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politicas sociais e questões contemporaneas

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Políticas Sociais 
e Questões 
Contemporâneas
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. Mauricio Vlamir Ferreira
Revisão Técnica:
Prof.a Me. Priscila Beralda Moreira de Oliveira
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
• Contexto Global e Nacional;
• Gestão e Financiamento;
• Análise da Conjuntura Econômica e Política na Contemporaneidade 
e seus Desdobramentos no Campo das Políticas Sociais;
• Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.
 · Explicar de que forma o neoliberalismo contribuiu para desestabilizar 
o sistema econômico mundial, fragilizando as relações trabalhistas 
também no Brasil e aumentando os fatores da exclusão social.
 · Identificar de que forma a lógica do Estado Mínimo prejudica o 
desenvolvimento de países periféricos como o Brasil.
 · Evidenciar como a instabilidade política e econômica afetam o 
desenvolvimento e a ampliação das Políticas Sociais no Brasil.
 · Elucidar de que forma o modelo de Proteção Social e a Seguridade 
Social do Brasil funcionam e quais são as prioridades de suas ações.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Políticas Sociais e Questões 
Contemporâneas
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Contextualização
Atualmente o Serviço Social desafia a ordem vigente e coloca para sua meta 
de ação o trabalho dialético do sujeito, considerando as relações sociais em que 
se inserem os trabalhadores. Vai além, define marcos e conceitos que permitem a 
meta de uma sociedade que viverá em um sistema que só será possível e imaginável 
com o fim da relação capital do trabalho da forma como o conhecemos nos 
dias atuais.
Enquanto essa perspectiva parece distante, o Assistente Social deve lutar pela sua 
valorização contínua, enquanto sujeito técnico da classe trabalhadora, que, em sua 
ação do dia a dia, preserva sua integridade ética e contribui para a conscientização 
do sujeito em sua transformação social diante das condições desfavoráveis que esse 
mesmo sujeito encontra no momento do atendimento. 
De acordo o ideário neoliberal, o interesse por políticas de inclusão e geração de 
renda não vão ao encontro dos interesses do capital especulativo, uma vez que a 
prática das políticas sociais não almeja o lucro para o investidor que exige o retorno 
de um Estado que vise ao enxugamento de gastos e que honre primeiramente com 
os débitos de seus credores.
As políticas sociais nos últimos anos mudaram o cenário da situação de 
desigualdade no Brasil dos últimos temos, graças à implantação da Política Nacional 
da Assistência Social e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS).
As garantias da proteção social da assistência social são determinadas pela: 
segurança da acolhida; segurança social de renda; segurança do convívio ou 
convivência familiar, comunitária e social; além da segurança de desenvolvimento 
da autonomia individual, familiar e social, segurança de sobrevivência a riscos 
circunstanciais, de acordo com a recomendação da NOB/SUAS (2012).
As garantias da proteção social estão divididas entre a proteção social básica 
(PSB) e a proteção social especial (PSE).
A Proteção Social Básica é a garantia da proteção social que determina a inclusão 
das famílias para o fortalecimento dos seus vínculos, inclusive em sua comunidade, 
tendo como o maior fim o direito à cidadania e o acesso aos serviços públicos.
A Proteção Social Especial tem como meta principal a contribuição para 
a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, o fortalecimento de 
potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o 
enfrentamento das situações de riscos pessoais e sociais, por violação de direitos. 
A seguridade social brasileira, instituída com a Constituição brasileira de 1988, 
incorporou princípios dos modelos bismarckiano (alemão) e beveridgiano (inglês) 
ao restringir a previdência aos trabalhadores contribuintes, universalizando a saúde 
e limitando a assistência social a quem dela necessitar.
8
9
Contexto Global e Nacional
Dentro das perspectivas encontradas e diante da lógica de um sistema excludente 
e consumista em que o corporativismo das profissões, num mundo capitalista, é a 
ordem imposta no mercado de trabalho e, consequentemente, diante das classes de 
trabalhadores representados em seus conselhos, sindicatos e associações, o Serviço 
Social tem a sua origem nas damas da caridade e no berço da igreja conservadora 
da primeira metade do século XX.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Porém, atualmente o Serviço Social desafia a ordem vigente e coloca como sua 
meta de ação o trabalho dialético entre os sujeitos, considerando as relações sociais 
em que se inserem os trabalhadores e indo além, definindo marcos e conceitos que 
permitam a construção de uma sociedade que viva em um sistema que só é possível 
e imaginável com o fim da relação capital/trabalho da forma como conhecemos 
nos dias atuais. 
Dessa forma, trazer a ação da profissão, dentro de sua concepção ético-política, 
é o grande desafio do Serviço Social, uma vez que a sua atuação isolada não 
contemplará os anseios urgentes da massa da população excluída e tão sedenta de 
políticas sociais que transformem seu cotidiano de opressão para uma perspectiva 
de mudança e de uma sociedade mais igualitária. 
Passam pela lógica do Serviço Social, portanto, o trabalho conjunto 
interdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, onde as políticas públicas devem se 
integrar e interagir em ações de trabalho materializado.
