assinalamos o valor de verdade V; se ela for falsa, assinalamos o valor F. De acordo com os Princípios de Não Contradição e do Terceiro Excluído, obtém-se, então, que toda proposição tem um, e somente um, dos valores V ou F". 44 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Proposições simples e compostas Após verificarmos como são classificadas as proposições, surge a questão: qual nome iremos dar a um determinado tipo de proposição? Quais os critérios para classificação? As proposições podem ser classificadas como simples (ou atômicas) ou como compostas (ou moleculares). Elas são simples quando não contêm dentro de si nenhu- ma outra proposição, e compostas (ou moleculares) quando são a combinação de duas ou mais proposições. Por exemplo, a proposição "José foi ao teatro" é uma pro- posição simples. Já a proposição "José foi ao teatro e ao restaurante" é uma proposição composta, que poderia ser subdividida em: • José foi ao teatro. • José foi ao restaurante. Para facilitar a manipulação das proposições, os lógicos costumam denominá-las por símbolos simples. Dessa forma, qualquer proposição atômica pode ser assinalada por qualquer letra minúscula (por exemplo: p, q, r, s etc.). Já as proposições moleculares são assinaladas por letras maiúsculas (P, Q, R, S etc.). Quando se deseja assinalar que determinada proposição molecular X é composta por proposições atômicas w, y e z, es- creve-se: X (w, y, z), querendo dizer que X é o conjunto formado por w, y e z. Essa organização dos símbolos simples não nos recorda a teoria dos conjuntos, conteúdo das aulas de Matemática, a qual nos demonstra que determinados objetos de utilidade parecida 45© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA (bolas, carrinhos, bonecas etc.) podem entrar em grupo específi- co, chamado "grupo dos brinquedos"? Agora que você já sabe como transformar as proposições atômicas e moleculares em linguagem simbólica, está apto a compreender como os conectivos que ligam essas proposições umas às outras em um argumento são simbolizados pela Lógica Simbólica. Vamos lá? 6. CONECTIVOS E TABELAS DE VERDADE O que são conectivos? Quais são eles? Como são utilizados? Os conectivos são palavras utilizadas para formar novas proposições a partir de outras. O mais importante é notar que eles são formas de operação sobre proposições. Os conectivos mais utilizados são: e", "ou", "não", "se... então", "se, e somen- te se". Como exemplo de proposições compostas formadas por proposições atômicas ligadas por conectivos, temos: P O número 7 é ímpar e é primo. Q Ou você está gripado ou você está com dengue. R Hoje não está chovendo. S Se você estudar, então você é um bom aluno. T Você vai ser aprovado se, e somente se, estudar a apostila. Depois de conhecer como se utilizam os conectivos em conjunto com os valores de verdade, vamos conhecer o funcio- namento da Tabela de Verdade. 46 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Conjunção O enunciado conjuntivo é caracterizado pela combinação de duas proposições pela conjunção e. Assim, o enunciado com- posto "Carla foi ao clube e à ópera é uma conjunção cujos con- juntivos são Carla foi ao clube" e "Carla foi à ópera". Para formalizarmos em outras palavras: se colocarmos em símbolos esse tipo de proposição, recorremos à seguinte notação: a) Cada enunciado será representado por uma única letra minúscula. b) A conjunção e será representada pelo símbolo . Logo, o enunciado anterior, em nossa notação, pode ser escrito da seguinte forma: p q Relembramos, anteriormente, que todo enunciado ou proposição possui um valor de verdade, ou seja, deve ser verdadeiro ou falso. Desse modo, dados quaisquer enunciados p e q, temos quatro combinações possíveis de valores de verdade que podemos atribuir, a saber: 1) Se p é verdadeiro e q e verdadeiro, p q é verdadeiro. 2) Se p é verdadeiro e q é falso, p q é falso. 3) Se p é falso e q é verdadeiro, p q é falso. 