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29 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Unidade II 5 PROCESSO PARA ENSINO E DESENVOLVIMENTO Procuramos fazer uma apresentação do futebol e do futsal no sentido de que fossem entendidos como modalidades de grande aceitação, as quais estão envolvidas a participação de um público muito variado que usufrui de sua prática com finalidades distintas dependentes de vários fatores; os quais determinam o rumo a ser tomado por todos os usuários dessas modalidades esportivas. Conforme o nível com que são praticados, professores ou treinadores precisam de um conhecimento muito particular dirigido para cada fim. Em última análise, sempre é necessário visualizar no planejamento das atividades quatro ideias ou palavras que definem os rumos a serem perseguidos: quando, como, onde e porquê. • Quando: ensino e desenvolvimento de futebol ou futsal podem ser realizados em um processo em longo prazo, composto de estágios ou etapas, ou conforme um planejamento em médio prazo em um ciclo que pode ser o período de formação escolar ou em escolinhas de futebol e, finalmente, um trabalho de curto prazo, quando os objetivos devem ser alcançados em alguns meses ou em uma temporada de competições. Portanto, nesse contexto, a aplicação do trabalho está diretamente relacionada com o tempo disponível para se desenvolver um planejamento e atingir os objetivos. Uma outra situação a ser considerada está ligada à faixa etária envolvida e, nesse caso, é preciso perguntar: quando devo aplicar, com maior ou menor intensidade, um trabalho com ênfase na técnica, na velocidade, na resistência? Quando é mais propício o treinamento para os aspectos táticos? Em que idade se torna mais favorável o ensino da técnica? E assim por diante. • Como: aqui, a interrogação gira em torno da segurança do professor na escolha para encontrar a solução mais adequada, a fim de conseguir seus objetivos. Como vou ensinar a jogar futebol ou futsal? Que método devo utilizar para uma aprendizagem mais eficiente? Quais os meios mais adequados para aplicar determinada metodologia? Como avaliar a eficiência do conteúdo utilizado? Enfim, tudo se resume ao conhecimento dos recursos disponíveis pelo profissional, para aplicação adequada dos meios que ele dispõe para cada finalidade. • Onde: tudo que será feito requer condições locais para que possam ser aplicados determinados tipos de aulas ou formas de treinamento. São locais apropriados, espaços adequados etc. • Porque: corresponde às indagações a fim de obter as respostas para justificar todas as escolhas feitas dentro do planejamento. Todas essas considerações se relacionam diretamente entre si, portanto, o professor só estará seguro de sua capacidade quando tiver a resposta para todas essas indagações. 30 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II 5.1 Componentes do processo para o ensino e desenvolvimento do jogador A prática de futebol ou futsal, como qualquer outra modalidade, dependendo do nível em que é desenvolvida, envolve três componentes básicos que são condição técnica, física e tática e, no caso dos profissionais, acrescenta‑se preparação psicológica. 5.1.1 Condição técnica Técnica no futebol ou futsal é definida como sendo a forma ideal de um movimento específico em um esporte, para a solução dos problemas motores que envolvem a sua prática ou maestria com que se executa determinados movimentos para resolver eficazmente uma tarefa motora (FERNANDES, 2003 p. 18). Esse conjunto de ações, que compõem a técnica em futebol e futsal, pode ser realizado com ou sem a bola e são denominados de fundamentos técnicos. Apresentaremos a seguir uma visão de todos os componentes da técnica. Técnica com bola Fundamentos técnicos Formas de locomoção Antecipações • Pelo chão: “carrinho” • Pelo ar a) Domínio: condução, drible e controle b) Receber: abafamentos c) Impulsionar: passe, chute e cabeceio • Correr para frente e para trás • Andar • Saltar Técnicas no futebol Técnica sem bola Figura 9 – Divisão da técnica em futebol e futsal De acordo com a maneira em que são realizados, os fundamentos recebem as seguintes classificações. Quadro 2 – Classificação dos fundamentos técnicos de Futebol/Futsal Fundamento Tipo Execução Trajetória Outras formas Condução da bola Simples Empurrando a bola Puxando a bola Interior do pé Exterior do pé Sola do pé Retilínea Sinuosa Passe Curto Médio Longo Interior do pé Exterior do pé Dorso (peito do pé) Anterior (bico) Rasteiro Meia altura Alto Parabólico Coxa Peito Cabeça Ombro 31 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Finalização (chute) Simples Voleio Bico Bate‑pronto Cobertura Interna do pé Externa do pé Anterior (bico) Dorso (peito do pé) Rasteira Meia altura Alto Cobertura Cabeça Peito Coxa Drible SimplesCorpo Parado Deslocamento Reta Sinuosa Recepção (domínio) Rasteira Meia altura Alta Parabólica Interior do pé Exterior do pé Sola do pé Dorso do pé Peito Coxa Cabeça Cabeceio FrontalLateral Ofensivo Defensivo 5.1.2 Condição física A solidez da base de todas as ações técnicas e táticas realizadas nos jogos, bem como o desempenho nos treinamentos, que envolvem uma temporada completa, estão na dependência direta de um respeitável condicionamento físico. Antes de tudo, para desenvolver a preparação física, é preciso definir quais são as capacidades físicas envolvidas no jogo, as mais solicitadas, que chamamos de predominantes, e aquelas que completam o condicionamento geral. O futebol e o futsal, em especial o futebol, são modalidades que envolvem disputas pela posse de bola e de espaços no campo ou na quadra durante um tempo bastante prolongado, além de ocorrer uma quantidade elevada de jogos disputados durante toda a temporada. Também existe a disputa corpo a corpo, as solicitações ininterruptas de deslocamentos curtos e longos em alta velocidade, além das tomadas de decisões para resolver os desafios constantes da dinâmica de jogo. Na realidade são esportes que solicitam, em maior ou menor grau, todas as capacidades físicas; cada uma delas com um grau de solicitação diferenciado. Não é objetivo da disciplina Futebol: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos envolver as definições e os conceitos, porém devemos mencionar, para esclarecimentos, quais são as capacidades incluídas no condicionamento. Os componentes físicos dessas modalidades contêm a resistência e suas diferentes formas, a velocidade e seus tipos de manifestações, os tipos de força exigidos, além de flexibilidade, mobilidade e equilíbrio. Portanto, fazem parte do condicionamento físico as capacidades para treinamento do sistema cardiorrespiratório, além do treinamento do sistema articular, muscular e nervoso. Resistência A resistência, com a velocidade e a força, podem ser entendidas como capacidades físicas primárias para a condição física dos jogadores de futebol e futsal. 