Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
167 R E V I S TA P O R T U G U E S A DE CIÊNCIAS VETERINÁRIAS ARTIGO DE REVISÃO Agonistas adrenérgicos ß2 e produção animal: II - Relação estrutura-actividade e farmacocinética ß2 - Adrenergic agonist and animal producti II - Structure-activity relationship and pharmacokinetic Fernando Ramos* e Maria Irene Noronha da Silveira Centro de Estudos Farmacêuticos da FCT - Laboratório de Bromatologia, Nutrição e Hidrologia Faculdade de Farmácia - Universidade de Coimbra 3000 - 295 Coimbra Resumo: O presente trabalho constitui a segunda parte de uma revisão sobre agonistas adrenérgicos ß2 e produção animal e nele são apresentados a relação estrutura-actividade dos referidos fármacos, bem como a sua farmacocinética. Na relação estrutura-actividade é analisada a importância da cadeia lateral e do anel aromático, bem como dos diferentes substituintes, quer em relação à potência de cada um dos fármacos, quer em relação à sua selectividade para os receptores ß. As etapas de absorção, distribuição, metabolização e elimi- nação constituem o objecto da revisão efectuada quanto à far- macocinética. A absorção, após administração dos fármacos por via oral, é especialmente estudada ao nível das diferentes par- tes do tracto gastro-intestinal. Os tempos de semi-vida dos agonistas adrenérgicos ß2 e a repartição destes pelos diferen- tes tecidos e órgãos são relacionados na etapa de distribuição, enquanto que na metabolização se dá especial atenção aos metabolitos de fase II, ortometilados, glucoronoconjugados e sulfoconjugados. A fase de eliminação, especialmente por via renal, conclui este artigo de revisão, sendo dado particular destaque à influência da acção simultânea de fármacos de outros grupos na velocidade de eliminação dos agonistas adrenérgicos ß2. Summary: This paper is the second part of a review on ß2- adrenergic agonists and animal production. Structure-activity relationship of the referred drugs is described as well as their pharmacokinetic. Aromatic ring and lateral chain drug struc- ture as well as different substitutes are described in order to know its structure-activity relationship, mainly selectivity and potency for ß-receptors. Absorption, distribution, meta- bolisation and elimination steps are the main subjects of the pharmacokinetics review. Absorption studies in the different parts of gastro-intestinal tract are related as a consequence of oral drugs administration. ß-agonists half-life and its tissues and organs repartition are studied on distribution step. Phase II metabolites, namely derivatives of O-methylation, glucuro- nidation and sulphation are described on metabolisation step. Finally, special attention is done for the influence of different drugs simultaneous action in the ß-agonists kidney elimination. especial, levanta um conjunto de preocupações rela- cionadas com a sua segurança/toxicidade, concreta- mente quanto à presença dos seus resíduos na carne e vísceras. Nesse sentido, e após abordagem, num primeiro artigo, do mecanismo de acção dos agonistas adre- nérgicos ß2 (Ramos e Silveira, 2000), o presente trabalho constitui a segunda parte da revisão sobre o referido grupo de medicamentos e nele são apresen- tados a sua relação estrutura-actividade e a sua farmacocinética, por forma a contribuir para um melhor conhecimento dos fármacos em estudo. Relação estrutura-actividade As moléculas que actuam como agonistas adrenér- gicos ß2 apresentam uma estrutura essencialmente constituída por duas partes: o anel catecol base ou modificado e uma cadeia lateral com o grupo etano- lamina. Como atribuições primárias das suas acções é conferido ao anel uma importância ligada à potência, enquanto à cadeia lateral é imputada a selectividade (Dove e Franke, 1991; Morgan, 1990). Os mecanismos químicos envolvidos na potência ficam a dever-se, principalmente, a ligações de hidrogénio e a transferência de cargas ou seja, no fundo, a interacções promovidas por electrões. A afinidade para os receptores ß depende fundamental- mente das propriedades hidrofóbicas e/ou estereos- selectivas da cadeia lateral aminada. Estas propriedades podem ser também devidas ao anel aromático e vice-versa (Dove e Franke, 1991; Witkamp e van Miert, 1992). Assim, verifica-se que para uma feniletanolamina ter actividade biológica ao nível dos referidos recep- tores é necessário que apresente um anel aromático substituído, uma amina carregada positivamente na cadeia lateral com um substituinte volumoso e um grupo hidroxilo no carbono ß em posição levógira, conforme esquematicamente se representa na figura 1 (Guimarães, 1994; Ruffolo et al., 1995; Smith, 1998; Witkamp e van Miert, 1992). As substituições no anel aromático têm uma*Correspondente: e-mail: fjramos@ci.uc.pt Introdução A quantidade de fármacos utilizada na produção animal tem vindo a crescer exponencialmente, sobretudo devido às novas formas de pecuária inten- siva. O uso desses fármacos como promotores do crescimento, e dos agonistas adrenérgicos ß2 em entanto, mantendo o H na posição 3, a ocupação da posição 5 por Cl, Br, CF3, OCH3 (metoxi) ou CONH2 (carbonilamina) provoca uma diminuição da potência, continuando a tomar o clembuterol como referência. Quando os