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Fundação Santo André
Analise da série “Anne with an E” 
2 Temporada
André Alex Sandro Martins – RA: 738353
Angélica Sartori Fogo – RA: 738827
Sofia Chamelian – RA: 738342
Santo André
18 de Outubro de 2020
1- Busca de si mesmo e da Identidade
R: O momento de transição para a adolescência não é apenas um marco para a maturidade, mas faz parte de uma etapa de desenvolvimento. O início e o decorrer da adolescência são marcados por conflitos e incertezas. Neste momento já temos fortes traços da identidade, a Anne busca sua identidade desde o início da adolescência, no entanto ela ainda não sabe qual é essa busca, ao contrário de Gilbert, seu amigo, que já possui o desejo de ser médico demonstrando habilidade para a profissão ao fazer partos em animais e depois passar pela experiência de fazer o parto de uma criança.
O processo de definição de si mesmo e da identidade inicia ainda na puberdade, passando pelos processos de dissociação, projeção, introjeção e identificação até atingir a personalidade parcialmente. Ainda no decorrer do processo de formação da personalidade o indivíduo necessita estabelecer e amadurecer a relação entre seu corpo, suas relações sociais e ele mesmo, o que o autor chama de o todo biopsicossocial.
O processo de luto com relação ao corpo infantil é o momento que obriga a compreensão sobre a modificação do esquema corporal. Para Erikson, o processo de formação de identidade é mutável. 
O adolescente recorre às situações que se apresentam como as mais favoráveis, buscando identificar-se com o todo, o grupo, e com cada um do grupo, esta característica é conhecida como uniformidade. O adolescente projetará sua identidade possivelmente de acordo com a personalidade mais forte do grupo ainda que esta personalidade seja composta por elementos negativos.
O adolescente adota diferentes identidades para adequar-se aos momentos mais importantes que possam vivenciar, usando mecanismos de defesa diante de situações que possam levá-lo a um grande conflito. Além disso, o adolescente preocupa-se com a identidade que irá formar ao final do período de amadurecimento. Uma das características deste período de busca pela identidade é a quebra de vínculos com as figuras parentais da infância.
2- Tendência Grupal
R: A tendência grupal é um momento importante para o adolescente, ele busca encontrar-se em um grupo no qual ele se identifique e se fortaleça, quebrando os laços parentais e tentando ao máximo se adequar às regras ou características deste mesmo grupo, no qual há a possibilidade de mudar aspectos no ego de cada um. Ainda na adolescência o indivíduo pode ter traços de condutas psicopáticas, o que não significa que ele seja um psicopata dado que ele não possui má fé consciente. O grupo é um momento passageiro até o alcance da identidade adulta, da autonomia individual. 
A Anne tinha um grupo específico de amigos, as meninas se espelhavam muito uma na outra em relação a literatura, a arte de um amigo não era compreendida por todas mas era aceita. Eles se ajudavam mutuamente e se preocupavam um com o outro. Ainda em relação as meninas havia uma disputa pois Anne era uma exímia escritora fazendo com que as amigas se sentissem inferiores, por outro lado Anne vivia um momento delicado de comparação física com as amigas, ela se achava feia e a cor do cabelo a incomodava muito.
3- Necessidade de intelectualizar e fantasiar
R: O adolescente necessita de momentos de organização emocional e por este motivo se ausenta muitas vezes buscando o reequilíbrio, além disso a criação relacionada a política, as artes, a movimentos distintos dos vivenciados na infância fazem com que desperte no adolescente o seu lado mais investigativo e criativo.
Anne fantasia o tempo todo e consegue desenvolver suas ideias por meio da escrita. A leitura demasiada reflete na ótima dicção de Anne, que adora ler para os amigos e em público. Ela tem curiosidade aguçada por assuntos diversos e procura entender cada um. O momento de reorganização emocional de Anne se dá quando ela escreve suas ficções, é um momento de prazer para ela, ela sente suas próprias fantasias tomarem vida desenvolvendo sentimentos sobre o que ela própria fantasiou.