32 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Ela desempenha um importante papel em, praticamente, quase todas as modalidades esportivas, constituindo‑se como um requisito básico para o aumento do desempenho. Ela se manifesta de diferentes formas e todas são muito importantes na preparação do jogador, pois, segundo Weineck (2003), resulta em: • aumento da capacidade física; • otimização da capacidade de recuperação; • redução de lesões;• aumento de tolerância a cargas de treinamento; • manutenção da alta velocidade de reação; • minimiza os erros técnicos; • prevenção das falhas táticas decorrentes da fadiga; • estabilização da saúde. Evidentemente, todos esses benefícios são de extrema importância para o jogador. Ofereceremos uma visão geral das formas de resistência, presentes na maioria dos esportes, em particular no futebol e no futsal. Resistência Resistência muscular localizada – Resitência de força – Resistência de força rápida – Resistência de sprint – Resistência de velocidade Metabolismo muscular Resistência muscular geral Aeróbia AeróbiaAnaeróbia Anaeróbia Exigências motoras Figura 10 – Tipos de resistências presentes na prática do futebol Observação Não faz parte dos objetivos desse livro‑texto definir ou conceituar todas as variantes da resistência, mas esclarecer a importância da capacidade física para a preparação dos jogadores. 33 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Velocidade Velocidade não é somente a capacidade de poder correr rapidamente, mas também de coordenar movimentos cíclicos (em linha reta) e acíclicos (com mudança de direção). Benedek/Palfai apud Weineck, consideram que a velocidade dos jogadores de futebol é uma capacidade múltipla que depende da rápida reação, do manuseio da situação, da rapidez em iniciar o movimento e dar sequência, da aptidão com bola, do drible e também do rápido reconhecimento e utilização das respectivas situações (WEINECK, 2003, p. 378). Em um jogo de futebol, dentre os requisitos de velocidade, convém notar as aptidões secundárias, tais como: velocidade de reação, de movimento, de decisão, de percepção, de antecipação, além de com e sem bola. Portanto, na preparação de um jogador, o treinamento deve contemplar todos esses requisitos, não é apenas correr mais depressa. Velocidade do jogador Velocidade de ação Agir o mais rápido e eficazmente em uma situação dentro das condições técnico‑táticas e das possibilidades de condicionamento Velocidade de ação com bola Ações com a bola em alta velocidade Velocidade de movimentação sem bola Movimentos de natureza cíclica ou acíclica em velocidade máxima Velocidade de decisão Decisão rápida por uma das inúmeras possibilidades Velocidade de reação Rápida reação ao receber uma bola, ao confrontar o parceiro ou o adversário Velocidade de antecipação Capacidade de reconhecimento da situação vivida e de previsão das ações dos parceiros ou dos adversários Velocidade de avaliação Capacidade de avaliação rápida da situação através dos sentidos (visão e audição) Figura 11 – Características parciais da velocidade e seu significado para a capacidade de desempenho de jogadores de futebol Força A definição de força é muito ampla e complexa, uma vez que envolve diversos aspectos, que fogem dos nossos objetivos. Assim, faremos apenas uma classificação dos tipos de força e suas diversas manifestações, consideradas sob os aspectos orientados para a força geral e a força específicas, que guiam o planejamento geral do treinamento. 34 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Quando nos referimos à força geral, entendemos que é a força pela qual estão envolvidos todos os grupos musculares, independentemente do esporte praticado, enquanto a força específica é aquela que inclui o uso de certo músculo ou grupo de músculos solicitados na prática de uma determinada modalidade esportiva. Nessa visão geral do significado da força, é importante considerar o que alguns fisiologistas e treinadores identificam como subcategorias de força, que são: a força máxima, a força rápida e a resistência de força. Força máxima Esse tipo de força representa a maior força disponível que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária e a força absoluta é ainda maior do que a força máxima, que representa a soma da força máxima e da força reserva, mobilizada apenas em condições extremas, como em caso de risco de vida, hipnose etc. (WEINECK, 2003, p. 225). Força rápida Quando se utiliza a capacidade do sistema neuromuscular, para movimentar o corpo ou parte dele (os membros) ou ainda objetos (qualquer objeto usado no esporte), dizemos que está sendo solicitada a força rápida. É a capacidade de realizar movimentos rápidos, processados através do sistema nervoso central. Resistência de força Esse tipo de força está relacionado com a capacidade de resistir à fadiga em condições de desempenho prolongado de força; ela é bastante solicitada no futebol e no futsal, em função do longo tempo de duração de uma partida. Força máxima Dinâmica – Força de tração – Força de pressão Estática – Força de tração – Força de pressão Força rápida – Força de sprint – Força de saltos – Força de chutes – Força de arremessos – Força de tração – Força de impacto Resistência de força – Resistência de força de sprint – Resistência de força de saltos – Resistência de força de chutes – Resistência de força de arremessos – Resistência de força de tração – Resistência de força de impacto FORÇA Figura 12 – Força e suas diferentes formas de manifestação 35 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Essas três capacidades físicas, que acabamos citar, são consideradas as mais importantes para futebol e futsal, que se completam com a mobilidade e a flexibilidade no condicionamento físico dos jogadores. 