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139 Fisiologia da Água e dos Eletrólitos 7 A troca de nutrientes e dejetos entre o sangue e os tecidos é realizada por uma ex- tensão de capilares, equivalente a aproxi- madamente 700 metros quadrados. Aque- las trocas requerem a presença da água, como o meio nobre em que as células vi- vem e realizam as suas funções; a perma- nência da água nos diferentes comparti- mentos do organismo, depende da presen- ça de um teor adequado de diversos eletrólitos. As alterações da distribuição da água e dos eletrólitos, são bastante comuns e podem levar à complicações de extrema gravidade, ou mesmo determinar a morte do indivíduo. A circulação extracorpórea pode produzir distúrbios da composição hídrica e eletrolítica do organismo, capa- zes de gerar numerosas complicações. O reconhecimento das principais funções desempenhadas pela água e pelos eletrólitos é fundamental para a prevenção das com- plicações e suas seqüelas. A água corresponde à maior parte do peso dos indivíduos. Em um neonato, a água corresponde a cerca de 75 a 80% do peso. Aos 12 meses de idade o teor de água do organismo é de 65% e na adolescência alcança o valor de 60% no sexo masculino e 55% no feminino, que se mantém na vida adulta. Essa pequena diferença se deve à maior quantidade de tecido gorduroso no organismo feminino. O tecido gorduroso tem um baixo teor de água em relação aos músculos e aos órgãos internos. A água do organismo está distribuida em dois grandes compartimentos: o intra- celular e o extracelular. A água do interior das células (líquido ou compartimento in- tracelular), corresponde a cerca de 40% do total do peso do indivíduo, enquanto a água do líquido extracelular corresponde a 20%. O compartimento extracelular correspon- de à água do plasma sanguíneo (4%) e à água do líquido intersticial (16%), como demonstra a tabela 7.1. A água se desloca ativa e continua- mente entre os diferentes compartimentos do organismo, regulando a sua composi- ção, conforme esquematizado na figura 7.1. O fator determinante da movimenta- Tabela 7.1. Mostra o teor de água dos diversos compartimentos do organismo e o volume total em cada compartimento, em um adulto de 70Kg de peso. 140 FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA ção da água entre os diversos comparti- mentos líquidos é o gradiente osmótico; a tendência natural da água é determinar o equilíbrio osmótico. O plasma e o espaço intersticial trocam água através das mem- branas capilares; o interstício e o interior das células, trocam água através das mem- branas celulares. As proteinas do plasma são um importante regulador da quantida- de e da distribuição de água, em virtude da pressão oncótica exercida pelas suas macromoléculas. O volume de um compartimento líqui- do do organismo, por exemplo, o líquido intersticial, pode ser medido, pela intro- dução de substâncias que se dispersam uni- formemente pelo compartimento. O grau de diluição da substância, permite calcu- lar o volume total do compartimento. Den- tre as substâncias usadas com aquela fina- lidade, destacam-se a uréia, a antipirina, a tiouréia e outras marcadas com radioisó- topos, como o deutério e a albumina. NECESSIDADES DIÁRIAS DE ÁGUA A água do organismo provém de duas fontes principais. A ingestão de líquidos e a água contida nos alimentos contribuem com cerca de 2.100 ml/dia para os líquidos do organismo, enquanto a oxidação dos carbohidratos libera cerca de 200 ml/dia. As necessidades de água dos indivídu- os variam de acordo com as taxas metabó- licas e com a eliminação hídrica. As crian- ças de baixo peso necessitam mais água em relação aos adultos, em virtude do meta- bolismo mais acelerado que apresentam. De um modo geral, as necessidades de água de um indivíduo podem ser estimadas com base nas calorias metabolizadas, na super- fície corporal ou em relação ao peso. O or- ganismo humano necessita, diariamente, de 1.800ml de água, por cada metro qua- drado de superfície corporal. As necessi- dades de água dos diferentes indivíduos es- tão relacionadas na tabela 7.2, conforme o peso corporal. Aqueles valores referem-se à indivíduos sadios, sem