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Princípios específicos do Direito do 
Consumidor
APRESENTAÇÃO
O Código de Defesa do Consumidor foi elaborado com uma técnica inovadora utilizando 
princípios e cláusulas gerais. Dentre os princípios mais importantes que o regem encontramos o 
da boa-fé, vulnerabilidade, confiança, segurança, transparência e equidade. 
Cada um deles garante a proteção dos consumidores e obriga os fornecedores a buscarem uma 
conduta em prol da satisfação, comprometimento e harmonia das relações de consumo. 
Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os Princípios Específicos do Direito do 
Consumidor. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar os princípios específicos do consumidor.•
Aplicar os princípios do consumidor no caso concreto.•
Explicar a origem Constitucional do Código de Defesa do Consumidor.•
DESAFIO
A proteção do consumidor tem como viga mestra o princípio da vulnerabilidade conforme 
consta no CDC.
Além do princípio da vulnerabilidade, há outros princípios que norteiam o Direito do 
Consumidor.
Veja o seguinte caso: resolva a luz dos princípios.
André procurou seu escritório com o intuito de saber com que fundamento poderia intentar 
contra a instituição financeira.
INFOGRÁFICO
Você vai ver no infográfico os Princípios Específicos do Direito do Consumidor.
CONTEÚDO DO LIVRO
O Código de Defesa do Consumidor possui princípios norteadores que irão fundamentar e 
amparar qualquer desequilíbrio nas relações de consumo.
Para compreender as características de cada um destes princípios, faça a leitura do capítulo 
Princípios específicos do direito do consumidor, do livro Direito do consumidor.
Boa leitura.
Conteúdo:
DIREITO DO 
CONSUMIDOR
Gustavo 
Santanna 
4
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
• Diferenciar os princípios específicos do consumidor. 
• Aplicar os princípios do consumidor no caso concreto. 
• Explicar a origem constitucional do Código de Defesa do Consumidor.
INTRODUÇÃO
O Código de Defesa do Consumidor foi elaborado utilizando-se de princípios 
e cláusulas gerais. Dentre os princípios que o regem destaca-se o da 
boa-fé, o da vulnerabilidade, o da confiança, o da segurança, o da transparência 
e o da equidade. Cada um deles garante a proteção dos consumidores e 
obriga os fornecedores a buscarem uma conduta em prol da satisfação, 
comprometimento e harmonia das relações de consumo. 
Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os Princípios Específicos 
do Direito do Consumidor.
ORIGEM CONSTITUCIONAL DO CÓDIGO DE DEFESA 
DO CONSUMIDOR
O Código de Defesa do Consumidor, criado através da Lei nº 8.078/90, 
objetivou a regulamentação do direito fundamental de proteção das relações 
de consumo, o qual vem garantido no art. 5º, XXXII, da Constituição Federal.
A Previsão Constitucional, que coloca a defesa do consumidor no título 
reservado aos direitos e garantias fundamentais, demonstra a preocupação 
do legislador em tutelar o hipossuficiente, a parte vulnerável da relação de 
consumo:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
5
Ao prever que caberá ao Estado a defesa do consumidor, a Constituição 
Federal assegura uma atuação positiva do Estado na proteção de tais direitos:
Promover significa assegurar afirmativamente que o Estado-Juiz, que o 
Estado-Executivo e o Estado-Legislativo realizem positivamente a defesa, 
a tutela dos interesses destes consumidores. É um direito fundamental 
(direito humano de nova geração, social e econômico) a uma prestação 
protetiva do Estado, a uma atuação positiva do Estado, por todos os seus 
poderes: Judiciário, Executivo, Legislativo. É direito subjetivo público geral, 
não só de proteção contra as atuações do Estado (direito de liberdade 
ou direitos civis, direito fundamental de primeira geração, em alemão 
Abwehrrechte), mas de atuação positiva (protetiva, tutelar, afirmativa, de 
promoção) do Estado em favor dos consumidores (direito a alguma coisa, 
direito prestacional, direito econômico e social, direito fundamental de 
nova geração, em alemão Rechte auf positive Handlungen).” (BENJAMIN, 
2014, p. 35)
Além disso, a defesa do consumidor restou assegurada, também, como 
princípio geral da atividade econômica, ao vir prevista no art. 170, V, da CF:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor.