Esse processo acontece no atendimento ao usuário, na urbanização de favelas, 
na articulação das políticas de inclusão social ou ainda na inserção do protagonismo 
popular como ferramenta de transformação de uma sociedade passiva no que diz 
9
UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
respeito a essas políticas para uma sociedade onde o sujeito defina, em conjunto 
com a sua família, com os seus vizinhos, com governos, com os técnicos, a 
materialização dos seus anseios.
As prerrogativas atuais são importantes para que no futuro o Serviço Social não 
seja mais dependente de políticas assistencialistas ou de emergência, e sim defina 
emconjunto com os seus pares, que habitam o território, as melhores medidas e 
soluções para fazer valer o direito de realmente poder exercer sua cidadania.
Enquanto essa perspectiva parece distante, o Assistente Social deve lutar pela 
sua valorização contínua enquanto sujeito técnico da classe trabalhadora, que em 
sua ação do dia a dia preserva sua integridade ética, contribui para a conscientização 
do sujeito em sua transformação social diante das condições desfavoráveis que ele 
encontra no momento do atendimento. 
As condições dadas aos profissionais do Serviço Social devem ser consolidadas para a 
sua ação plena e para a preservação da saúde física e mental de seus profissionais, na 
perspectiva de uma ação de garantia de conquistas e de direitos desses profissionais.
Assim como nas 30 horas semanais, a definição do piso para a categoria 
foi implementado e conquistado, além do reconhecimento da importância dos 
profissionais do Serviço Social para a sociedade. Essa foi uma conquista tanto nas 
áreas gerais de atuação (Assistência, Saúde, Educação, Empresas, etc.), como para 
os desafios da área acadêmica da pesquisa científica e na utilização e aproveitamento 
dos recursos tecnológicos, tanto para a capacitação à atualização, quanto na ação 
teórica e prática da profissão.
Para tanto, o avanço do projeto ético-político do Serviço Social passa 
impreterivelmente pela organização, unidade de luta e pelo avanço da participação 
da categoria. Tanto nas discussões como na participação efetiva de conquistas, 
garantias e implementações de direitos e ações que permitam de fato a amplificação 
das marcas e vozes da categoria num avanço coletivo dentro da perspectiva do 
avanço social e de uma sociedade mais justa e participativa. 
No mundo atual, há ações que precisam ser iniciadas no sentido de diminuir a 
violência da pobreza. Essa violência passa, obrigatoriamente, pelo enfraquecimento 
das leis de caráter social procurando proteger não apenas às famílias em 
venerabilidade social dos países como também passa pela fragmentação das 
relações entre o capitalismo e os trabalhadores.
O neoliberalismo cria em suas entranhas um conjunto de ações que propiciam o 
enfraquecimento dos direitos da classe trabalhadora e a ampliação da pobreza em 
favor de uma classe dominante sustentada exatamente na exploração de classes 
menos desfavorecidas de trabalhadores.
A pouca ou inexistente garantia de direitos sociais em países periféricos forma 
uma grande camada de pessoas que trabalham exaustivamente. Esses trabalhadores 
10
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são mal remunerados e atuam por mais de 12 horas, alguns em condições sub-
humanas, com instalações precárias e má alimentação. Os seus ganhos são irrisórios 
e, na maioria das vezes, esses não ganham para conseguir se libertar de dívidas 
estratosféricas criadas pelos seus superiores para eternizar esses trabalhadores em 
uma infinita linha de produção.
Um exemplo disso são as péssimas condições de trabalho nas quais se encontram 
pessoas vindas de países vizinhos ao Brasil, principalmente da Bolívia. Além do 
fato de trabalharem irregularmente por serem imigrantes, esses trabalhadores são 
pagos irrisoriamente por um dia de produção em fábricas de roupas precariamente 
instaladas em porões e cortiços de casas alugadas em bairros periféricos, 
principalmente na cidade de São Paulo.
Mas por que em pleno século XXI isso acontece?
Isso acontece pelo fato do capitalista, dono dos meios de produção, procurar 
obter o máximo do lucro. Se em um sistema direto de produção o dono do capital 
pode lucrar o máximo sem precisar ser o dono dos meios de produção, então ele 
usa de um instrumento que é a peça mágica principal para o aumento de seus 
lucros: a terceirização.
A terceirização é o meio mais eficiente de redução de custos de produção, porém 
também é o mais injusto, de precarização nas relações trabalhistas. Isso porque, 
com a terceirização, o dono do capital não investe na produção. Na terceirização, 
pequenas empresas, muitas vezes ilegalmente e precariamente constituídas, são 
responsáveis pela produção de materiais para as grandes empresas.
Nesse círculo de produção terceirizado, o dono do capital da grande empresa tem 
apenas o trabalho de remunerar, ou seja, pagar para as pequenas empresas pela 
produção do material manufaturado. Consequentemente, as pequenas empresas 
não precisam estar legalmente constituídas, pois, se estivessem, necessariamente 
deveriam pagar direitos aos trabalhadores, além de pagar impostos pela produção 
das mercadorias. Nesse sistema ilegal de produção, os trabalhadores são o elo mais 
frágil e os que menos terão direitos.
Em um sistema neoliberal, a desregulamentação dos direitos dos trabalhadores 
gera uma insegurança social sem precedentes, uma vez que a troca de uma política 
de garantias de desenvolvimento social pelo Estado pela política do Estado Mínimo 
neoliberal faz com que o sistema de direitos sociais também seja atingido.
Importante!
