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Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH e -B o o k William Eduardo Pirola, CD, MSc - etiologia - diagnóstico - tratamento - Carlos Deyver de Souza Queiroz, CD, MSc Coleção ODONTOLOGIA Volume2 ONCOLÓGICA Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH prefácio índice Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 1. Quimioterapia Antineoplásica 2. Transplante de Células Tronco Hematopoéticas (TCTH) 3. Disfunções Salivares (Hipossalivação e Xerostomia) 4. Mucosite Oral 5. Neurotoxicidade 6. Osteonecrose Associada aos Bifosfonatos 7. Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) 8. Infecções Oportunistas (Virais, Fúngicas e Bacterianas) 3 X X X 5 6 7 8 02 Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH quimioterapia antineoplásica quimioterapia antineoplásica william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 05 O passo inicial para o desenvolvimento dos quimioterápicos antineoplásicos foi dado após a Segunda guerra mundial. No final de 1943, návios que estavam carregados de gás mostarda, atracados na Itália foram bombardeados pelas tropas alemãs. Com a destruição das embarcações, o gás mostarda se espalhou, causando uma série de complicações na saúde dos marinheiros e pescadores locais, como queimaduras na pele e inchaço nos olhos. Estudos apontaram que a mostarda nitrogenada é capaz de destruir células da medula óssea. Quando a droga foi testada em pacientes com linfoma, as células afetas desapareciam ou amoleciam. Desta forma, se iniciou a QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA Ao longo do tempo, diagnosticou-se que os leucócitos (glóbu- los brancos) das pessoas que haviam sido afetas pelo gás haviam diminuído drasticamente, e em al- guns casos, até desapa- recido. Posteriormente, di- versos pacientes com linfo- mas receberam o tratamen- to intravenoso, e contatou-se uma melhora na saúde do paciente. Os resultados desta primeira pesquisa levou os pes- quisadores da época a realizarem outros estudos e iniciarem o desenvolvimento de diversas substâncias para o tratamento de células neoplásicas. quimioterapia antineoplásica william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 06 Aproximadamente 70% dos pacientes disgnosti- c a d o s p o r c â n c e r s ã o submetidos a quimioterapia antineoplásica. Sendo que destes, 40% poderão ter algu- ma alteração em cavidade oral, de acordo com a droga, idade do paciente, dosagem, dente O tratamento antineoplásico pode ser subdividido, basicamente em quatro categorias: - Curativa, - Adjuvante, - Neoadjuvante e - Paliativa. outros fatores. Dentre os subtipos de tratamentos, o é Curativo utilizado a fim de se atingir um controle total do tumor, normalmente utilizado em casos como doença de Hodgkin, carcinomas de testículos, leucemias agudas, dentre outros. A quimioterapia Adjuvante é realizada após o trata- mento principal, que pode ser cirúrgico ou radioterápico, este tipo de quimioterapia tem como objetivo destruir células residu- ais locais ou circulantes para diminuir a incidência de metástase a distância. A também chamada de ‘prévia’ é o Neoadjuvante, oposto da adjuvante, neste tipo de tratamento, o objetivo é obter redução parcial do tumor, por exemplo, em casos de quimioterapia pré operatória quimioterapia antineoplásica william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 Quando o objetivo principal não é a finalidade curativa, utiliza-se a quimioterapia , neste caso, Paliativa espera-se uma melhora na qualidade de vida do paciente. Contudo, a quimioterapia antineoplásica não é ca- paz de diferenciar células neoplásicas das células normais que se diferenciam com maior rapidez, como por exemplo, as células da mucosa oral e da medula óssea. Fazendo com que uma série de alterações sejam manifestadas. Existe portanto, um efeito toxicológico causado pelo quimioterápico de forma sistêmica que chega em toda mucosa através da corrente sanguínea; pode ainda, ocorrer a secreção da droga através das glândulas salivares, fazendo com que haja uma exposição tópica da droga aos tecidos bucais. Alguns dos Quimioterápicos com alto risco a mucosite oral são: - Metotrexato - Fluoracil - Fluxoridina - Ciclofosfamida - Doxorrubicina Uma série de alte- rações podem acometer a cavidade oral, como xerosto- mia, mucosite oral, hipersensi- bilidade dentinária, disgeusia, infecções virais, bacterianas e fúngicas, dentre outras. Ao longo deste e-Book você encontrará uma série destas alterações descritas. Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH transplante de células tronco hematopoéticas -TCTH- transplante de células tronco hematopoéticas Carlos Deyver de Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH Souza Queiroz 09 Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH disfunções salivares - hipossalivação - xerostomia - disfunções salivares - hipossalivação - xerostomia - Carlos Deyver de Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH Souza Queiroz 09 Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH mucosite oral mucosite oral william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 A mucosite oral é um alteração inflamatória decor- rente do tratamento oncológico, seja ela quimio ou radioterápico. Esta inflamação se caracteriza inicialmente por um eritema e edema da mucosa oral, conforme acontece sua evolução, a mucosite de apresenta como úlceras orais. Em decorrência da mucosite oral, o tratamento oncológico pode ser interrompido, até que as lesões sejam tratadas, o que pode interferir negativamente na saúde do paciente. As sensações do- lorosas proveniente da mucosi- te oral pode ser exacerbada quando associada a outros fatores, como trauma dentário, ou trauma por próteses orais, infecções oportunistas decor- rente de colonização por bacté- rias, traumas decorrente de higienização sem os devidos cuidados, alimentos condimentados ou ácidos, dentre outros. Além da dor, a mucosite oral pode ainda influenciar no aparecimento de outras complicações orais, como disfagia, debilidade sistêmica, hemorragia intra-oral, quando associado também a trombocitopenia decorrente da supressão medular. mucosite oral william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 Logo após a administração do quimio- terápico se inicia a a fase de ‘inciação’, fazendo com que haja dano diretamente ao DNA de células presente na submucosa e no epitélio oral. Acontece ainda, a formação de espécies rea- tivas de oxigênio, o que de- sencadeia uma série de eventos biológicos. Tudo isso acontece de forma simuntânea. Posteriormente, as espécies reativas de oxigênio que foram formadas, e a quimioterapia iniciam um processo de ativação de fatores de transcrição. Nesta fase, uma super- regualação de diversos genes que são capazes de codificar citocinas pro-inflamatórias, além de moléculas de adesão. Na terceira fase, estas citocinas são capazes de promover injúrias nos tecidos de forma direta e indireta. Posteriormente se inicia a fase ulcerativa, sendo esta a fase mais conhecida e mais importante do ponto de vista clínico. As úlceras decorrente da mucosite oral determinam o grau de complicações da patologia, de acordo com os quadros que serão apresentados a seguir. Por fim, a matriz extracelular emite sinais a fim de estimular a migração de células epiteliais, fazendo com que haja proliferação e diferenciais, as úlceras são então cicatrizadas de forma espotânea. Desenvolvimento biológico da mucosite oral: 1 - Iniciação, 2 - Geração de sinais mensageiros, 3 - sinalização e amplificação, 4 - ulceração, 5 - Cicatrização. *Sonis ST. A biological approach to mucosits. J Support Oncol 2004; 2:21-36. mucosite oral williameduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 Classicação da Mucosite Oral de acordo com a OMS Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Ausente, mucosa e gengiva saudáveis. Presença de descoloração, ausência de lesões orais dieta normal. Presença de Lesões orais, sem alteração na alimentação do paciente. Presença de lesões orais, diculdade na realização de dieta sólida. Paciente opta por alimentos líquidos Presença de Lesões orais profundas, impossibilidade de dieta via oral. Classicações da Mucosite Oral de acordo com a NCI Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Fu n çã o e S in to m a s E xa m e C lí n ic o Nenhuma alteração Sintomas mínimos, alimentação sólida Presença de Dor e Dieta modicada Presença de úlceras ou pseudomen- branas Alimentação oral não é possível Sintomas associados com risco de morte Necrose, sangramento espontâneo, risco de morte Úlceras conuentes ou pseudo- menbranosas, sangramento ao leve trauma Presença de eritema Nenhuma alteração OMS - Organização Mundial de Saúde https://www.who.int/ NCI - National Cancer Institute https://www.cancer.gov/ mucosite oral william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 Além dos efeitos descritos anteriormente das fases que acometem a mucosite oral, em 2012 pesquisadores identifi- caram a presença de citocinas pró inflamatórias presentes na saliva após a admisnitração de Metotrexato, um quimioterápico usual na prática oncológica. Estas citocinas presentes na saliva são capazes de afetas o tecido submucoso e epitelial da cavida- de oral. Uma série de drogas antineoplásicas apresentam capacidade de auxiliar no desenvolvimento da mucosite oral, com destaque para a Cisplatina, Metotrezato (MTX), 5- Fluorouracil (5-FU) e Ciclofosfamida. A dosagem administrada também influencia na severidade da mucosite, uma vez que trata-se de uma patologia dose-dependente, ou seja, quanto mais o paciente se expor ao agente quimioterápico, maior serão as complica- ções e severidade da muco- site. Pacientes submetidos a altas dosagens e vários ciclos, como no caso do uso de MTX em transplante alogênico, a mucosite oral acomete de forma mais i n t e n s a , s e n d o m a i s demorada também sua cicatrização. Morón A, Viera N. Metotrexate como inductor de mucositis oral y producción de citocinas proinflamatorias: estudio in vivo e in vitro. Universidad del Zulia, Maracaibo 2012; 1-62. tratamento mucosite oral william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 Tanto o tratamento, quanto a prevenção da muco- site oral, assim como toto tratamento oncológico precisa de um atendimento multipfossional, desta forma, conseguimos uma melhoria na qualidade de vida do paciente. O acompanhamento odontológico se torna impres- cindível, uma vez que deve