Importante salientar, ainda, a previsão expressa do artigo 48 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias para que o Código de Defesa do 
Consumidor fosse estabelecido:
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação 
da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Assim, o Código de Defesa do Consumidor, criado através da Lei 8.078/90 e 
nascido de uma disposição constitucional, surge com o objetivo de regular 
as relações de consumo, dando concretude às regras e princípios relativos à 
defesa do consumidor, estabelecendo, já em seu art. 1º, que o referido Código 
é uma norma de ordem pública e de interesse social.
6
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR
A doutrina apresenta alguns princípios específicos com relação ao Código 
de Defesa do Consumidor, dentre eles: boa-fé, vulnerabilidade, confiança, 
segurança, transparência e equidade, aos quais passa-se a expor.
Princípio da boa-fé
O princípio da boa-fé é princípio que vem insculpido no Código Civil, artigo 113, 
na qual os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os 
usos do lugar de sua celebração. Da mesma forma, o artigo 422 coloca que os 
contratantes são obrigados a guardar, assim, na conclusão do contrato, como 
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Nessa norma é possível 
identificar a boa-fé objetiva da subjetiva. A primeira, pautada na probidade, 
na honestidade e na lealdade. Já a subjetiva, localizada na “consciência” do 
agente, não se tratando, propriamente, de um princípio, mas, sim, de mero 
estado psicológico. (MIRAGEM, 2014, p. 134)
O INSTITUTO DA BOA-FÉ NO DIREITO CIVIL
por Fabio Augusto Generoso
SAIBA
MAIS
No Código de Defesa do Consumidor, a boa-fé aparece já no artigo, 4º, III, 
impondo ao fornecedor um dever de informar qualificado, protegendo a 
legítima expectativa gerada pela informação (MIRAGEM, 2014, p. 135). De 
acordo com James Eduardo Oliveira (2009, p. 48):
No âmbito das relações de consumo, tem especial relevo, sobretudo 
na verificação das expectativas depositadas pelo consumidor. Ao 
contratar, o fornecedor não assume apenas os deveres expressamente 
contraídos, pois à luz do Estatuto Protecionista, a vontade não é a única 
nascente obrigacional: assume também os chamados “deveres anexos” 
consubstanciados nas obrigações imanentes ao contrato ou impostos 
pelos bons costumes. (OLIVEIRA, 2009)
7
Como magistralmente já destacou o Superior Tribunal de Justiça, no Recurso 
Especial nº 1.568.244/RJ, julgado em 14/12/2016:
Para evitar abusividades (Súmula nº 469/STJ) nos reajustes das 
contraprestações pecuniárias dos planos de saúde, alguns parâmetros 
devem ser observados, tais como (i) a expressa previsão contratual; (ii) 
não serem aplicados índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, 
que onerem em demasia o consumidor, em manifesto confronto com a 
equidade e as cláusulas gerais da boa-fé objetiva e da especial proteção ao 
idoso, dado que aumentos excessivamente elevados, sobretudo para esta 
última categoria, poderão, de forma discriminatória, impossibilitar a suapermanência no plano; e (iii) respeito às normas expedidas pelos órgãos 
governamentais.
Princípio da vulnerabilidade
O art. 4º, inciso I do CDC, prevê, dentre os princípios informadores da Política 
Nacional das Relações de Consumo o “reconhecimento da vulnerabilidade 
do consumidor no mercado de consumo”, consagrando, assim, o princípio da 
vulnerabilidade.
O princípio da vulnerabilidade é a base do Direito do Consumidor, eis que é 
justamente essa vulnerabilidade, essa fragilidade do consumidor nas relações 
de consumo que fez com que o Direito se preocupasse em tutelar a defesa do 
consumidor:
A existência do direito do consumidor justifica-se pelo reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor. É esta vulnerabilidade que determina ao 
direito que se ocupe da proteção ao consumidor. (MIRAGEM, 2014, p. 122).
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que o princípio 
da vulnerabilidade é o “princípio motor” da política nacional das relações 
de consumo e, ainda, que a atuação do Estado deve ocorrer no sentido de 
minimizar a desigualdade entre as partes:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E 
PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. AÇÃO DE RESCISÃO 
DE CONTRATO E REPARAÇÃO DE DANOS. AQUISIÇÃO DE CONCHA 
BRITADORA. HIPOSSUFICIÊNCIA E DESPROPORÇÃO DE FORÇAS 
ENTRE AS PARTES. RECONHECIMENTO NA ORIGEM. INVERSÃO DO 
JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO REEXAME PROBATÓRIO. 