disfunção renal, cardiovascular ou metabólica e, portanto, sem restrições à ingestão normal de água. As alterações da água consistem, prin- cipalmente, de desidratação, quando há perda excessiva de líquidos do organismo ou, ao contrário, hiperidratação, quando Fig. 7.1. Diagrama mostrando o intercâmbio líquido entre os diferentes compartimentos do organismo. A água atravessa as membranas capilar e celular para as diferentes trocas. Tabela 7.2. Necessidades diárias de água em relação ao peso. Um indivíduo com peso entre 10 e 20Kg necessita de 1.000ml + 50ml por cada quilo de peso acima de 10. Exemplo: um indivíduo com 15Kg de peso, necessita diariamente de 1000ml + 50 x 5 = 1.250ml. 2.260 mL 141 CAPÍTULO 7 – FISIOLOGIA DA ÀGUA E DOS ELETRÓLITOS há oferta excessiva de líquidos ao organis- mo. Na circulação extracorpórea, princi- palmente em crianças, não é rara a ocor- rência de hiperidratação, causada pelo ex- cesso de soluções cristalóides no perfusa- to. Devemos considerar que durante um procedimento cirúrgico, a administração de água e eletrólitos é feita pelo perfusionista através o perfusato; pelo anestesista, atra- vés das soluções venosas administradas durante a operação e pelo cirurgião, atra- vés da administração das soluções cardio- plégicas, principalmente a cardioplegia cristalóide. Sem controle adequado, a soma dos volumes infundidos pode ultrapassar em muito, as necessidades diárias dos pa- cientes que, além de tudo, receberão mais líquidos no pós-operatório imediato. A hiperidratação pode também ocor- rer em pacientes com quantidades de pro- teinas abaixo do normal. A pressão oncótica do plasma fica reduzida e permi- te o extravasamento de líquidos do plasma para o espaço intersticial, especialmente se a oferta líquida não for adequadamente dimensionada. Quando há perda excessiva ou insufi- ciente administração de sódio, também pode ocorrer hiperidratação. A causa é a redução da pressão osmótica do líquido extracelular, em relação ao interior das cé- lulas. A água passa do interstício para o líquido intracelular, para refazer o equilí- brio osmótico. O paciente hiperidratado pode apre- sentar edema de face ou generalizado, ascite, derrame pleural, insuficiência respiratória, astenia, desorientação, de- lírio e convulsões ou outras manifesta- ções neurológicas. A migração da água entre os diferen- tes compartimentos, depende da concen- tração dos eletrólitos, para que o equilíbrio hídrico do organismo seja mantido. ELETRÓLITOS Os eletrólitos, quando em uma solução aquosa, comportam-se como íons. Os íons são a menor porção de um elemento quí- mico que conserva as suas propriedades. Os cátions são os íons que tem carga elé- trica positiva, como o sódio (Na + ) e o po- tássio (K + ). Os anions são os íons que tem carga elétrica negativa, como o cloro (Cl - ) ou o bicarbonato (HCO 3 - ). O equilibrio químico de uma solução significa a existên- cia de igual número de cátions e anions. Os eletrólitos são quantificados em miliequivalentes, que correspondem à milésima parte de um equivalente grama, ou simplesmente equivalente. O equiva- lente de uma substância é a menor porção da substância, capaz de reagir quimicamen- te e, corresponde ao peso atômico ou ao peso molecular, dividido pela valência. Em geral, nos líquidos do organismo, os eletrólitos são considerados em termos de miliequivalentes por litro (mEq/l). COMPOSIÇÃO ELETROLÍTICA DOS LÍQUIDOS ORGÂNICOS Os líquidos orgânicos tem uma com- posição semelhante, sob o ponto de vista da atividade química e das pressões osmóticas. A natureza dos íons, contudo, difere entre os compartimentos intracelu- lar e extracelular. O líquido extracelular inclui o liquido A parada cardíaca induzida por solução cardioplégicapode acontecer por hiperpolarização, despolarização ou com bloqueadores da bomba de cálcio. Cardioplegia é uma solução que promove a parada dos batimentos cardíacos durante a cirurgia cardiaca. Tal solução tem a função de proteção cardiaca, tendo em vista a mesma ser rica em potassio e oxigênio promovendo assim uma parada cardiaca em diástole. 