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Caso Concreto IV - ADC

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, chefe do Poder Executivo Federal, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, com instrumento de mandato anexo e endereço constante à ______, para onde devem ser remetidas as intimações, nos moldes do art. 39, I, do CPC, respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos termos do art. 103, I, art. 102, I, a, ambos da CRFB/1988, arts. 13 e ss. da Lei 9.868/1999 e arts. 282 e ss. do CPC, propor a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Tendo como objeto a Lei Federal X, em razão dos fatos e fundamentos que passa a expor: 
I – DA LEGITIMIDADE ATIVA 
Como disposto no art. 103, I, da CF c/c o art. 13, I, da Lei 9.868/1999, além de ampla jurisprudência pacífica dessa corte, o Presidente da República é parte legítima para a propositura da presente Ação Declaratória de Constitucionalidade, facultando a este, a nomeação de advogado – uma vez que possui capacidade postulatória plena. 
II – DA CONTROVÉRSIA JUDICIAL RELEVANTE 
Conforme as decisões anexadas à presente exordial, vê-se que na seara nos diversos tribunais ordinários a referida lei tem sido por vezes aplicada e por vezes não – o que gera uma grande insegurança jurídica aos cidadãos brasileiros, que pretendem ver seus direitos protegidos e confiam na unicidade da aplicação das leis. De um lado, há a sustentação de que a lei fere frontalmente o art. 5.º, XXXV, da CRFB, que disciplina o caro princípio do acesso à justiça, ou inafastabilidade do Poder Judiciário ou da tutela jurisdicional. Por outro, defende-se que não há direito absoluto e que há, inclusive, no ordenamento pátrio, outros casos impeditivos de concessão de medidas liminares, sendo a garantia contida no art. 5.º, XXXV, da Carta Magna, uma garantia à decisão de mérito, a ter a causa julgada, diferentemente de ter antecipação de resultado final de mérito concedido em sede de medida cautelar. 
III – DA CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA 
É insofismável que dentro do sistema representativo, a lei é, senão, a vontade do povo externada por seus representantes, sendo, desta forma, o meio legítimo para concessão ou limitação aos direitos desse. Nesse compasso, por ser expressão da vontade popular, as leis gozam de presunção de constitucionalidade antes de serem atacadas judicialmente, pois se considera que o conteúdo de uma lei é condizente com os princípios basilares do Estado a que pertence – aspecto material – e que seguiram as formalidades por este exigida – aspecto formal. Desta premissa, extrai-se que a limitação à concessão da medida cautelar nada tem de conflitante com a garantia constitucional contida no art. 5.º, XXXV, da CRFB, uma vez que não impede o acesso à justiça, mas, por outro lado, garante a efetivação desta ao impedir que, em alguns casos, seja concedida uma medida antecipatória dos efeitos da decisão, que a posteriori não seja confirmada pelo julgador, causando difícil reparação do dano à Fazenda e, de forma reflexa, à sociedade como um todo. A referida lei visa, senão, proteger os interesses da coletividade – o interesse público –, pois seleciona um rol taxativo de casos cuja decisão mais madura, na qual o julgador tenha passado por todas as provas e etapas do processo sejam a única com condão de onerar a Fazenda Pública. Os que defendem a tese de que a referida lei fere o acesso à justiça parecem sustentar que a liminar é quase que um direito subjetivo “absoluto” do cidadão, quando é de conhecimento do mundo jurídico e pacífico na doutrina e jurisprudência que a concessão ou não da cautelar se faz pelo livre convencimento do julgador, podendo este, inclusive, conceder ou cassá-la de acordo com sua convicção sobre a sua necessidade, desde que presentes os requisitos legais do periculum in mora e do fumus boni juris, assim como dispõe o art. 273, § 1.º, do CPC. O mesmo diploma legal, em seu art. 273, § 2.º, traz vedação expressa de concessão de tutela antecipada quando houver possibilidade irreversibilidade do provimento antecipado. Deste modo, a lei objeto desta ação só visa complementar o significado extraído do artigo do CPC nas ações contra a Fazenda Pública. 
A posição do STJ (anexo nº) traz consigo uma clarividência para a questão, quando a ponta já ter, inclusive na Lei 12.016/2009 – lei do MS –, em seu art. 7.º, § 2.º, vedações expressas para concessão de medida cautelar em mandado de segurança. Ora, sendo este um remédio impetrado eminentemente contra a administração pública, per si, as vedações daquela lei seriam vedações à antecipação dos efeitos da decisão contra a Fazenda. Desta feita, a Lei X não traz inovação quanto ao mérito da proibição de concessão de liminar, mas apenas amplia um rol já existente, tanto no CPC quanto na Lei do MS. Inconstitucional, por sua vez, é a insegurança jurídica causada pelas diversas decisões contrárias espalhadas pelo território nacional, as quais não dão ao cidadão confiança em saber se é possuidor ou não do direito à tutela antecipada nas ações contra a Fazenda.
IV – DA MEDIDA LIMINAR 
Diante da argumentação até aqui sustentada, fica evidenciado o fumus boni juris necessário à concessão da presente cautela. O periculum in mora repousa na possibilidade de mais ações no mesmo sentido discutirem a possibilidade ou não da concessão das cautelares em face da Fazenda Pública, o que poderia causar um verdadeiro pandemônio jurisdicional. Ademais, não há perigo de irreversibilidade da decisão, uma vez que acautelar no processo da ADC tem o condão de suspender o processo por um prazo de 180 dias, tempo suficiente para o julgamento da decisão final de mérito, sem prejuízo às partes litigantes nos processos suspensos. Assim dispõe o art. 21, parágrafo único, da Lei 9.868/1999: findo o prazo, caso ainda não julgado o mérito da ação, os processos voltam a correr novamente, não havendo prejuízo a nenhuma das partes, nem perigo de irreversibilidade da presente medida. 
V – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) a concessão de medida cautelar, para que sejam sobrestados os julgamentos dos processos que envolvam a aplicação do preceito normativo objeto desta ação; 
b) a intimação do Procurador-Geral da República, para emitir seu parecer no prazo legal; 
c) a procedência do pedido, assim sendo declarada a constitucionalidade do dispositivo objeto da presente ação, produzindo tal decisão eficácia erga omnes, efeito vinculante e ex tunc. 
Atribui à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais). 
Nestes termos, 
Espera deferimento 
Porto Velho, 18 de setembro de 2020. 
Advogado/OAB
Acadêmica: Dandára Morais Alves
Turma: DIR08NA

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