8
ENUNCIADO Nº 7 DA SÚMULA DO STJ. INCIDÊNCIA. RELAÇÃO DE 
CONSUMO. COMPETÊNCIA DO FORO DO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR. 
POSSIBILIDADE. PRECEDENTE.
1. A pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser 
equiparada à condição de consumidora (art. 29 do CDC), por ostentar, frente 
ao fornecedor, alguma vulnerabilidade que, frise-se, é o princípio-motor 
da política nacional das relações de consumo (art.4º, I, do CDC). Aplicação 
temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, processo 
denominado pela doutrina como finalismo aprofundado - Precedentes.
2. Consignada no acórdão a hipossuficiência e a desproporção de forças 
entre as partes, fica evidenciada a existência de relação de consumo, 
exigindo à inversão do julgado o vedado reexame do acervo fático-
probatório. Incidência do enunciado nº 7 da Súmula do STJ, óbice aplicável 
por ambas as alíneas do inc. III do art. 105 da Constituição Federal.
3. (...).
4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp nº 735.249/SC – 
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva – julgado em 15/12/2015)
DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. VÍCIO DO PRODUTO. 
AUTOMÓVEIS SEMINOVOS. PUBLICIDADE QUE GARANTIA A QUALIDADE 
DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. USO DA MARCA. LEGÍTIMA 
EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR. MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚM. 7/
STJ.
1. O Código do Consumidor é norteado principalmente pelo reconhecimento 
da vulnerabilidade do consumidor e pela necessidade de que o Estado 
atue no mercado para minimizar essa hipossuficiência, garantindo, assim, 
a igualdade material entre as partes. Sendo assim, no tocante à oferta, 
estabelece serem direitos básicos do consumidor o de ter a informação 
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços (CDC, art. 6°, III) 
e o de receber proteção contra a publicidade enganosa ou abusiva (CDC, 
art. 6°, IV).
2. É bem verdade que, paralelamente ao dever de informação, se tem a 
faculdade do fornecedor de anunciar seu produto ou serviço, sendo certo 
que, se o fizer, a publicidade deve refletir fielmente a realidade anunciada, 
em observância à principiologia do CDC. Realmente, o princípio da 
vinculação da oferta reflete a imposição da transparência e da boa-fé nos 
métodos comerciais, na publicidade e nos contratos, de forma que esta 
exsurge como princípio máximo orientador, nos termos do art. 30.
9
3. Na hipótese, inequívoco o caráter vinculativo da oferta, integrando 
o contrato, de modo que o fornecedor de produtos ou serviços se 
responsabiliza também pelas expectativas que a publicidade venha a 
despertar no consumidor, mormente quando veicula informação de produto 
ou serviço com a chancela de determinada marca, sendo a materialização 
do princípio da boa-fé objetiva, exigindo do anunciante os deveres anexos 
de lealdade, confiança, cooperação, proteção e informação, sob pena de 
responsabilidade.
4. (...).
5. Recurso especial não provido. (REsp nº 1.365.609/SP – Ministro Luis 
Felipe Salomão – julgado em 28/04/2015)
Em que pese muitas vezes serem tratados como sinônimos, 
há distinção entre a vulnerabilidade e a hipossuficiência. A 
vulnerabilidade está ligada ao direito material, com presunção 
absoluta. Já a hipossuficiência, consagrada no artigo 6º, VIII do 
CDC, se verifica no momento processual, quando o consumidor 
não tem condições de comprovar, por seus próprios meios, suas 
alegações, possibilitando a inversão do ônus da prova.
FIQUE
ATENTO
Dessa forma, tem-se que o princípio da vulnerabilidade é aquele princípio que 
pressupõe a fragilidade absoluta do consumidor frente ao fornecedor, e que 
embasa a existência de normas de proteção em prol do consumidor, na busca 
pela igualdade na relação de consumo.