dois Cl são substituídos por dois F há um aumento de potência, diminuindo essa mesma potência quando a substituição é feita por dois Br, I ou CN (Asato et al., 1984). A selectividade para os receptores ß2 pode ser aumentada, segundo Brès et al. (1985), fazendo-se a substituição do anel benzénico por um anel piridínico, como acontece com o pirbuterol, figura 3. No que respeita à amina secundária na cadeia late- ral, e como se referiu atrás, figura 1, se o agonista adrenérgico ß2 não se apresentar sob a forma iónica não terá actividade biológica ao nível do receptor. Tal facto, porém, é impossível de ocorrer uma vez que, mesmo que os fármacos em análise fossem administrados sob a forma livre, o pH do estômago, ainda que de herbívoros, ou do sangue, logo promo- veriam a sua protonação, atendendo ao pKa da amina da cadeia lateral (fenoterol - 10,0; salbutamol - 9,3; clembuterol - 9,7 e terbutalina - 10,1) (Smith, 1998) e ao facto de para valores de pH iguais ou inferiores a pKa – 2, cerca de 99% das moléculas se encontra- rem carregadas positivamente (Ramos et al., 1996) O tipo de substituintes da amina da cadeia lateral condiciona a actividade dos fármacos, parecendo esta aumentar com o tamanho daqueles, pelo menos até certo volume (Brès et al., 1985; Hochhaus e Möllmann, 1992; Witkamp e van Miert, 1992). Na série de substituintes monociano ou clorociano no anel aromático consegue-se mesmo estabelecer um efeito decrescente da acção ß2 ao nível bronquiolar da seguinte ordem: terbutil > isopropil > terpentil > ciclobutil > ciclopropil > ciclopentil, conforme o 168 RPCV (2001) 96 (540) 167-175 influência preponderante na vida dos agonistas adre- nérgicos ß2, quer em mamíferos, quer em aves, bem como ao nível da eficácia no receptor. A actividade das substâncias que apresentam um ou mais grupos fenol no anel aromático (A, B ou C, figura 1) está relacionada com a “visibilidade” desse(s) grupo(s), sendo conseguida através de ligações por pontes de hidrogénio entre o fenol e o grupo hidroxilo da seri- na existente no receptor. Na figura 2 encontra-se esquematizada uma das melhores formas de exem- plificar o que atrás fica dito: o bambuterol (x), pró-droga da terbutalina (z), necessita de ser hidroli- sado por uma estearase, no caso a butirilcolinesterase, para ser activo ao nível dos receptores ß2 (Lindberg et al., 1989; Morgan, 1990). Por outro lado, o núcleo catecol permite uma rápida desactivação através da metilação na posição 3 pela COMT, catecolamina orto-metil transferase, o que limita o efeito destas substâncias. Os grupos resorcinol, terbutalina e fenoterol, ou simples fenol na posição 4, salmeterol e salbutamol, não são substractos da COMT e por isso não são inactivados por esse meca- nismo (Hochhaus e Möllmann, 1992; Smith, 1998; Morgan, 1990; Witkamp e van Miert, 1992).Para evitar a inactivação, resultante quer da sulfatação, quer da glucoronoconjugação, como veremos mais à frente, sintetizaram-se compostos com substituintes de átomos de halogéneo em vez de hidroxilos, de que o clembuterol e análogos são exemplo. Os átomos de halogéneos, sendo compatíveis com a ligação ao receptor, previnem a rápida desactivação metabólica que ocorre com os grupos hidroxilo do anel aromático. As substituições por halogéneos aumentam a lipofilia da porção aromática em relação aos agonistas adrenérgicos hidroxilados, prolongando, assim, a duração da sua acção (Brès et al., 1985; Morgan, 1990; Smith, 1998). Asato et al. (1984) afirmam que a substituição de um dos cloros do clembuterol por fluor (F), trifluor- metil (CF3) ou ciano (CN) resulta num aumento de potência, o que só é confirmado para o CN por En- gelhardt (1984). Contudo, este efeito é fortemente atenuado se substituirmos o segundo cloro por bromo (Br) ou por outro ciano (Engelhardt,1984). Um aumento de potência é, também, referido quando o cloro na posição 3 é substituído por hidro- génio (H) e o outro, na posição 5, por F ou CN. No Ramos F e Silveira M Figura 1 - Esquema de feniletanolamina com actividade no receptor ß2. Figura 2 - Fórmulas estruturais do bambuterol (x) e da terbuta- lina (z). Figura 3 - Fórmula estrutural do pirbuterol. 169 substituinte da amina da cadeia lateral (Engelhardt, 1984). Um grupo N-aril-alquil na cadeia lateral parece favorecer a especificidade para os receptores ß3, conforme o afirmam Ruffolo et al. (1995) e Grandi et al. (1998), assegurando estes últimos, ainda, que a substituição na posição 3 do anel aromático afecta a afinidade para os referidos receptores chegando mesmo a definir a seguinte ordem decrescente, Cl > OCH3 > NO2 >> H, o que parece sugerir que a capacidade lipofílica é importante na afinidade para o receptor ß3, uma vez que o cloro é o mais lipófilo dos substituintes ensaiados. Finalmente, verifica-se que o grupo hidroxilo da cadeia lateral ligado ao carbono ß em relação à amina, nomeadamente a sua configuração estereosselectiva levógira (Hieble et al., 1995; Smith, 1998), é imprescindível quer para a potência, actividade intrínseca, quer para a afinidade, propriedade extrín- seca (Brès et al., 1985; Dove e Franke, 1991; Wi- tkamp e van Miert, 1992). Farmacocinética A farmacocinética, definida genericamente como estudo quantitativo do comportamento dos fármacos