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Educação Especial e Inclusão Escolar

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Prévia do material em texto

Contexto Socioeducacional 
na Perspectiva da Inclusão
 
 02 
 
 
 
1. Conceitos Gerais em Educação Especial 5 
O que é deficiência? 6 
Ter uma deficiência é necessariamente 
ter uma incapacidade? 7 
O conceito de deficiência é uma 
invenção dos tempos modernos? 9 
Como tratar pessoas com deficiência 
independentemente do rumo da história? 10 
 
2. Origens da Educação Especial 13 
Quais as origens da educação especial? 13 
Há boas oportunidades de educação 
especial disponíveis? 16 
 
3. A Educação Especial Atual 19 
O que é a educação especial? 19 
Quem fornece os serviços 
de educação especial? 20 
Oportunidades para um século XXI melhor 20 
 
4. Por que a Educação Especial se Tornou Polêmica? 26 
Preocupação: A educação especial 
é ineficaz e desnecessária? 27 
Preocupação: A educação especial 
segrega os alunos com deficiência do 
convívio com colegas sem deficiência? 27 
Preocupação: A educação especial 
inclui muitos alunos? 28 
A educação especial é muito onerosa, 
aumentando exageradamente as 
despesas das escolas estaduais, 
municipais e distritais? 29 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
 
Preocupação: A educação especial 
torna-se onerosa quando os funcionários 
de escola têm que lidar com 
comportamento difícil ou violento de alunos? 31 
 
5. O Lúdico na Prática Pedagógica com 
Crianças com Deficiência Intelectual Moderada 33 
 
6. Referências Bibliográficas 37 
 
 
 04 
 
 
 
 
 
 5 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
1. Conceitos Gerais em Educação Especial 
 
 
 
pesar de resultados significa-
tivos alcançados por crianças 
com deficiências e por suas famílias, 
a educação especial tem sido criti-
cada há algum tempo como sendo 
imoral, ineficaz, racista, onerosa e 
injusta. As críticas advêm de várias 
frentes – políticos, familiares de alu-
nos com deficiências, pessoas com 
deficiências, membros da imprensa 
e toda a comunidade da educação. 
Debates sobre a eficiência da 
educação especial – quem deveria 
recebê-la, como e onde ela deveria 
ser implementada e quem deveria 
implementá-la – ganham força. Pre-
ocupações relativas ao número de 
crianças com deficiências e com 
problemas escolares também têm 
aumentado. 
Embora não haja consenso em 
relação às atitudes a serem tomadas 
para enfrentar os problemas da 
educação especial, muitos profissio-
nais, membros da imprensa e da 
comunidade de pessoas com defici-
ência acreditam que os entraves 
possam ser superados. Responder 
inteligentemente a tais questões 
exigirá reflexão, assim como um 
debate dirigido. 
Em um primeiro olhar, muitas 
questões parecem simples e diretas, 
mas resista à tentação de ser 
A 
 
 
6 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
enganado por essa ilusão. Elas são 
complicadas e complexas. Resista à 
tendência de pensar em “preto no 
branco”, de supor que todas essas 
questões podem ser respondidas 
com “sim ou não” e de esperar por 
debates que convencionem clara-
mente “este ou aquele lado”. Lem-
bre-se que pessoas e culturas têm 
diferentes visões sobre questões 
complexas. 
Nenhum de nós vive, de fato, 
em um mundo em preto-e-branco; 
em muitos aspectos, vivemos em 
“cinza e em espaços em branco”. 
Como Hungerford sabiamente salie-
ntou, há mais de 50 anos, “apenas o 
destemido considera o cinza em 
relação ao que não podemos explicar 
com facilidade”. Pare um momento 
para ponderar todas as possi-
bilidades de quanto tempo você 
dispende de sua vida acadêmica no 
desenvolvimento de um enten-
dimento próprio sobre educação 
especial, sobre os alunos e as 
famílias aos quais ela atende. Ao 
examinarmos tais aspectos impor-
tantes, não vamos perder de vista o 
fato de que estamos refletindo sobre 
pessoas, que são importantes 
membros da sociedade. 
Para ser um participante ativo 
na busca de resultados para os 
alunos com deficiências, é neces-
sário entender os serviços de que 
eles e suas famílias precisam. Um 
ponto de partida é pensar sobre o 
conceito de deficiência e sobre os 
desafios que ela pode apresentar. 
 
O que é deficiência? 
 
É possível pensar que para a 
pergunta “O que é uma deficiência?” 
haja uma resposta simples e direta. 
Mas não há. Nada é absoluto na 
condição humana, nem mesmo to-
dos os conceitos são compatíveis 
através das culturas. Muitas respos-
tas foram sugeridas para resolver 
esse impasse. As definições de defi-
ciência divergem em razão das dife-
renças entre atitudes, crenças, ori-
entação, áreas de estudo e cultura. 
Por exemplo, variadas áreas de estu-
do oferecem definições diversas de 
deficiência, e algumas delas incluem 
análise das características comuns 
de um grupo de indivíduos (por 
exemplo, habilidades cognitivas e 
comportamentos estereotipados). 
Outras definições têm uma visão 
mais sociológica e divergem em sua 
construção social – mais como uma 
função do sistema social do que 
individual. 
Não só as interpretações sobre 
o conceito de deficiência variam, 
mas também as opiniões em relação 
à frequência com que a deficiência 
prejudica a habilidade da pessoa na 
vida em sociedade. Alguns conceitos 
de deficiência sustentam que ela 
 
 
7 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
desapareceria se a sociedade fosse 
organizada de outra forma. Evi-
dências de outras culturas, como 
muitas culturas indígenas, confir-
mam essa posição. Por que a reação 
à deficiência não é a mesma entre as 
culturas? Alguns estudiosos dizem 
que o conceito de deficiência é uma 
necessidade política e econômica de 
sociedades que requerem uma es-
trutura de classes. Outros não 
aceitam a posição de que a 
deficiência é o resultado de uma 
sociedade estratificada e rejeitam a 
ideia de que todos devem ser 
tratados do mesmo modo. De acordo 
com Jim Kauffman, uma neces-
sidade extrema por “semelhança” 
nos leva a minimizar a deficiência, 
talvez até a negar sua existência. 
Outra explicação refere-se à neces-
sidade de as pessoas focarem o 
conceito de “diferença” e de fazerem 
julgamentos de valor. Ainda uma 
outra explicação sobre o modo como 
as pessoas com deficiências são 
tratadas na sociedade refere-se à 
discriminação institucional e ao 
preconceito. 
Nem sempre questões simples 
têm respostas simples. Pense sobre 
estes pontos, comparando os termos 
frequentemente usados para descrê-
ver a deficiência ou referir-se a ela: 
capaz – não-capaz, normal – anor-
mal, típico – atípico, perfeito – 
defeituoso, funcional – disfuncional, 
comum – incomum, usual – excep-
cional. Os termos que usamos 
refletem o que pensamos sobre as 
deficiências, posicionando-nos fren-
te aos indivíduos envolvidos. 
 
Ter uma deficiência é 
necessariamente ter uma 
incapacidade? 
 