Princípio da confiança
Sendo um dos princípios mais importantes do direito privado, a proteção 
à confiança surge como uma resposta à massificação das contratações 
e das práticas negociais de mercado (MIRAGEM, 2014, p. 238). Muito 
próximo ao princípio da boa-fé objetiva, a confiança “é, em regra, a base 
de comportamentos sociais ou jurídicos individuais” e a crença de uma 
10
conduta correta por parte dos contratantes, abrangendo “as expectativas de 
cumprimento de determinados deveres de comportamento” (MIRAGEM, 2014, 
p. 238). Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial 
nº 1.269.691/PB: “A empresa que fornece estacionamento aos veículos 
de seus clientes responde objetivamente pelos furtos, roubos e latrocínios 
ocorridos no seu interior, uma vez que, em troca dos benefícios financeiros 
indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores, o 
estabelecimento assume o dever - implícito em qualquer relação contratual - 
de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da confiança”.
Princípio da segurança
Os produtos ou serviços, uma vez colocados no mercado, devem cumprir o 
objetivo da segurança, pois “quando se fala em segurança no mercado de 
consumo, o que se tem em mente é a ideia do risco: é da maior ou menor 
presença deste que decorre aquela” (BENJAMIN; MARQUES; BESSA, 2014, p. 
163). De acordo com o artigo 8º do CDC:
Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados 
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-
se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias 
e adequadas a seu respeito. (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR)
Verifica-se, por oportuno, que o artigo 8º do Código Consumerista, não 
veda a comercialização de produtos perigosos ou nocivos, exigindo, aí sim, a 
prestação das devidas informações. 
Princípio da transparência
Também estudado como princípio da informação ou da publicidade, por 
este princípio a publicidade deve ser veiculada de tal forma que possibilite 
o consumidor, fácil e imediatamente, a identificá-la como tal, vedadas, 
assim, publicidades clandestinas e subliminares. De acordo com o artigo 
36, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor: “o fornecedor, 
na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para 
informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos 
que dão sustentação à mensagem”. Denominou, nesse caso, a doutrina de 
“princípio da transparência da fundamentação da publicidade”. (BENJAMIN, 
MARQUES, BESSA, 2014, p. 278)
11
Destaca José Geraldo Brito Filomeno (2007, p.159):
Princípio da transparência. Cuida-se de princípio eminentemente ético e 
tem por base o dever que é imposto tanto aos anunciantes como aos seus 
agentes publicitáriose veículos que, ao transmitirem alguma característica 
especial sobre determinado produto ou serviço, e, caso haja dúvidas a 
respeito, que a justifiquem tecnicamente.
A publicidade pode ser entendida como “toda informação ou comunicação, 
difundida com o fim direito ou indireto de promover, junto aos consumidores, 
a aquisição de um produto ou a utilização de um serviço, qualquer que seja o 
local ou meio de comunicação utilizado”. (BENJAMIN, MARQUES, MIRAGEM, 
2010, p. 727) O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do AgRg no REsp 
nº 1.528.428/MG, em 13/10/2015, tendo como Ministro Relator Herman 
Benjamin, decidiu que:
PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. 
NÃO OCORRÊNCIA. DESNECESSIDADE DE RATIFICAÇÃO DOS EMBARGOS 
INFRINGENTES APÓS O JULGAMENTO DOS DECLARATÓRIOS, QUANDO 
NÃO HÁ MODIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. ALCANCE DO VOTO 
VENCIDO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. NÃO OCORRÊNCIA. 
PUBLICIDADE ENGANOSA. PUBLICIDADE VEICULANDO ENTREGA DE 
BRINDES QUE JÁ SE ENCONTRAM ESGOTADOS. PRÁTICA ABUSIVA.
(...)
5. Por expressa disposição legal, só respeitam o princípio da transparência 
e da boa-fé objetiva, em sua plenitude, as informações que sejam “corretas, 
claras, precisas, ostensivas” e que indiquem, nessas mesmas condições, 
as “características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, 
prazos de validade e origem, entre outros dados” do produto ou serviço, 
objeto da relação jurídica de consumo (art. 31 do CDC). 
6. In casu, fica evidente que a empresa não agiu com transparência e boa-
fé ao deixar de informar em tempo razoável ao consumidor que os brindes 
se esgotaram em alguns postos de troca, conforme podemos verificar de 
passagens do acórdão vergastado (fl. 711, e-STJ).
(...). (Grifos meus).
12
Princípio da equidade
Também conhecido como princípio do equilíbrio, parte do pressuposto 
da vulnerabilidade do consumidor. Em razão dessa desigualdade, faz-se 
necessário que as normas (re)equilibrem essa circunstância fática para tentar-
se, assim, colocar os contratantes em uma situação de maior paridade. 