142 FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA intersticial e o plasma sanguíneo. O liqui- do extracelular tem grandes quantidades de sódio e cloreto. O sódio é o cátion pre- dominante do líquido extracelular, en- quanto o potássio é o cátion predominan- te no líquido intracelular. Aproximada- mente 95% do potássio existente no organismo está situado no interior das cé- lulas. A distribuição do magnésio, como o potássio, também é predominantemente intracelular. Os principais eletrólitos celulares são o potássio, magnésio, fosfato, sulfato, bi- carbonato e quantidades menores de sódio, cloreto e cálcio. O liquido intracelular possui grande quantidade de potássio e pequena quanti- dade de sódio e de cloreto. As grandes pro- teinas e alguns tipos de ácidos orgânicos ionizáveis, existem exclusivamente no lí- quido intracelular; não existem no plasma e no líquido intersticial. As diferenças de composição entre os liquidos intracelular e extracelular são muito importantes, para o desempenho adequado das funções celulares. O liquido extracelular inclui ainda a linfa, o liquor, o liquido ocular e outros liquidos especiais do organismo, menos importantes em relação à regulação hídrica e eletrolítica. A tabela 7.3 demostra a comparação da composição eletrolítica dos principais liquidos orgânicos, o intravascular (plas- ma), o intersticial e o intracelular. Quando analisamos os solutos dos lí- quidos orgânicos, pela sua carga iônica, separando os cátions dos anions, observa- mos o perfeito equilibrio químico entre os diversos compartimentos (Tabela 7.4). O plasma tem 154 mEq de cátions e 154 mEq de anions. O mesmo equilibrio entre cáti- ons e anions é demonstrado para os líqui- dos intersticial e intracelular. O plasma e o líquido intersticial são os grandes responsáveis pela regulação da água do organismo; a sua composição eletrolítica é praticamente a mesma, exceto pela presença das proteinas no plas- ma. Os íons presentes nos liquidos orgâni- cos desempenham funções essenciais à manutenção do perfeito equilíbrio funcio- nal celular. Sódio (Na + ): O sódio é o cátion mais abundante no líquido extracelular; é fun- damental na manutenção do equilíbrio hídrico. A perda de sódio causa redução da pressão osmótica do líquido extracelular, que resulta na migração de água para o in- terior das células. O aumento da concen- tração do sódio no líquido extracelular, ao contrário, aumenta a sua pressão osmótica e favorece o acúmulo de água no interstí- cio, produzindo edema. Tabela 7.3. Compara a composição eletrolítica do plasma, do líquido intersticial e do líquido intracelular. O plasma e o líquido intersticial são semelhantes entre sí e diferem substancialmente do líquido intracelular. 143 CAPÍTULO 7 – FISIOLOGIA DA ÀGUA E DOS ELETRÓLITOS O sódio tambem é importante na pro- dução do impulso para a condução cardía- ca e para a contração muscular. Um meca- nismo especial chamado de bomba de sódio, controla o fluxo de sódio e potássio atra- vés da membrana celular, mantendo o sódio no exterior e o potássio no interior das cé- lulas. A concentração do sódio é controla- da pelos rins, pela secreção de aldosterona e pela secreção do hormônio antidiurético. Potássio (K + ): O potássio é o cátion intracelular mais importante; é transpor- tado para o interior das células pelo meca- nismo da bomba de sódio e tem ação fun- damental na condução do impulso elétri- co e na contração muscular. O acúmulo excessivo de potássio no lí- quido extracelular (hiperpotassemia) pode causar redução da condução elétrica e da potência da contração miocárdica, levan- do à parada cardíaca em assistolia. Esse efeito do potássio é o princípio fundamen- tal da sua utilização nas soluções cardio- plégicas. Cálcio (Ca ++ ): O cálcio é essencial à formação dos dentes, ossos e diversos ou- tros tecidos. É tambem um fator importante na coagulação do sangue. A presença de pequenas quantidades de cálcio é essenci- al à manutenção do tônus e da contração muscular, inclusive miocárdica; a deficiên- cia do cálcio (hipocalcemia), pode produ- zir efeitos semelhantes aos do excesso de potássio. Magnésio (Mg ++ ): O magnésio é um íon importante na função de numerosas enzimas e participa ativamente no meta- bolismo da