no organismo, enquadra-se, tradicionalmente, em quatro etapas: Absorção, distribuição, metabolização e eliminação. Absorção A absorção, chegada do fármaco ao sangue, depende, fundamentalmente, da via de administração. Os agonistas adrenérgicos ß2 são bastante utilizados por via inalatória em medicina humana, uma vez que para o fim a que mais frequentemente se destinam, acção a nível bronco-pulmonar, é a que apresenta mais vantagens, apesar das diferenças de indivíduo para indivíduo (Hocchaus e Möllmann, 1992). A utilização dos fármacos referidos em medicina veterinária, e sobretudo como promotores do cresci- mento animal, recorre, principalmente, à via oral, onde o pH do tracto gastro-intestinal influencia o local de absorção. O pH do estômago, independente- mente da espécie ou da idade do animal, favorece a formação de um catião na amina alifática, enquanto a natureza mais neutral do duodeno, jejuno e íleo, principalmente estes dois últimos, promovem a redução da extensão da ionização e aumentam a absorção passiva através da mucosa intestinal (Smith, 1998). Yuge et al. (1984), num estudo com ratos, demons- traram o que atrás se disse provando que o mabuterol, administrado oralmente, não é absorvido no estômago, sendo, no entanto, facilmente absorvido no intestino delgado. A absorção gastro-intestinal do mabuterol no Homem é, também, completa (Anónimo, 1987), o mesmo se verificando para o clembuterol que se consegue determinar no plasma vinte minutos após a sua administração oral (Meyer e Rinke, 1991), atin- gindo um máximo de concentração plasmática 2 a 3 horas após a toma (Boenisch e Quirke, 1992). Witkamp e van Miert (1992), num artigo de revisão, referem que a absorção humana de agonistas adre- nérgicos ß2, após administração oral, varia entre 10 - 20% para a terbutalina, 30% para ritodrina, 40 - 50% para salbutamol, 80 - 90% para clembuterol e 90% para mabuterol, permitindo estes dados concluir pela utilização de clembuterol e de mabuterol quando se pretende a via oral para administração. Na figura 4 podem ser observadas as fórmulas estruturais de clembuterol, mabuterol, salbutamol e ritodrina. A nível parenteral, importa chamar a atenção para o caso da terbutalina onde a via sub-cutânea permite uma muito mais rápida absorção do que a via oral e com uma biodisponibilidade praticamente total, o que, como já foi referido, não acontece com a via oral (Morgan, 1990). Distribuição A distribuição, como o nome indica, está relacio- nada com os movimentos dos fármacos desde o san- gue até aos mais diversos sítios, sejam eles de acção, metabolização, eliminação ou, mesmo de armazena- mento. A actividade plasmática dos agonistas adrenérgi- cos ß2 mostra tempos de semi-vida (t1/2ß) bastante variáveis. A título de exemplo, refira-se que no Ho- mem, o tulobuterol, cuja estrutura química se repre- senta na figura 5 juntamente com as do formoterol e do salmeterol, apresenta um tempo de semi-vida de 2,4±0,4 horas (Chasseaud e Wood, 1986), o salbuta- mol 5 horas, o formoterol 8 a 12 horas, o salmeterol 12 horas (Löfahl, 1990), enquanto clembuterol (Ya- mamoto et al., 1985) e mabuterol (Anónimo, 1987) apresentam um período mais longo, cerca de 30 ho- ras. O clembuterol apresenta, ainda, uma semi-vida que pode ser de 10 ou 24 horas, respectivamente em coelhos e em ratos (Yamamoto et al., 1985), vinte em avestruzes (van der Merwe et al., 1998) e cerca RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M Figura 4 - Fórmulas estruturais de clembuterol, mabuterol, salbu- tamol e ritodrina de três (Dave et al., 1998) ou dezoito (Meyer e Rinke, 1991), em bovinos. O cimaterol em bovinos e o fenoterol em ratos não vão além de 1 e 2 horas, respectivamente, implicando, nestes últimos dois casos, a administração oral frequente para manter o nível plasmático necessário à produção do efeito desejado (Byrem et al., 1992). Na figura 6 represen- tam-se as fórmulas estruturais do cimaterol e do fenoterol. A distribuição dos agonistas adrenérgicos ß2 atra- vés de ligação às proteínas plasmáticas é baixa ou mesmo quase nula, excepção feita naturalmente a clembuterol e outros mais lipossolúveis. Esta propriedade explicará que, a nível sanguíneo, a presença deste tipo de fármacos ocorra durante curtos períodos de tempo, podendo-se, em contra- partida, encontrar a sua presença mais prolongada em quase todos os outros tecidos (Morgan, 1990; Morgan et al., 1986; Price e Clissold, 1989). O mabuterol pode ser encontrado, sobretudo, no fígado, pulmões e rins, quando a administração é oral, ou pulmões, rins e orgãos secretores, como as suprarrenais e o pâncreas, quando a administração é endovenosa (Yuge et al., 1984). A maior parte do salbutamol administrado a bovi- nos pode ser encontrada nos tecidos, fígado, rim, músculo, pulmão, baço e cérebro, sob a forma livre. Apenas no coração parece haver mais salbutamol sulfatado que livre (Montrade et al., 1992). Saux et al. (1986) estudaram a distribuição do clembuterol e do salbutamol, em diversos tecidos caninos, administrados por via endovenosa nas con- centrações de 5 e 50 µg/kg, respectivamente. O clembuterol e, em menor grau, o salbutamol apre- sentam boa difusão pulmonar e brônquica, 3 a 4 vezes ou 1,5 a 2 vezes melhor que no