5.1.3 Condição tática A condição tática está relacionada com a distribuição e a organização dos jogadores dentro do campo ou da quadra, para que no conjunto da equipe se possam conseguir o melhor desempenho, de acordo com o nível de condicionamento adquirido no treinamento. Não basta apenas distribuir os jogadores em campo, também é preciso organizá‑los dentro do espaço que ocupam e conforme a função, que cada um desempenha no jogo. A tática somente é exequível baseada na condição técnica, no condicionamento físico, na capacidade intelectual e psíquica, e seu emprego somente é possível quando se dispõe da técnica necessária para execução das funções e das estratégias preparadas para enfrentar os adversários. Sistemas táticos no futebol Essa organização da equipe no espaço do jogo é conhecida como sistema tático, que foi idealizado e colocado em prática pelos ingleses, logo nos primórdios do futebol moderno, por eles inventado, na década de 1860. O primeiro sistema tático do futebol que se tem referência ficou conhecido como 1.1.8, portanto, visando aos aspectos ofensivos do jogo, ou seja, privilegiando o ataque. Sempre em busca de um melhor equilíbrio entre as linhas que formam uma equipe ou zonas de referência no campo, os sistemas táticos foram se modificando, e a cada nova ideia que surgia era recuado um dos jogadores do ataque para compor os outros setores da equipe, algumas vezes recuando para o meio de campo e outras para a defesa, por exemplo: 1.2.7, 2.2.6, 2.3.5, 4.2.4, 4.4.2. Com esse sistema, começa a realidade de hoje, na qual não existe mais preferência por apenas um, mas por vários conforme as necessidades e as características dos jogadores, que a comissão técnica tem disponível em seu elenco. Para o futebol, é preciso considerar três zonas ou setores nos quais os jogadores são colocados, que correspondem à base de sua atuação. 36 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J effe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II 3 1 1 = Zona de defesa3 = Zona de ataque 2 = Zona de meio‑campo 2 Figura 13 – Divisão virtual do campo em seus três setores ou zonas É preciso conhecer o nome das posições de cada um dos 11 jogadores que compõem a equipe e distribuí‑los entre os setores. Lembrete O primeiro passo para se entender o sistema tático é o conhecimento de zonas ou setores que compõem um campo ou uma quadra. Para isso, os nomes dados à posição, que identifica as funções de cada um, são: • goleiro; • laterais: direito e esquerdo; • zagueiros: direito ou esquerdo (zagueiro central e quarto‑zagueiro); • meio‑campistas: volantes e meias; • atacantes: pontas (direita e esquerda) e centroavante. Cada jogador é identificado pelo número que leva em sua camiseta, o que já se tornou tradicional para identificação das posições. Assim, em uma escalação do time, é comum a utilização dos seguintes números: 37 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Tabela 1 – Escalação padrão 1 Goleiro 2 Lateral ou ala direita 3 Zagueiro central 4 Quarto‑zagueiro 5 Volante (meio‑campo) 6 Lateral ou ala esquerda 7 Meia‑direita (meio‑campo) ou ponta‑direita (atacante) 8 Meio‑campista (2º volante/meia de ligação) 9 Centroavante (atacante) 10 Meia‑esquerda ou armador (meio‑campo) 11 Ponta‑esquerda (atacante) Conhecendo as posições dos jogadores, o passo seguinte é distribuí‑los em campo de acordo com o sistema tático a ser utilizado. Na atualidade são utilizados vários sistemas táticos, que são definidos pelo treinador conforme suas convicções, as características individuais dos jogadores que possui em seu elenco e finalmente conforme o adversário que enfrentará. Na sequência são apresentados os sistemas táticos usados atualmente, que são identificados por números que representam a quantidade de jogadores distribuídos em cada setor do campo. A soma dos três números do sistema totalizam dez jogadores, porque o goleiro não é contabilizado uma vez que tem a mesma função em cada diferente sistema. O sistema tático do futebol que apresenta as maiores variantes de formação para uma equipe é o 4.4.2. Tais variações ocorrem no setor de meio‑campo, que pode ser formado por um, dois ou três volantes, conforme figuras a seguir. Figura 14 – Distribuição dos jogadores no sistema 4.4.2 com quadrado no meio‑campo (dois volantes e dois meias) 38 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Figura 15 – Distribuição dos jogadores no sistema 4.4.2 com losango no meio‑campo (com um volante e três meias) Figura 16 – Distribuição dos jogadores no sistema 4.4.2 com duas linhas de defesa O sistema 4.3.3 conta com três jogadores no meio de campo: um volante e dois meias (direita e esquerda); o setor de ataque é formado por três atletas: ponta‑direita (nº 7), centroavante (nº 9) e ponta‑esquerda (nº 11). Figura 17 – Distribuição dos jogadores no sistema 4.3.3 com um volante e dois meias 39 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS O sistema 4.5.1 é composto de cinco jogadores no meio‑campo, para diminuir os espaços do adversário quando ele estiver com a bola, ao mesmo tempo que possibilita uma série de estratégias de movimentação durante a posse da bola. Figura 18 – Distribuição dos jogadores no sistema 4.5.1 com cinco jogadores no setor de meio‑campo O sistema 3.5.2 é bastante aceito pelos treinadores, apesar de ter surgido há pouco tempo; trouxe uma inovação marcante, que é a utilização de três zagueiros, a fim de dar maior liberdade aos laterais para atacar. A partir dela, os laterais, com um novo conceito, passaram a ser denominados de alas, somando‑se aos três meio‑campistas de ofício, totalizando, portanto, cinco jogadores nessa zona. O ataque continuou com dois atacantes, passando o centroavante a atuar mais próximo da área adversária e o outro atleta tendo liberdade para cair pelos lados do campo. Figura 19 – Distribuição dos jogadores no sistema 3.5.2 com três zagueiros O sistema 3.4.3 é uma variação do 3.5.2, apenas com ideias mais ofensivas. Foram mantidos no setor de defesa: três zagueiros (ou dois zagueiros, mais um volante), quatro atletas no meio de campo, incluídos os dois alas, e três jogadores no ataque como no esquema 4.3.3. 40 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Figura 20 – Distribuição dos jogadores no sistema 3.4.3 Por sua vez, o sistema 4.1.4.1 é o mais atual entre os usados. Observamos nele uma distribuição em quatro setores, mas, na realidade, é apenas uma forma de explicar uma estratégia na qual se coloca um volante à frente da defesa e quatro meio‑campistas à frente dele; o que na prática significa uma variação do 4.5.1. Figura 21 – Distribuição dos jogadores no sistema 4.1.4.1 Dentro de cada um dos sistemas táticos, além de os jogadores ocuparem um espaço ou setor do campo, existem as estratégias que definem o que cada atleta deverá fazer e como deverá se movimentar etc. Trata‑se das ações que se constituem no elemento surpresa durante o jogo. Qualquer sistema tático, além da sua definição, precisa ser muito treinado para funcionar como um todo. Sistemas táticos no futsal Como vimos no futebol, as considerações feitas sobre sistemas táticos, com relação aos significados e definições, são válidas também para o futsal, considerando algumas de suas particularidades. 