Nós aprendemos nos movi-
mentos de direitos civis, na década 
de 1960, que a discriminação e o 
preconceito podem “segregar” gru-
pos de indivíduos ou mantê-los 
participando ativamente na socie-
dade. Um debate sobre a relação 
entre deficiências e incapacidade 
não é apenas primordial, como 
também é interessante e conveni-
ente. A maneira como as pessoas são 
tratadas pode limitar sua indepen-
dência e suas oportunidades. No 
entanto, estamos ainda preocu-
pados com o fato de os termos 
deficiência e incapacidade serem ou 
não sinônimos. Se eles são sinô-
nimos, deficiência pode então ser 
vista como uma diferença, uma 
característica que coloca um indi-
víduo à parte de todos os outros, 
algo que o torna ou menos capaz ou 
inferior. Muitas profissões (medi-
cina, psicologia) definem a defici-
ência como um desvio de um mo-
delo, ou seja, há um contraste entre 
a maioria da população, que é 
 
 
8 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
considerada normal, e o deficiente, 
que é colocado à parte. Nessa visão, 
é a deficiência que restringea habi-
lidade do indivíduo de alcançar seu 
potencial, em vez de o indivíduo 
estar em desvantagem pelas atitudes 
da sociedade. E o que dizer dos 
indivíduos superdotados com talen-
tos excepcionais e com intelecto 
notável? A atitude das pessoas 
frente às suas diferenças coloca-os 
em desvantagem e os impede de 
desenvolver seu potencial? 
Há algumas evidências que 
podem ajudar na solução deste 
dilema, ou podem complexificá-lo 
ainda mais. Podemos citar por 
exemplo o caso dos primeiros habi-
tantes de Martha’s Vineyard, de 
americanos surdos que não eram 
estigmatizados por seu grupo social. 
Sem o fardo dos preconceitos, eles 
tinham experiências de sucessos e 
insucessos, similares a qualquer ou-
tra pessoa, mostrando que a manei-
ra como as pessoas são tratadas 
influencia sua vida. 
Os moradores de Martha’s 
Vineyard vieram de Kent, Inglater-
ra, no século XVII. Aparentemente, 
eles carregavam consigo genes 
recessivos da surdez e a habilidade 
de usar a linguagem de sinais. 
Pessoas com audição normal viviam 
na ilha, eram bilíngues e desde 
muito cedo desenvolviam, ao mês-
mo tempo, habilidades na língua-
gem oral e na de sinais. Geração 
após geração, a prevalência de 
surdos na ilha aumentou de modo 
excepcional, na proporção de 1:4 em 
uma pequena comunidade e de 1:25 
em outras. Provavelmente, em razão 
da alta taxa e incidência de surdez 
em quase todos os membros de uma 
família, as pessoas surdas não eram 
tratadas como deficientes pela co-
munidade do continente. Elas eram 
integradas à sociedade em todas as 
atividades e nas situações de lazer. 
Logo, quais eram os resultados 
dessa integração e da adaptação da 
sociedade às necessidades das pes-
soas com essa deficiência, em vez da 
adaptação das pessoas com defici-
ências ao modo de vida daqueles 
sem deficiências? Os indivíduos 
eram livres para se casar com quem 
desejassem. Das pessoas Surdas de 
Martha’s Vineyard nascidas antes de 
1817, 73% casaram-se, em contraste 
com os 45% de pessoas surdas ame-
ricanas. Apenas 35% dos Surdos de 
Vineyard casaram-se com outras 
pessoas surdas, comparados com 
79% de surdos do continente. De 
acordo com registros de pensões, 
eles, em geral, tinham rendimentos 
médios ou acima da média, e alguns 
se tornavam profissionais bastante 
prósperos. Esses indivíduos tam-
bém eram ativos em todos os 
aspectos nas tarefas da igreja. As 
pessoas surdas tinham algumas 
 
 
9 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
vantagens em relação a vizinhos e 
membros não-surdos da família. 
Eles tinham melhor educação do 
que a população em geral, porque 
recebiam assistência educacional 
para frequentar a escola para surdos 
em Connecticut. De acordo com 
registros de seus descendentes, 
eram capazes de ler e escrever e há 
numerosos registros sobre pessoas 
não-surdas que pediam a seus 
vizinhos surdos que lessem ou 
escrevessem algo para elas. 
 
 
 
A vida dos habitantes ingleses 
de Martha’s Vineyard mostra como 
a surdez, deficiência historicamente 
considerada muito séria, não afetou 
a rotina ou as realizações daqueles 
que moravam na ilha. Por mais de 
uma centena de anos, a vida nesse 
ambiente relativamente restrito e 
confinado foi muito normal tanto 
para os que tinham como para os 
que não tinham tal deficiência. 
Hoje em dia, contudo, 
devemos avaliar se a experiência dos 
primeiros habitantes da ilha Mar-
tha’s Vineyard foi uma aberração. 
Ela é tão peculiar, que não devemos 
tomá-la como base para outras situ-
ações? Talvez a história fosse 
diferente se os primeiros habitantes 
tivessem uma deficiência cognitiva 
de causa genética em vez de surdez. 
Logicamente, o que aconteceu em 
Martha’s Vineyard não foi comum. 
De qualquer forma, o que você deve 
considerar é o modo como você 
desenvolveu sua visão sobre defici-
ência, o significado, os impactos e as 
implicações na responsabilidade so-
cial. Pensando sobre tal experiência, 
é possível que a deficiência e a 
resposta para ela – educação 
especial – sejam fenômenos do 
século XX? 
 
O conceito de deficiência é 
uma invenção dos tempos 
modernos? 
 
A resposta para a pergunta é 
bastante direta: não. Há muitas 
evidências de que as deficiências 
fazem parte da condição humana. 
Os primeiros registros escritos 
apresentam apontamentos sobre a 
existência de pessoas com defici-
ência. Algumas, particularmente as 
que eram cegas, surdas, “um pouco 
excêntricas”, ou as que se tornaram 
deficientes depois de adultas foram 
consideradas em tais registros. Na 
verdade, alguns (como o antigo 
 
 
10 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
poeta grego – Esopo – que era cego) 
foram respeitados como sábios. 
“Lições Morais de Esopo” ou “Fá-
bulas de Esopo” são lidas ainda hoje 
nas escolas. É possível que as defi-
ciências não sinalizem um problema 
social que mereça atenção? Talvez o 
fator relevante não seja a existência 
das deficiências, mas, ao contrário 
disso, como as pessoas reagem a 
elas? Se todos são tratados da 
mesma maneira e podem desen-
volver seu potencial com pouco 
auxílio, talvez a sociedade, assim 
como nós, esteja gastando energia 
onde não é necessário. Então, 
examinemos como as pessoas com 
deficiência têm sido historicamente 
tratadas. Essa análise pode nos 
ajudar a entender melhor a natureza 
das deficiências e a situação em que 
essas pessoas se encontram. 
 
Como tratar pessoas com 
deficiência independente-
mente do rumo da his-
tória? 
 