plasma, respectivamente. O clembuterol, mais lipossolúvel, tem pouca difusão no músculo cardíaco, 0,6 vezes quando comparado com o plasma, enquanto o salbu- tamol apresenta uma difusão elevada no miocárdio, 2,5 vezes, tomando o plasma como referência. A pele preta de vitelos contém cerca de seis vezes mais clembuterol que a pele branca e a nível oculara iris e a retina/coróide concentram a grande maioria de resíduos deste agonista adrenérgico ß2, ficando a dever-se esta fixação de clembuterol à quantidade de tecido pigmentado que possuem o pêlo negro e a retina, sobretudo (Dürsch et al., 1993; Howells et al., 1994; Meyer e Rinke, 1991; Sauer e Anderson, 1994). Pulmão, fígado e rim são os tecidos, para além dos já referidos, aqueles onde, a seguir, se encontra mais clembuterol (Smith, 1998; Smith e Paulson, 1997). A passagem da barreira hemato-encefálica é uma capacidade atribuída ao clembuterol (Bareille et al., 1997; Lafontan et al., 1988; Saux et al., 1986), veri- ficando-se que o salbutamol é referido como quase não sendo capaz de ultrapassar a supracitada barreira em cães (Saux et al., 1986) ou como conseguindo penetrá-la no Homem (Lulich et al., 1986; Price e Clissold, 1989), fixando-se, contudo, mais ao nível da glândula pineal e da pituitária do que no cérebro propriamente dito (Caccia e Fong, 1984). Por outro lado, Fernandes (1995) avança com a hipótese de uma paralisia dos membros posteriores de suínos atribuída a agonistas adrenérgicos ß2 (Lafontan et al., 1988) poder, também, corroborar a passagem da barreira hemato-encefálica, uma vez que tal paralisia seria resultante de uma perturbação da actividade dos neurónios, devida aos citados fármacos. Curiosamente, na circulação fetal humana, parece existir uma protecção a elevadas doses na circulação materna, nomeadamente de terbutalina, salbutamol e fenoterol, que não são observáveis no feto, o que possibilita que não seja necessário eventuais ajustes terapêuticos ao nível da dose durante a gravidez (Hochhaus e Möllmann, 1992; Price e Clissold, 1989). O mabuterol, apesar de mais lipófilo que os anteriores, também não apresenta uma passagem sig- nificativa da barreira placentária (Anónimo, 1987; Yuge et al., 1984) o que permite alargar a conclusão anterior aos agonistas adrenérgicos ß2 no geral. Metabolização As catecolaminas fisiológicas adrenalina e nora- drenalina são, em geral, inactivadas por dois passos metabólicos importantes, nomeadamente a orto-metilação fenólica do anel aromático via COMT e a desaminação oxidativa da cadeia lateral através da MAO, monoaminoxidase, conforme se 170 RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M Figura 5 - Fórmulas estruturais de tulobuterol, formoterol e salmeterol Figura 6 - Fórmulas estruturais de cimaterol e fenoterol 171 pode observar na figura 7 (Guimarães, 1994; Gustin et al., 1989). Acresce que, embora tal não seja evidente na figura 7, a adrenalina sofre principalmente os efeitos da COMT, sendo os seus principais metabolitos, para além do VMA (3), metadrenalina (2) e MOPEG (5), enquanto a noradrenalina sofre preferencialmente a desaminação, originando, para além do VMA (3), metabolito final das duas catecolaminas, normeta- drenalina (2) e DOPEG (4), sendo os aldeídos e o áci- do di-hidroximandélico apenas metabolitos de transição para qualquer dos casos (Guimarães, 1994). A metabolização dos agonistas adrenérgicos ß2, enquanto derivados das catecolaminas fisiológicas, tenderá a seguir os mesmos passos. Contudo, e como já se verificou anteriormente, outros aspectos há a considerar. Assim, dada a presença de muitos grupos OH na estrutura dos fármacos em estudo, as reacções de fase I, oxidação, hidroxilação ou desalquilação, por exemplo, que têm como principal objectivo aumentar a polaridade das moléculas com vista à sua eliminação, não são, geralmente, observáveis (Sauer et al., 1996). As reacções de metabolização serão, portanto, sobretudo de fase II, conjugação dos grupos polares iniciais através de derivados ortometilados, glucoro- noconjugados ou sulfoconjugados, dando origem a metabolitos normalmente desprovidos de actividade (Brès et al., 1985). Os fármacos que não apresentam estrutura catecol, mas apresentam grupos hidroxilo no anel aromático, sofrem metabolização por glucoronconjugação ou sulfoconjugação, sendo o fígado e o tracto digestivo os locais privilegiados para a sua efectivação (Peyrin et al., 1986; Smith, 1998; Witkamp e van Miert, 1992). As enzimas que promovem a conjugação dos agonistas adrenérgicos ß2 são a PST, fenolsulfo- transferase, que cataliza a reacção de esterificação entre um OH fenólico e um grupo sulfato, sendo as posições passíveis de sulfoconjugação a 3 e a 4 do anel aromático, embora esta última seja a preferida (Peyrin et al., 1986; Morgan, 1990; Smith, 1998; Witkamp e van Miert, 1992). A UDPGT, uridina difosfato glucoroniltransferase, é a enzima responsável pela glucoronoconjugação (Peyrin et al., 1986). A sulfoconjugação é predominante em bovinos (Montrade et al., 1992) e em humanos (Brès et al., 1985; Hochhaus e Möllmann, 1992; Lin et al., 1977; Price e Clissold, 1989), ocorrendo nestes últimos, no caso de administração oral, logo ao nível da parede intestinal, antes, por isso, da absorção, dando origem a