4) Se p é falso e q é falso, p q é falso. Observando as combinações anteriores, podemos dizer que uma conjunção é verdadeira apenas quando ambos os conjuntivos são verdadeiros e disso decorre a seguinte Tabela de Verdade: 47© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA p q p q V V V V F F F V F F F F Com essa Tabela de Verdade, conseguimos definir o sím- bolo , visto que a tabela abrange todos os valores de verdade possíveis que podem ser assumidos por p e q. Disjunção Temos um enunciado disjuntivo quando a palavra ou está entre enunciados compostos. O conectivo ou possui dois senti- dos diferentes: um inclusivo e outro exclusivo. O sentido inclusivo é aquele de e/ou, ou seja, podemos ter uma possibilidade, outra possibilidade ou, ainda, ambas. A título de exemplo, podemos dizer que "Paulo é advogado ou filósofo". Desse modo, temos que Paulo pode ser advogado, filósofo ou os dois. Já o sentido exclusivo do ou pode ser entendido como uma possibilidade ou outra. Por exemplo, "Margarete será eleita pre- sidente do Brasil ou Neusa será eleita presidente do Brasil". Nesse caso, é óbvio que ambas as possibilidades não podem acontecer. Assim, temos duas funções de verdade para a disjunção, porém, no Cálculo Proposicional Clássico, costuma-se represen- tar, por meio do símbolo , a disjunção inclusiva, que é a única utilizada nesse cálculo. Como na conjunção, temos quatro combinações possíveis de valores de verdade, a saber: 48 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 1) Se p é verdadeiro e q e verdadeiro, p q é verdadeiro. 2) Se p é verdadeiro e q é falso, p q é verdadeiro. 3) Se p é falso e q é verdadeiro, p q é verdadeiro. 4) Se p é falso e q é falso, p q é falso. Pela combinação anterior, temos que a disjunção só é falsa quando ambos os enunciados são falsos, o que nos dá a Tabela de Verdade a seguir: p q p q V V V V F V F V V F F F Já a Tabela de Verdade para disjunção exclusiva seria a seguinte: p q p q V V F V F V F V V F F F É conveniente observar que, pela definição da disjunção inclusiva, a proposição "O São Paulo foi o campeão da Liberta- dores de 2005 ou A lua é feita de queijo" é uma disjunção verda- deira, mesmo não havendo nenhuma relação entre os disjuntos. 49© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Negação De um modo geral, podemos expressar a negação de um enunciado inserindo nele a palavra não. Utilizaremos o símbolo ~ para expressar essa palavra. Desse modo, se p simboliza a propo- sição "Silvia é uma excelente aluna", ~p simboliza a proposição "Silvia não é uma excelente aluna". Temos, então, que, se uma determinada proposição p é verdadeira, sua negação será falsa e vice-versa. Podemos ex- pressar esse fato por meio da seguinte Tabela de Verdade: p ~p V F F V Podemos considerar a tabela anterior como a definição do símbolo de negação. Implicação Material A tradução da frase se..., então, que caracteriza a implica- ção material para linguagem simbólica, não é uma tarefa fácil. Isso porque, na linguagem comum, existem vários significados possíveis para essa expressão. Porém, os lógicos concordamque há, pelos menos, uma coisa em comum entre as diferentes pro- posições: todos concordam que, se o antecedente de uma impli- cação for verdadeiro e o consequente for falso, então, a impli- cação deve ser falsa. Logo, na proposição: se você não estudar, então não será aprovado, o antecedente é se você não estudar, e o consequente é então não será aprovado". Assim os lógicos, procurando atender às necessidades da matemática, optaram pela seguinte Tabela de Verdade: 50 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA p q p q V V V V F F F V V F F V Essa situação é um tanto estranha, pois essa definição tor- na verdadeiro o seguinte argumento: "Se os homens têm quatro pernas, então o Brasil é heptacampeão mundial de futebol", vis- to que, por nossa tabela, quando o antecedente é falso, a impli- cação é verdadeira. Existem objeções a essa caracterização tradicional da implica- ção material formulada pelos criadores da Lógica Modal e da Ló- gica Relevante. Para mais informações sobre essas lógicas, leia o livro: MORTARI, C. Introdução à Lógica. São Paulo: Unesp, 2001. Veremos mais sobre esse assunto na Unidade 4 desta obra. Bi-implicação As dificuldades que encontramos para caracterizar os con- dicionais também se aplicam na análise dos bicondicionais. Para facilitar nosso trabalho, basta entender que uma bi- -implicação consiste em uma implicação nas duas direções, ou seja: p q, que é o mesmo que (p q) (q p). Assim, fazendo os cálculos, nossa Tabela de Verdade será a seguinte: 51© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA p q p q V V V V F F F V F F F V Podemos entender, também, o bicondicional como uma equivalência. Desse modo, para proposições com valores de verdade iguais, segue-se que a bi-implicação é verdadeira; caso contrário, esta será falsa. Pontuação Antes de passarmos às atividades, devemos fazer referên- cia à pontuação na Lógica Simbólica. Para enunciados compos- tos, assim como na Matemática, devemos efetuar corretamente a pontuação, a fim de evitar ambiguidades. Por exemplo, a ex- pressão 4 X 7 + 9 pode ter seu resultado alterado se os parênte- ses forem ordenados da seguinte forma: 4 X (7 + 9) ou (4 X 7) + 9. Assim, se não pontuada corretamente, a expressão p q r pode significar tanto (p q) r quanto p (q r). No caso de expressões similares a ~ p q, para evitar o número de parênteses, convenciona-se que a negação se aplica somente à proposição p, diferenciando-se, assim, da expressão ~ (p q). 