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TÓPICOS DE FÍSICA TÓPICO 3 INÉRCIA ROTACIONAL Prof. Wagner Antônio da Silva Nunes Inércia Rotacional de um Sistema Discreto de Partículas O caso mais simples de um sistema discreto de partículas é aquele formado por uma única partícula de massa �. Considere que que essa partícula esteja em rotação em torno de um eixo fixo como indicado abaixo. A distância da partícula até o eixo vale �. Se a velocidade da partícula vale � = �� sua energia cinética devido a essa rotação será: � = 12 ��� = 12 ����� = 12 ���. Definimos, em analogia ao caso translacional, a inércia de rotação ou inércia rotacional da partícula de massa � em rotação em torno de um eixo à grandeza: � = ���, onde � é a distância entre a partícula e o eixo de rotação. A unidade de medida da inércia rotacional no S.I. é o ��. ��. Observe que a inércia rotacional não é uma propriedade da partícula, visto que assume diferentes valores se mudarmos o eixo de rotação. Devemos ter sempre em mente que ao calcularmos a inércia rotacional de um corpo ela será relativa a algum eixo em relaç Para � partículas em rotação em torno de um mesmo eixo teremos: � = �� + �� + ⋯ + �� = � ��������� Inércia Rotacional de um Sistema Contínuo de Partículas Usamos aqui o mesmo procedimento usado para determinar o centro de massa de uma distribuição contínua de massa. Fazemos a divisão do corpo em pedaços pequenos cuja massa é ��� para a porção � e fazemos a somatória da inércia rotacional de cada um deles. A seguir tomamos o limite quando ��� → 0. � = lim !"→# � ������ = $ ��%� � ��� Exercício: Um objeto consiste de quatro partículas de massa � unidas mediante hastes sem massa que formam um retângulo de lados 2� & 2'. O sistema gira ao redor de um eixo situado no plano da figura, passando pelo centro. Calcular em cada caso: a) A inércia rotacional do sistema; b) A energia cinética de rotação. Solução: (a) �� = � ��������� = 4��� �� = � ��������� = 2�)2�*� = 8��� (b) �� = 12 ���� = 2����� �� = 12 ���� = 4�����. Exemplo: Determinar o momento de inércia de uma barra de densidade linear de massa , uniforme (comprimento - e massa .) ao redor de um eixo de rotação perpendicular a barra que passa por um dos seus extremos. Solução: / = %�%0 → %� = /%0 $ %�1# = / $ %0 2 # → . = /- � = $ 0�%� = $ 0� .- %0 =2# .- 0 33 5# 2 = .-�3 Exemplo: Uma barra de massa . e comprimento -, bobre o eixo 0 tem um extremo na origem. Calcular o momento de inércia a resposta do eixo 67, que é paralela ao eixo 6 que passa pelo centro da barra. Solução: � = $ 0�%� = $ 0� .- %0 =2/�92/� .- 0 33 592/� 2/� = 2. .-�24 = .-�12 Teorema dos Eixos Paralelos Vamos ver agora mais uma utilidade do conceito de centro de massa. Ela aparece num teorema importante na dinâmica da rotação chamado de Teorema dos Eixos Paralelos ou Teorema de Steiner. Podemos determinar a inércia rotacional (também chamado de momento de inércia) de um corpo em relação a um eixo se conhecemos a inércia rotacional do mesmo corpo em relação ao eixo que passa pelo seu centro de massa. O teorema é enunciado da seguinte forma: “O momento de inércia de um corpo em relação a qualquer eixo é igual à soma do momento de inércia em relação a um eixo paralelo ao primeiro e que passe pelo centro de massa (CM) e o produto da massa total . do corpo pela distância : entre os eixos ao quadrado, � = �;! + .:�". Exemplo: Use o teorema dos eixos paralelos para determinar o momento de inércia de uma barra de densidade linear de massa , uniforme (comprimento - e massa .) ao redor de um eixo de rotação perpendicular a barra que passa por um dos seus extremos. Sabe-se que a inércia rotacional da barra em torno do centro de massa vale �;! = .-�12 . Solução: � = �;! + .:� = .-�12 + . =-2> � = .-�12 + .-�4 = .-�3 . Exemplo: Determine o momento de inércia de um anel de densidade linear de massa , (raio ? e massa .) ao redor de um eixo de rotação perpendicular ao plano do anel e que passa por seu centro. Solução: � = $ ��%� = .?�. Exemplo: Determine o momento de inércia de um disco de densidade superficial de massa @ (raio ? e massa .) ao redor de um eixo de rotação perpendicular ao plano do disco e que passa por seu centro. Solução: %� = ��%� @ = %�%A → %� = @2B�%� � = $ ��@2B�%� =C# @2B $ �3%� = @2B ? D4C# )�* %� = @2B�%� → $ %�1# = @2B $ �%� C # → . = @2B ? �2 ∴ @ = .B?� )'* Substituindo (b) em (a): � = .B?