Para uma maior compreensão sobre o neoliberalismo, recomendamos que você assista 
ao vídeo sobre o tema do programa Brasilianas.org. O programa discute a crise do sistema 
neoliberal com o economista da Universidade Estadual da Paraíba, José Carlos de Assis, 
e o físico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Francisco Antonio Doria. 
O link desse vídeo pode ser encontrado no material complementar para atividades de 
aprofundamento.
Importante!
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UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Gestão e Financiamento
O sistema econômico vigente, baseado na especulação financeira, mostra que 
essa forma de economia está desgastada. As provas de que os desgastes nessa 
frágil economia baseada na especulação financeira existem são as intermináveis 
recessões por todas as regiões do mundo, onde não há perspectivas para um 
rápido crescimento.
Na Europa, países periféricos da zona do Euro (€), ou seja, os de menor 
influência foram sufocados em acordos de recessão para ajustes de contas públicas 
e quitações de débitos com os países mais ricos.
E quem paga o preço de uma política de recessão?
Os contribuintes, que são, em sua maioria, os trabalhadores assalariados.
Em alguns países, como no caso do Brasil, essas políticas 
de recessão são pagas com o desemprego e o aumen-
to de impostos. Assim, aumentando-se os impostos, o 
Governo encontrará caixa para quitar o rombo de suas 
contas públicas, uma vez que essas são contratos feitos 
entre o Governo e os seus fornecedores.
Se o Governo não paga a quem deve, ele não consegue realizar novos contratos 
e, não realizando novos contratos, a administração pública para de governar. Se 
não há governo, também não há investimentos em educação, saúde, segurança, 
infraestrutura e, tampouco, investimentos na área social.
Essa situação de endividamento dos governos e a falta de investimentos fazem 
com que o governo seja obrigado a emitir títulos de dívida pública e oferecer esses 
títulos para poder vendê-los no mercado e pagar aos investidores no futuro. Assim, 
com a venda desses títulos em curto prazo, o Estado acaba se curvando à lógica do 
capital especulativo e, consequentemente, acaba por não priorizar as políticas sociais.
A Lógica do Neoliberalismo é a Lógica do Estado Mínimo
Por isso, de acordo com essa perspectiva, o interesse por políticas de inclusão 
e geração de renda não vai ao encontro do interesse do capital especulativo, uma 
vez que a prática das políticas sociais não almeja o lucro para o investidor, que 
exige o retorno de um Estado que vise ao enxugamento de gastos e que honre 
primeiramente os débitos com seus credores.
Essa lógica perversa faz com que as políticas sociais sejam criticadas e combatidas 
pela elite burguesa, assim como por setores conservadores da sociedade. Programas 
sociais do governo brasileiro, como o programa Bolsa Família, são cada vez mais 
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contestados e, diante do agravamento da crise política nacional e seus rumos 
indefinidos, tem-se a perspectiva de cortes drásticosno financiamento de programas 
de distribuição de renda no país.
Em países onde o grau de desenvolvimento e inclusão social ainda não atingiu 
um padrão minimamente satisfatório, há um sistema de proteção social embasado 
na lógica das desigualdades sociais, com ações inclusivas, porém com outras 
financiadas por empresas privadas. É uma constatação que se faz não apenas na 
área social, mas também na área da saúde, educação, saneamento básico, entre 
outras políticas públicas.
O grande problema da interferência do capital privado, seja em ações 
independentes, seja em parcerias e convênios com o Estado, é que elas (as ações) 
acabam por expor a fragilização que ainda encontram as políticas públicas. E, por 
muitas vezes, o grande interesse do capital privado é gerir diretamente essas ações, 
uma vez as políticas públicas podem gerar lucro em funções que deveriam haver 
uma intervenção direta do Estado.
Assim, cria-se uma relação muitas vezes promíscua em que, ao longo do tempo, 
poder-se-á criar uma dependência do Estado em relação às ações de políticas, 
incluída aí a área social. 
Mais uma vez dentro dessa perspectiva, o assistencialismo e a filantropia, por 
muitas vezes, vão substituindo as ações que deveriam ser planejadas e executadas 
pelo poder público.
No Brasil, quanto mais alinhado o governo com as posições dos conceitos 
neoliberais, maior será a ingerência das ações da iniciativa privada no planejamento 
e no freio do custeamento de recursos destinados diretamente às mãos dos usuários 
da assistência social. Cria-se assim um sistema de política social por diversas 
vezes terceirizado, onde por diversas vezes existe a precarização do trabalho e a 
desvalorização salarial dos assistentes sociais.
Por diversas vezes as nomenclaturas dos assistentes sociais são mascaradas em 
termos como “Agente de Proteção Social”, “Articulador Social”. Essas novas 
nomenclaturas acabam por desvalorizar os direitos garantidos e regulamentados 
aos assistentes sociais. Criam-se assim brechas mercadológicas que garantem 
a contratação de profissionais muitas vezes despreparados e sem uma devida 
graduação universitária e técnica para desempenhar as mesmas funções e tarefas, 
deslegitimando assim os profissionais do Serviço Social.
Importante!
Para uma maior compreensão sobre o assunto, recomendamos que você assista ao vídeo 
da palestra do Professor José Paulo Netto. O vídeo discute a “Formação profi ssional 
na consolidação do projeto ético-político do Serviço Social brasileiro: fundamentos, 
resistências e desafi os conjunturais”. O link desse fi lme pode ser encontrado no material 
complementar para atividades de aprofundamento.