52 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 7. TEXTOS COMPLEMENTARES O Estabelecimento da Semântica Científica ––––––––––––– O excerto pertence ao artigo "O Estabelecimento da Semântica Cientifica" do lógico polonês Alfred Tarski e se encontra no livro A concepção semântica da verdade. Textos clássicos de Tarski, organizado por Cezar A. Mortari e Luiz Henrique de Araújo Dutra e publicado pela Editora Unesp em 2006. Diante da possível ocorrência de antinomias, o problema de especificar a es- trutura formal e o vocabulário de uma linguagem na qual a definição dos con- ceitos semânticos serão dadas torna-se especialmente sério. Voltamos agora para esse problema. Há certas condições gerais sob as quais se considera que a estrutura de uma linguagem está exatamente especificada. Assim, para especificar a estrutu- ra de uma linguagem, devemos caracterizar sem ambigüidade a classe de palavras e expressões que serão consideradas significativas. Em particular, devemos indicar todas as palavras que decidimos usar sem definição, e que são chamadas ‘termos não-definidos (ou primitivos)’, e apresentar as chama- das regras de definição para introduzir termos definidos ou novos. Além dis- so, devemos estabelecer os critérios para distinguir, na classe de expressões, aquelas que denominaremos ‘sentenças’. Finalmente, devemos formular as condições sobre as quais uma sentença pode ser afirmada; em particular, de- vemos indicar todos os axiomas (ou sentenças primitivas), isto é, as sentenças que decidimos afirmar sem prova. E devemos fornecer as chamadas regras de inferência (ou regras de demonstração) por meio das quais podemos deduzir novas sentenças, afirmadas a partir de outras sentenças previamente afirma- das. Os axiomas, assim como as sentenças deles deduzidas por meio das regras de inferência, são chamados ‘teoremas’ ou ‘sentenças demonstráveis’. Se, ao especificar a estrutura de uma linguagem, referimo-nos exclusivamente à forma das expressões envolvidas, a linguagem é dita formalizada. Em tal linguagem, os teoremas são as únicas sentenças que podem ser afirmadas. No momento presente, as únicas linguagens com uma estrutura especificada são as linguagens formalizadas de vários sistemas de lógica dedutiva, possi- velmente enriquecidas pela introdução de certos termos não-lógicos. Contudo, o campo de aplicação dessas linguagens é bastante abrangente. Somos capa- zes, teoricamente, de desenvolver neles vários ramos da ciência, por exemplo, a matemática e a física teórica (TARSKI, 2006, p. 165-166, grifos do autor). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 53© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Sobre a história da Lógica, a Lógica Clássica e o surgimento das lógicas não clássicas ––––––––––––––––– Devemos mencionar, entre os precursores da lógica contemporânea: Boole (1847) e De Morgan (1847 e 1860) em álgebra da lógica; Peirce, precursor da pesquisa moderna, que introduziu a definição de ordem simples, o primei- ro tratamento do cálculo proposicional como um cálculo com dois valores de verdade e a definição de igualdade, tendo iniciado em 1881 o tratamento dos fundamentos da aritmética; Schröder; e McColl que, em 1877, construiu o pri- meiro cálculo de proposições. Os primeiros cálculos da lógica, introduzidos por esses autores, não chegaram a constituir sistemas no sentido da lógica moderna, mas cálculos num sentido menos rigoroso. Apesar do trabalho precursor de Leibniz, Boole, de Morgan e Peirce, que já se contrapunham à posição de Kant, o verdadeiro fundador da lógica moderna foi Gottlöb Frege. O pensamento de Frege, praticamente desconhecido, foi descoberto por Bertrand Russel. Os passos essenciais para a introdução do método logístico foram dados em 1879, no Begriffsschrift (Frege 1977). O livro contém, pela