glicose, de diversos outros hidratos de carbono e das proteinas. Parti- cipa também, ativamente, nos processos da contração e irritabilidade neuromuscular; o seu excesso (hipermagnesemia) pode pro- duzir relaxamento muscular, inclusive miocárdico, além de alterações da condu- ção elétrica cardíaca. Cloro (Cl - ): O anion cloro (cloreto) é predominante no líquido extracelular; sua função principal é a manutenção do equilí- brio químico com os cátions presentes. O clo- ro participa ainda nos efeitos tampão do san- gue em intercâmbio com o bicarbonato. Bicarbonato (HCO 3 -): A função mais importante do íon bicarbonato é a regula- ção do equilíbrio ácido-basico, em que par- Tabela 7.4. Composição do plasma, líquido intersticial e líquido intrace- lular em relação aos seus cátions e anions. Plasma e líquido intersticial tem composição semelhante e são isotônicos. O líquido intracelular é levemente hipertônico em relação ao plasma e ao interstício. A quantidade de sódio no sangue é controlada pelo hormônio aldosterona, secretado pelo córtex da glândula adrenal (suprarrenal). Quando a quantidade de sódio no sangue baixa, aumenta a secreção de aldosterona. Esse hormônio atua sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores, estimulando a reabsorção de sódio do filtrado glomerular. A secreção do hormônio aldosterona, por sua vez, é regulada pela renina e pela angiotensina. Se a pressão sanguínea ou a concentração de sódio diminuir, os rins liberam renina no sangue. A renina é uma enzima que catalisa a formação de uma proteína sanguínea chamada angiotensina, a qual provoca a diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, Há, assim, aumento da pressão arterial, o que estimula a secreção de aldosterona. Esta, por sua vez, leva a um aumento da reabsorção de sódio pelos rins. Cardioplegia é uma solução que promove a parada dos batimentos cardíacos durante a cirurgia cardiaca. Tal solução tem a função de proteção cardiaca, tendo em vista a mesma ser rica em potassio e oxigênio promovendo assim uma parada cardiaca em diástole. Incapacidade de o coração realizar uma sístole completa. Sístole: parte do ciclo cardíaco caracterizada por contração rítmica, esp. dos ventrículos, por meio da qual o sangue é ejetado para a aorta e para a artéria pulmonar. Tônus muscular é o estado de tensão elástica (contração ligeira) que apresenta o músculo em repouso, e que lhe permite iniciar a contração rapidamente após o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo a iniciar a contração. Equilíbrio do pH A bomba de sódio e potássio é um tipo de transporte ativo que ocorre em todas as células do corpo. O processo ocorre devido às diferenças de concentrações dos íons sódio (Na+) e potássio (K+) dentro e fora da célula. Para manter a diferença de concentração dos dois íons no meio interno e externo da célula, é preciso utilizar energia na forma de ATP. Assim, a bomba de sódio e potássio é um tipo de transporte ativo. A bomba de sódio e potássio está diretamente relacionada com a transmissão de impulsos nervosos e contração muscular. https://www.todamateria.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ 144 FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA ticipa com o ácido carbônico (dióxido de carbono + água ), formando o principal sistema tampãodo organismo. Para que ocorra o intercâmbio de água por osmose, através da membrana capilar ou celular, é necessário que haja diferença na concentração total de solutos nos dois lados da membrana. As membranas celu- lares e capilares são permeáveis à agua e aos solutos dos líquidos orgânicos e não são permeáveis às proteinas. OSMOSE E PRESSÃO OSMÓTICA Um soluto é uma substância, como o cloreto de sódio, cloreto de potássio, glicose, ou proteina, que pode ser dissolvi- da em um solvente, para formar uma solu- ção; a solução salina, por exemplo, tem o cloreto de sódio como soluto e a água como o solvente. Na prática, as soluções podem ser clas- sificadas conforme o tamanho das párticulas do soluto ou conforme a sua na- tureza. Uma solução cristalóide é aquela que contém partículas homogeneamente dis- persas no solvente até que ocorra a passa- gem