41 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS O futsal é praticado em quadra, com cinco jogadores, e esses são os aspectos característicos para entender os sistemas táticos do esporte. Os atletas são distribuídos e organizados em dois setores da quadra – setor de defesa e setor de ataque – ou seja, ataque e defesa. Antes de tudo, conheceremos os nomes das posições dos jogadores: goleiro, fixo, ala‑direita, ala‑esquerda e pivô. Em seguida, os atletas ocuparão os seus lugares e então teremos o desenho tático, que será identificado por dois números que correspondem à quantidade de jogadores em cada setor, excluindo‑se o goleiro. Os sistemas mais utilizados são: A) B) Figura 22 – Representação esquemática dos sistemas A) 2.2 e B) 1.2.1 O sistema 2.2 é utilizado por iniciantes, porque não existe a preocupação com o nome das posições. São colocados dois atletas na defesa e dois no ataque, para que haja o desenvolvimento da noção tanto de defender e atacar. Em seguida, começarão a ser definidas as posições e a distribuição dos jogadores, conforme a função que cada um cumprirá dentro de um sistema. Partiremos do mais simples, que é o 1.2.1, no qual teremos o fixo pelo centro da defesa, os alas mais adiantados (atacando e defendendo pelos lados da quadra) e o pivô, avançado no ataque. 42 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II A) B) Figura 23 – Representação esquemática dos sistemas A) 3.1 e B) 1.3 Outros exemplos são: o esquema 3.1, com o fixo e os dois alas atuando mais na defesa e o pivô no ataque. O sistema é mais ofensivo quando usa o fixo atuando como defensor por trás dos alas e do pivô, que ficam no setor de ataque, mais concentrados em atacar. O esquema 4.0 é o mais moderno e, por suas exigências técnicas, é utilizado apenas por equipesde alto nível. Sua formação básica é composta de quatro jogadores, posicionados em linha, na parte média da quadra do setor defensivo. O emprego desse sistema requer jogadores mais ecléticos, que se movimentam muito por todos os setores da quadra, atacando e defendendo. Suas ações ofensivas têm início a partir do campo de defesa, evoluem para o ataque com muita movimentação e troca de posições para confundir a marcação adversária. A) B) Figura 24 – Distribuição dos jogadores na quadra, conforme os sistemas táticos A) 4.0 e B) 0.5 (com goleiro na linha) 43 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Com as recentes mudanças na regra do goleiro, surgiu uma inovação tática em que ele é utilizado como atacante. Isso é possível, porque agora ele poderá, após a linha que divide a quadra, jogar normalmente no setor de ataque como se fosse um atacante normal. Com essa nova possibilidade, surgiu o sistema 0.5, em que os cinco jogadores que compõem a equipe atuam no ataque com superioridade numérica. Trata‑se de um sistema que precisa ser muito bem treinado e é utilizado, normalmente, nos minutos finais do jogo, quando a equipe estiver em desvantagem no placar. Lembrete Os números que identificam os sistemas táticos, no futebol e no futsal, correspondem à quantidade de jogadores colocados em cada setor ou zona do campo (três zonas) de futebol ou da quadra de futsal (duas zonas). 6 ESTÁGIOS PARA ENSINO E DESENVOLVIMENTO DO JOGADOR Como visto anteriormente, a prática do jogo de futebol exige uma adequada condição técnica, física e tática que varia de proporção conforme o nível do praticante ou do jogador. O rendimento do atleta está condicionado ao desenvolvimento das capacidades físicas, motoras, cognitivas, psíquicas e sociais. Considerando todas as variáveis que interferem no treinamento das capacidades envolvidas na prática do jogo, torna‑se fundamental conhecer os melhores momentos para explorar cada uma delas. O ser humano, como todos os animais, nasce e inicia o ciclo da vida, que passa por uma série de adaptações em que todas as capacidades vitais se desenvolvem, estabilizam e declinam ao longo da sobrevivência. Essa natureza do ser humano no esporte pode ser usada, pedagogicamente, pelo professor ou treinador e será explorada com a finalidade de se aproveitar os melhores momentos para realizar o ensino e o desenvolvimento do esporte a ser praticado. Todas as capacidades envolvidas na prática do jogo de futebol ou de futsal, passam por diferentes momentos de desenvolvimento ao longo da vida, por fases sensíveis, que são diferentes nas diversas faixas etárias. Tal noção fica bastante clara quando analisamos um estudo feito por Martin apud Fernandes (2003 p. 12), em que é apresentado um quadro comparativo entre todas as fases sensíveis das capacidades físicas e motoras para justificar a divisão do processo de ensino e desenvolvimento, do futebol ou do futsal, em estágios ou etapas. 44 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Capacidades Idades e fases sensíveis Aprendizagem motora Reação frente à estímulos acústicos e visuais Orientação espacial Ritmo Equilíbrio Resistência Força Velocidade Flexibilidade 6 10 148 12 167 11 159 13 17 18 Figura 25 – Manifestação das capacidades físicas e motoras nas diversas faixas etárias Assim, com base no comportamento da manifestação de cada uma das capacidades, o processo é composto dos seguintes estágios: 6.1 Estágio de iniciantes Analisando a proporção de desenvolvimento de cada capacidade, podemos observar que a aprendizagem motora tem o seu momento mais sensível a partir dos 7 anos de idade, atingindo seu melhor nível entre os 11 e 12 anos de idade. Isso indica que o momento mais favorável para se ensinar a jogar (condição técnica) ocorre nessa faixa etária. Outras competências também estão no auge, como a reação frente aos estímulos acústicos e visuais, o ritmo, o equilíbrio, a velocidade e a flexibilidade; todas elas muito importantes para se jogar futebol ou futsal. Portanto, a época mais conveniente para se aprender a jogar ocorre na faixa etária dos 8 aos 12 anos de idade. Os principais objetivos do treinamento técnico são o desenvolvimento de uma imagem global do movimento e a aquisição de experiências motrizes básicas. Esse estágio, por se tratar da iniciação à aprendizagem, é dividido em dois: • nível 1: corresponde à aprendizagem da técnica básica (entre 7 e 10 anos de idade); • nível 2: envolve o treinamento intermediário para fixação da técnica (11 e 12 anos de idade). 