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resumo dos art 509 a 512

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Anotações aos artigos 509 a 512:
Como regra geral as sentenças devem ser líquidas. Entretanto, nas hipóteses em que houver condenação ao pagamento de quantia ilíquida, caberá ao credor, antes de dar início ao cumprimento de sentença proceder à liquidação, que inclu- sive, neste caso, passa a ser condição indispensável para a execução. Embora geral- mente a liquidação interesse ao credor e, portanto, venha a ser provada por este, o devedor também dispõe de legitimidade para impulsionar a fase de liquidação da sentença, para que esta alcance condições de ser cumprida voluntariamente.
A sentença não é considerada ilíquida quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, caso em que o credor poderá promover de imediato o cumprimento da condenação ou o devedor realizar o pagamento voluntário. Para tanto deverá ser apresentado ao juízo o demonstrativo discriminado e atuali- zado do valor, contendo os elementos indicados no art. 524. Visando facilitar esta tarefa o legislador determinou que o Conselho Nacional de Justiça desenvolva, e coloque a disposição dos interessados, programa de atualização financeira.
A liquidação de sentença será por arbitramento ou pela observância do pro- cedimento comum. Em ambos os casos é vedada a rediscussão do conteúdo da sentença liquidanda, ou seja, do an debeatur, cabendo tão somente a práticas de atos no sentido de definir o valor da condenação. Na precisa lição de José Miguel Garcia Media “a cognição judicial na liquidação é parcial, isso é, limitada, no plano horizontal, à discussão relacionada ao quantum debeatur”, concluindo: “na liqui- dação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou” (Novo Código de Processo Civil Comentado, São Paulo: RT, 2015, p. 790). A liquidação por arbitramento decorrerá da natureza da sentença, quando houver convenção das partes optando por esta técnica de definição do valor da condenação ou a natureza do objeto da liquidação a exigir. Entretanto, entende- mos que continua em vigor a orientação constante do enunciado de súmula do STJ no 344 dispondo que “a liquidação por forma diversa da estabelecida na senten- ça não ofende a coisa julgada”. O NCPC trouxe importante modificação no roteiro procedimental a ser seguido nesta espécie de liquidação. No modelo da codifica- ção revogada, uma vez requerida o arbitramento, cabia ao juiz, após verificar a adequação do pedido, nomear perito de sua confiança, fixando prazo para a en- trega do laudo e oportunizando às partes a oferta de quesitos e indicação de assis- tentes técnicos. No sistema atual esta fórmula foi abandonada. Havendo o pedido de liquidação por arbitramento, o juiz irá intimar as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, capazes de auxiliar no seu convencimento, fixando o prazo que entender adequado. Caberá, portanto, as partes se encarrega- rem de trazerem ao juízo as informações adequadas para a determinação do valor da condenação. Entretanto, entendemos que não restou afastada a possibilidade do juiz, em não se sentindo em condições de decidir frente aos laudos que lhe foram apresentados pelas partes e que poderão até serem contraditórios entre si, optar por designar perito de sua confiança, caso em que se observara o procedi- mento previsto para a realização das provas periciais, conforme indicado nos arts. 464 e seguintes.
A liquidação pelo procedimento comum equivale à antiga liquidação por ar- tigos, de forma que o juiz intimará o requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade a que estiver vinculado, para a apresentação de contestação, no prazo de quinze dias. Na sequência será observado o roteiro de atos do procedimento comum visando à obtenção do quantum debeatur.
A decisão que resolve a fase de liquidação de sentença, quer por arbitramento ou pelo procedimento comum (por artigos), embora venha a implicar em análise de mérito, é passível de ser impugnada por recurso de agravo de instrumento.
A liquidação da sentença poderá ser realizada mesmo na pendência de recur- so, caso em que irá se processar em autos apartados no juízo de origem. O pedido, então, será instruído com as cópias das peças processuais pertinentes. Neste caso duas situações poderão ser verificadas. A primeira, quando a liquidação provisó- ria disser respeito tão somente à parte da sentença que não foi objeto de impugna- ção do recurso, quando então ganha caráter de definitiva, pelo menos em relação a este capítulo da decisão final. Num segundo caso a liquidação poderá ter por objeto a própria matéria que ainda é debatida em sede recursal e, portanto, será provisória e sendo a decisão liquidanda revertida, a atividade promovida no curso da liquidação terá sido inócua.

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