ser realizada toda adequação do meio bucal previamente ao início da quimioterapia. Ainda não existe um protocolo único definido para o tratamento da mucosite, porém uma série de alternativas são associadas, uma importante parte do tratamento é a Instrução de Higiene Oral (IHO), e acompanhamento odontológico, utiliza- ção de Clorexidina 0,12% tem sido amplamente utilizada, uma vez que necessitamos evitar infeções oportunistas, o que pode elevar a sensação dolorosa pela infecção associada e retardar a cicatrização. Em casos de dores, e o paciente não consegue realizar a escovação dental, pode-se optar pela utilização de gaze com Clorexidina 0,12% para higienização. tratamento mucosite oral william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 Um dos trata- mentos mais conhecidos na mucosite oral é a Lasertera- pia de Baixa Potência. Uma vez que sabe-se que a laserterapia não apresenta ação apenas local, mas tam- bém sistêmica, é importante realizar o tratamento tanto preventivo (quando se inicia a quimioterapia, mas o paci- ente ainda não possui lesões ora is) , quanto curat ivo (quando se iniciam as lesões ulcerativas. Os protocolos: preventivo e curativo, possuem algu- mas alterações. O laser precisa ser aplicada em toda cavidade oral, com distanciamento médio, uma vez que a aplicação possui ação média de 1cm , temos então uma média de 4 pontos em palato mole, 12 pontos em dorso de língua bilateral, 6 pontos em ventre de língua, 1 ponto em cada comissura labial, assim sucessivamente. O laser infravermelho, de comprimento de onda 660nm possui uma melhor indicação para drenagem linfática e regulação do processo cicatricial. Já o laser infravermelho 808nm é capaz de alcançar maiores profundidades das camadas de células, portanto apresentam um resultado analgésico importante. 2 tratamento mucosite oral william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 A manutenção nutricional é importante para melho- rar a saúde sistêmica do paciente, desta forma, o processo de cicatrização das lesões orais se torna mais eficiente. Alguns estudos apontam que o uso da Glutamina é uma opção impor- tante para estes pacientes, podendo melhorar a tolerância ao tratamento e a ingestão de alimentos, contudo, o assunto ainda é controvérso e alguns estudos não apresentam tais associações positivas. Outro tratamento que também possui linhas contro- versas é a Crioterapia, que consiste na utilização de gelo cavida- de oral durante a infusão do quimioterápico, provocando uma vasoconstrição, por consequência uma diminuição da circulação do fármaco pelas mucosas. Porém, temos que tomar cuidado com efeito rebote que pode acontecer, e assim como descrito anteriormente, o quimioterápico pode também ser secretado diretamente nas mucosas através das glândulas salivares. O controle da xerostomia também é importante, uma vez que a mucosa se apresenta friável, e passível de novas lesões pela diminuição da quantidade e qual idade salivar durante a quimiote- r a p i a , a u t i l i z a ç ã o d e substitutos salivares também é uma alternativa a ser utili- zada, assim como utilização de pilocarpina. Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH neurotoxicidade meurotoxicidade william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH 07 kk Alguns dos Quimioterápicos com alto risco a mucosite oral são: - Metotrexato - Fluoracil - Fluxoridina - Ciclofosfamida - Doxorrubicina Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH osteonecrose associada aos bifosfonatos osteonecrose associada william eduardo pirol a Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH aos bifosfonatos 07 Quando o objetivo principal não é a finalidade curativa, utiliza-se a quimioterapia , neste caso, Paliativa espera-se uma melhora na qualidade de vida do paciente. Contudo, a quimioterapia antineoplásica não é ca- paz de diferenciar células neoplásicas das células normais que se diferenciam com maior rapidez, como por exemplo, as células da mucosa oral e da medula óssea. Fazendo com que uma série de alterações sejam manifestadas. Existe portanto, um efeito toxicológico causado pelo quimioterápico de forma sistêmica que chega em toda mucosa através da corrente sanguínea; pode ainda, ocorrer a secreção da droga através das glândulas salivares, fazendo com que haja uma exposição tópica da droga aos tecidos bucais. Alguns dos Quimioterápicos com alto risco a mucosite oral são: - Metotrexato - Fluoracil - Fluxoridina - Ciclofosfamida - Doxorrubicina Uma série de alte- rações podem acometer a cavidade oral, como xerosto- mia, mucosite oral, hipersensi- bilidade dentinária, disgeusia, infecções virais, bacterianas e fúngicas, dentre outras. Ao longo deste e-Book você encontrará uma série destas alterações descritas. Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH doença do enxerto contra o hospedeiro - DECH - doença do enxerto CarlosDeyver de Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH Souza Queirozcontra o hospedeiro 09 Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH infecções oportunistas - virais - bacterianas - fúngicas - infecções oportunistas Carlos Deyver de Complicações orais relacionadas à Quimioterapia e TCTH Souza Queiroz- virais - bacterianas - fúngicas - 09