A resposta é inconsistente e 
desfavorável. Como você já obser-
vou, exemplos da forma de trata-
mento humano podem ser docu-
mentados. Temos, a partir de então, 
uma outra perspectiva a ser com-
siderada: pessoas com deficiência 
apresentadas como “bobos da corte” 
em palácios e cortes reais na Idade 
Média e na Renascença. Embora 
pensemos que eles eram tratados 
injustamente, pois tinham a função 
de proporcionar diversão para a 
realeza, eram, na verdade, prote-
gidos e viviam em melhores com-
dições que pessoas comuns daquela 
época. Era costumeiro deixar crian-
ças com deficiência nas florestas ou 
atirá-las no rio. Para muitos que 
chegaram à idade adulta, o trata-
mento era cruel. Balbus Balaesus, o 
Gago, que viveu na Roma antiga, foi 
preso e colocado em exibição na 
estrada Appian a fim de divertir os 
viajantes que achavam engraçado o 
seu modo de falar. Algumas pessoas 
eram internadas em hospícios ou 
monastérios; outras eram julgadas 
bruxas, pois acreditava-se que esta-
vam possuídas por demônios. 
Você talvez cogite a ideia de 
que tais acontecimentos fazem parte 
da antiguidade. Atualmente, muitas 
pessoas com deficiência são incluí-
das no convívio social. Elas têm a-
cesso a prédios públicos, encontram 
acomodações adaptadas quando 
viajam e assumem papéis ativos na 
sociedade. Infelizmente, a história 
moderna não oferece só bons 
exemplos. Em meados do século 
passado, a Alemanha nazista enviou 
milhões de judeus, de pessoas com 
deficiência e de membros de outros 
grupos perseguidos para a morte 
 
 
11 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
nos campos de concentração. Isso 
foi há mais de 50 anos; você pode 
achar que nada parecido ocorra 
ainda. Todavia, muitos casos docu-
mentados de abuso e abandono de 
crianças com deficiência ocorrem 
ainda hoje. Muitos relatos, sobre-
tudo no Terceiro Mundo e em países 
em desenvolvimento (incluindo 
membros da ex-União Soviética), 
revelam as péssimas condições dos 
orfanatos e das instituições onde 
crianças com deficiência são man-
tidas até a sua morte. Contudo, o 
tratamento desumano em relação às 
pessoas com deficiência não é um 
problema crescente apenas fora do 
nosso país. Pense sobre adultos com 
doenças mentais que recebem pouca 
assistência, perambulampelas ruas 
e são presos por pequenos delitos. 
Ao construir um conceito de 
deficiência, pense a respeito das 
informações que você pode usar 
visando à defesa de soluções eficazes 
e considere quais programas edu-
cacionais incluir, lembrando-se do 
seguinte: 
 A definição de deficiência é 
variável porque as pessoas não 
compartilham de atitudes, 
crenças, orientações, valores e 
culturas iguais. Logo, não há 
uma natureza absoluta para a 
deficiência. 
 Preconceitos e discriminações 
influenciam os resultados das 
pessoas, de modo que o que é 
considerado uma deficiência 
grave em uma sociedade talvez 
não impeça os esforços de uma 
pessoa no desenvolvimento de 
seu potencial em outra. 
 As deficiências sempre exis-
tiram. Elas não são criação ou 
fenômeno da sociedade atual. 
 A situação é terrível para 
muitas crianças com deficiên-
cia, e o tratamento cruel com-
tinua ainda hoje. 
 
 
 
 
 1
2
 
 
 
 
 13 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
2. Origens da Educação Especial 
 
 
 
mbora muitos acreditem que a 
educação especial tenha come-
çado nos Estados Unidos em 1975, 
com a aprovação da lei nacional que 
agora é chamada de IDEA, na 
verdade, a educação especial come-
çou há mais de 200 anos. 
 
Quais as origens da edu-
cação especial? 
 
A lenda sobre o começo da 
educação especial não é apenas fa-
mosa, mas também verdadeira! 
Em 1799, uma criança – que 
provavelmente por ter deficiência 
fora abandonada à morte nas flores-
tas do sul da França – foi encontrada 
por alguns fazendeiros. Preocupa-
dos com o bem-estar da criança, 
descobriram um médico em Paris 
especialista no tratamento de crian-
ças surdas. Levaram-na até ele: era 
Jean-Marc-Gaspard Itard, conside-
rado o pai da educação especial. O 
nome dado ao garoto por Itard foi 
Victor. Por achar que o garoto era 
uma “criança selvagem”, intocada 
pela civilização, o médico costumava 
E 
 
 14 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
referir-se a Victor como “o menino 
selvagem de Aveyron”. 
Era possível que o garoto 
tivesse um retardo mental, bem co-
mo carências ambientais. Muitas 
pessoas achavam que não havia es-
perança para o caso, mas Itard, 
acreditando na força da educação, 
responsabilizou-se pela tarefa de 
ensinar a Victor tudo o que as 
crianças aprendiam, seja em casa 
seja na escola. Ele, com cautela, 
usou técnicas de desenho para 
ensiná-lo a falar algumas poucas 
palavras, andar na posição vertical, 
comer fazendo uso de pratos e 
talheres e interagir com outras 
pessoas. 
Felizmente, Itard escreveu um 
relatório detalhado sobre suas téc-
nicas e filosofias, bem como sobre o 
progresso de Victor. Muitas dessas 
técnicas são aplicadas ainda hoje na 
educação especial. A seguir, estão 
elencados cinco objetivos da “edu-
cação moral e mental de Victor”: 
1º objetivo: estimulá-lo para a vida 
social. 
2º objetivo: ampliar sua bagagem 
intelectual. 
3º objetivo: orientá-lo ao uso da 
fala. 
4º objetivo: fazê-lo exercitar as 
operações mentais básicas. 
As medidas de sucesso são 
subjetivas. Atualmente, nós daria-
mos créditos a Itard pelos ganhos 
notórios com Victor. O garoto a-
prendeu muitas habilidades básicas 
na vida, mas nunca se tornou “nor-
mal”. Victor foi incapaz de desen-
volver a linguagem oral além de 
poucas palavras e não aprendeu 
todas as formas de comportamentos 
socialmente aceitáveis. Itard pensou 
que havia falhado, talvez porque 
seus objetivos eram irreais e tam-
bém porque Victor viveu longe dele, 
em outro estado, com uma empre-
gada doméstica que o assistia. 
Ainda que Itard não tenha 
avaliado positivamente seus grandes 
esforços com Victor, seu trabalho 
semeou uma nova era para crianças 
com deficiência: anunciou o princí-
pio de um período positivo quando 
se pensou que a educação era uma 
resposta aos problemas associados à 
deficiência. 
Edouard Seguin, um aluno de 
Itard, trouxe tais ideais para os 
Estados Unidos. Seguin publicou, 
em 1846, The Moral Treatment, Hy-
giene, and Education of Idiots and 
Other Backward Children, o primei-
ro tratado de educação especial 
voltado às necessidades das crianças 
com deficiência. Ele acreditou que 
os exercícios sensório-motores po-
diam ajudar no estimulo da apren-
dizagem de crianças com deficiência 
(uma crença que alternadamente 
ganha e perde popularidade desde 
então). No ano de 1876, Seguin 
 