Importante!
13
UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Análise da Conjuntura Econômica e Política na 
Contemporaneidade, e seus Desdobramentos 
no Campo das Políticas Sociais
Após as eleições de 2014 reelegerem a presidente Dilma Rousseff para mais 
um mandato presidencial, o momento histórico do Brasil pós-2015 remete ao 
retorno do pensamento conservador e a uma sociedade dividida entre a opção de 
um governo de coalizão de centro-esquerda contra a oposição de centro-direita. 
Figura 2 - Protestos a favor e contra o impeachment de Dilma Rousseff
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
A disputa de forças varia de acordo com o interesse da classe dominante. A 
turbulência na condução do governo atinge a sociedade e o país como um todo. 
As alianças político-partidárias é que determinam as conjunturas e o futuro político, 
econômico e social. A forma como acontecem essas alianças é o grande entrave para 
que o país possa ter um crescimento em que a justiça social seja levada em conta.
O fisiologismo de partidos sem compromisso com o povo dá ao Brasil um 
Estado totalmente aparelhado por uma estrutura de corrupção e desvio de poder, 
prejudicando e muitas vezes inviabilizando políticas de desenvolvimento econômico 
e social. Essa amarração política do regime presidencialista torna por muitas vezes 
refém o representante máximo do poder, ou seja, a presidência da República.
O presidencialismo atual é um modelo de governo que gerencia crises, pois 
muitas vezes fica amarrado em sua incapacidade de ação – como um mediador de 
conflitos e de crises institucionais, em que a fidelidade partidária significa a troca de 
cargos e a garantia de influência do poder central.
14
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Hoje a República brasileira possui um universo de mais de 30 partidos políticos, 
com bancadas representativas no congresso nacional dos mais diversos interesses 
corporativos, o que se torna contrário muitas vezes aos avanços nas políticas de 
inclusão social.
Bancadas representadas por interesses oligárquicos e religiosos se unem e 
recriminam por diversas vezes projetos e leis que poderiam ampliar os direitos de 
trabalhadores, da população indígena, rural e urbana, sem-terra e sem-teto, das 
políticas em defesa das mulheres e da população LGBT, entre outros setores da 
sociedade que merecem condições de igualdade.
A chamada bancada “BBB” (do Boi, da Bíblia e da Bala) é um grande 
exemplo da disparidade da força de atração de interesses comuns de legislação 
corporativista, que possui um enorme poder de influenciar e desestabilizar um 
regime democraticamente eleito pelo voto das eleições de 2014.
A base aliada dos governos brasileiros historicamente canibaliza os ministérios e 
os cargos de confiança, levando os governos a realizarem longas negociações por 
apoio em praticamente todo o tempo dos mandatos.
O governo Dilma Rousseff, principalmente em seus últimos anos, precisou 
negociar cada votação no Congresso Nacional, que é composto pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado. Essa situação de ingerência levou à queda o poder 
de Dilma por meio de um processo de impeachment, ocasionado também por 
investigações de uma operação da Polícia Federal, denominada “Lava-Jato”. 
Com a movimentação dessas investigações, houve um efetivo aumento da 
pressão de movimentos financiados pela iniciativa privada. Esses movimentos 
contrários aos avanços das políticas sociais materializadas – e que melhoraram a 
vida de milhões de brasileiros que se encontravam abaixo da linha da pobreza –, 
fortalecidos pela mídia, colaboraram no processo de impeachment, que fez surgir 
um novo governo, conduzindo ao poder o vice-presidente Michel Temer.
Como presidente, Temer promove uma mudança radical com uma guinada 
extrema ao conservadorismo, onde prega como meta o corte dos gastos públicos, 
de programas sociais e também dos incentivos às pequenas produções, seja no 
setor agropecuário, pesqueiro ou ainda em programas habitacionais. Seu governo, 
em sua política recessiva, prega ainda o aumento do tempo de contribuição para a 
aposentadoria, bem como a redução de benefícios e direitos da classe trabalhadora. 
Visando ainda reduzir sensivelmente a distribuição de renda através de cortes 
no Programa Bolsa Família, numa demonstração clara de ruptura entre o novo 
governo do PMDB e o antigo governo liderado pelo PT.
Essa ruptura fica clara uma vez que, junto com à reeleição do governo Dilma, foi 
reeleito também um projeto social que buscou manter, e em alguns casos ampliar, o 
leque de programas sociais, bem como o sistema de proteção social ancorado nas 
políticas de consolidação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), tendo 
o Ministério do Desenvolvimento Social um efetivo organismo governamental de 
implantação desses programas.
15
UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Para além dos programas sociais, a nova realidade também impõe uma nova 
subordinação econômica ao tradicional domínio externo do capital privado, onde 
o Brasil se realinha aos seus antigos dominadores imperialistas – no casom os 
Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia.
Nesse caso, as políticas de aproximação do Brasil com países como China 
e Rússia também ficarão fragmentados e, com isso, perdem-se anos de construções 
econômicas e vias alternativas de novos negócios brasileiros deexportação 
pelo mundo.