de uma corrente elétrica ou a sua mis- tura com outra solução. Os solutos das so- luções cristalóides, ou simplesmente cristalóides, são pequenos íons, ácidos e ba- ses simples, aminoácidos, pequenas molé- culas orgânicas, como glicose e frutose, pe- quenas moléculas nitrogenadas, como uréia e creatinina ou pequenas cadeias de poli- peptídeos. O limite superior para o tama- nho das partículas cristalóides está em tor- no de 50.000 Daltons. Uma solução coloidal ou, simplesmente, coloide, contém partícu- las que quando deixadas em repouso por um tempo prolongado, tendem a deposi- tar, perdendo a homogeneidade; o proces- so de deposição pode ser acelerado por centrifugação e outros meios físico-quí- micos. As partículas que formam as so- luções coloidais tem peso molecular mai- or que os solutos cristalóides, acima de 50.000 Daltons. As membranas biológicas, membrana capilar e membrana celular, não permitem a passagem dos coloides e permitem a livre passagem de água e dos cristalóides. Se colocarmos uma solução de cloreto de sódio (NaCl) em um lado de uma mem- brana permeável à água e ao sal, e colocar- mos água pura no outro lado da membra- na, as moléculas de sódio, cloro e água, vão passar livremente através dos dois lados da membrana, até que a concentração de sódio e cloro nos dois lados seja a mesma. A passagem da água e dos eletrólitos Na + e Cl - para o lado da membrana, onde a sua concentração é menor, ocorre pelo fenô- meno da osmose. A pressão osmótica corresponde à pressão exercida pelas partículas ou íons de soluto em uma determinada solução. A pressão osmótica é medida em osmol ou miliosmol (mOsm). Uma molécula de cloreto de sódio, por exemplo, se dissocia em dois íons, Na + e Cl - ; portanto, a solu- ção de uma molécula de cloreto de sódio exercerá uma pressão osmótica de 2 osmol/ litro de água ou por Kg de água (1litro de água = 1 Kg). O intercâmbio de água entre os dife- rentes compartimentos é governado pela osmose. As membranas celulares e capila- res são muito permeáveis à água e o inter- Peptídeos e polipeptídeos são cadeias de aminoácidos de vários comprimentos. Cristalóides Soluções de íons inorgânicos e pequenas moléculas orgânicas dissolvidas em água. https://proqualis.net/sites/proqualis.net/files/Anexo8-%20Treinamento_Cristalóides%20e%20Colóides.pdf Colóides Substância homogênea não cristalina, consistindo de grandes moléculas ou partículas ultramicroscópicas de uma substância dispersa em outra. 145 CAPÍTULO 7 – FISIOLOGIA DA ÀGUA E DOS ELETRÓLITOS câmbio diário é enorme, entre os compar- timentos líquidos do organismo. Quando a pressão osmótica se altera, a água se move através das membranas, para resta- belecer o equilíbrio e manter o estado isosmótico. A regulação da água, entre o líquido intracelular e o líquido intersticial, é representada na figura 7.2. A tonicidade compara as diferentes soluções em termos da pressão osmótica que exercem. Duas soluções com o mes- mo número de partículas dissolvidas por unidade de volume, tem a mesma pressão osmótica e são chamadas, soluções isotônicas. Quando uma solução tem um número maior de partículas, é dita hipertônica em relação à outra e, finalmen- te, se o número de partículas de uma solu- ção é menor que a solução de compara- ção, diz-se que ela é hipotônica. O padrão de comparação que nos interessa, é o plas- ma sanguíneo. As soluções que serão mis- turadas ao plasma, devem ser isotônicas, a fim de evitar alterações significativas da pressão osmótica. As soluções hipertônicas, se necessário, podem apenas ser adminis- tradas em pequenos volumes, para corrigir déficits de algum eletrólito específico. As moléculas de colóides, em geral, são adicionadas às soluções para acrescentar pressão oncótica. As soluções coloidais, são o plasma sanguíneo, as soluções de albumina, gelatina (Isocel), dextran (Rheomacrodex) e hidroxietil starch (Hetastarch). PRESSÃO OSMÓTICA E PRESSÃO ONCÓTICA (COLOIDO-OSMÓTICA) A pressão osmótica de uma solução depende do número de partículas ou mo- léculas na solução. Quanto menor o peso da molécula de uma substância, mais mo- léculas existirão, em um determinado peso da substância. Dessa forma, 1 