 15 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
participou da fundação da maior e 
mais antiga associação profissional 
interdisciplinar no campo da defi-
ciência mental, que agora é chamada 
de American Association on Mental 
Retardation (AAMR). As atitudes 
pouco a pouco mudaram. Os profis-
sionais da área e o público 
abandonaram a crença de que as 
pessoas com deficiência deviam ser 
evitadas e aderiram à ideia de que 
elas deviam ser protegidas, cuida-
das, educadas, mesmo que esse ato 
significasse um extraordinário 
esforço. 
Entende-se, desse modo, que 
elas devem ser libertadas, forta-
lecidas e habilitadas a assumir seu 
lugar ao lado das pessoas sem defici-
ência, mesmo que isso implique 
muito trabalho e inúmeros desafios. 
Paul Marchant, da ARC (uma orga-
nização fundada pelos pais que 
buscam apoio para seus filhos com 
retardo mental), afirma que todos os 
locais de trabalho segregado deve-
riam ser fechados, mesmo que os 
indivíduos com deficiência prefiram 
trabalhar em lugares isolados. Ele 
acredita nisso, ainda que alguns 
adultos se sintam mais confortáveis 
trabalhando com outras pessoas 
com deficiência, em lugares onde o 
ambiente oferece mais apoio e 
proteção, do que em ambientes 
competitivos de trabalho. O que 
você acha disso? 
À medida que os esforços na 
educação especial ganharam desta-
que nos Estados Unidos, ela se 
tornou popular na Europa. Na Itália, 
Montessori trabalhou, inicialmente, 
com crianças que apresentavam 
deficiências cognitivas. Ela mostrou 
que crianças pequenas eram aptas a 
aprender por meio de experiências 
concretas, oferecidas por ambientes 
ricos em materiais manipuláveis. 
Em 1817, Thomas Hopkins Gallau-
det foi à Europa para trazer 
novamente aos Estados Unidos es-
pecialistas em educação de surdos, 
com o objetivo de implementar o 
modelo de programas de educação. 
Samuel Gridley Howe, o famoso 
abolicionista e reformador ameri-
cano, fundou o New England Asy-
lum for the Blind (mais tarde, 
Instituto Perkins), em 1832. Além 
disso, criou a Massachusetts School 
for Idiotic and Feeble-Minded 
Children em 1848. 
Continuamente, um estado 
após o outro iniciou programas 
educacionais para alunos com 
deficiência. Muitos deles seguiram o 
modelo de Howe e Gallaudet e fun-
daram escolas residenciais; outros 
seguiram o modelo de Elizabeth 
Farrell (1898), promovendo progra-
mas em escolas públicas. Os anos de 
1800 foram movimentados e repre-
sentaram uma mudança efetiva nas 
 
 16 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
atitudes relativas a muitos alunos 
com deficiência e seus familiares. 
 
Há boas oportunidades de 
educação especial disponí-
veis? 
 
Como muitos de nós hoje, os 
profissionais do final do século XIX 
acreditavam no valor individual dos 
alunos, independentemente de suas 
necessidades especiais de aprendi-
zagem. Eles foram preparados para 
trabalhar com seriedade na conquis-
ta de uma realidade que envolvesse 
todos os alunos. Percebeu- se, dessa 
forma, que os professores da educa-
ção especial precisavam também de 
treinamento específico para desem-
penhar esta importante atividade. A 
primeira oportunidade de treina-
mento para profissionais da área 
aconteceu em 1905 em New Jersey, 
na Training School for Feeble-
minded Boys and Girls. Em 1907, 
um curso de verão sobre educação 
especial,com duração de seis sema-
nas, custava US$ 25. 
Todavia, a era do otimismo 
não durou. As aulas nas instituições 
públicas não eram comuns, e as 
escolas-residências foram vistas 
como repressivas. Para uma última 
avaliação sobre a educação de pes-
soas com deficiência, é aconselhável 
entender as razões para essas 
mudanças de atitudes. Em primeiro 
lugar, não havia salas de aula 
suficientes. Depois, muitas crianças 
foram excluídas das escolas públicas 
porque não preenchiam os requi-
sitos exigidos – não sabiam usar o 
banheiro, não andavam ou não 
falavam. O que aconteceu com elas? 
Muitas ganharam espaço, de alguma 
forma, em suas comunidades, raras 
vezes encontravam trabalho e 
viviam com seus pais. Outras entra-
ram forçosamente no isolamento, 
segregadas em instituições. Com 
certeza, algumas morreram por falta 
de cuidados, enquanto outras foram 
escondidas por suas famílias, as 
quais temiam a discriminação e o 
preconceito. 
 
 
 
Embora as escolas-residências 
criadas no final do século XIX 
tenham sido consideradas “educa-
cionais”, elas se tornaram depósitos 
onde pessoas eram isoladas da soci-
edade. Possivelmente, como ocorreu 
com Itard, profissionais e público 
em geral desiludiram-se com a edu-
 
 17 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
cação especial, pois ela era incapaz 
de “remover” deficiências, “curar” 
crianças ou torná-las “normais”. 
Crianças com deficiência, pelo que 
se percebe, não eram dignas de 
investimento. Ao contrário disso, 
eram vistas como uma fonte de 
problemas: causa de crimes, eram 
um grupo que levaria a sociedade à 
falência. As crenças negativas sobre 
pessoas com deficiência continua-
vam nas primeiras décadas do 
século XX. A educação básica era 
obrigatória para crianças sem defi-
ciência, mas aquelas que a possuíam 
eram impedidas de ter acesso à 
instrução. As justificativas apresen-
tadas para tal exclusão são cho-
cantes para os padrões atuais. O 
Supremo Tribunal de um Estado 
americano justificou a exclusão de 
um garoto com paralisia cerebral, 
sob a alegação de que ele “produzia 
efeitos depressivos e nauseantes nos 
professores e nas crianças”. 
O preconceito contra pessoas 
com deficiência resistiu até meados 
do século XX. Os programas de edu-
cação especial em residências muda-
ram, deixando-se de oferecer educa-
ção intensiva. Do início do século XX 
até o final da Segunda Guerra Mun-
dial, a proposta era proteger a 
sociedade daqueles que eram 
diferentes. 
Reconhecidamente, as atitu-
des modificaram-se durante os 
últimos 50 anos. O fim da Segunda 
Guerra coincidiu com um tempo de 
mais oportunidades para todos os 
americanos, conduzindo-os, então, 
ao movimento dos direitos civis nos 
anos de 1960 e aos movimentos a 
favor das pessoas com deficiência na 
década seguinte. Surgiram, com 
isso, preocupações sobre como 
garantir um tratamento adequado 
tanto para deficientes quanto para 
superdotados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
3. A Educação Especial Atual 
 
 
 
educação especial é um com-
ceito envolvente, o qual tem 
sido descrito, definido e explicado 
de muitas formas. Essas diferentes 
percepções sobre o que é a educação 
especial nasceu das experiências e 
das orientações de diversas pessoas. 
Ela deve ser entendida como uma 
lista de passos para serviços e 
resultados cada vez mais adequados 
aos estudantes com deficiências. 
 