Sendo assim, a situação do país, em meio ao momento turbulento de crise 
econômica, remete ao desmonte de estruturas essenciais de combate à pobreza e 
à miséria. Esse novo movimento pode gerar um retrocesso do Serviço Social, uma 
vez que Michel Temer cogitou até que sua esposa possa comandar efetivamente as 
políticas da Assistência Social no Brasil. Esse é um fato muito grave, uma vez que 
pode significar o retorno do “primeiro-damismo” na esfera federal de governo. Essa 
antiquada prática é recorrente ainda em muitos municípios do país e combatida 
pelos órgãos de defesa do Serviço Social – como o Conselho Regional de Serviço 
Social (CRESS) e o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). No Governo do 
Estado de São Paulo, por exemplo, a primeira-dama Lú Alckmin detém o comando 
do Fundo Social de Solidariedade, o que remete à prática da filantropia e do 
assistencialismo das antigas senhoras conservadoras da caridade dos anos 1930.
Caracterização do Modelo de Proteção Social em Vigor no Brasil, 
na Atualidade, a partir da Análise Crítica de Características 
Comuns aos Vários Sistemas Constitutivos da Seguridade Social: 
Seus Limites e Potencialidades
Segundo Aldaísa Sposati, o sistema de proteção social brasileiro foi analisado 
sob o conceito de “Estado de Bem Estar Ocupacional”, em que “as relações de 
direitos universais constitucionalmente assegurados” são substituídas pelas de direito 
contratual: “É o contrato de trabalho que define, imediatamente, as condições 
de reprodução do trabalhador no mundo da previdência ou no da assistência”, 
cabendo à última “como mecanismo econômico e político, cuidar daqueles que 
aparentemente ‘não existem para o capital’” (SPOSATI, 1991, p. 15). 
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images 
16
17
Historicamente, a Assistência Social no Brasil tinha, principalmente em seu 
início, ações vinculadas à filantropia realizadas por grupos de mulheres da alta 
sociedade que promoviam a caridade como práticas pontuais de ação solidária.
Esse tipo de ação promoveu certa qualificação dos beneficiários dessas ações 
como pessoas “necessitadas”, havendo assim ações de assistência descontinuada, 
e não como políticas públicas garantidoras dos direitos dos usuários a políticas 
efetivas de distribuição e geração de renda.
A eventualidade dessas ações deixava a população cada vez mais dependente de 
fatores políticos e arraigados às vontades das oligarquias e de uma elite cada vez 
mais exploradora de cidadãos excluídos, sem garantia nenhuma do acesso dessas 
pessoas à inclusão social.
Na década de 1930, o governo de Getúlio Vargas realizou algumas ações de 
inclusão de trabalhadores a determinados benefícios sociais, como as instituições 
de previdência, que nas décadas seguintes formariam o modelo de previdência 
social de forma contributiva o qual hoje é conhecido.
Além desse tipo de proteção social, após a II Guerra Mundial, formou-se a Legião 
Brasileira de Assistência (LBA) como estratégia de proteção social aos familiares 
dos pracinhas que participaram do combate na Europa.
Esse órgão, nas décadas seguintes, seria conduzido por ações políticas pontuais 
em enfrentamentos a possíveis crises sociais em locais específicos do país, como, 
por exemplo, as grandes secas da região nordeste no fim da década de 1950. 
Também seria utilizado para ações das primeiras-damas durante a ditadura militar, 
como também no período de redemocratização, até ser envolvido em escândalos de 
corrupção no governo de Fernando Collor de Mello e, posteriormente, ser extinto 
no primeiro governo presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em 1995.
A década de 1990 é um marco importante para a Assistência Social no Brasil, 
uma vez que as políticas sociais passam a existir como políticas de garantias de 
direito de acordo com o que estabeleceu a Constituição de 1988, de forma que 
essas políticas pudessem ser definitivamente instaladas dentro de um sistema 
legítimo de garantia de direitos.
Esse novo sistema de garantia social passa pelo arcabouço constituído pela 
seguridade social, pela saúde e pela assistência social. 
As políticas sociais nos últimos anos mudaram o cenário da situação de 
desigualdade no Brasil nos últimos anos, graças à implantação da Política Nacional 
da Assistência Social e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Assim, a 
universalidade da Assistência Social como política pública acontece de fato, de 
acordo com os artigos 203 e 204 da constituição federal.
Em 1993, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) institui a Assistência 
Social como um direito do cidadão e um dever do Estado e, para tanto, faz valer 
seu caráter regulatório e tende a privilegiar um modelo de atenção básica e genérica 
17
UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
aos usuários, necessitando de planejamento e de ações mais incisivos de combate 
de fato à exclusão social.
A partir de 2004, no governo Lula, há a implantação da Política Nacional de 
Assistência Social (PNAS) seguida da Norma Operacional Básica do Sistema Único 
de Assistência Social (NOB/SUAS), em 2005 (atualizada em 2012), da Norma 
Operacional Básica/Recursos Humanos (NOB/RH), em 2006, e da Resolução 
109/2009, que unificariam e tipificariam as ações da Assistência, criando um 
modelo único de atendimento da Assistência Social em todos os lugares do Brasil.