4- As crises religiosas
R: Assim como todo o processo adolescente, as crenças religiosas sofrerão mudanças, por conta da mutualidade do mundo interno, a busca de saber o que compõe o seu eu e quem ele é. O constante questionamento do mundo e valores aplica-se também em valores morais vindos da família, como a religião. O adolescente busca saber o que de fato é aquilo, para decidir se mantém ou muda a condição religiosa em que se encontra. Sempre a investigação girará em torno de procurar a solução de alguma angústia, seja ela da mudança repentina do corpo, a transição incerta entre infância e vida adulta, imagem infantil sendo largada e uma nova tendo que ser criada. Tudo isso causa uma morte definitiva do ego corporal que o adolescente possuía, levando-o a saber- ou até mesmo criar- sua nova identidade e seu lugar no mundo. Para exemplificar, Anne no capítulo 3, após se desprender das amarradas dos golpistas, reza com sua mãe adotiva, demonstrando sua religiosidade não muito fervorosa, apenas o tradicional. Diversas vezes, Anne questiona modelos de vida vindos das práticas religiosas, como no capítulo 5, em que a temática de estética e sexualidade torna-se evidência. Anne sempre está focada em desconstruir padrões sociais, sejam eles religiosos ou não, mantendo-se praticante do catolicismo sem fanatismo religioso.
5- A deslocalização temporal
R: A constante pressa ou paciência é muito característica do período adolescente, onde os três tempos (passado, presente e futuro) são condensados em um só. Mesmo que algo esteja longe, seja ele residente no passado ou futuro, fará parte do presente, na forma imediatista e ansiosa do adolescente. Todo o processo biológico, ou seja, a mudança corporal incontrolável, assim como as constantes e ambíguas mudanças na sua rotina, pensamentos e contexto social, fazem do jovem um alguém apressado, reivindicatório muitas vezes. Muitas vezes, quase que constantemente, o adolescente se projeta em outros tempos, com as condições irreais e imaginação, juntamente com fantasias e “extremas necessidades”, sejam elas para alcançar algo ao longe, ou concertar algo do passado. Muito do grande poder de fantasia e imaginação do período adolescente, encontra-se na deslocalização temporal, como exemplificado no capítulo 1, onde Anne possui suas recordações do orfanato, e projeta essas lembranças no presente para encontrar uma solução para ser diferente. Também se percebe Anne muito ansiosa e agitada no capítulo 3, em busca de respostas e soluções para a questão do ouro na vila, com pressa de que as pessoas a escutem. Diversas vezes durante os outros capítulos, Anne se mostra apressada, idealizadora do agora e do perfeito, como no capítulo 5 em que tem pressa por ficar mais bonita, e após uma tentativa falha de pintar o cabelo, precisa cortá-lo curto, adquirindo uma pressa para o crescimento.
6- A evolução sexual desde o autoerotismo até a heterossexualidade
R: A nova percepção de corpo e a busca do seu novo “eu” atinge o campo da sexualidade na adolescência, seja na própria concepção de corpo como na orientação sexual e sexualidade. Mesmo com o mesmo corpo durante toda a vida, a ruptura da infância ingênua para a idade adulta faz o adolescente questionar mais fatores, como composição corporal, as próprias genitálias, os desejos sexuais, paixões e amores, atos de amor como o beijo e relacionamentos, trazendo os assuntos em xeque para com os adultos e até mesmo com os próprios colegas em suas relações sociais. Para exemplificar, o capítulo 5 ganha ótimo enfoque, pois brincadeiras como a da garrafa tornam-se comuns no dia-a-dia dos jovens da vila. A pressão por um padrão estético e comportamentos designados por papéis sociais, por um primeiro beijo, pela exposição da própria sexualidade, revelam o descobrimento e curiosidade no grupo em que Anne está inserida.Sua autoestima entra em colapso com tantos julgamentos, e o bullying torna-se extremamente notável, assim como questionamentos sobre o porquê, como e quanto do primeiro beijo, sobre a importância de ter um padrão estético e sobre a urgência do amar.