O que é a educação 
especial? 
 
Um dos modos pelos quais a 
educação especial é definida diz 
respeito a professores que se dedi-
cam a esta área. Contudo, como você 
pode perceber por meio das his-
tórias sobre quem seria um “pro-
fessor ideal”, as percepções do papel 
do educador mudaram com o 
tempo. A educação especial podia 
também ser definida como um 
serviço ou como parte do apoio ao 
sistema educacional, na qual haveria 
consultas a outros profissionais, ori-
entações e colaboração àqueles que 
também lecionam e trabalham para 
alunos com deficiência. Assim como 
nós encontramos respostas para 
muitas das questões que estamos 
investigando há muito tempo, a 
educação especial tem diferentes 
significados, dependendo do profis-
sional a que se referir. 
 
A 
 
 20 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
Quem fornece os serviços 
de educação especial? 
 
Os serviços de educação espe-
cial são oferecidos aos alunos com 
deficiências e às famílias por um 
grupo de bons profissionais que 
trabalham com diferentes discipli-
nas. O maior grupo desses profis-
sionais é o de professores da edu-
cação especial, os quais têm as 
primeiras responsabilidades de as-
segurar que os alunos com defici-
ências estejam recebendo uma edu-
cação apropriada. O segundo maior 
grupo é o de fonoaudiólogos, que 
fornecem serviços para corrigir as 
dificuldades de fala ou de linguagem 
dos alunos. Outros serviços corre-
latos são fornecidos por professores 
de adaptação, especialista de tecno-
logias de apoio, audiologistas, pes-
soal de apoio para diagnóstico e 
avaliação, intérpretes para surdos, 
terapeutas de família, terapeutas 
ocupacionais (TO’s), especialistas 
em orientação e mobilidade, para-
profissionais (paraeducadores e 
professores de apoio), fisioterapeu-
tas (F’s), psicólogos, terapeutas de 
recreação e recreacionistas, conse-
lheiros de reabilitação, conselheiros 
escolares, enfermeiras escolares, 
escola de assistentes sociais, super-
visores e administradores, especia-
listas em transporte, professores da 
educação vocacional e coordenado-
res de estudo do trabalho. 
 
Oportunidades para um 
século XXI melhor 
 
Ainda que haja muito trabalho 
a ser feito em favor das pessoas com 
deficiências para sua completa par-
ticipação nas escolas e na sociedade, 
já houve um progresso considerável. 
Muitos sinais de uma nova era já es-
tão visíveis. Um deles, por exemplo, 
é a determinação de que estudos das 
deficiências sejam um objeto im-
prescindível de muitas faculdades e 
universidades. Igual aos estudos re-
lativos às mulheres, aos povos lati-
nos e à raça negra, este proeminente 
tema representa uma pesquisa in-
terdisciplinar da história e da 
cultura de um grupo de pessoas. 
Paul Longmore, um pioneiro no 
movimento de defesa da deficiência, 
fundou o Institute on Disabilities at 
San Francisco State University. Na 
sua visão, os portadores de defi-
ciências sofrem preconceitos insti-
tucionais e discriminação. Os cursos 
que focalizam a história das pessoas 
com deficiências informarão melhor 
a sociedade acerca das questões e 
das políticas sociais que precisam 
ser adotadas. 
Uma atitude interessante e 
pertinente é que alguém deve estar 
 
 21 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
na posição de deficiente para ser 
visto como um especialista no 
campo dos estudos sobre defici-
ências. 
Talvez a sociedade, estimulada 
pelas políticas nacionais, reflita 
atualmente um modo de enten-
dimento mais sensível com respeito 
às referências sobre o grupo 
minoritário que inclui crianças e 
adultos com deficiências. Essas 
pessoas são membros visíveis das 
comunidades, uma realidade muito 
diferente daquela que prevaleceu em 
torno da década de 1950, quando 
foram feitos grandes esforços para 
esconder do público o uso de 
muletas e de cadeira de rodas pelo 
presidente Franklin D. Roosevelt. A 
nova estátua deste presidente de-
monstra mudanças nas atitudes em 
relação às deficiências e às pessoas 
com deficiências. 
 
 
 
As pessoas com deficiências 
expressam fortes sentimentos sobre 
palavras e expressões utilizadas para 
descrevê-las. A linguagem reflete 
mudanças nos conceitos e nas cren-ças. O que é socialmente aceitável 
em um certo ponto da história pode 
ser visto como engraçado ou ofen-
sivo em outra época. Por exemplo, 
no início do século XX, termos como 
imbecil, abobado, retardado mental 
eram usados com frequência, e não 
eram ofensivos. Outras referências 
que hoje achamos cruéis vêm e vão. 
Em muitos casos, elas não eram 
originalmente tidas como uma ofen-
sa, mas acabaram ganhando cono-
tações negativas. Como um resul-
tado da luta da sociedade, pessoas 
com deficiências e suas famílias têm 
influenciado a linguagem que usa-
mos para nos referir a elas. Esse 
 
 22 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
aspecto é muito relevante para as 
pessoas com deficiências, pois as 
palavras carregam uma mensagem a 
nosso respeito. Embora muitos de 
nós tentamos ser politicamente cor-
retos o tempo todo, às vezes usamos 
linguagem ofensiva. 
O modo de falar preferido 
pelas pessoas com deficiências pode 
ser confuso, porque grupos e 
indivíduos têm preferencias diferen-
tes. Mesmo que haja algumas exce-
ções (sobretudo para surdos), exis-
tem duas regras básicas a serem 
seguidas: 
 
1. Coloque a pessoa em primeiro 
lugar. 
2. Não confunda a pessoa com a 
deficiência. 
 
Portanto, à luz dessas regras, é 
apropriado dizer: “alunos com retar-
do mental”, “indivíduos que têm 
distúrbios de aprendizagem”. Dois 
grupos de indivíduos com deficiên-
cias preferem uma descrição dife-
rente: os surdos (que preferem tal 
termo como um reflexo de sua he-
rança e de sua cultura) e os cegos, 
que fazem parte das exceções encon-
tradas na terminologia aceitável das 
deficiências. Você pode encontrar 
exemplos na Figura “Fale e Não 
Fale” para o uso da linguagem 
relativa à deficiência e suas exceções 
– pelo menos nos dias de hoje. 
Lembre-se, contudo, de que nem 
todos os membros de um grupo 
concordam unanimemente em to-
das as questões; algumas pessoas 
com deficiências podem discordar 
das regras de linguagem descritas. E 
as regras certamente mudarão com 
o passar do tempo. Não se esqueça 
de que é responsabilidade de todos 
ficar atentos a isso. 
 