esteres sulfúricos bastantes estáveis. A glucoronação parece ter um papel de menor importância, pelo menos em humanos, onde só parece acontecer com ritodrina usada como tocolítico, veri- ficando-se a existência, neste caso, de conjugados glucorónicos e sulfatados, em partes iguais, que não parecem possuir actividade farmacológica (Morgan, RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M Figura 7 - Principais etapas de biotransformação das catecolaminas (Adaptado de Guimarães, 1994). Legenda: 1 - Adrenalina(R = CH3) / Noradrenalina (R = H) 2 -Metadrenalina(R=CH3)/Normetadrenalina(R=H) 3 - Ácido 3-metoxi 4-hidroximandélico (VMA) 4 - Di-hidroxifeniletilglicol (DOPEG) 5 - 3-metoxi 4-hidroxifeniletilglicol (MOPEG) 172 1990; Witkamp e van Miert, 1992). Porém, Delahaut et al. (1993) afirmam que o salbutamol na urina de bovinos aparece sobretudo sobre a forma de gluco- rónido, enquanto Hochhaus e Möllmann (1992), no coelho e no rato, atestam a importância da gluco- roconjugação sobre a sulfoconjugação. Não se pense, porém, que a falta de grupos hidro- xilo no anel aromático é sinónimo de ausência de biotransformação. O tulobuterol, figura 5, sem qualquer função OH e sem substituintes nas posições 3, 4, 5 e 6 do anel aromático, é metabolizado pelo Homem e pelo rato através de uma reacção de fase I, hidroxilação no anel aromático, com formação de 4-hidroxitulobuterol e 5-hidroxitulobuterol, sobretudo, mas também de dois metabolitos menores, o 3-hidroxitulobuterol e o 4-hidroxi-5-metoxitulobuterol (Brès et al., 1985). Os estudos da metabolização do tulobuterol em caninos, ratos, coelhos e cobaias demonstraram que este fármaco apresentava metabolitos hidroxilados que poderiam vir a sofrer conjugação posterior ou mesmo a acção da COMT, sobretudo na posição 3 (Matsumura et al., 1982). Schmid e colaboradores, citados por Boenish e Quirke (1992) e por Smith (1998), num estudo com caninos, demonstraram que o clembuterol também era sujeito a metabolização por conjugação glucoró- nica do ß-hidroxilo e da amina alifática e sulfatação da amina aromática. No entanto, quer o estudo citado no parágrafo anterior, quer os realizados por Horiba et al. (1984) com mabuterol em ratos e por Zalko et al. (1996) com clembuterol em bovinos e em ratos, demonstra- ram que a via oxidativa era a mais importante e que originava, sobretudo, transformações na cadeia lateral. O mesmo grupo (Zalko et al., 1998) num estudo mais recente com ratos, encontrou um metabolito importante resultante da oxidação da amina primária do clembuterol, (Z) da figura 8, ao mesmo tempo que deparou com diferenças de metabolização entre machos e fêmeas. Na figura 8 podemos observar os diferentes passos de metabolização anteriormente referidos, sendo possível esclarecer que, independentemente do fármaco em questão, o metabolito principal é sempre a droga-mãe (ß) que, segundo Sauer et al. (1996) para o caso concreto do clembuterol se estima, no mínimo em 93% da quantidade inicial administrada. Os metabolitos A, B, C, D e E são descritos como podendo ser originários de qualquer um dos medica- mentos (Boenisch e Quirke, 1992; Horibaet al., 1984), enquanto os compostos 1 e 2 são referidos como tendo o mabuterol por percursor (Horiba et al., 1984) e os S, T, U, V, W, X, Y e Z como possuindo a sua base no clembuterol (Boenisch e Quirke, 1992; Zalko et al., 1998). Como se verifica, enquanto nos casos do mabuterol e do clembuterol se encontram, especialmente, meta- bolitos com origem na cadeia lateral, nos agonistas adrenérgicos ß2 com grupos hidroxilo no anel aro- mático encontram-se, sobretudo, conjugados gluco- rónicos e sulfatados. Eliminação A eliminação de agonistas adrenérgicos ß2 está dependente da via de administração. Assim, a admi- nistração por via parenteral leva, fundamentalmente, à excrecção renal sem qualquer modificação da dro- ga-mãe, enquanto por via oral a metabolização prévia surge quase como inevitável na maioria dos casos (Morgan, 1990). Vários estudos demonstram a afirmação anterior, como por exemplo: A eliminação do salbutamol, após administração oral, faz-se preferencialmente sob a forma conjugada, 48,2%, enquanto que sob a forma livre se encontra apenas 31,8% do fármaco administrado. Quando a administração é endovenosa, acontece precisamente o contrário, 64,2% de salbutamol é excretado inalte- rado e só 12,0% é eliminado sob a forma conjugada (Morgan et al., 1986); O mabuterol, 24 horas após a administração, seja per os, seja por via endovenosa, é eliminado pelos ratos na urina em cerca de 60% e 22 a 26% nas fezes (Anónimo, 1987; Yuge et al., 1984). No Homem, porém a excreção faz-se, sobretudo, por via urinária, 80%, com a via fecal a ser apenas de 3% (Anónimo, 1987); A eliminação de clembuterol em bovinos, tal como em coelhos, caninos e ratos, ocorre fundamental- mente por via urinária e sob a forma de composto inalterado (Boenisch e Quirke, 1992); A nível da excreção pelas fezes verifica-se, também, que o clembuterol em bovinos apresenta uma elimi- nação reduzida com valores inferiores a 2,5% da quantidade global administrada (Smith e Paulson, 1997) e que em ratos essa quantidade não pode ser ignorada, já que atinge percentagens de 20 e 30%, respectivamente para machos e fêmeas (Zalko et