No direito do consumidor, o caráter descritivo desse princípio decorre da 
interpretação e aplicação das normas do artigo 5º, V e 51, ambos do CDC 
(MIRAGEM, 2014, p. 137). Esse princípio protege não apenas a relação 
contratual, alcançando, também, a relação à responsabilidade civil 
extracontratual, o equilíbrio processual, bem como na proteção do equilíbrio 
econômico do contrato entre consumidor e fornecedor (MIRAGEM, 2014, p. 
138).
É possível identificar esse princípio nas normas constantes no artigo 6º, 
V: “a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as 
tornem excessivamente onerosas” e 51, § 2º: “A nulidade de uma cláusula 
contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, 
apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer 
das partes” ambos do CDC, por exemplo. O Superior Tribunal de Justiça, no 
Recurso Especial nº 1.412.662/RS, julgado em 01/09/2016 já decidiu que:
RECURSO ESPECIAL. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE 
IMÓVEL. PARQUE RESIDENCIAL UMBU. REVISÃO DE CONTRATOS 
FINDOS. POSSIBILIDADE. DISTRATO À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA 
DO CONSUMIDOR. RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DO NEGÓCIO COM 
ESTIPULAÇÃO DE CLÁUSULA DE DECAIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 
NULIDADE DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS. 
1. A transação é espécie de negócio jurídico que objetiva pôr fim a uma 
celeuma obrigacional, alcançada por meio de concessões mútuas (CC, art. 
840), cujo objetivo primordial é evitar o litígio ou colocar-lhe fim. A extinção 
se exterioriza na forma de renúncia a direito patrimonial de caráter privado, 
disponível, portanto, conforme previsto na lei. 
2. É firme o entendimento do STJ quanto à possibilidade de revisão 
dos contratos findos, ainda que em decorrência de quitação, para o 
afastamento de eventuais ilegalidades. Precedentes. Súm 286 do STJ. 
13
3. As normas previstas no Código de Defesa do Consumidor são de ordem 
pública e interesse social, cogentes e inderrogáveis pela vontade das 
partes. 
4. É cabível a revisão de distrato de contrato de compra e venda de imóvel, 
ainda que consensual em que, apesar de ter havido a quitação ampla, geral 
e irrevogável, se tenha constatado a existência de cláusula de decaimento 
(abusiva), prevendo a perda total ou substancial das prestações pagas pelo 
consumidor, em nítida afronta aos ditames do CDC e aos princípios da boa-
fé objetiva e do equilíbrio contratual. 
5. Na hipótese, verifica-se que a Construtora recebeu dupla vantagem 
advinda da referida cláusula, pois, além de retomar a propriedade do 
imóvel, dando-o em pagamento de dívidas ao Município, acabou por se 
apoderar do dinheiro pago pelo consumidor no financiamento do bem, 
configurando vantagem abusiva em seu favor. 6. Recurso especial não 
provido.(REsp 1.412.662/RS - Ministro Luis Felipe Salomão) (Grifos meus).
14
REFERÊNCIAS 
BENJAMIN, Antonio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo 
Roscoe. Manual de direito do consumidor. 6.ed. São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2014. 
_________; ________; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de 
Defesa do Consumidor. 3.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Curso fundamental de direito do consumidor. 
São Paulo: Atlas, 2007.
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 5.ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2014.
OLIVEIRA, James Eduardo. Código de defesa do consumidor: anotado e 
comentado. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Conteúdo:
 
DICA DO PROFESSOR
O Código de Defesa do Consumidor teve sua origem na Constituição Federal de 1988. Conheça 
no vídeo os artigos constitucionais deste que foi a Legislação Especial inovadora do nosso 
ordenamento jurídico.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendido, dentre outros, o 
princípio da ação governamental, que se manifesta: 
A) Pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, 
durabilidade e desempenho
B) Pela presença do Estado no mercado estrangeiro.
C) Pelo monopólio estrangeiro no mercado nacional.
D) Pelo incentivos à criação e desenvolvimento de associações lucrativas.
E) Pela iniciativa indireta.
2) Assinale, abaixo, a única alternativa correta. 
A) A informação não é direito básico do consumidor.
B) O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor é um dos princípios do Código de 
Defesa do Consumidor.