Tabela 1 - Benefícios e serviços públicos ofertados (2001-2014)
Benefícios, bens e serviços 2001 2014
Assistência Social
Famílias beneficiadas pelo Bolsa Família 3,6 milhões (2003) 14 milhões
Beneficiários do BPC (Benefício de 
Prestação Continuada) e RMV 
(Renda Mensal Vitalícia)
2,3 milhões 4,3 milhões
Previdência 
Beneficiários do Regime Geral da 
Previdência Social 18,9 milhões 27,8 milhões
Trabalho e Renda
Beneficiários do seguro-desemprego 4,8 milhões 8,9 milhões (2013)
Beneficiários do abono salarial 6,5 milhões 21,9 milhões (2013)
Desenvolvimento Urbano
Moradias do Minha Casa Minha Vida - 2 milhões
Desenvolvimento Agrário
Plano Safra da Agricultura Familiar* R$ 2,4 bilhões (2002-2003)
R$ 24,1 bilhões 
( 2014-2015)
Fonte: MEC, MS, MDS, Mcidades, MDA e MTE
*Plano Safra da Agricultura Familiar 2015/2016 Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2015 
A tabela acima descreve um aumento considerável de pessoas assistidas pelas 
políticas de assistência social.
Podemos considerar que a universalidade do atendimento deve respeitar as 
especificidades de cada região e as ações socioassistenciais devem existir em todos 
os municípios do país, o que acabou delineando a padronização do atendimento 
social no Brasil, contribuindo para limitar casos de disparidades nas políticas da 
Assistência, uma vez que existe uma normatização para todas as localidades.
Mas o que difere o SUAS da Previdência Social?
O SUAS é um sistema de assistência não contributiva universal.
Isso significa que qualquer cidadão brasileiro pode ser atendido, independente se 
é trabalhador ativo, se está desempregado ou se é aposentado.
Outra diferença é que, no caso do SUAS, torna-se importante a participação da 
população na fiscalização e no controle das políticas sociais.
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A Política Nacional de Assistência Social estabelece que haja no país uma rede 
de serviços socioassistenciais para as famílias constituídas em territórios de alta 
vulnerabilidade e risco social.
De acordo com a PNAS (2004), a proteção social deve garantir as seguranças 
de sobrevivência (de rendimento e de autonomia), de acolhida e de convívio ou 
vivência familiar. 
As garantias da proteção social da assistência social são determinadas pela: 
segurança da acolhida; segurança social de renda; segurança do convívio ou 
convivência familiar, comunitária e social; além da segurança de desenvolvimento 
da autonomia individual, familiar e social, segurança de sobrevivência a riscos 
circunstanciais, de acordo com a recomendação da NOB/SUAS (2012).
As garantias da proteção social estão divididas entre a proteção social básica 
(PSB) e a proteçãosocial especial (PSE).
Proteção Social Básica (PSB)
É a garantia da proteção social que determina a inclusão das famílias para o 
fortalecimento dos seus vínculos, inclusive em sua comunidade, tendo como o 
maior fim o direito à cidadania e o acesso aos serviços públicos.
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) deve, segundo o SUAS, 
desenvolver preferencialmente ações socioassistenciais de proteção social básica. 
Assim, o CRAS se constitui em um equipamento público controlado pelo Estado.
Seu objetivo é contribuir para: a prevenção e o enfrentamento de situações 
de vulnerabilidade social; a inclusão de grupos e/ou indivíduos em situação de 
risco social nas políticas públicas, no mundo do trabalho bem como sua inclusão 
social. Esse equipamento público tem como função prioritária proteger as famílias, 
seus membros e indivíduos, cujos direitos fundamentais foram negados, mas que 
mantêm os vínculos ou laços familiares. 
Para atingir os propósitos instituídos pelo PNAS, a intersetorialidade do Estado 
deve estar disponível para garantir aos usuários a efetiva proteção social dos 
usuários do CRAS. Para almejar esse objetivo, o CRAS não pode estar longe e 
nem se situar em locais de difícil acesso para a população. 
Além disso, deve estar localizado em locais de expressiva vulnerabilidade social, o 
que é fundamental para o bom atendimento e para o compromisso de atendimento 
aos usuários pela equipe técnica, fator de suma importância para a implantação 
do CRAS nos territórios. Dessa forma, pode-se garantir o acompanhamento dos 
casos e aproximar o Estado da realidade do território.
O fato da implantação do CRAS nos territórios dos municípios garante que as 
ações da Assistência Social aconteçam de forma descentralizada e permanente.
Programas vinculados à Assistência – como o Programa de Atenção Integral à 
Família (PAIF), que tem como função principal a proteção à família – também são 
atribuições de implantação e acompanhamento do CRAS.
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UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
As famílias participantes do PAIF são atendidas de acordo com os critérios 
estabelecidos pelos programas de transferência de renda – como o Bolsa Família 
–, mas também as pessoas com benefícios assistenciais – como o Benefício de 
Prestação Continuada (BPC) –, idosos e deficientes físicos que se encontram em 
condições de fragilidade social.
No PAIF, há o trabalho social desenvolvido com as famílias através do 
desenvolvimento de oficinas, grupos de convivência, visita domiciliar às famílias, 
colaborando assim para um acompanhamento mais amplo da inclusão social e da 
conquista dos seus direitos.
Proteção Social Especial (PSE)
Trata-se da garantia social de proteção que organiza a oferta de serviços, programas 
e projetos de tipificação especializada.