al., 1998); O cimaterol, 8 horas após administração oral em vitelos, é apenas recuperado em 18,3% na urina (Byrem et al., 1992). No que diz respeito à excreção biliar de agonistas adrenérgicos ß2 ou dos seus metabolitos, ela parece ser específica de cada espécie e de cada composto em particular. Por exemplo (Morgan, 1990; Smith, 1998): A ractopamina, figura 9, em perus e ratos tem uma elevada excreção biliar, 35 a 60%, enquanto em suí- nos a sua eliminação é predominantemente urinária, 88%; A eliminação biliar do salmeterol é importante em cães e ratos, 42 a 72%; A terbutalina em ratos tem uma excreção biliar substancial, 30%, mas bastante menor em humanos e em cães, aproximadamente 2%. A terbutalina, por sua vez, foi encontrada no leite de mulheres que amamentavam em concentrações similares às que existem biodisponíveis no plasma, logo muito pouco, o que originaria, em média, uma dose equivalente a cerca de 1% da do adulto, não tendo sido observados quaisquer efeitos adversos nos lactentes (Morgan, 1990). O salbutamol e o clembuterol, para além da terbutalina, foram RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M 173 também encontrados em leite de vaca (Smith, 1998), admitindo-se, ainda, que o mabuterol possa ser eliminado pelo leite da mulher que amamente (Anó- nimo, 1987). Diversos estudos têm sido realizados com o objecti- vo de avaliar a influência de vários medicamentos, quando administrados simultaneamente, na excreção de agonistas adrenérgicos ß2. Stevenson et al. (1990) fizeram o estudo da influência da furosemida na eli- minação de diversos fármacos do plasma e da urina, incluindo clembuterol, em cavalos de corrida. Se em relação ao plasma, os autores não conseguiram deter- minar o clembuterol, com ou sem furosemida, em re- lação à urina determinaram uma diminuição da sua concentração, embora a atribuissem a um efeito de di- luição provocado pelo aumento da quantidade de uri- na devido à furosemida e não a nenhuma alteração na excreção urinária do clembuterol propriamente dita. Witkamp et al. (1996), num estudo com salbutamol em ratos, confirmaram este efeito da furosemida. RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M Figura 8 - Etapas do metabolismo do clembuterol e do mabuterol (adaptado de Boenisch e Quirke, 1992 e Horiba et al., 1984) 174 Atendendo que a excreção do clembuterol se faz preferencialmente por via renal e sob a forma catió- nica, seria de prever que as substâncias capazes de influenciar o transporte catiónico renal interferissem naquela excreção urinária. Assim, a eliminação de clembuterol, num estudo com vitelos, foi reduzida para cerca de 35%, 80% ou 85% quando houve administração simultânea, respectivamente, de tri- metoprim, famotidina ou probenecide. Contudo, mesmo aquando da administração de trimetoprim, probenecide ou pirazinamida, conseguiu-se determinar o clembuterol, pelo que a sua utilização não pode ser “mascarada” pelos medicamentos referidos (Gleix- ner et al., 1996 e 1997). A cimetidina, pelo contrário, quando administrada simultaneamente com o clembuterol, aumenta para 500% a eliminação renal deste (Gleixner et al., 1997), enquanto a dexametasona, nas mesmas condições que a cimetidina, diminui a excreção fecal do agonista em causa (Groot et al., 1998). Já quanto ao probenecide e ao salbutamol, nas primeiras oito horas após a admi- nistração, Witkamp et al. (1996), verificaram um aumento da concentração de salbutamol na urina, num valor de cerca de 2 vezes superior ao grupo de controlo, que atribuíram à diminuição da quantidade de urina excretada provocada pelo probenecide. Também o pH urinário pode afectar a reabsorção tubular dos agonistas adrenérgicos ß2 tendo em aten- ção o valor do pKa do grupo amina da cadeia lateral (9 -10) o que nos leva a concluir que quanto mais elevado for o pH da urina maior reabsorção haverá (Guimarães, 1994; Witkamp et al., 1996). Nos resul- tados obtidos com bicarbonato de sódio e cloreto de amónio, substâncias co-administradas com salbutamol a ratos, não houve alteração significativa do pH da urina, quando comparada com o grupo de controlo (Witkamp et al., 1996). No mesmo estudo (Witkamp et al., 1996), o feno- barbital, medicamento capaz de induzir a metaboli- zação através de oxidação ou de conjugação, foi o único dos fármacos ensaiados que provocou uma ligeira diminuição do salbutamol excretado na urina, sobretudo a partir do segundo dia de administração. Duma forma geral, podemos então dizer que a eliminação dos agonistas adrenérgicos ß2 se faz mais rapidamente no plasma e na urina do que nos tecidos, com o clembuterol a ser eliminado mais lentamente que o salbutamol (Witkamp e van Miert, 1992), parecendo ser a truta o animal em que mais lentamente é excretado (Smith, 1998). Bibliografia ANÓNIMO (1987). Mabuterol hydrocloride. Drugs of Today. 23: 602 - 605. ASATO, G.; BAKER, P.K.; BASS, R.T.; BENTLEY, T.J.; CHARI, S.; DALRYMPLE, R.H.; FRANCE, D.J.; GINGHER, P.E.; LENCES, B.L.; PASCAVAGE, J.J.; PENSACK, J.M.; RICKS, C.A.