� 2B ?D4 = .?�2 . Exemplo: Determinar o momento de inércia de um cilindro maciço de densidade volumétrica de massa F (raio ? e massa .) ao redor de um eixo de rotação perpendicular ao plano do disco y que passa pelo seu centro. Solução: %� = %�?�2 = FB?�%G?�2 = FB?D%G2 � = $ FB?D%G2 = FB?DH2IJ F = %�%K → %� = F%K ∴ . = FB?�H → F = .B?�H � = $ FB?D%G2 = .B?�H B?DH2 = .?�2 .IJ Movimento Combinado de Rotação e Translação Vamos considerar agora o caso em que o eixo de rotação se desloca no espaço mantendo sua direção fixa. Este é o caso do movimento plano geral que sempre pode ser considerado como a soma dos movimentos de rotação + translação. A figura abaixo ilustra o que queremos dizer: O deslocamento dos pontos L� & M� para L� & M�, pode ser dividido em duas partes: 1. translação de L� para L� e de M� para M�7 ; 2. rotação de M�7 para M�, em torno de L�. Se o corpo rígido translada seu centro de massa terá uma velocidade �⃗;! e momento total PQ⃗ = .�⃗;!, onde . é a massa total do corpo rígido. Um observador, localizado no centro de massa, verá o centro de massa em repouso e perceberá apenas a rotação. Para esse observador a equação básica da dinâmica rotacional R = �S ainda será válida desde que: 1. o eixo de rotação passa pelo centro de massa e, 2. a direção do eixo seja fixa. A energia cinética do corpo é a soma das energias cinéticas de rotação (em torno do eixo que passa pelo seu centro de massa) e a energia cinética de translação: � = �TUVWçãU + �VTWZ[\WçãU � = 12 �;!�� + 12 .�;!� . Em princípio as energias cinéticas de rotação e translação constituem dois termos completamente independentes, pois, podemos atribuir qualquer energia cinética de rotação para uma dada energia cinética de translação. Um caso importante em que esses termos não são mais independentes é o rolamento de um corpo sobre uma superfície sem deslizamento, que passamos a analisar agora. Rolamento sem Deslizamento Consideremos o caso do rolamento sem deslizamento. Este é um caso de movimento combinado de translação + rotação onde não existe movimento relativo entre o ponto de contato entre o corpo e a superfície. A fig. (a) acima mostra o caso da translação pura com o corpo se movendo para a direita. Todos os pontos do corpo (como por exemplo os pontos M, ] e ^) se movem com a mesma velocidade do centro de massa. A fig.(b) expressa a rotação pura do corpo rígido em torno do ponto ] com as velocidades dos pontos da periferia do corpo igual a �? (pontos M & ^). Em (c) vemos a superposição desses dois movimentos de translação e rotação. A velocidade de cada ponto é a soma vetorial das velocidades de rotação e translação, como se cada uma existisse separadamente. Veja que o ponto de contato B possui uma velocidade instantânea dada por: �_ = �;! − �?. Se quisermos que o rolamento ocorra sem deslizamento devemos impor que �_ = 0. Desta imposição vemos que agora as velocidades de rotação e de translação estão conectadas, isto é: �;! = �? Agora a energia cinética do corpo não é mais formada por dois termos independentes: � = 12 �;!�� + 12 .�;!� = 12 �;!�� + 12 .��?� = 12 ��)�;! + .?�* ou � = 12 �;!�� + 12 .�;!� = � = 12 �;! �;!�?� + 12 .�;!� = 12 �;!� =�;!?� + .>. Centro Instantâneo de Rotação Quando impusemos a condição de que a velocidade do ponto M era nula, todos os outros pontos do corpo, quando vistos por um observador situado noponto M, parecem apenas girar em torno desse ponto. Isto nos define o chamado centro instantâneo de rotação. Em relação ao centro instantâneo as velocidades dos pontos são calculadas usando a expressão: � = �%, onde % é a distância do ponto ao centro instantâneo de rotação. Por exemplo, para o ponto ^ teremos: �a = �%a = �)2?*. Para o ponto ] %b = ? e �b = �?. Para o ponto M %_ = 0 e �_ = 0 como esperado. Para o ponto ̂ , %a = 2? e �a = 2�?. Para o ponto c, %d = ?√2 e �a =�?√2. Exemplo: Um cilindro sólido de massa . e raio ? inicia o seu movimento do repouso e rola sem deslizar para baixo em um plano inclinado de comprimento - e altura ℎ. Encontre a velocidade do seu centro de massa quando o cilindro atinge a base do plano. Solução: Como o rolamento plano abaixo é sem deslizamento vamos aplicar a conservação da energia mecânica: gVUhU = giW[j �VUhU + cVUhU = �iW[j + ciW[j 0 + .�ℎ = 12 �;!� =�;!?� + .> + 0. .�ℎ = 12 �;!� k .?�2?� + .l → .�ℎ = 12 �;!� 3.2 �;! = 2m�ℎ3 = 2m�-n&op3 .