45 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Para que esse primeiro passo seja dado em busca de uma aprendizagem eficiente, é preciso definir quais métodos de ensino serão mais adequados para se atingir esses objetivos. Previamente foram mostrados todos os métodos mais utilizados para o ensino das técnicas esportivas. Na escolha de cada um deles, devem ser levados em consideração os pontos positivos e negativos, as vantagens e desvantagens, cabendo ao professor definir quais esquemas precisam ter a preferência de acordo com suas necessidades ou condições de trabalho. Para que, na prática, sejam melhor compreendidos, daremos exemplos dos meios de aplicação de cada método como forma de orientação. Método do jogo Trata‑se do método mais utilizado por ser aplicado em forma de jogos adaptados ao ensino da técnica, em que se aprende jogando e divertindo‑se; o que o torna motivador, portanto bastante eficiente. Divida a turma em grupos iguais e posicione‑os em colunas, lado a lado, atrás de uma linha. Ao sinal dado pelo professor, os primeiros correrão conduzindo a bola com os pés, contornarão um cone colocado 10 m à frente, retornarão ao grupo, deixarão a bola com o companheiro seguinte e se colocarão atrás de sua coluna. Vencerá a equipe que finalizar em primeiro lugar, sem cometer erros. A cada repetição deverá ser mudada a posição final do grupo: terminar em pé, sentado, de cócoras etc. O exercício poderá ser com e sem a bola, conforme a figura a seguir. Figura 26 – Exemplo de atividade lúdica usada no método do jogo Divida a turma em grupos de até 12 crianças das quais 4 estarão com bolas. Após um sinal dado pelo professor, todas começarão a correr e as que tiverem a posse das bolas deverão chutá‑las contra o corpo das que estiverem sem a sua posse (apenas da cintura para baixo). Aquelas que forem tocadas pela bola sairão e serão substituídas por um companheiro que estiver do lado externo. Aquelas que estiverem de fora ficarão com várias bolas para serem passadas aos companheiros de dentro que errarem; caso as bolas saiam do campo. 46 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Figura 27 – Exemplo de atividade lúdica usada no método do jogo Divida a turma em grupos de 7 a 10 crianças, dentro do espaço do jogo deixe apenas uma delas sem a bola; ela será o pegador. Ao sinal do professor, todas começarão a correr, conduzindo a bola com os pés. A criança que ficar sem a bola correrá atrás das outras, tentando pegá‑las. Aquelas que forem pegas deixarão a bola e se sentarão nos cantos do espaço até serem substituídas pela próxima que for pega. Para aumentar a movimentação e as dificuldades, os pegadores poderão ser aumentados para dois e três. Figura 28 – Exemplo de atividade lúdica usada no método do jogo Divida as crianças em duas equipes, cada uma delas com umabola. O jogo começará com todas conduzindo a bola pelo espaço determinado com uma das equipes tentando fugir, para não ser tocada com a mão pelo jogador da equipe adversária. Aquela que for acertada, deverá sair do espaço e esperar para voltar, após outra sair, pelo mesmo motivo. Enquanto espera fora, o jogador deverá praticar o controle da bola, fazendo embaixadinhas. 47 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Figura 29 – Exemplo de atividade lúdica usada no método do jogo Método global Caracteriza‑se pela utilização do jogo normal de futebol ou futsal, para promover o ensino. Na aplicação desse método para a faixa etária, alguns cuidados deverão ser tomados, para que o jogo não saia de forma inadequada, por exemplo, utilizar um campo de medidas oficiais (para adultos). Na Alemanha, concluiu‑se que o uso de um campo com medidas de 20 m x 40 m, onde jogam 7x7, é o mais eficiente entre todos utilizados no método global, pois constatou‑se que os jogadores (crianças, iniciantes) têm mais contato com a bola e participam mais do jogo coletivo; já a forma mais habitual, de 11x11 em campo oficial, promove uma série de desvantagens com a criança correndo muito e jogando pouco. Além disso, o campo oficial poderia ser melhor aproveitado, pois nele cabem quatro campos para o jogo de sete; o que implicaria 56 crianças jogando ao mesmo tempo. Figura 30 – Futebol de 7x7 distribuídos em quatro campos, dentro do campo oficial 48 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Método analítico É muito importante um aprendizado mais correto da técnica, principalmente, por desenvolver a coordenação bilateral, que possibilita a aprendizagem eficiente de execução da técnica com ambos os pés. Como meio para aplicação dos exercícios, são utilizadas as sequências pedagógicas, ou seja, uma série de exercícios para um mesmo fundamento técnico que foi desenvolvida em dificuldade progressiva com a mesma quantidade e intensidade dos dois lados do corpo. Segue exemplo de sequência pedagógica para aprendizagem do passe simples: • Distribua os alunos em duas fileiras com 10 m de distância, sendo uma de frente para a outra, e dê bolas para cada componente em uma delas: — realize a troca de passes simples, curtos e rasteiros com a parte interna do pé direito, durante três minutos. O aluno que receber o passe dominará a bola com o pé esquerdo para depois devolvê‑la com o pé direito ao seu companheiro da outra fileira; — repita o exercício, dominando a bola com o pé direito e passando com esquerdo; — idem, só que agora com apenas um toque. Passe com o pé direito, durante três minutos; — idem, com o pé esquerdo; — realize a sequência anterior alternando o pé que faz o passe; — repita as etapas anteriores dos exercícios, mudando a parte do pé que toca na bola, para fazer o passe. Use a parte externa do pé; — execute toda a sequência anterior, aumentando a distância do passe, para fazer o passe de média distância, acima de 10 m. Daremos sequência pedagógica aos demais fundamentos técnicos para se jogar futebol ou futsal. 6.2 Estágio de avançados A base da aprendizagem técnica, de todos os fundamentos técnicos do jogo, foi realizada anteriormente. A partir daí devem ser desenvolvidas e solidificadas todas as ações técnicas, buscando o aperfeiçoamento e eliminando as possíveis deficiências ocorridas. Conforme citado, observamos que a fase sensível das capacidades exploradas no estágio de iniciantes tem um rápido declínio, enquanto as que estavam em baixo desenvolvimento começam a crescer rapidamente, como capacidade de orientação espacial (importante para a condição tática), 49 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS equilíbrio, força e velocidade. É o momento de explorar as novas capacidades que serão somadas àquelas trabalhadas no estágio anterior. Os alunos aprenderam os fundamentos técnicos do jogo e foi formada a base que começará a ser desenvolvida e aperfeiçoada nesse estágio. Também será explorada a capacidade de orientação espacial, importante para a condição tática a ser desenvolvida e efetivada. Tem‑se início o jogo organizado com a compreensão dos sistemas táticos, além da percepção da utilidade e a importância de uma equipe. Portanto, os objetivos principais desse estágio são voltados ao aperfeiçoamento da imagem dos movimentos técnicos, à eliminação de tensões musculares desnecessárias e às primeiras comprovações em competições. As características didáticas fundamentais do professor, para essa finalidade, são as de um condutor observador e crítico apto a fazer correções individuais. A