grama de cloreto de sódio conterá um número infi- nitamente maior de moléculas do que 1 grama de albumina; o peso da molécula de cloreto de sódio é 58,5 enquanto o peso da molécula de albumina é 80.000. Podemos, portanto, afirmar que 1 grama de cloreto de sódio exerce uma pressão osmótica muito maior que 1 grama de albumina. Quando em uma solução, adicionamos um soluto como a albumina, cuja molécu- la é de elevado peso, confinada por uma membrana impermeável à albumina, esta exercerá uma grande pressão oncótica (ou coloido-osmótica). A adição de grandes moléculas, como albumina, dextran e outras, aumenta a pressão oncótica da solução. Contudo, Fig. 7.2. Regulação do intercâmbio de água entre o líquido extracelular (E) e o líquido intracelular. C, representa uma célula. Em A, está representada a situação normal do equilíbrio entre os dois líquidos, intra e extracelular. A concentração iônica normal de 300mOsm/l existe em ambos. Se adicionarmos solutos (íons), ao líquido extracelular, aumentando a sua osmolaridade para 450mOsm/l, a água passa do interior da célula para o líquido extracelular, representado em B. A célula de desidrata. Se, diluirmos os solutos no líquido extracelular, reduzindo a sua osmolaridade para 200 mOsm/l, a água passa para o interior da célula, como representado em C, produzindo edema celular acentuado, que pode, inclusive, romper a célula. Pressão oncótica é a pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo. No plasma sanguíneo, os componentes dissolvidos possuem uma pressão osmótica. 146 FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA como o número de moléculas na solução é pequeno, o seu efeito sobre a pressão osmótica é negligível. A pressão oncótica é expressa em milímetros de mercúrio (mmHg) e tem grande importância na manutenção da água do plasma e na cap- tação da água do líquido intersticial. Quan- do a pressão oncótica do plasma está redu- zida a água tende a migrar para o líquido intersticial. PERDAS DIÁRIAS DE ÁGUA O organismo normal mantém o equilí- brio entre o ganho e a perda diária de água, regulando a diurese, o suor e as perdas insen- síveis. Qualquer interferência nos mecanis- mos normais da regulação, pode gerar distúr- bios do equilíbrio dos líquidos e de eletrólitos. Durante a circulação extracorpórea, a oferta excessiva de líquidos ou de eletrólitos atra- vés o perfusato, pode romper aquele equi- líbrio e produzir complicações. A perda diária de água corresponde à eliminação pela urina, pelas fezes, pela eva- poração nos pulmões, durante a respiração (perda insensível), e pela formação do suor, dependendo da temperatura ambiente e do grau de atividade física. A perda total diária de um indivíduo adulto é de aproxi- madamente 2.400 à 2.900 ml (tabela 7.5). O adequado equilíbrio da água e dos eletrólitos do organismo deve serlembra- do na preparação da perfusão, na escolha dos componentes do perfusato e nos volu- mes necessários ao procedimento. As so- luções para o perfusato devem ter a com- posição química e a pressão osmótica idên- ticas ao plasma, para minimizar a possibilidade de produzir distúrbios hídricos e eletrolíticos. A liberação de radicais livres e de nu- merosas citoquinas e outros agentes pró- inflamatórios durante a circulação extra- corpórea altera a permeabilidade das mem- branas capilares e celulares e contribui substancialmente para alterar os volumes de água contidos nos diferentes comparti- mentos do organismo. Esse processo é par- te importante da reação inflamatória sis- têmica do organismo e, quando intenso, pode produzir complicações difíceis de controlar ou reverter. Tabela 7.5. Perdas diárias de água de um adulto, pelas diversas vias de eliminação. Radicais livres são moléculas instáveis e que apresentam um elétron que tende a se associar de maneira rápida a outras moléculas de carga positiva com as quais pode reagir ou oxidar Há endógenos e hexógenos https://www.youtube.com/watch?v=UcZvIUtAYBc 147 CAPÍTULO 7 – FISIOLOGIA DA ÀGUA E DOS ELETRÓLITOS REFERÊNCIAS SELECIONADAS 1. Andersson,B. –Regulation of body fluids. Annu. Rev. Physiol. 39,185,1977. 2. 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