 
Fonte: Deborah Deutsch Smith em 
Introdução à Educação Especial 
 
 
 
 
 23 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
 
Fonte: Deborah Deutsch Smith em 
Introdução à Educação Especial 
 
Outra forma de mensurar e 
avaliar como um grupo de pessoas é 
visto pela sociedade é analisar como 
ele é retratado em filmes, os quais 
refletem as atitudes públicas e têm o 
poder de influenciar o modo como 
as pessoas pensam e interagem com 
os outros (Safran, 1998, 2000). 
Podem também perpetuar estereó-
tipos. Os filmes produzidos no início 
do último século raramente repre-
sentam as pessoas com deficiências 
de forma positiva; ao contrário, ou 
eram as vilãs, ou demônios, ou 
punidas por Deus por intermédio de 
suas deficiências, ou recebiam 
tratamento áspero ou resignado. 
Outro tema usado foi o 
milagre da medicina moderna, no 
qual pessoas com paralisia ou ce-
gueira podiam ser curadas. Compa-
rações de algumas aclamadas obras 
premiadas deixam claro que a 
mensagem mudou. Durante um sé-
culo de filmes como Frankenstein 
(1931), Os melhores anos de nossas 
vidas, (1946), Meu pé esquerdo 
(1989), Shine (1996), Garota inter-
rompida (1999), Uma mente bri-
lhante (2001), nota-se que nem 
todos os roteiros a respeito de defici-
ências, encontrados na filmografia 
ao longo dos anos, são negativos, e 
alguns filmes esforçam-se para ofe-
recer representações reais de como é 
a vida de muitas pessoas com defi-
ciências. Apesar de importantes um-
danças na retratação e da inclusão 
na sociedade, o estigma e os precon-
ceitos levarão muito tempo para se-
rem eliminados. Portadores de defi-
ciências e observadores da socie-
dade em todo o mundo concordam 
com Kitchin quando ele diz que as 
“pessoas com deficiências são mar-
ginalizadas e excluídas da vida social 
(...) Pessoas com deficiências repre-
 
 24 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
sentam um dos grupos mais pobres 
na sociedade ocidental”. 
 
 
 
Definitivamente o número a-
larmante de pessoas com deficiên-
cias que saem da escola e estão 
desempregadas ou subempregadas é 
muito maior do que o número de 
pessoas sem deficiências, além de 
que enfrentam discriminação no lo-
cal de trabalho e na comunidade. 
Pense novamente nos adultos com 
doença mental que não têm lar e 
estão nas ruas porque as mudanças 
nas políticas públicas os fizeram 
vulneráveis à negligência. 
O clima de defesa de seus 
direitos, a atmosfera de sensibi-
lidade e o conhecimento de que as 
pessoas com deficiências, as quais 
formam um grupo minoritário, têm 
que lutar por seus lugares na socie-
dade americana agora devem estar 
claros. Porém, para alcançar um 
nível maior de participação e de 
reconhecimento, as pessoas com 
deficiências precisam de preparação 
para tais responsabilidades, as quais 
começam na escola com a educação 
adequada.
25 
 
 
 
 26 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
4. Por que a Educação Especial se Tornou 
Polêmica? 
 
 
 
impossível ignorar o fato de 
que a educação especial é polê-
mica no mundo inteiro. 
 Mesmo que a educação não 
seja mais negada a nenhuma criança 
e os resultados dos alunos com 
deficiências tenham melhorado sig-
nificativamente desde os primeiros 
tempos, as reclamações sobre a 
educação especial, sobre seus custos 
e sobre suas práticas continuam 
presentes na imprensa, em conver-
sas informais com o público e no 
congresso. A educação especial é 
censurada por muitos problemas 
encontrados na escola pública. 
 De fato, sentimentos razoável-
mente recentes, mas esmagadora-
mente negativos, sobre a educação 
especial afetaram por muito tempo a 
sociedade americana, sendo uma 
das importantes heranças do século 
XX. Eis algumas das principais 
preocupações e questões que devem 
ser solucionadas. 
 Muitos estão preocupados 
com o fato de a educação especial: 
 ser ineficaz e desnecessária; 
 
É 
 
 27 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
 segregar os alunos com defi-
ciência do convívio com outros 
alunos sem deficiências; 
 incluir muitos alunos; 
 ser onerosa, elevando o 
orçamento das escolas estadu-
ais e municipais; 
 sobrecarregar os profissionais 
da escola quando os alunos 
com comportamentos difíceis 
ou violentos são a eles em-
caminhados. 
 
Analisemos brevemente tais 
pontos para formar conceitos que 
possam conduzir a soluções eficazes. 
 
Preocupação: A educação 
especial é ineficaz e 
desnecessária? 
 
Os debates sobre a eficácia da 
educação especial são frequente-
mente emocionais e irracionais. Há 
uma grande confusão a respeito dos 
critérios que devem ser aplicados 
para mensurá-la. Os objetivos para a 
educação especial são subenten-
didos, e não-específicos. Muitos le-
gisladores, educadores e pais tam-
bém parecem confusos com suas 
expectativas para a educação espe-
cial. Acreditam que ela é eficaz 
apenas se “cura” ou “controla” a de-
ficiência. Se isso altera o critério que 
mensura a eficácia dos serviços da 
educação especial, então é valido 
analisar os dados de progressão 
gradual dos alunos com deficiência, 
os quais são obscuros. Embora os 
números estejam evoluindo, somen-
te 57% dos alunos com deficiências 
atualmente deixam o sistema edu-
cacional com um diploma-padrão do 
ensino médio, comparados aos 83% 
de alunos sem deficiências. Os dados 
variam de modo considerável, de-
pendendo da categoria da defi-
ciência em que se encontram (por 
exemplo, 75% dos alunos apresen-
tam deficiências visuais, 63% défi-
cits de aprendizagem, 47% autismo 
e 42% deficiência mental). 
 
Preocupação: A educação 
especialsegrega os alunos 
com deficiência do con-
vívio com colegas sem 
deficiência? 
 
Não há duvida de que esta 
questão foi um problema histórico; 
para muitos, continua a ser um pro-
blema ainda hoje. Quando a edu-
cação especial começou, os poucos 
serviços disponíveis eram oferecidos 
primeiramente em ambientes segre-
gados. Algumas vezes, estes serviços 
eram oferecidos em escolas espe-
ciais dentro da escola do distrito, 
mas, muito frequentemente, tam-
bém oferecidos em escolas-residên-
cias, as quais, em muitos casos, 
tornaram-se instituições abominá-
 