metodologia predominante nesse estágio deve dar ênfase ao uso do método global, ao método do jogo e ao método dos exercícios complexos. Por exemplo: Método do jogo Os exercícios utilizados nesse método são elaborados utilizando‑se uma variedade de jogos em espaço reduzido, através de atividades envolvendo menor número de jogadores, que podem formar equipes para enfrentamentos de 2x2, 3x3, 4x4 ou equipes com números diferentes de jogadores, como 2x1, 3x1, 4x2 e assim por diante, além dos enfrentamentos de 1x1 que são a base de um jogo. Seguem exemplos de exercícios: Primeiramente em um espaço quadrado, de 12 m x 12 m, ficam quatro jogadores fora do quadrado, contra dois na parte de dentro. Cada jogador de fora poderá atuar apenas do lado em que estiver, enquanto os do lado de dentro não poderão atuar da linha para fora. O jogo consistirá em quatro jogadores que devem trocar passes rasteiros, realizando apenas um toque na bola, enquanto os de dentro tentarão impedi‑los. Quando alguém de fora errar, ou os defensores interceptarem o passe, o jogador que errou será trocado pelo que está dentro. A cada 15 ou 20 passes consecutivos, o que equivale a um gol, os indivíduos de dentro que impedirem o passe deverão passar mais uma rodada dentro do campo. Os objetivos da atividade são: precisão e velocidade nos passes com um toque, triangulações, marcação e desmarcação e posse de bola. 50 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Como segundo modelo, em um campo de 12 m x 20 m, seis jogadores jogam do lado externo do campo, sendo dois por lateral e um por linha de fundo. As pessoas de fora devem trocar passes rasteiros, fazendo a bola cruzar por dentro das quatro linhas, enquanto os de dentro tentarão interceptá‑la. Cada série de 25 passes consecutivos equivale a um gol. A cada gol conseguido, os jogadores de dentro deverão pagar mais uma vez. Se conseguirem interceptar o passe antes de tomar o gol, o jogador que errou o passe é trocado por um dos que estavam dentro e assim vão se revezando. Os objetivos do jogo são: posse de bola, precisão e velocidade nos passes, deslocamentos para os espaços vazios e marcação e desmarcação. Figura 31 – Jogo 4x2 e 6x2 Há também um jogo realizado na área penal no qual participam 4x4 e um companheiro de apoio fora da área, na parte da frente. O time que estiver de posse da bola deverá trocar passes, inclusive usando o companheiro fora da área, para marcar um gol após 25 toques consecutivos. Se o adversário tomar a bola, anulará o número de passes que o outro time conseguiu, que voltará ao zero na próxima tentativa. Observe que o time com a posse da bola contará com um jogador adicional, portanto o jogo se torna um 5x4. A duração da partida será de dez minutos. Os objetivos da partida são: manter a posse dabola em um espaço reduzido, para atacar ou defender, sem ter que se livrar dela em situação de pressão do adversário; deslocar‑se com triangulações, movimentar‑se constantemente, marcar e desmarcar‑se e ter precisão nos passes. 51 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Figura 32 – Jogo em espaço reduzido para 4x4 mais dois jogadores adicionais Outro exemplar pode ser executado em um campo de 40 m x 60 m, dividido em três zonas de 20 m, jogam 3x3, um coringa e outro time com três jogadores esperando em uma das zonas. O time que ataca parte da zona central, em direção ao gol, trocando passes e é assistido pelo jogador adicional para tentar entrar na zona de defesa e marcar o gol. O time defensor ganhará a bola quando interceptar o passe, quando o goleiro defender a bola, quando o gol for marcado ou quando a bola sair pela linha de fundo. Após uma dessas situações, o time defensor passará a atacar a equipe que estava esperando na outra zona de defesa e o time que atacava esperará a nova oportunidade. Se a bola sair pelas laterais, será cobrado o arremesso lateral normal. Vencerá a equipe que anotar mais gols. 60 metros 40 m etros Figura 33 – Jogo de 3x3 mais um coringa, com três zonas de jogo 52 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Jogo com pontas Em um campo de 50 m x 40 m, há uma divisão em três partes; a área central mais larga com traves normais nas linhas de fundo. Participam 10 jogadores, dos quais jogam 3x3, na faixa central do campo e podem usar outros dois jogadores colocados nas faixas laterais que servem de apoio (pontas) para o time que estiver com a posse da bola. Os gols poderão ser marcados diretamente da zona central ou completando um cruzamento dos pontas. A duração da partida será de 25 minutos. 50 metros 40 m etros Figura 34 – Jogo com pontas Saiba mais Exemplos de táticas para o futsal podem ser encontrados no livro: MUTTI, D. Futsal: da iniciação ao alto nível. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003. É importante observar que nos estágios de iniciantes e avançados, a condição técnica tem uma atenção especial sobre as demais capacidades envolvidas no ensino e desenvolvimento do futebolista, o que torna a metodologia fundamental nesse processo. Bauer apud Fernandes (2003, p. 19) faz um resumo importante do significado dos diferentes métodos utilizados no treinamento da técnica; o que nos possibilita uma visão geral significante como base no planejamento das atividades voltadas para esse objetivo. 53 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Quadro 3 – Significado dos diferentes métodos para o treinamento da técnica baseada no nível de desenvolvimento Idades e métodos 6‑10 anos 10‑12 anos 12‑14 anos 14‑16 anos 16‑18 anos Condicionamento geral sem bola O X XX XX XX Jogos de abaixar e levantar XX XX XX X X Exercícios para melhorar a habilidade XXX XX XX X X Exercícios com o companheiro: parado e em movimento XXX XX XX X X Exercícios de 1x1 em competição X XX XX XXX XXX Jogos de estratégias combinando diferentes jogadores X XX XX XX XX Exercícios complexos O X XX XXX XXX Jogos em espaço reduzido XXX XXX XX XX XX Jogo treino (coletivo) XXX XXX XXX XX X Legendas: O = não importante, X = pouco importante, XX = importante, XXX = muito importante Fonte: Fernandes (2003, p. 19). 