C) O Código de Defesa do Consumidor reconhece e dá tratamento isonômico ao consumidor 
e ao fornecedor.
D) O Código de Defesa do Consumidor é considerado lei geral, enquanto que o Código Civil 
lei especial.
E) É válida cláusula elaborada pelo fornecedor, onde expressamente impeça o consumidor, 
que venha a celebrá-lo, de reclamar seus direitos perante o Judiciário.
3) No rol dos princípios que podem ser aplicados às relações de consumo reguladas pelo 
Código de Defesa do Consumidor se inclui: 
A) Força obrigatória dos contratos.
B) Confiança.
C) Autonomia da vontade.
D) Efeito relativo do contrato.
E) In dubio pro fornecedor.
4) (Juiz do Trabalho - RJ - 2015). Sob a visão clássica, cinco são os princípios que regem 
o direito contratual. A relação de consumo é ajustada por contrato e aqueles 
princípios também a ela se aplicam. Contudo, em face da natureza da relação de 
consumo, alguns desses princípios têm seu valor reduzido, enquanto outros assumem 
relevância. Tem relevância para a relação de consumo, o seguinte princípio do direito 
contratual: 
A) Da ordem pública.
B) Da relatividade dos contratos.
C)Da boa-fé.
D) De obediência às regras mercantis.
E) Da autonomia da vontade.
5) (Exame de ordem 2013). Maria e Manoel, casados, pais dos gêmeos Gabriel e Thiago, 
que têm apenas três meses de vida, residem há seis meses no Condomínio Vila Feliz. 
O fornecimento do serviço de energia elétrica na cidade onde moram é prestado por 
uma única concessionária, a Companhia de Eletricidade Luz S.A. Há uma semana, o 
casal vem sofrendo com as contínuas e injustificadas interrupções na prestação do 
serviço pela concessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de televisão e da 
geladeira, com a perda de todos os alimentos nela contidos. O casal pretende ser 
indenizado. Nesse caso, à luz do princípio da vulnerabilidade previsto no Código de 
Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa que esteja de acordo. 
A) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a vulnerabilidade no Código 
do Consumidor é sempre presumida, tanto para o consumidor pessoa física, Maria e 
Manoel, quanto para a pessoa jurídica, no caso, o Condomínio Vila Feliz, tendo ambos 
direitos básicos à indenização e à inversão judicial automática do ônus da prova.
B) A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade um conceito jurídico 
indeterminado, plurissignificativo, sendo correto afirmar que, no caso em questão, está 
configurada a vulnerabilidade fática do casal diante da concessionária, havendo direito 
básico à indenização pela interrupção imotivada do serviço público essencial.
É dominante o entendimento no sentido de que a vulnerabilidade nas relações de consumo 
é sinônimo exato de hipossuficiência econômica do consumidor. Logo, basta ao casal 
C) 
Maria e Manoel demonstrá-la para receber a integral proteção das normas consumeristas e 
o consequente direito básico à inversão automática do ônus da prova e à ampla 
indenização pelos danos sofridos.
D) A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas duas espécies: a jurídica 
ou a científica e a técnica. Aquela representa a falta de conhecimentos jurídicos ou outros 
pertinentes à contabilidade e à economia, e esta, à ausência de conhecimentos específicos 
sobre o serviço oferecido, sendo que sua verificação é requisito legal para inversão do 
ônus da prova a favor do casal e do consequente direito à indenização.
E) No sistema das relações de consumo reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor, a 
identificação de que existe um elo mais fraco na relação traduz o reconhecimento da 
transparência.
NA PRÁTICA
Tendo em mente os Princípios Específicos do Direito do Consumidor, veja o caso em questão.
Percebemos neste caso, além do princípio da boa-fé, o da confiança sendo violados.
Todas as expectativas da consumidora foram frustradas, ensejando direito de reparação, pois ela 
estava plenamente vulnerável, visto que estava num país estrangeiro, sem domínio da língua e 
abandonada por aqueles que prometeram, através de contrato, ampará-la.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Princípios do Código de Defesa do Consumidor
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O direito à informação no Código de Defesa do Consumidor e à inclusão do deficiente 
visual
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A inversão do ônus da prova no Código de Defesa do Consumidor
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A inversão do ônus da prova no novo Código de Processo Civil (Lei 13.105 de 16/03/2015)
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