7- Atitude Social Reivindicatória
R: O adolescentes passa por uma serie de conflitos psíquicos ao longo do seu período de maturação para a vida adulta, sendo que muitos deles são de certa mediados pela cultura e pela sociedade em que o jovem esta inserido. As bases desses conflitos são as mesmas porém a forma com que eles serão externalizados dependerá do meio em que estão inseridos. Essas manifestações são compreendidas no mundo adulto como uma hostilidade e a partir dessa abstração inicia-se um processo de isolar o adolescente da sociedade. É a partir desse movimento isolacionista que desenvolve-se a subcultura adolescente que na ótica supracitada torna-se um símbolo de rebelião. Na tentativa de conter esse movimento, é imposto sobre o adolescente diversas restrições rigorosas que irão variar de acordo com critérios socioeconômicos de cada sociedade. O adolescente, por sua vez, sente a necessidade de manifestar seu modo de pensar, que comumente diverge daquele expresso pelos adultos, como forma de cristalizar, em suas atitudes, seu modo de entender a realidade para que posteriormente possa tentar modifica-la. Para exemplificar este item, baseado na serie Anne with an E, podemos pensar na manifestação realiza pelos alunos da escola em oposição a limitação dos temas que o jornal escolar. Tal limitação partia do Conselho Administrativo da cidade que chocado com o pensamento progressista do último artigo, decidiu limitar os temas que poderiam ser abordados pelos estudantes. Os alunos uniram-se e promoveram um protesto pacifico denunciando a censura. Os homens do Conselhos ultrajados por tal atitude, atearam fogo a escola e roubaram a impressora. Se analisarmos simbolicamente essa cena, podemos entende-la como uma tentativa desesperada de um grupo de adultos em parar e repreender o avanço do pensamento progressista que os alunos traziam, literalmente queimando o local onde tais ideias eram manifestadas: a escola. 
8- Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta. 
R: Durante o período da adolescência, o jovem passa grandes oscilações de personalidade. O adolescente passa por um processo de busca de referenciais e modelos, o que acarreta em projeções (formas de defesa daquilo que não conseguimos lidar) e introjeções (internalização de características que irão constituir a personalidade do individuo) são intensos e comuns. Um adolescente manter seu comportamento rigorosamente estável é considerado uma anormalidade. O esperado para esse estagio da vida é que haja alterações e oscilações, pois a personalidade ainda não esta formada e estabelecida. 
9- Separação Progressiva dos Pais
R: Esse estágio da adolescência esta diretamente associado a sexualidade, a capacidade executora da genitalidade implica no distanciamento dos pais. Essa separação será mais ou menos angustiante dependendo das experiências com seus familiares que esse jovem carrega desde o período de sua infância. É neste momento que o adolescente define o que buscará em seu parceiro. Isso também será influenciado pela figura de pais que ele contem em sua subjetividade. Quanto mais os país negarem o crescimento de seus filhos, mais perseguido e invadido esse filho se sentirá. O adolescente em contra partida também passa por um processo de Dissociação das figuras maternas e paternas, ou seja, ele consegue enxerga-los como pessoas muito boas ou muito más, há uma desconexão e uma idealização (positiva ou negativa) desses familiares. 
10- Constantes flutuações do humor e do estado de animo
R: Com as mudanças constantes da transição de fases, a elaboração dos diversos lutos por perdas das mais diversas tomam conta do adolescente, que deve trabalhar isso durante toda a fase. A forma como o jovem irá lidar e a intensidade que a causa tomará, definirá a forma com que ele observa e sintetiza os acontecimentos de sua vida. A busca por uma solução, muito característica do adolescente, também se aplica nas suas situações aflituosas e problemáticas, assim fazendo-o internalizar-se em si mesmo em busca de respostas, dos porquês nos sentimentos que experimenta e das situações que enfrenta. Por isso, a introspecção é muito comum e distintiva para essa fase, já que os contextos, tanto biológicos como físicos e sociais, corroboram para o afastamento do jovem em busca de suas próprias ideologias e identidade. Por diversas vezes, em praticamente todos os capítulos, Anne possui seus momentos de introspecção e alteração de ânimo, principalmente quando volta a ter lembrança do seu passado no orfanato. No capítulo 4, quando a vila foi afetada pelos golpistas, Anne tem diversas e extensas variações de humor, desde sentimento de diversão, amor até sentimento de culpa e raiva, indo até sua casa na floresta para se expressar escrevendo. O medo da perda da infância também toma conta, e afeta seu humor. O capítulo 9 é caracterizado por muitas perdas, e os sentimentos ficam afetados pelas bruscas mudanças típicas da adolescência. Sentimentos de injustiças, saudades, necessidade de falar sob repressão. Assim como no capítulo 10, onde a rotina de Anne adquire diversos altos e baixos, voltando seus questionamentos para desfazer e resolver padrões sociais e o tradicionalismo que compõe a vila.

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