A Proteção Social Especial tem como meta principal a contribuição para a recons-
trução de vínculos familiares e comunitários, o fortalecimento de potencialidades e 
aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações 
de risco pessoal e social, por violação de direitos. 
Na organização das ações de PSE, é preciso entender que o contexto socioe-
conômico, político, histórico e cultural pode incidir sobre as relações familiares, 
comunitárias e sociais, gerando conflitos, tensões e rupturas, demandando, assim, 
trabalho social especializado.
A atuação da Proteção Social Especial promove a utilização de recursos em 
ações de prevenção e superação de situações graves de violação de direitos, como 
em casos de violência física, psicológica, abandono, afastamento da vida em 
família, violência sexual (casos de exploração e/ou abuso), negligência, trabalho 
infantil, situação de rua, ato infracional por parte de crianças e adolescentes, 
rompimento e/ou fragilização de vínculos, dentre outras situações que requerem 
atenção protetiva especial.
O norteador principal da PSE tem como premissa o resgate dos vínculos dos 
usuários dos serviços, tanto em relação às famílias como em novas articulações 
referenciais, sempre considerando os riscos pessoais e sociais, bem como as 
complexidades do território vivido.
Os serviços da Proteção Social Especial necessitam de equipes técnicas e 
funcionários operacionais preparados para as especificidades de cada situação, a 
qual norteará o tipo de atendimento de cada serviço.
Assim a atenção aos serviços da Proteção Social Especial possui duas 
complexidades específicas:
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Proteção Social Especial de Média 
e Alta Complexidade
Essa modalidade tem a função de organizar o fluxo de serviços, programas e 
projetos de caráter especializado que demandam a maior estruturação técnica e 
operativa, com competências e atribuições definidas, destinados ao atendimento 
a famílias e sujeitos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos, 
que pedem articulação com a rede social, com trabalhos de atenção especializado, 
individualizado e continuado.
Os serviços oferecidos na média complexidade são: 
 · Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS): 
Unidade pública e estatal de abrangência municipal ou regional. 
Esse equipamento inclui obrigatoriamente o Serviço de Proteção e Atendimento 
Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI). 
 · Centro de Referência Especializado para População em Situação de 
Rua (Centro POP): Unidade pública e estatal de abrangência municipal. 
Oferta, obrigatoriamente, o Serviço Especializado para Pessoas em 
Situação de Rua.
Dentro da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais são identifi-
cados os serviços da Proteção Social Especial de Alta Complexidade:
 · O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos 
(PAEFI);
 · O Serviço Especializado em Abordagem Social; 
 · O Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medidas 
Socioeducativas em Meio Aberto (SMSE/MA), de Liberdade Assistida 
(LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC); 
 · O Serviço de Proteção Social Especial a Pessoas com Deficiência, 
Idosos(as) e suas Famílias; e
 · O Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua.
A superestrutura de serviços e as complexidades de trabalhos na Proteção Social 
Especial demandam a contratação de técnicos especialistas em funções complexas.
Em grandes cidades, como a cidade de São Paulo, muitas ONGs participam de 
contratos de parceria, executando serviços sob a supervisão dos gestores públicos 
da Prefeitura.
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UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Essas parcerias na prática demonstram a falta de condições de organização por 
parte do Estado em assumir efetivamente os serviços da Proteção Social Especial.
Com o governo federal instituído em 2016, o corte de verbas pode ocasionar 
uma avalanche de contratos e parcerias com as ONGs no Brasil, dentro da política 
de gestão do Serviço Social. A preocupação é grande, uma vez que tais políticas 
podem gerar uma oferta de serviços precários, com uma desqualificação das novas 
equipes técnicas, o que pode levar à perda da excelência de qualidade dos serviços 
destacados pelo SUAS até aqui.
Uma outra grande preocupação é a intenção de um provável governo conservador 
deixar as garantias e os direitos sociais de lado em detrimento de outras políticas, 
desarticulando o SUAS e as redes de articulação e proteção da Assistência Social.
Na parte que toca na questão da seguridade social, historicamente, o acesso 
ao trabalho sempre foi condição para garantir o acesso à seguridade social. A 
seguridade social brasileira, instituída com a Constituição brasileira de 1988, 
incorporou princípios dos modelos bismarckiano (alemão) e beveridgiano (inglês), 
ao restringir a previdência aos trabalhadores contribuintes, universalizando a saúde 
e limitando a assistência social a quem dela necessitar. 
Os direitos da seguridade social, sejam aqueles baseados 
no modelo alemão bismarckiano ou aqueles influen-
ciados pelo modelo beveridgiano inglês, têm como 
parâmetro os direitosdo trabalho, visto que desde sua 
origem esses assumem a função de garantir benefícios 
derivados do exercício do trabalho para os trabalhadores 
que perderam, momentânea ou permanentemente, sua 
capacidade laborativa.
Por isso, muitos trabalhadores desempregados não têm acesso a muitos direitos 
da seguridade social, sobretudo à previdência, visto que essa se move pela lógica 
do contrato ou do seguro social. 
Se a ameaça das políticas neoliberais chegarem ao nível máximo, a luta dos 
profissionais da comunidade acadêmica do Serviço Social e de demais trabalhadores 
da Assistência Social, juntamente com a população, deve ser efetiva pela manutenção 
e ampliação dos direitos sociais no país, uma vez que seria evidenciado um duro 
retrocesso e a volta do conservadorismo no comando das Políticas Sociais no Brasil.