 28 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
veis, geograficamente isoladas em 
áreas rurais do estado. 
Como os programas da escola 
pública tornaram-se prontamente 
disponíveis e os direcionamentos fo-
ram limitados, os alunos com 
deficiência, muitas vezes, ficavam 
em escolas isoladas ou em salas de 
aula separadas, distantes das crian-
ças da vizinhança. Os conceitos de 
ambientes menos restritivos (revisa-
dos anteriormente) e educação 
totalmente inclusiva são orientados 
pelos princípios de normalização. 
O resultado é que muitos 
alunos com deficiências (por volta 
de 96%) frequentam as escolas de 
suas comunidades e que quase me-
tade recebe mais de 79% da sua 
educação nas salas de aula do ensino 
regular. A porcentagem de alunos 
com deficiência que estão sendo 
incluídos, em sua grande maioria, 
em escolas regulares, aumentou 
consistentemente desde 1985, cres-
cendo de 25%, em 1985, para 47%, 
em 1999. No entanto, para muitos 
pais e profissionais, essa taxa de 
participação é insuficiente. 
Por outro lado, observando as 
escolas (onde os alunos recebem sua 
educação) averiguar-se-á que há 
muita variação, dependendo do apo-
io para a inclusão total nas salas de 
aula do ensino regular e para a 
confirmação do período integral no 
núcleo (residencial) das escolas. De 
um lado está o argumento de que, 
sendo educados em ambientes com 
alunos da mesma idade, sem defi-
ciência, aqueles com deficiência têm 
a oportunidade de aprender com 
seus colegas as habilidades sociais 
apropriadas à idade. 
Os núcleos residenciais vão na 
direção contrária, impossibilitando 
a oferta de uma educação indivi-
dualizada, condizente com as 
obrigações do currículo e com salas 
de aula do ensino regular. Assim, os 
debates sobre os ambientes institu-
cionais (escolas, residências, etc.) 
continuam, sobretudo entre os pro-
fissionais e os legisladores, mas é 
importante ouvir outras pessoas. 
Por exemplo, de acordo com a pes-
quisa de opinião pública do instituto 
Gallup/Kappan, dois terços (66%) 
dos americanos pensam que alunos 
com problemas de aprendizagem 
devem estar em salas de aulas sepa-
radas (Rose & Gallup, 1998). E 
muitos (mas nem todos), entre os 
próprios estudantes, preferem rece-
ber educação fora das escolas de 
ensino regular. 
 
Preocupação: A educação 
especial inclui muitos 
alunos? 
 
O número de participantes da 
educação especial aumentou desde 
1975. Enquanto toda a população 
 
 29 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
estudantil na última década do 
século XX aumentou por volta de 
14%, a matrícula na educação espe-
cial aumentou 30%. Este cresci-
mento é normal? Primeiramente, 
reflitamos sobre a identificação dos 
alunos com deficiência. A preva-
lência é o termo profissional usado 
para referir-se ao número total de 
casos em um dado período de 
tempo, mas, para fazer comparações 
acertadas, é melhor pensar em pro-
porções ou porcentagens de 
indivíduos em vez de pensar em 
números absolutos. 
Embora a porcentagem de alu-
nos atendidos pela educação espe-
cial esteja abaixo das estimativas 
iniciais, muitos administradores e 
legisladores acham que o número é 
bastante alto. Os números e as 
proporções poderão ainda crescer 
pelas seguintes razões: 
 os avanços médicos estão 
propiciando a sobrevivência 
de um número maior de cri-
anças com deficiências leves e 
graves; 
 uma quantidade maior de cri-
anças com deficiência, anteri-
ormente educadas nas escolas 
residenciais, tem sido trans-
ferida para a escola pública 
regular; 
 um número crescente de pré-
escolares com deficiência cres-
ceram frequentando os pro-
gramas regulares da escola; 
 o aumento de regras e de ex-
pectativas para o ensino regu-
lar implicará um número 
maior de falhas escolares 
 
As preocupações a respeito do 
aumento de estudantes recebendo 
educação especial poderiam resultar 
em um baixo limite da porcentagem 
de estudantes possíveis de serem 
incluídos ou poderiam criar mais 
alternativas às opções de ensino 
regular e educação especial exis-
tentes. 
 
A educação especial é 
muito onerosa, aumentan-
do exageradamente as 
despesas das escolas esta-
duais, municipais e distri-
tais? 
 
Muitas escolas estaduais e 
distritais acreditam que os custos 
para os serviços da educação espe-
cial reduzem os fundos disponíveis 
para os alunos do ensino regular, 
pois a atual contribuição federal em 
relação aos gastos da educação 
especial é insuficiente. 
Muitos administradores de 
escolas e a mídia acreditam que as 
verbas para as escolas são injustas. 
Hoje em dia, os custos com a 
educação de alunos com deficiência 
são 1,9 vezes maiores que os custos 
da educação de um aluno sem 
deficiência. Se as adaptações são 
 
 30 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
incluídas, o índice aumenta para 
2,08 vezes. Por conseguinte, gasta-
se em média duas vezes mais para 
educar um aluno com deficiência do 
que um aluno normal. 
É claro que as despesas variam 
de estado para estado; deve-se com-
siderar também a gravidade da 
deficiência do aluno. É interessante 
que essas despesas têm decrescido 
nos últimos anos em relação às da 
educação de alunos sem defici-
ências: em 1985, os gastos para 
educar um aluno com deficiência era 
2,28 vezes maior do que os gastos 
para educar um aluno sem defi-
ciência. 
 
 
 
Por que a educação especial 
custa mais? Muitos fatores são cau-
sas para o aumento de gastos. Por 
exemplo, os custos legais oriundos 
das disputas entre pais e escolas 
distritais sobre os serviços que as 
crianças com deficiência têm direito 
a receber aumentam as despesas. Os 
maiores gastos com cuidados de 
saúde atualmente são obrigações 
das escolas, porque as escolas devem 
fornecer não só serviços especi-
alizados, mas também atendimento 
de saúde para alunos com pro-
blemas graves de saúde. Esta ação 
talvez resulte em suscetibilidade ao 
aumento de despesas. 
A nação deve avaliar seus 
investimentos educacionais com 
todo o corpo discente. É impossível 
saber se os gastos com alunos com 
deficiência realmente reduzem o 
orçamento disponível para alunos 
sem deficiência, mas o que sabemos 
é que os custos da educação especial 
têm crescido muito em relação aos 
do ensino regular. 
Um estudo feito em Massa-
chusetts ajudou a entender algumas 
razões para o crescimento de gastos 
da educação de alunos com defici-
ência. O grande número de alunos 
com deficiência de moderadas a 
graves, cujo custo para educar é 
maior, indica a primeira razão. 
Outros fatores incluem gastos para a 
educação das crianças que são 
transferidas das instituições para as 
escolas públicas, escolas particu-
lares caras, deslocamento para 
instituições fora do município e 
fornecimento de serviços médicos 
aos funcionários. Porém, estamos 
cientes de que a melhoria na quali-
dade do ensino está associada às 
despesas e ao tamanho reduzido de 
salas de aula, sobretudo em relação 
aos alunos de baixa renda e de 
diferentes origens. Também sabe-
 
 31 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
mos que muitos acreditam que as 
despesas com a educação especial 
não são interessantes para osalunos 
sem deficiência. 
 
Preocupação: A educação 
especial torna-se onerosa 
quando os funcionários de 
escola têm que lidar com 
comportamento difícil ou 
violento de alunos? 
 