primeira vez, o cál- culo proposicional em sua forma logística moderna, a noção de função pro- posicional, o uso de quantificadores e a análise lógica de prova por indução matemática. O Begriffsschrift de Frege só é comparável, na história da lógica, aos Analytica Priora de Aristóteles. Frege foi um dos precursores da distinção entre linguagem e meta-linguagem. Em 1884, Frege adota a tese – logicismo – de que a aritmética é um ramo da lógica, no sentido de que todos os termos da aritmética podem ser definidos com o auxílio apenas de termos lógicos e todos os teoremas da aritmética po- dem ser provados a partir dos axiomas lógicos. Essa posição é rigorosamente apresentada por Frege em 1893 (D’OTTAVIANO; FEITOSA, 2003, p. 6). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder, discutir e comen- tar as questões a seguir, que tratam da temática desenvolvida nesta unidade. 54 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos es- tudados para sanar suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas. Confira, a seguir, as ques- tões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1)Quais dos seguintes enunciados são verdadeiros? a) Getúlio Vargas se suicidou Jânio Quadros renunciou. b) ~(Getúlio Vargas suicidou-se Jânio Quadros renunciou). c) ~(Getúlio Vargas suicidou-se) ~(Jânio Quadros renunciou). d) [Getúlio Vargas suicidou-se ~(Jânio Quadros renunciou Getúlio Vargas suicidou-se)]. e) ~(Getúlio Vargas suicidou-se Jânio Quadros renunciou). f) [(Getúlio Vargas suicidou-se Jânio Quadros renunciou) Getúlio Vargas suicidou-se]. 2) Para realizar o seguinte exercício considere que p, q e r são verdadeiros e s, t e u são falsos. Quais enunciados, dentre os seguintes, são falsos? a) (r u) (t q). b) (p q) (t q). c) [p q) r]. d) [p q) u]. e) [((s t) q) u]. f) ~(r u) ~(t ~q). g) (~s t) (t q). h) [u (t q) ~((p q) ~r)]. 55© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA 3) Neste exercício, você irá exercitar seu raciocínio lógico. a) Quatro senhoras "gordinhas" entram num elevador que tem como car- ga máxima 380 kg. Para que não dispare a alarme de excesso de peso e, consequentemente, pare o equipamento, o porteiro do prédio deve calcular o peso das quatro senhoras, mas quanto pesa cada uma? Maria é a mais pesada; se cada uma das outras senhoras pesar tan- to quanto ela, o alarme dispararia e deteria o elevador. Cida é a mais magra, o elevador tem condições de levar até cinco como ela. Renata pesa 14 kg a menos que Maria, e só 6 kg a menos que Leila. Leila pesa 17 kg a mais do que Cida. Os pesos de Maria e de Cida são múltiplos de cinco. b) Preencha o quadro a seguir, levando em consideração as seguintes informações: 1) 3, 6, 8, estão na horizontal superior. 2) 5, 7, 9, estão na horizontal inferior. 3) 1, 2, 3, 6, 7, 9, não estão na vertical esquerda. 4) 1, 3, 4, 5, 8, 9, não estão na vertical direita. Gabarito 1) Para realizar estes exercícios, vamos raciocinar juntos! "Quais dos seguintes enunciados são verdadeiros?" Para responder, primeiramente é preciso transcrever a proposição que está na linguagem natural para a linguagem simbólica; em seguida, deve- -se estabelecer (por meio dos conhecimentos históricos) se o fato referido é falso ou verdadeiro; por último, é preciso aplicar a Tabela de Verdade correspondente. Certo até aqui? Vamos lá! Você sabe se Getúlio Vargas se suicidou? Sim; então, essa proposição é verdadeira e a vamos designá-la com a letra p. E Jânio Quadros renunciou? 56 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Sim, em 25 de agosto de 1961; portanto, essa proposição também é ver- dadeira e vamos designá-la com a letra q. a) Getúlio Vargas se suicidou Jânio Quadros renunciou. Resposta: é uma proposição composta formada por duas proposições simples, com o conectivo lógico , que significa "e". Sua forma propo- sicional é: (p q). b) ~(Getúlio Vargas suicidou-se Jânio Quadros renunciou). Resposta: é uma proposição composta, formada por duas proposições simples, com o conectivo lógico , que significa "ou", e uma negação ~, que, por estar fora do parêntese, altera todo o resultado. Ficou assim: ~(p q) = não é verdade que Getúlio Vargas suicidou-se ou Jânio Quadros renunciou. c) ~(Getúlio Vargas suicidou-se) ~(Jânio Quadros renunciou). Resposta: é uma proposição composta formada por duas proposições simples negativas, com o conectivo lógico , que significa "e". Ficou assim: (~p ~q) = Getúlio Vargas não se suicidou e Jânio