Importante!
Para uma maior compreensão sobre o assunto, recomendamos que você assista ao 
vídeo da palestra da Professora Aldaíza Sposati. O vídeo discute os desafi os da Proteção 
Social no Brasil. O link desse fi lme pode ser encontrado no material complementar para 
atividades de aprofundamento.
Importante!
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Importante!
Atualmente o Serviço Social desafi a a ordem vigente e coloca como sua meta de ação o 
trabalho dialético entre os sujeitos, considerando as relações sociais em que se inserem 
os trabalhadores e indo além, defi nindo marcos e conceitos que permitam a construção 
de uma sociedade que viva em um sistema que só é possível e imaginável com o fi m da 
relação capital/trabalho da forma como conhecemos nos dias atuais
Enquanto essa perspectiva parece distante, o Assistente Social deve lutar pela sua 
valorização contínua, enquanto sujeito técnico da classe trabalhadora, que, em sua ação 
do dia a dia, preserva sua integridade ética e contribui para a conscientização do sujeito 
em sua transformação social diante das condições desfavoráveis que esse mesmo sujeito 
encontra no momento do atendimento. 
De acordo o ideário neoliberal, o interesse por políticas de inclusão e geração de renda 
não vão ao encontro dos interesses do capital especulativo, uma vez que a prática das 
políticas sociais não almeja o lucro para o investidor que exige o retorno de um Estado 
que vise ao enxugamento de gastos e que honre primeiramente com os débitos de 
seus credores.
As políticas sociais nos últimos anos mudaram o cenário da situação de desigualdade no 
Brasil dos últimos temos, graças à implantação da Política Nacional da Assistência Social 
e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS).
As garantias da proteção social da assistência social são determinadas pela: segurança 
da acolhida; segurança social de renda; segurança do convívio ou convivência familiar, 
comunitária e social; além da segurança de desenvolvimento da autonomia individual, 
familiar e social, segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais, de acordo com a 
recomendação da NOB/SUAS (2012).
As garantias da proteção social estão divididas entre a proteção social básica (PSB) e a 
proteção social especial (PSE).
A Proteção Social Básica é a garantia da proteção social que determina a inclusão das 
famílias para o fortalecimento dos seus vínculos, inclusive em sua comunidade, tendo 
como o maior fi m o direito à cidadania e o acesso aos serviços públicos.
A Proteção Social Especial tem como meta principal a contribuição para a reconstrução 
de vínculos familiares e comunitários, o fortalecimento de potencialidades e aquisições 
e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de riscos 
pessoais e sociais, por violação de direitos. 
A seguridade social brasileira, instituída com a Constituição brasileira de 1988, 
incorporou princípios dos modelos bismarckiano (alemão) e beveridgiano (inglês) ao 
restringir a previdência aos trabalhadores contribuintes, universalizando a saúde e 
limitando a assistência social a quem dela necessitar.
Em Síntese
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UNIDADE Políticas Sociais e Questões Contemporâneas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil
Darci Ribeiro
https://goo.gl/pQoEpp
Direitos Sociais e Competências Profissionais
ABEPSS
https://goo.gl/u6tgHQ
Proteção Social no Brasil: Impactos Sobre a Pobreza, Desigualdade e Crescimento
Marilda Iamamoto
https://goo.gl/yi2HiE
 Vídeos
Crise do neoliberalismo
Programa Brasilianas.org
https://goo.gl/9VeLwr
Palestra com o Professor José Paulo Netto
Formação profissional na consolidação do projeto ético-político do Serviço Social 
brasileiro: fundamentos, resistências e desafios conjunturais – Professor José Paulo Netto
https://goo.gl/uQe1DG
Aldaíza Sposati - Os desafios da Proteção Social
https://goo.gl/ZureE3
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Referências
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 6. ed. 
São Paulo: Cortez, 2009.
BEMERGUY, E. Governos petistas e a inovação da gestão pública. Revista Teoria 
e Debate, n. 141, out. 2015. Disponível em: <http://www.teoriaedebate.org.br/
index.php?q=materias/nacional/governos-petistas-e-inovacao-da-gestao-publica>.
BUCHER, R. Drogas e Drogadição no Brasil. Porto Alegre: Artes Medicas, 1992.
DORNELLES, D. F.; CAMARGO, M. Serviço Social e Meio Ambiente: um 
diálogo em construção. Frederico Westph: Uri, 2005.
KOGA, D.; FAVERO, E.; GANEV, E. Cidades e Questões Sociais. São Paulo: 
Terracota, 2009.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA 
E A CULTURA. Concepção e gestão da proteção social não contributiva 
no Brasil. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 
UNESCO, 2009. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/assistencia_social/Livros/concepcao_gestao_protecaosocial.pdf>.
RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2004.
SADER, E. S. Pós-Neoliberalismo: as Políticas Sociais e o Estado Democrático. 
São Paulo: Paz e Terra, 2010. 
SILVA, M. O. S.; YAZBEK, M. C. A Política Social Brasileira no Século XXI: a 
prevalência dos programas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
SIMOES, C. Curso de Direito do Serviço Social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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Outros materiais