A incidência de conduta im-
própria grave é três vezes mais alta 
entre os alunos da educação espe-
cial, sendo que 7 de cada 10 destes 
casos resultam em brigas. Os admi-
nistradores públicos, a imprensa e 
muitos membros do Congresso ain-
da acham que as crianças com ne-
cessidades especiais, em particular 
aquelas com distúrbios emocionais 
ou comportamentais, são responsá-
veis pelo aumento da violência e 
pelos problemas na escola pública. 
Em que grau os alunos com defi-
ciências são responsáveis pelo maior 
número de atos violentos não está 
claro, ainda que, no momento, a 
opinião pública coloque boa parte da 
culpa justamente neles. 
Embora os alunos com defi-
ciência – mesmo aqueles com dis-
túrbios emocionais ou comporta-
mentais – possam, a partir disso, ser 
suspensos ou expulsos, eles devem 
ter um plano de intervenção com-
portamental como parte de seu 
programa de educação individuali-
zada. Alguns especialistas acreditam 
que tais procedimentos são com-
plicados e podem, às vezes, ser uma 
carga que o ensino regular tenha que 
assumir. Em relação a tais mudan-
ças, muitos congressistas permane-
cem insatisfeitos com os resultados 
dos regulamentos disciplinares e 
continuam a propor outras leis para 
equalizar os padrões. 
 
32 
 
 
 
 33 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
5. O Lúdico na Prática Pedagógica com Crianças 
com Deficiência Intelectual Moderada 
 
 
 
oda criança necessita brincar. 
Pois brincar é um momento 
indispensável à saúde física, emo-
cional e intelectual da criança. 
O brinquedo e os jogos infantis 
ocupam uma função importante no 
desenvolvimento, pois são as prin-
cipais atividades da criança durante 
a infância. 
Com a criança deficiente inte-
lectual não é diferente. Embora a-
presente atrasos em seu desenvolvi-
mento cognitivo e motor, também 
necessita de atividades lúdicas no 
seu dia a dia. Talvez até mais do que 
as outras crianças, por necessitar de 
muito mais estímulos para desen-
volver suas habilidades cognitivas, 
motoras e sensoriais. 
Os jogos e brincadeiras para as 
crianças com deficiência intelectual 
constituem atividades primárias que 
trazem grandes benefícios do ponto 
de vista físico, intelectual e social. 
A arte de brincar pode ajudar a 
criança com necessidades educati-
vas especiais a desenvolver-se, a 
comunicar-se com os que a cercam e 
consigo mesma. 
T 
 
 34 
FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
Através dos jogos e brinca-
deiras a criança com deficiência 
intelectual pode desenvolver a ima-
ginação, a confiança, a autoestima, o 
autocontrole e a cooperação. Os 
jogos e brincadeiras proporcionam o 
aprender fazendo, o desenvolvimen-
to da linguagem, o senso de 
companheirismo e a criatividade. 
Considera-se o jogo como 
exercício e preparação para a vida 
adulta. A criança aprende brincando 
e assim desenvolve suas potenci-
alidades, pois é um ser em 
desenvolvimento, e cada ato seu, 
transforma-se em conquistas e 
motivação. 
Educar através do lúdico con-
tribui e influencia na formação da 
criança e do adolescente com defi-
ciência intelectual, favorecendo um 
crescimento sadio, pois possibilita o 
exercício da concentração, da aten-
ção e da produção do conhecimento; 
promovendo ainda, a integração e a 
inclusão social. 
Desse modo a criança defi-
ciente intelectual, com a ajuda do 
brinquedo, terá a possibilidade de 
relacionar-se melhor com a socie-
dade na qual ela convive, já que o 
brinquedo busca o desenvolvimento 
cognitivo e oportunidades de cres-
cimento e amadurecimento. Tamb-
ém através do jogo comprova-se a 
importância dos intercâmbios afeti-
vos e interpessoais das crianças em-
tre elas mesmas ou com os adultos 
(pais e professores). 
A utilização do jogo como 
recurso didático pode contribuir pa-
ra o aumento das possibilidades de 
aprendizagem da criança com defi-
ciência intelectual, pois através 
desse recurso, ela poderá vivenciar 
corporalmente as situações de ensi-
no aprendizagem, exercendo sua cri-
atividade e expressividade, intera-
gindo com outras crianças, exercen-
do a cooperação e aprendendo em 
grupo. 
O professor poderá possi-
bilitar à criança com deficiência 
intelectual o acesso ao conheci-
mento através da vivência, da troca, 
da experiência, propiciando uma 
educação mais lúdica e significativa. 
Aprender pode e deve ser extre-
mamente agradável e motivador 
para a criança. 
A importância do jogo no 
universo infantil e na vida escolar, 
tem sido evidenciada por vários 
estudiosos da aprendizagem e do 
desenvolvimento infantil, como um 
fato indiscutível, pois o jogo cons-
titui um dos recursos mais eficientes 
de ensino para que a criança adquira 
conhecimentos sobre a realidade. 
Durante o jogo a criança esti-
mula o pensamento através da orde-
nação do tempo, espaço e movi-
mento, como também o respeito 
pelas regras. Trabalha com o cogni-
 
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FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
tivo, o emocional e o motor, cons-
truindo através dessa interação o 
seu conhecimento. 
Os jogos e brincadeiras são 
instrumentos metodológicos através 
dos quais os educadores de crianças 
com necessidades educativas espe-
ciais podem estimular o seu 
desenvolvimento cognitivo, afetivo, 
social, moral, linguístico e físico-
motor; como também propiciar 
aprendizagens curriculares específi-
cas. 
Porém, as atividades lúdicas 
devem ser orientadas de acordo com 
os objetivos que se quer alcançar. 
Podendo ser o desenvolvimento das 
habilidades motoras, habilidades 
perceptivas ou a noção de tempo e 
espaço. Em outro momento pode 
dar ênfase na formação de noções 
lógicas, como seriação, conservação 
e classificação. O objetivo também 
pode ser o trabalho em grupo, como 
forma de desenvolver a cooperação e 
a socialização. 
O lúdico possibilita que a 
criança com deficiência intelectual 
se torne cada vez mais autônoma, 
melhorando a autoestima e a cons-
ciência corporal. Pelo jogo, a criança 
aprende, verbaliza, comunica-se 
com as pessoas, internaliza novos 
comportamentos e, 
consequentemente, se desenvolve. 
Brincando, a criança desen-
volve seu senso de companheirismo. 
Jogando com os amigos, aprende a 
conviver, a criar e a respeitar as 
regras. 
Sob o ponto de vista do desen-
volvimento da criança com defi-
ciência intelectual, a brincadeira 
traz vantagens sociais, cognitivas e 
afetivas. 
Ter consciência de que a crian-
ça com deficiência intelectual é um 
todo integrado, é condição básica 
para o êxito do seu desenvolvimento 
com o brinquedo. E o professor que 
assume uma postura metodológica 
pautada no lúdico deverá organizar 
o seu trabalho de forma a estimular 
ao máximo o desenvolvimento das 
habilidades do seu aluno, estando 
sempre ao seu lado, participando, 
mediando e orientando-o nas ativi-
dades realizadas com o brinquedo. 
 
 
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FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO ESCOLAR 
6. Referências Bibliográficas 
 
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digma emergente e a prática pedagógica. 
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Editora Mediação, 2010. 
 
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Editora Mediação, 2009. 
 
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5ª Edição – Porto Alegre - RS. Editora 
Artmed, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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