6.3 Estágio de domínio Ao chegar nesse estágio, o jogador já terá o jogo desenvolvido e aperfeiçoado. Trata‑se do momento que vai definir o rumo da continuidade do processo para cada praticante. Alguns param por aí, outros continuam como amadores e, principalmente, os mais insistentes e talentosos tentam a sorte nos clubes profissionais, mas poucos conseguem. Esse nível de prática corresponde ao estágio de domínio, a partir dos 18 anos de idade. Dividem‑se em duas categorias: a dos juniores, de 18 a 20 anos, que busca o rendimento; e a dos profissionais, a partir dos 20 anos, a qual procura o alto rendimento. A metodologia utilizada para essa finalidade é a do treinamento desportivo que visa à máxima condição em todos os seus componentes e o equilíbrio completo entre condição física, técnica e tática, aplicando‑se os princípios do treinamento esportivo, aos quais já fizemos referência. Os objetivos do treinamento técnico são: estabilização da técnica, criação de técnicas novas ou variantes técnicas e criação da condição física através do treinamento especial. Com relação à metodologia, deve haver atenção para o aumento da intensidade do exercício; inclusive criando situações de estresse e acentuação dos detalhes. São exemplos de exercícios para o treinamento no estágio de domínio: 54 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Exemplo 1: usar metade do campo e distribuir duas equipes com oito jogadores cada. O jogo consistirá na manutenção da posse de bola em situação de defesa ou ataque. A equipe com a bola deverá tentar trocar o maior número de passes seguidos, sendo a sequência de 25 equivalentes a um gol. Se o adversário tomar a bola antes, a contagem precisará ser zerada para começar a nova série. A duração do jogo será de dez minutos. Como variação, existe a possibilidade de colocação de um jogador coringa, o qual atuará para o time que possui a bola, logo, ele contará com um jogador a mais. Figura 35 – Jogo de posse de bola com 8x8 Exemplo 2: usar a metade do campo, dividindo‑a em três zonas. Na primeira, o número de toques na bola é liberado, a fim de possibilitar a posse para criar jogadas ofensivas. Na segunda, são permitidos no máximo dois toques para as jogadas ofensivas pelos lados do campo. Na terceira, pode‑se dar apenas um toque na bola para tentar marcar o gol; trata‑se da zona para as jogadas ofensivas de área. Os gols marcados de cabeça valerão por dois, enquanto com o pé apenas um. Quando os defensores tomarem a bola, eles deverão tentar atravessar a linha central do campo, o que equivalerá a um gol, e isso obrigará a equipe atacante a fazer marcação alta (pressão no ataque), para recuperar a bola o mais rápido possível. 55 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Zona 2 para dois toques Zona 2 para dois toques Zona 1 = toques livres Zona 3 para um toque Figura 36 – Jogo das três zonas de ações ofensivas e defensivas Exemplo 3: jogo de posse de bola com minigols. Usar a metade do campo para jogar 8x8. Os jogadores deverão trocar passes dando apenas um toque na bola. Após vinte passes consecutivos, dá‑se o direito à equipe de jogar livre para tentar marcar gols nos dois minigols colocados a 1 m de cada linha lateral do campo, enquanto a outra equipe continuará jogando em um toque até conseguir o direito de marcar gols. A equipe que marcar o gol voltará a trocar passes para adquirir nova vantagem. No caso de perda de bola, antes da conclusão dos vinte passes, a contagem retornará a zero para uma nova tentativa. Se a bola sair do campo por qualquer das quatro linhas, a favor da equipe que estava com sua posse, esta cobrará o lateral com o pé, seguindo a contagem do número de passes que tinha no momento da saída. Como variação do jogo, poderá haver um coringa para a equipe com bola, o qual terá liberdade de toques. 56 Re vi sã o: K le be r - D ia gram aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Figura 37 – jogo de posse de bola com minigols Exemplo 4: jogo de ataque contra defesa. Usar a metade do campo, com um goleiro e mais dois minigols colocados próximos das linhas laterais no campo de ataque, a 5 m da linha central. A saída é dada pelo treinador, que chutará a bola para o alto, e o jogador que a pegar iniciará o jogo para seu time. A equipe que tiver a posse da bola trocará passes para criar as situações de ataque ou defesa. Os atacantes farão as manobras ofensivas para envolver os defensores e chutar ao gol, enquanto os defensores tentarão impedi‑los de marcar gols e ao mesmo tempo evoluirão para o outro campo, saindo pelas laterais, para fazer a bola passar por um minigol; o que equivalerá a um gol marcado pela equipe dos defensores. Quando os defensores tiverem a bola, deverão usar também o goleiro para a troca de passes. A duração será de acordo com a programação do treinador. Os objetivos são: treinamento de manobras de ataque e defesa, posse de bola, aprimoramento de passes e chutes em situação real de jogo, além de marcação e desmarcação. 57 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Defensores Atacantes Figura 38 – Jogo de ataque contra defesa Exemplo 5: jogada de ataque pelas pontas, usando laterais ou alas. Usar o campo inteiro com uma equipe tendo goleiro, quatro defensores e volante e os atacantes atuando com a equipe completa. Os defensores ficarão postados no campo de defesa e a bola de saída começará com o goleiro da equipe que atacar. O goleiro lançará para um dos zagueiros que passará a um dos laterais. O lateral, por sua vez, tocará a um dos atacantes na parte central da intermediária e este devolverá a bola ao volante, que, com um toque, passará a bola ao lateral avançando para a linha de fundo do campo adversário. Nesse momento os atacantes correrão em direção ao gol, posicionados para receber o cruzamento feito pelo lateral, para tentar concluir a meta. Figura 39 – Jogada ofensiva usando as laterais do campo 58 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II Saiba mais Mais exemplos poderão ser encontrados no livro: FERNANDES, J. L. Futebol: da escolinha de futebol ao futebol profissional. São Paulo: EPU, 2003. O profissional, adequado para atuar nesse estágio, deverá possuir grande conhecimento teórico somado a uma vasta experiência prática. É o fim do processo no qual duração ou longevidade do desempenho dependerá da forma pela qual a performance será administrada pelos treinadores e pelos próprios jogadores. O quadro a seguir resume claramente a ideia geral da composição do processo de formação de um jogador. Quadro 4 – Visão geral sobre os estágios e seus componentes metodológicos Estágios Iniciantes Avançados Domínio Idades 7 a 12 anos 13 a 17 anos 18‑20 anos: juniores Acima de 20 anos: profissional Objetivos Aprendizagem da técnica geral e específica Desenvolvimento e aperfeiçoamento da técnica Rendimento Alto rendimento Métodos Método analítico Método do jogo Método global Método global Método do jogo Método dos exercícios complexos Metodologia do treinamento esportivo Meios Sequência pedagógica Jogos adaptados Jogo normal Jogo normal Jogo em espaço reduzido Exercícios individuais, em duplas, trios etc. Preparação técnica Preparação física Preparação tática Observação As considerações feitas para esse assunto, que envolvem os estágios, correspondem à base do conhecimento e ao ponto de partida para um aprofundamento no assunto através de leituras específicas e experiências práticas desenvolvidas com trabalho diário. 