(1984). Repartitioning agents: 5-[1-Hydroxy-2-(iso- propylamino) ethyl] - anthranoline and related phenethanolami- nes; Agents for promoting growth, increasing muscle acreation and reducing fat deposition in meat-producing animals. Agric. Biol. Chem. 48: 2883 - 2888. BAREILLE, N.; FAVERDIN, P.; HAY, M. (1997). Modificati- on of feed intake response to a ß2-agonist by bovine somatotropin in lactating or dry dairy cows. J. Dairy Sci. 80: 52 - 66. BOENISCH, B.; QUIRKE, J.F. (1992). Safety assessment of ß- agonists. In KUIPER, H.A.; HOOGENBOOM, L.A.P., ed.: In Vi- tro Toxicological Studies and Real Time Analysis of Residues in Food - FLAIR Concerted Action Nº 8 - Proceedings of the Works- hops held in Ghent, May 22 - 24, 1992 and Thessaloniki, October 30 - 31, 1992. Wageningen. p. 102-124. BRÈS, J.; CLAUZEL, A.M.; PISTRE, M.C.; RACHMAT, H.; BRESSOLE, F. (1985). Metabolisme des substancesbeta-adrener- giques. Implications thérapeutiques. Bull. Eur. Physiopathol. Res- pir. 21: 19S-34S. BYREM, T.M.; ROBINSON, T.F.; BOISCLAIR, Y.R.; BELL, A.W.; SCHWARK, W.S.; BEERMANN, D.H. (1992). Analysis and pharmacokinetics of cimaterol in growing holstein steers. J. Anim. Sci. 70: 3812-3819. CACCIA, S.; FONG, M.H. (1984). Kinetics and distribution of the ß-adrenergic agonist salbutamol in rat brain. J. Pharm. Phar- macol. 36: 200-202. CHASSEAUD, L-F.; WOOD, S.G.(1986). Pharmacokinetics of the bronchodilator tulobuterol in man after repeated oral doses. J. Int. Med. Res. 14: 223-227. DAVE, M.; SAUER, M.J.; FALLON, R.J. (1998). Clenbuterol pharmacokinetics in cattle. Analyst. 123: 2697-2699. DELAHAUT, Ph.; DUBOIS, M.; COLEMONTS, Y.; BOEN- KE, A.; MAGHUIN-ROGISTER, G. (1993). Conjugated forms of salbutamol present in urine from salbutamol-treated veal calves. In HAAGSMA, N.; RUITER, A.; CZEDIK-EYSENBERG, P.B., ed: Residues of Veterinary Drugs in Food - Proceedings of Euro- Residue II conference. Veldhoven, p. 257-261. DOVE, S.; FRANKE, R. (1991). Model-based LFER parame- ters and QSAR of ligand ß-adrenoceptor interactions. II: estimati- on and QSAR of agonistic potency and receptor affinity in a series of ß-adrenergic phenethanolamines. Quant. Struct. - Act. Relat. 10: 23 - 30. DÜRSCH, I.; MEYER, H.H.D.; JÄGER, S.(1993). In vitro in- vestigations of ß-agonist accumulation in the eye. Anal. Chim. Acta. 275: 189-193. ENGELHARDT, G. (1984): Structure-activity relationships in further series of amino-halogen substituted phenyl-aminoethanols. Arzneim.-Forsch./Drug Res. 34(II):11a 1625-1632. FERNANDES, T. (1995). Utilização de beta-agonistas como estimuladores do crescimento em animais destinados à produção de carne. In IPPA - Utilização dos promotores de crescimento (beta-agonistas) em animais destinados à produção de carne. Lis- boa, 39 - 49. GLEIXNER, A.; SAUERWEIN, H.; MEYER, H.H.D. (1996). Drugs that influence renal anion transport mechanisms do not inhibit urinary excretion of clenbuterol in cattle. In HAAGSMA, N.; RUITER, A., ed - Residues of Veterinary Drugs in Food: pro- ceedings of EuroResidue III conference. Veldhoven, p. 416 - 420. GLEIXNER, A.; SAUERWEIN, H.; MEYER, H.H.D. (1997). Effects of drugs wich influence renal transport systems on the uri- nary excretion of the ß2-adrenoceptor agonist clenbuterol and the anabolic steroids ethinylestradiol and methyltestosterone. Food Addit. Contam. 14: 143 - 150. GRANDI, T.; SPARATORE, F.; CARRUPT, P.A.(1998) - Synthesis and pharmacochemical investigation of some new ary- lethanolamines as ß3-adrenoceptor ligands. Pharm. Pharmacol. Commun. 4: 275 - 278. GROOT, M.J.; SCHILT, R.; OSSENKOPPELE, J.S.; BEREN- DE, P.L.M.; HAASNOOT, W. (1998). - Combinations of growth promoters in veal calves: Consequences for screening and confir- RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M Figura 9 - Fórmula estrutural da ractopamina 175 mation methods. J. Vet. Med. A. 45: 425-440. GUIMARÃES, S. (1994) Sistema adrenérgico. In GARRET, J.; OSSWALD, W.; GUIMARÃES, S. - Terapêutica medicamentosa e suas bases farmacológicas. 3ª ed. Porto: Porto Editora, p. 327 - 370. GUSTIN, P.; ANSAY, M.; MAGHUIN-ROGISTER, G. (1989). La pharmacologie et le problème des résidus des agonistes ß2- adrenérgiques chez les bovins. Ann. Med. Vet. 133: 293-311. HIEBLE, J.P.; BONDINELL, W.; RUFFOLO, R.R. (1995). a - and ß - Adrenoceptors: from the gene to the clinic. 1. Molecular biology and adrenoceptor subclassification. J. Med. Chem. 38: 3415 - 3444. HOCHHAUS, G.; MÕLLMANN, H. (1992). Pharmacokine- tic/pharmacodynamic characteristics of the ß2-agonists terbutali- ne, salbutamol and fenoterol. Int. J. Clin. Pharmacol. Ther. Toxicol. 30 342 - 362. HORIBA, M.; MURAI,T.; NOMURA, K.; YUGE, T.; SANAI, K.; OSADA, E. (1984). Pharmacokinetic studies of mabuterol, a new ß2-stimulant: II. Urinary metabolites of mabuterol in rats and their pharmacological effects. Arzneim.-Forsch./Drug Res. 34:1668 - 1679. HOWELLS, L.; GODFREY, M.; SAUER, M.J. (1994). Mela- nin as an absorbent for drug residues. Analyst. 119: 2691 - 2693. LAFONTAN, M.; BERLAN, M.; PRUD’HON, M. (1988). Les agonistes bêta-adrénergiques. Mecanismes d’action: lipomobilisa- tion et anabolisme. Repro. Nutr. Dévelop. 28:1 p. 61-84. LIN, C.; LI, Y.; McGLOTTEN, J.; MORTON, J.B.; SYMCHO- WICZ. (1977). Isolation and identification of the major metaboli- te of albuterol in human urine. Drug Metab. Dispos. 5:3 234-238. LINDBERG, C.; ROOS, C.; TUNEK, A.; SVENSSON, L.A. (1989). Metabolism of bambuterol in rat liver microsomes: identi- fication of hydroxylated and demethylated products by liquid chromatography/mass spectrometry. Drug Metab. Dispos. 