Qua- dros não renunciou. d) Getúlio Vargas suicidou-se ~(Jânio Quadros renunciou Getúlio Var- gas suicidou-se). Resposta: é uma proposição composta, formada por duas proposições simples, com o conectivo lógico , que significa "ou, e mais uma pro- posição composta com o conectivo lógico que significa e, com uma negação ~, que altera seu valor lógico. Ficou assim: [p ~(q p)] = Getúlio Vargas suicidou-se ou não é ver- dade que Jânio Quadros renunciou e Getúlio Vargas suicidou-se. 57© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA e) ~(Getúlio Vargas suicidou-se Jânio Quadros renunciou). Resposta: é uma proposição composta, formada por duas proposições simples, com o conectivo lógico , que significa "e", e uma negação ~ que a antecede. Ficou assim: ~(p q) = não é verdade que Getúlio Vargas suicidou-se e Jânio Quadros renunciou. f) (Getúlio Vargas suicidou-se Jânio Quadros renunciou) Getúlio Vargas suicidou-se. Resposta: é uma proposição composta, formada por outra proposição composta com o conectivo lógico , que significa "e, e mais uma pro- posição simples unida pelo conectivo que significa se... então". Ficou assim: [(p q) p] = se Getúlio Vargas suicidou-se e Jânio Qua- dros renunciou, então Getúlio Vargas suicidou-se. Terminando de traduzir as proposições da linguagem natural para a sim- bólica, por fim, estamos em condições de estabelecer o valor de verdade de cada uma das proposições precedentes a partir da Tabela de Verdade correspondente a cada conectivo. Como já estudamos, a Tabela de Verdade é onde consta o valor de verdade de cada proposição atômica, a partir do qual podemos calcular o valor de verdade da proposição molecular: Negação p ~p V F F V 58 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Conjunção Antecedente Consequente a c V V V V F F F V F F F F Disjunção Antecedente Consequente a c V V V V F V F V V F F F Condicional Antecedente Consequente a c V V V V F F F V V F F V Bicondicional Antecedente Consequente a c V V V V F F F V F F F V 59© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Respostas a) (V). b) (F). c) (F). d) (V). e) (F). f) (V). 2) Enquanto, no exercício anterior, era preciso realizar a tradução da lingua- gem natural para a simbólica e descobrir se a proposição simples era ou não verdadeira, no exercício 2 já existem os valores de verdade para cada uma das proposições simples e estas também estão indicadas com as le- tras proposicionais: p, q, r, s, t e u. As proposições simples p, q, r são verdadeiras e as proposições simples s, t, u são falsas. Para resolver o que se está pedindo – quais enunciados, dentre os seguin- tes, são falsos? –, vamos precisar utilizar as Tabelas de Verdade de cada conectivo. Como foi visto anteriormente, cada conectivo lógico que participa da construção da proposição composta tem sua própria Tabela de Verdade. Na continuação, encontraremos as diferentes tabelas: Negação p ~p V F F V Conjunção Antecedente Consequente a c V V V V F F F V F F F F 60 © LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA Disjunção Antecedente Consequente a c V V V V F V F V V F F F Condicional Antecedente Consequente a c V V V V F F F V V F F V Bicondicional Antecedente Consequente a c V V V V F F F V F F F V Observando as tabelas de (Disjunção) e (Conjunção), temos a possibi- lidade de completar a Tabela de Verdade da proposição a. A seguir, iremos resolver por completo três dos exercícios propostos. Esco- lhemos os exercícios a", "e" e "h. Vamos lá? a) (r u) (t q). Precisamos começar a resolução pela parte mais simples, que é estipular o valor das proposições simples. Segundo o enunciado: 61© LÓGICA II UNIDADE 1 – QUESTÕES PRELIMINARES SOBRE A LÓGICA SIMBÓLICA • r = verdadeira; • u = falsa; • t = falsa; • q = verdadeira. Após estabelecer o valor de verdade das proposições simples, resolvemos (r u), se o antecedente é verdadeiro e o consequente é falso, a proposi- ção composta , Disjunção (observe a segunda linha da Tabela Verdade), é verdadeira. 1º resultado = (r u) verdadeira Em seguida, resolveremos (t q): se o antecedente é falso e o consequen- te é verdadeiro, a proposição composta , Conjunção (observe a Conjun- ção terceira linha da Tabela Verdade), é falsa. 2º resultado = (t q) falsa Agora que temos os valores de verdade das proposições compostas, resol- veremos por último = (V) (F). (r u) (t q) (V) (F) (V) (F) é uma conjunção (observe
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