59 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS Exemplo de aplicação No processo para ensino e desenvolvimento do futebol e do futsal devem ser desenvolvidos os condicionamentos técnico, físico e tático. Todos os condicionamentos são componentes dos estágios nos quais forem desenvolvidos processos de ensino e desenvolvimento dessas modalidades, nas quais, em função das fases sensíveis das capacidades físicas e motoras, um dos condicionamentos tem prioridade sobre outros. Reflita a respeito dessas ideias e de que maneira elas podem orientar e contribuir para elaboração do planejamento de ensino e desenvolvimento do futebol e do futsal. Resumo O planejamento de aulas ou sessões de treinamento demanda reflexões do profissional que atua na área para que sua participação no processo de ensino e desenvolvimento do futebol e do futsal seja de forma consciente e responsável. As considerações se baseiam em quatro palavras: quando, como, onde e por quê. Deve‑se ter sempre uma resposta para elas, independentemente das atividades aplicadas. Os componentes das atividades envolvem as capacidades do rendimento esportivo que são: a condição técnica, a condição física, as capacidades táticas e cognitivas, os fatores constitucionais físicos e relacionados à aptidão, às capacidades psíquicas e à sociabilidade; todas diretamente referentes ao desempenho do aluno ou de um jogador. A condição técnica é composta de um conjunto de ações, que definem de que maneira devem ser realizados todos os movimentos referentes à partida. Tal conjunto que compõe a técnica no futebol e no futsal pode ser executado com ou sem a bola e é denominado de fundamentos técnicos. Tratam‑se dos passes e de suas variedades, chutes e suas diversas formas, condução da bola, domínio, dribles e fintas. A condição física compreende uma série de exigências funcionais e motoras, que influenciam diretamente o desempenho técnico e tático. As principais necessidades físicas para a prática do jogo são: velocidade, força e resistência e suas variantes, completadas com flexibilidade e mobilidade. A capacidade tática está relacionada com a distribuição e a organização dos jogadores dentro do campo, para desempenhar funções individuais e estratégias coletivas em um jogo. Para isso, são escolhidos os sistemas 60 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II táticos mais adequados às características dos jogadores da equipe e o tipo de adversário a ser confrontado. Para o condicionamento ideal, o processo de ensino e desenvolvimento é dividido em estágios nos quais são exploradas as fases sensíveis das capacidades físicas e motoras mais favoráveis a cada faixa etária. Os seus estágios são: iniciante, avançado e domínio. A metodologia utilizada em cada um deles deve ser aquela que melhor atenda às demandas para se atingir os objetivos técnicos, físicos e táticos através da aplicação de exercícios especiais à finalidade. Exercícios Questão 1. (Enade 2013, adaptada) Observe a figura, a legenda e a afirmativa subsequentes a respeito da universalização de gênero da prática do futebol. 1 CHARGE “Jason, eu bem que gostaria de deixá‑lo jogar, mas futebol é jogo de meninas.” (The New York Times Journal, jan. 2001). 61 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 FUTEBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS 2 AFIRMATIVA O futebol é um esporte universal praticado e reverenciado em todo o mundo, envolvendo todas as classes culturais, sociais e econômicas, sem distinção de raça ou sexo. A respeito da Charge (1) e da Afirmativa (2) pode‑se afirmarque: I – Apesar da universalização do futebol atingir o mundo todo, existem culturas em que ele é tratado de maneira diferente para meninos e meninas. II – Em qualquer lugar ou cultura, o futebol é visto de forma igual para pessoas de gêneros diferentes, sendo uma atividade isenta de preconceitos. III – Em sociedades machistas, o futebol é tratado como atividade masculina e as mulheres que se engajam nesta modalidade são discriminadas. IV – Em algumas culturas, o futebol é praticado de forma indistinta por meninos e meninas. As divisões por gêneros somente acontecem a partir da adolescência. V – Por ser uma modalidade predominantemente baseada na agilidade, o futebol pode ser disputado por homens e mulheres em competições oficiais. Estão CORRETAS apenas as afirmativas: A) I, II e III. B) I, III e IV. C) I, II e IV. D) I, III e V. E) I, IV e V. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: em algumas sociedades com culturas conservadoras e machistas, o futebol somente é permitido como prática para meninos. No Brasil, esta proibição vigorou até a década de 1970. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: existe muito preconceito com praticantes de futebol do sexo feminino e com atletas homossexuais. Tais pessoas são muitas vezes tratadas com frases pejorativas e jocosas, hostilizadas e insultadas. 62 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 03 /1 7 Unidade II III – Afirmativa correta. Justificativa: apesar de ser aceito e praticado por mulheres, o futebol feminino é malvisto, tem menos apoio de patrocinadores e as atletas muitas vezes são discriminadas. IV – Afirmativa correta. Justificativa: há, por exemplo, o futebol praticado nos Estados Unidos, o soccer, por crianças de ambos os sexos até a adolescência. V – Afirmativa correta. Justificativa: apesar de exigir grande nível de destreza técnica, o futebol é uma modalidade de contato físico dividido em categorias diferentes por gênero, evitando o uso desproporcional da força. Questão 2. No processo de ensino e aprendizagem do futebol, o método global pode ser empregado como forma de vivenciar o jogo e suas ações. No entanto, algumas adaptações devem ser feitas para garantir o êxito no processo. São adaptações necessárias ao método global no ensino do futebol: I – Diminuição das dimensões do campo (20 x 40 m) e da quantidade de jogadores, aumentando a oportunidade de contato com a bola e as experiências de jogo. II – Adaptação de regras de acordo com faixa etária das crianças, tempo de duração, dimensões das traves. III – Orientação atenta do professor, evitando ações agressivas e desleais durante o jogo. IV – Segmentação das ações de jogo em fundamentos específicos, ocorrendo a aprendizagem gradual e acumulativa de padrões de movimento. V – Criação de sequências pedagógicas visando uniformizar o ensino das ações técnicas. Estão CORRETAS apenas as afirmativas: A) I, II e III. B) I, III e IV. C) I, II e IV. D) I, III e V. E) I, IV e V. Resolução desta questão na plataforma.
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