17:3 p. 311-322. LÖFDAHL, C.G. (1990). Basic pharmacology of new long-ac- ting sympathomimetics. Lung. Suppl. 18-21. LULICH, K.M.; GOLDIE, R.G.; RYAN, G.; PATERSON, J.W. (1986). Adverse reactions to ß2-agonist bronchodilators. Méd. To- xicol. 1: 286-299 MATSUMURA, K.; KUBO,O.; SAKASHITA, T.; KATO, H.; WATANABE, K.; HIROBE, M. (1982). Studies on the metabo- lism of tulobuterol.HCl: identification of basic urinary metaboli- tes in the dog, rat, rabbit, and guinea pig. Drug Metab. Dispos. 10: 537 - 541. MEYER, H.H.D.; RINKE, L.M. (1991). The pharmacokinetics and residues of clenbuterol in veal calves. J. Anim. Sci. 69:11 4538-4544. MONTRADE, MP.; RIVERAIN, S.; le BIZEC, B.; ANDRÉ, F. (1992). GC-MS analysis of ß-agonists in urine and edible tissues: in vivo study of salbutamol metabolism in calves. In KUIPER, H.A.; HOOGENBOOM, L.A.P., ed. - In Vitro Toxicological Studi- es and Real Time Analysis of Residues in Food - FLAIR Concer- ted Action Nº 8: proceedings of the Workshops held in Ghent, May 22 - 24, 1992 and Thessaloniki, October 30 - 31, 1992. Wa- geningen, p. 143-148. MORGAN, D.J. (1990). Clinical Pharmacokinetics of ß-ago- nists. Clin. Pharmacokinet. 18:4 p.270-294. MORGAN, D.J.; PAULL, J.D.; RICHMOND, B.H.; WILSON- EVERED, E.; ZICCONE, S.P. (1986). Pharmacokinetics of intra- venous and oral salbutamol and its sulphate conjugate. Br. J. Clin. Pharmac. 22: 587-593. PEYRIN, L.; BOUDET, C.; CLAUSTRE, J. (1986). La conju- gaison des catécholamines: aspects fondamentaux et physiopatho- logiques. Ann. Biol. Clin. 44: 470 - 485. PRICE, A.H.; CLISSOLD, S.P. (1989). Salbutamol in the 1980s: a reappraisal of its clinical efficacy. Drugs. 38:1 p.77 - 122 RAMOS, F., SILVEIRA, M.I.N. (2000). Agonistas adrenérgi- cos ß2: I - Mecanismo de acção. Rev. Port. Ciênc. Vetr. XCV:535 p. 99 – 110 RAMOS, F.; CASTILHO, M.C.; SILVEIRA, M.I.N. (1996). Extracção em fase sólida (SPE): II - Mecanismos de extracção. Quim. 62: 26 - 30. RUFFOLO, R.R.; BONDINELL, W.; HIEBLE, J.P. (1995). a - ß - Adrenoceptors: from the gene to the clinic. 2. Structure - Acti- vity relationships and therapeutic applications. J. Med. Chem. 38: 3681 - 3716. SAUER, M.J.; ANDERSON, S.P.L. (1994). In vitro and in vivo studies of drug residues accumulation in pigmented tissues. Analyst. 119: 2553 - 2556. SAUER, M.J.; GRAHAM, P.J.; LAKE, B.G.; HOWELLS, L.; COLDHAM, N.G. (1996). ß-agonist abuse in food producing ani- mals: studies of in vitro liver metabolism to evaluate potential tar- get residues. In HAAGSMA, N.; RUITER, A., ed. - Residues of Veterinary Drugs in Food: proceedings of EuroResidue III confe- rence. Veldhoven p. 844 - 847. SAUX, M.C.; GIRAULT, J.; BOUQUET, S.; FOURTILLAN, J.B.; COURTOIS, Ph. (1986). Étude comparative des distributi- ons tissulaires de deux ß-mimétiques: le clenbuterol et le salbuta- mol chez le chien. J. Pharmacol. (Paris) 17:4 p.692 - 698. SMITH, D.J. (1998). The pharmacokinetics, metabolism, and tissue residues of ß-adrenergic agonists in livestock. J. Anim. Sci. 76 (1998) 173 - 194. SMITH, D.J.; PAULSON, G.D. (1997). Distribution, eliminati- on, and residues of [14C] clenbuterolHCl in holstein calves. J. Anim. Sci. 75: 454 - 461. STEVENSON, A.J.; WEBER, M.P.; TODI, F.; MENDONCA, M.; FENWICK, J.D., KWONG, E.; YOUNG, L.; LEAVITT, R.; NESPOLO, R.; BEAUMIER, P.; TIMMINGS, S.; KACEW,S. - (1990). The influence of furosemide on plasma elimination and urinary excretion of drugs in standardbred horses. J. Vet. Pharma- col. Ther. 13: 93 - 104. van der MERWE, P.J.; TOERIEN,S.; BURGER, W.P. (1998) - Pharmacokinetics of clenbuterol in the ostrich. Analyst. 123: 2715-2717. WITKAMP, R.F.; ARTS, C.J.M.; van BAAK, M.J.; van MI- ERT, A.S.P.J.M.; van der GREEF, J. (1996). Effects of some compounds on the urinary salbutamol excretion in the rat. In HAAGSMA, N.; RUITER, A., ed. - Residues of Veterinary Drugs in Food: proceedings of EuroResidue III conference. Veldhoven. p. 978 - 981. WITKAMP, R.F.; van MIERT, A.S.J.P.A.M. (1992). - Pharma- cology and therapeutic use of ß2-agonists. In KUIPER, H.A.; HO- OGENBOOM, L.A.P., ed. - In Vitro Toxicological Studies and Real Time Analysis of Residues in Food - FLAIR Concerted Acti- on Nº 8: proceedings of the Workshops held in Ghent, May 22 - 24, 1992 and Thessaloniki, October 30 - 31, 1992. Wageningen, p.75-88. YAMAMOTO, I.; IWATA, K.; NAKASHIMA, M. (1985) - Pharmacokinetics of plasma and urine clenbuterol in man, rat, and rabbit. J. Pharmacobio-Dyn. 8: 385 - 391. YUGE, T.; HASE, T.; TAKAYANAGI, Y.; KAMASUKA, T.; AMEMIYA, K.; HORIBA, M. (1984). Pharmacokinetics studies of mabuterol, a new selective ß2-stimulant: I. Studies on the ab- sorption, distribution and excretion in rats. Arzneim. Forsch./Drug Res. 34:II Nr. 11a 1659 - 1667. ZALKO, D.; BORIES, G.; TULLIEZ, J. (1996). Comparative metabolism of 3H-clenbuterol in the rat and bovine. In HAAGS- MA, N.; RUITER, A., ed. - Residues of Veterinary Drugs in Food: proceedings of EuroResidue III conference. Veldhoven, p. 993 - 997. ZALKO, D.; DEBRAUWER, L.; BORIES, G.; TULLIEZ, J. (1998). Metabolism of clenbuterol in rats. Drug Metab. Dispos. 26: 891-899. RPCV (2001) 96 (540) 167-175Ramos F e Silveira M
Compartilhar